eu sou guarani-kaiowá munduruku Cadiveu arapium pankará só corta furo xaréu ideias para adiar o fim do mundo de Ailton krenak Editora companhia das letras para que ter cidadania alteridade está no mundo de uma maneira crítica e consciente se você pode ser um consumidor esse ideia dispensa a experiência de viver numa Terra cheia de sentido numa plataforma para diferentes cosmovisões Davi copenal a ficou 20 anos conversando contra o pó logo francês Brice aberto para produzir uma obra fantástica chamada a queda do céu o Xamã Yanomami o livro tem a potência de mostrar para gente que está
nessa espécie de fim dos Mundos como é possível que um conjunto de culturas e de povos ainda seja capaz de habitar uma cosmovisão habitar um lugar neste planeta que Compartilhamos de uma maneira tão especial em que tudo ganha um sentido as pessoas podem viver com o espírito da floresta viver com a floresta estar na floresta não estou falando do filme Avatar mais de uma vida de vinte e tantas mil pessoas e conheço algumas delas que habitam o território Yanomami na fronteira do Brasil com a Venezuela esse território está sendo assolado pelo garimpo ameaçado pela mim
o são pelas mesmas corporações perversas que já mencionei que não toleram esse tipo de Cosmos o tipo de capacidade imaginativa e desistência aqui um povo originário como Yanomami é capaz de produzir O nosso tempo é especialista em criar ausências do sentido de viver em sociedade do próprio sentido da experiência da vida e isso gera uma intolerância muito grande com relação a quem ainda é capaz de experimentar o prazer de estar vivo de dançar de cantar e está cheio de pequenas constelações de gente espalhada pelo mundo que dança canta e faz chover é o tipo de
humanidade zumbi que estamos sendo convocados a integrar não tolera tanto prazer tanta aflição de vida então pega o fim do mundo como uma possibilidade de fazer a gente desistir dos nossos próprios sonhos e a minha provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar mais uma história Se pudermos fazer isso nós estaremos adiando o fim é importante viver a experiência da nossa própria circulação pelo mundo não como uma metáfora mas como fricção poder contar uns com os outros o poder ter um encontro como este aqui em Portugal e ter uma audiência tão
essencial como vocês é um presente para mim vocês podem ter certeza de que isso me dá o maior gás para esticar um pouco mais o início do fim do mundo que se apresenta e os provoca a pensar na possibilidade de fazer o mesmo exercício é uma espécie de Hitman e quando você sentir que o céu está ficando muito baixo é só empurrá-lo e respirar desde o nordeste até o leste de Minas Gerais Onde fica o Rio Doce EA reserva indígena das famílias krenak e também na Amazônia na fronteira do Brasil com o peru EA Bolívia
no Alto Rio Negro em todos esses lugares as nossas famílias estão passando por um momento de tensão nas relações políticas entre o estado brasileiro e as sociedades indígenas e essa atenção não é de agora mas se agravou com as recentes mudanças políticas introduzidas na vida do povo brasileiro que estão atingindo de forma intensa centenas de comunidades indígenas que nas últimas décadas vem insistindo para que o governo cumpra seu dever constitucional de assegurar os direitos desses grupos nos seus locais de origem identificados no arranjo jurídico do país como terras indígenas não sei se todos conhecem as
terminologias referentes a relação dos povos indígenas com os lugares onde vivem ou as atribuições que o estado brasileiro tem dado a esses territórios ao longo de nossa história desde os tempos coloniais a questão do que fazer com a parte da população que sobreviveu aos trágicos primeiros encontros e os dominadores europeus e os povos que viviam onde hoje chamamos de maneira muito reduzida de terras indígenas levou uma relação muito equivocada entre o estado e essas comunidades é claro que durante esses anos nós deixamos de ser colônia para constituir o estado brasileiro e entramos no século 21
quando a maior parte das previsões apostava que as populações indígenas não sobreviveriam a ocupação do território pelo menos não mantendo formas próprias de organização capazes de gerir suas vidas isso porque a máquina estatal a tua para desfazer as formas de organização das nossas sociedades buscando uma integração entre essas populações e o conjunto da sociedade brasileira e o dilema político que ficou para as nossas comunidades que sobreviveram ao século 20 é ainda hoje precisar disputar os últimos redutos onde a natureza é Próspera onde podemos suprir as nossas necessidades alimentares e de moradia e onde sobrevivem os
modos que cada uma dessas pequenas sociedades têm de se manter no tempo dando conta de si mesmas sem criar uma dependência excessiva do Estado o Rio Doce que nós os krenak chamamos de vato nosso avô é uma pessoa não recurso como dizem os economistas ele não é algo de que alguém possa se apropriar é uma parte de nossa construção com o coletivo que habitam o lugar específico um comos gradualmente confinados pelo governo para podermos viver e reproduzir as nossas formas de organização com toda essa pressão externa a falar sobre a relação entre o estado brasileiro
e as sociedades indígenas a partir do exemplo do Povo krenak surgiu como uma inspiração para contar a quem não sabe o que acontece hoje no Brasil com essas comunidades estimadas em cerca de 250 povos e aproximadamente 900 mil pessoas população menor do que a de grandes cidades brasileiras é o que está na base da história do nosso país que continua a ser incapaz de acolher os seus habitantes originais sempre recorrendo a práticas desumanas para promover mudanças em forma de vida que essas populações Conseguiram manter por muito tempo mesmo sobre o ataque feroz as forças coloniais
que até hoje sobrevivem na mentalidade cotidiano de muitos brasileiros é a ideia de que os índios deveriam estar contribuindo para o sucesso de um projeto de exaustão da natureza ovato esse rio que sustentou a nossa vida às margens do Rio Doce entre Minas Gerais e o espírito santo numa extensão de 600 km está todo coberto por um material tóxico que desceu de uma barragem de contenção de resíduos o que nos deixou órfãos e acompanhando o rio em coma faz um ano e esse crime que não pode ser chamado de acidente atingiu as nossas vidas de
maneira radical nos colocando na real condição de um mundo que acabou e aqui tem uma nota de pé de página referente a este chamado crime e na qual está escrito a alusão ao rompimento da barragem do Fundão da mineradora Samarco controlada pelas multinacionais vale e bhp billiton e novembro de 2015 foram lançados no meio ambiente e cerca de 45 milhões de metros cúbicos de rejeitos da mineração de Ferro o que desencadeou efeitos a longo prazo na vida de milhares de pessoas incluindo as aldeias krenak nota do Editora faz um ano e meio que esse crime
que não pode ser chamado de acidente atingiu as nossas vidas de maneira radical não colocando na real condição de um mundo que acabou neste encontro estamos tentando abordar o impacto que nós humanos causamos neste ao vivo que a terra tem algumas culturas continua sendo reconhecida como nossa mãe e provedora em amplos sentidos não só na dimensão da subsistência e na manutenção das nossas vidas mas também na dimensão transcendente que dá sentido à nossa existência em diferentes lugares do mundo nos afastamos de uma maneira tão radical dos lugares de origem que o trânsito dos povos já
nem é percebido atravessamos continentes como se estivéssemos indo ali ao lado e se é certo que o desenvolvimento de tecnologias eficazes nos permite viajar de um lugar para outro que as comodidades tornaram fácil a nossa movimentação pelo planeta também é certo que essas facilidades são acompanhadas por uma perda de sentido dos nossos deslocamentos sentimo-nos como se estivéssemos soltos no Cosmos vazio de sentido e diz responsabilizados de uma ética que possa ser compartilhada é mas sentimos o peso dessa escolhas sobre as nossas vidas somos alertados o tempo todo para as consequências dessas escolhas recentes que fizemos
e Se pudermos dar atenção alguma visão que escape a essa cegueira que estamos vivendo no mundo todo talvez ela possa abrir a novamente para alguma cooperação entre os povos não para salvar os outros mas para salvar a nós mesmos a 30 anos a Ampla rede de relações em que me integrei para levar ao conhecimento de outros povos de outros governos as realidades que nós vivíamos no Brasil teve como objetivo ativar as redes de solidariedade com os povos nativos e o que aprendi ao longo dessas décadas é que todos precisam despertar porque se durante um tempo
éramos nós os povos indígenas que estávamos ameaçados de ruptura ou da extinção dos Sentidos das nossas vidas hoje estamos todos diante da iminência de a terra não suportar a nossa demanda e Como disse o pajé Yanomami Davi kopenawa o mundo acredita que tudo é mercadoria a ponto de projetar nela tudo que somos capazes de experimentaram a experiência das pessoas em diferentes lugares do mundo se projeta na mercadoria significando que ela é tudo que está fora de nós essa tagédia que agora atinge a todos é adiado em alguns lugares em algumas situações regionais nas quais a
políticas o poder político a escolha política compõem espaços de segurança temporária em que as comunidades mesmo quando já esvaziados do verdadeiro sentido do compartilhamento de espaços ainda são digamos protegidas por um aparato que depende cada vez mais da exaustão das florestas dos uma das montanhas nos colocando num dilema em que parece que a única possibilidade para que comunidades humanas continuem a existir é à custa da exaustão de todas as outras partes da vida e a conclusão o compreensão de que estamos vivendo uma era que pode ser identificada como antropoceno deveria soar como um alarme nas
nossas cabeças porque se nós imprimimos no planeta Terra uma marca tão pesada que até caracteriza uma era que pode permanecer mesmo depois de já não estarmos aqui pois estamos exaurindo as fontes da vida que nos possibilitam prosperar e sentir que estávamos em casa sentir Até em alguns períodos que tínhamos uma casa comum que podia ser cuidada por todos é por estarmos mais uma vez diante do dilema que já aludir excluímos da vida localmente as formas de organização que não estão Integradas ao mundo da mercadoria pondo em risco em todas as outras formas de viver pelo
menos as que fomos animados A pensar como a possíveis em que havia co-responsabilidade com os lugares onde vivemos e o respeito pelo direito à vida dos seres e não só dessa abstração que nos permitimos constituir como uma humanidade que exclui todas as outras e todos os outros seres essa humanidade que não reconhece que aquele rio que está em coma é também o nosso avô o que a montanha explorada em algum lugar da África ou da América do Sul e transformada em mercadoria em algum outro lugar é também o avô avó a mãe o irmão de
alguma constelação de seres que querem continuar compartilhando a vida nesta casa comum que chamamos terra é o nome krenak é constituído por dois termos um é a primeira partícula crie que significa cabeça a outra nac significa terra krenak a herança que recebemos dos nossos antepassados das nossas memórias de origem que nos identifica como cabeça da terra como uma humanidade que não consegue se conceder sem essa conexão sem essa profunda comunhão com a terra É não a terra como um sítio mas como esse lugar que todos Compartilhamos e do qual nós os krenak nos sentimos cada
vez mais desligados desse lugar que para nós sempre foi sagrado mas que percebemos que nossos vizinhos tem quase e vergonha de admitir que pode ser visto assim e quando nós falamos que o nosso Rio é sagrado As pessoas dizem isso é algum folclore deles e quando dizemos que a Montanha está mostrando que vai chover e que esse dia vai ser um dia Próspero um dia bom eles dizem e não uma montanha não fala nada e quando disse personalizamos no Rio a montanha quando tiramos deles os seus sentidos considerando que isso é atributo exclusivo dos humanos
nos liberamos esses lugares para que se tornem resíduos da atividade industrial e extrativismo é do nosso divórcio das integrações interações com a nossa mãe e a terra resulta que ela está nos deixando órfãos não só aos quem diferente graduação são chamados de índios indígenas ou povos indígenas mas a todos Tomara que estes encontros criativos que ainda estamos tendo a oportunidade de manter animem a nossa prática a nossa ação e nos deem coragem para sair de uma atitude de negação da vida para um compromisso com a vida em qualquer lugar superando as nossas incapacidades de estender
a visão a lugares para além daqueles a que estamos apegados e onde vivemos Assim como as formas de sociabilidade e de organização é uma grande parte dessa comunidade humana Está excluída que em última instância Gastão toda a força da Terra para suprir a sua demanda de mercadorias segurança e consumo e Como reconhecer um lugar de contato entre esses mundos que tem tanta origem comum mas que se deslocaram a ponto de termos hoje no extremo gente que precisa viver de um rio e no outro gente que consome Rios como recurso e a respeito dessa ideia de
recurso que se atribui a uma montanha a um rio a uma floresta em que lugar podemos descobrir um contato entre as nossas visões que nos tire desse estado de não reconhecimento uns dos outros e quando eu sugeri que falaria do sonho e da terra eu queria comunicar a vocês um lugar uma prática que é percebida em diferentes culturas em diferentes os povos de reconhecer esta instituição do sonho não como experiência cotidiana de dormir e sonhar mas como exercício disciplinado de buscar no sonho as orientações para as nossas escolhas do dia a dia e para algumas
pessoas a ideia de sonhar é abdicar da realidade é renunciar o sentido prático da vida porém também podemos encontrar quem não veria sentido na vida se não fosse informado por sonhos Nos quais pode buscar os cantos a cura a inspiração e mesmo a resolução de questões práticas que não consegue discernir cujas escolhas não consegue fazer fora do sonho mas que ali estão abertas como possibilidades fiquem muito apaziguado comigo mesmo hoje à tarde quando mais de uma colega das que falaram aqui trouxeram a referência essa instituição do sonho não como uma experiência onírica mas como uma
disciplina relacionada à formação a cosmovisão a tradição de diferentes povos que tem no sonho um caminho de aprendizado de autoconhecimento sobre a vida e a aplicação desse conhecimento na sua interação com o mundo e com as outras pessoas e talvez estejamos muito condicionados a uma ideia de ser humano EA um tipo de resistência se a gente diz estabilizar esse padrão talvez a nossa mente sofra uma espécie de ruptura como se caíssemos no abismo Quem disse que a gente não pode cair Quem disse que a gente já não caiu Houve um tempo em que o planeta
que chamamos Terra juntava os continentes todos numa grande pangeia se olhássemos lá de cima do céu tirar íamos uma fotografia completamente diferente do Globo quem sabe se quando o astronauta Yuri Gagarin disse a Terra é azul ele não fez um retrato ideal daquele momento parece a humanidade Aqui Nós pensamos ser e Ele olhou com o nosso olho viu o que a gente queria ver existe muita coisa que se aproxima mais daquilo que pretendemos ver do que se podia constatar se juntássemos as duas imagens aqui você pensa EA que você tem se já houve outras configurações
da terra inclusive sem a gente aqui porque aqui nos apegamos tanto a esse retrato com a gente aqui o antropoceno tem um sentido incisivo sobre a nossa existência a nossa experiência comum a ideia do que é humano o nosso apego a uma ideia fixa de paisagem da terra e de humanidade é a marca mais profunda do antropoceno essa configuração Mental é mais do que uma ideologia é uma construção do Imaginário coletivo várias gerações se sucedendo camadas de desejos projeções as visões períodos inteiros de ciclo de vida dos nossos ancestrais que herdamos e fomos burilando retocando
até chegar a imagem com a qual nos sentimos identificados é como se tivéssemos feito no photoshop na memória coletiva planetária entre a tripulação e a nave onde a nave se cola o organismo da tripulação e fica aparecendo uma coisa indissociável É como parar numa memória confortável agradável de nós próprios por exemplo mamando no colo da nossa mãe uma mãe farta Próspera amorosa carinhosa nos alimentando forever um dia ela se move tira o peito da nossa boca aí a gente dá uma babada olha em volta reclama porque não está vendo seio da mãe não está vendo
aquele organismo materno alimentam a nossa Gama de vida e a gente começa a estremecer e acha que aquilo não é mesmo melhor dos mundos que o mundo está acabando e a gente vai cair em algum lugar é mas a gente não vai cair em lugar nenhum de repente o que a mãe fez foi só dar uma viradinha para pegar um sol mas como Estávamos tão acostumados a gente só quer mamar é o fim do mundo Talvez seja uma breve interrupção de um estado de prazer estasiante que a gente não quer perder Parece que todos os
artifícios que foram buscados pelos nossos ancestrais e por nós tem a ver com essa sensação quando se transfere isso para mercadoria para os objetos para as coisas exteriores se materializa no que a técnica desenvolveu um aparato todo que se foi sobrepondo ao corpo da mãe Terra todas as histórias antigas chamam a terra de mãe acha mama Gaia uma deusa perfeita infindável fluxo de graça beleza e Fartura veja se a imagem grega da deusa da Prosperidade que tem uma cornucópia que fica o tempo todo jogando riqueza sobre o mundo em outras tradições na China e na
Índia nas Américas em todas as culturas mais antigas a é uma provedora Maternal não tem nada a ver com a imagem masculina Ou do pai todas as vezes que a imagem do pai rompe nessa paisagem é sempre para depredar detonar e dominar o desconforto que a ciência modernas tecnologias as movimentações que resultaram naquilo que chamamos de revoluções de massa tudo isso não ficou localizado numa região mas sim dia o planeta ponto de no século 20 termos situações como a guerra fria em que você tinha de um lado do muro uma parte da humanidade e a
outra do lado de lá na maior tensão pronta para puxar o gatilho para cima dos outros não tem fim do mundo mais eminente do que quando você tem um mundo do lado de lá do muro e um do lado de cá ambos tentando adivinhar o que o outro lado está fazendo isso é um abismo Isso é uma queda então a p a fazer seria porque tanto medo assim de uma queda se a gente não fez nada nas outras eras que não cair e já caímos em diferentes escalas e em diferentes lugares do mundo mas temos
muito medo do que vai acontecer quando a gente cair sentimos insegurança uma paranoia da queda porque as outras possibilidades que se abrem esses de implodir essa casa que herdamos que confortavelmente carregamos em grande estilo mas Passamos o tempo inteiro morrendo de medo então talvez o que a gente tenha de fazer é descobrir um paraquedas e não eliminar a queda mas inventar e fabricar milhares de paraquedas coloridos divertidos inclusive prazerosos já que aquilo de que realmente gostamos é gozar vive no prazer aqui na terra então que a gente pare de despistar essa Nossa vocação e em
vez de ficar inventando outras parábolas que a gente se renda essa principal e não se deixe iludir com aparato da técnica na verdade assim se inteira vive sub julgada por essa coisa que é a técnica há muito tempo não existe alguém que pense com a liberdade do que aprendemos a chamar de cientista e acabaram os cientistas toda a pessoa que seja capaz de trazer uma inovação nos processos que conhecemos é capturada pela máquina de fazer coisas da mercadoria antes de essa pessoa contribuir em qualquer sentido para abrir uma janela de respiro a essa nossa ansiedade
de perder o seio da mãe vem logo um aparato artificial para dar mais um tempo de canseira na gente e é como se todas as descobertas estivessem condicionadas e nós desconfiasse mos das descobertas Como Se todas fossem trapaça os laboratórios planejam com antecedência a publicação das descobertas em função dos mercados que eles próprios configuram para esses aparatos com o único propósito de fazer a roda continuar a girar e não uma roda que abre outros horizontes e acena para Outros Mundos no sentido prazeroso mas para outros mundos que só reproduzem a nossa experiência de perda de
liberdade de perda daquilo a que podemos chamar Inocência no sentido de ser simplesmente bom sem nenhum objetivo gozar sem nenhum objetivo mamar sem medo sem culpa sem nenhum objetivo e nós vivemos num mundo em que você tem que explicar porque é que está mamando ele se transformou numa fábrica de consumir inocência e deve ser potencializado cada vez mais para não deixar nenhum lugar habitado por ela em que lugar se projetam os paraquedas do lugar onde são possíveis as visões e o sonho é um outro lugar que a gente pode habitar além dessa terra dura o
lugar dos sonho e não o sonho comumente referenciado de quando se está cochilando o que a gente vai Analisa Estou sonhando com meu próximo emprego com o próximo carro é mas que é uma experiência transcendente na qual o casulo do mano implode se abrindo para outras visões da vida não limitada Talvez seja outra palavra para o que costumamos chamar de natureza e não é nomeada Por que só conseguimos nomear o que experimentar vamos o sonho com experiência de pessoas iniciadas numa tradição para sonhar e assim como quem vai para uma escola aprender uma prática um
conteúdo uma meditação uma dança pode ser iniciado nessa instituição para seguir avançar no lugar do sonho em alguns shamans Mágicos habitam esses lugares ou tem passagem por eles são lugares com conexão com o mundo que partilhamos não é um mundo paralelo mas que tem uma potência diferente e quando por vezes me falam em imaginar outro mundo possível É no sentido de reordenamento das relações e dos espaços de novos entendimentos sobre como podemos nos relacionar com aquilo que se admite ser a natureza como se a gente não fosse natureza e na verdade estão invocando novas formas
que os velhos manjadas humanos coexistirem com aquela metáfora da natureza que eles mesmo criaram para consumo próprio a todos os outros humanos que não somos nozes estão fora a gente pode comemos socá-los fraturar os despachá-los para outro lugar do espaço e o estado de mundo que vivemos hoje é exatamente o mesmo que os nossos antepassados recentes encomendaram para nós E na verdade a gente vive reclamando mas essa coisa foi encomendada chegou embrulhada e com o aviso e depois de abrir não tem troca e a 200 300 anos anunciaram por esse mundo um monte de gente
decepcionada pensando mas é esse mundo que deixaram para gente E qual é o mundo que vocês estão agora em pacotando para deixar as gerações futuras e o o quê se você vive falando de outro mundo mas já perguntou para as gerações futuras se o mundo que você está deixando é o que elas querem e a maioria de nós não vai estar aqui quando a encomenda chegar quem vai receber são os nossos netos bisnetos no máximo nossos filhos já idosos e se cada um de nós pensa mundo serão trilhões de mundos e as entregas vão ser
feitas em vários locais que mundo e que serviço de delivery e você está pedindo algo de insano quando nos reunimos para repudiar esse mundo que recebemos agorinha no pacote encomendado pelos nossos antecessores algo de pirraça Nossa sugerindo que se fosse a gente teríamos feito muito melhor não Devíamos admitir a natureza como uma imensa multidão de formas incluindo cada pedaço de nós que somos parte de tudo setenta por cento de água e um monte de outros materiais que nos compõem e Nós criamos essa abstração de unidade o homem como medida das coisas e saímos por aí
atropelando tudo não convencimento geral até que todos aceitem que existe uma humanidade com a qual se identificam agendo no mundo a nossa disposição pegando o que a gente quiser e esse contato com a outra possibilidade implica escutar sentir cheirar se inspirar se inspirar aquelas camadas do que ficou fora da gente como natureza mas que por alguma razão ainda se confunde com ela se tem alguma coisa dessas camadas que é quase humana uma camada identificada por nós que está sumindo que está sendo exterminada interface dos humanos muito humanos e os quase humanos são milhares de pessoas
que insistem em ficar fora dessa dança civilizada da técnica do controle do planeta Ah e por dançar uma coreografia estranha são tirados de cena por epidemias pobreza fome a violência Dirigida e já que se pretende olhar aqui o antropoceno como o evento que pois em contato mundo dos capturados para esse núcleo pré-existentes de civilizados no ciclo das navegações quando se deram as saídas daqui para a Ásia a África EA América é importante lembrar que grande parte daqueles mundos desapareceu sem que fosse pensada uma ação de eliminar aqueles povos e os simples contagio do encontro entre
humanos daqui de lá fez com que essa parte da população dos aparecesse por um fenômeno que depois se chamou epidemia uma mortandade de milhares e milhares de seres um sujeito que saia da Europa e descia uma praia tropical largavam um rastro de morte por onde passava o indivíduo não sabia que era uma peste ambulante uma guerra bacteriológica em movimento um fim de mundo e tampouco sabiam as vítimas que eram contaminadas para os povos que receberam aquela visita e morreram o fim do mundo foi no século 16 não estou liberando a responsabilidade EA gravidade de toda
a máquina que moveu as conquistas coloniais estão chamando atenção para o fato de que muitos eventos que aconteceram foram o desastre daquele tempo e assim como nós estamos hoje vivendo o desastre do nosso tempo ao qual algumas Seleta as pessoas chamam antropoceno é a grande maioria está chamando de caos social diz governo geral perda de qualidade no cotidiano e nas relações nós estamos todos jogados nesse abismo O Guarani kaiowá munduruku Cadiveu arapium pankará só Costa Fuji xerox kalapalo nambiquara jenipapo-kanindé amondawá força só que ela falo nambiquara jenipapo-kanindé amondawá Potiguar e na na de César Rua
igual giratoria condicionado 75 igual piratapuia consulta caixote kalapalo nambiquara jenipapo-kanindé anasoft kalapalo nambiquara jenipapo-kanindé amor e sobre o autor o Ailton krenak nasceu em 1953 na região do Vale do Rio Doce território do Povo krenak um lugar cuja Ecologia se encontra profundamente afetada pela atividade de extração de minérios o ativista do movimento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas organizou a aliança dos povos da floresta que reúne comunidades ribeirinhas e indígenas na Amazônia é um dos mais destacados líderes do movimento que surgiu durante o grande Despertar dos povos indígenas no Brasil que ocorreu a partir
da década de 1970 contribuiu também para a criação da União das Nações Indígenas une Ailton tem levado a cabo o Vasco o trabalho educativo e ambientalista como jornalista e através de programas de vídeo e televisivos a sua luta das décadas de 1970/1980 foi determinante para a conquista do Capítulo dos índios na Constituição de 1988 que passou Agar Ou pelo menos no papel os direitos indígenas a cultura autóctone e a terra é coautor da proposta da Unesco que criou a reserva da biosfera da Serra do espinhaço em 2005 e é membro de seu comitê gestor uh
é comendador da Ordem do mérito cultural da presidência da república e em 2016 foi-lhe atribuído o título de Doutor honoris causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora em Minas Gerais e [Música] é sobre este livro as ideias para adiar o fim do mundo palestra proferida no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa em ciclo de seminários coordenados por Susana de Matos Viegas no dia doze de março de 2019 com uma atividade Preparatória e amostra ameríndia percursos do cinema indígena no Brasil fim do sonho e da terra palestra proferida em Lisboa no Teatro Maria
Matos no dia seis de maio de 2017 com transcrição de joelhos ghazarian e a humanidade que pensamos ser o texto elaborado a partir da entrevista com Ailton krenak conduzido por Rita Natálio e Pedro Neves Marques em Lisboa em Maio de 2017 com transcrição e edição de Marta lança [Música] O que é a gente hoje eu tenho aniversário ultimamente a e eu espero que é a família manifestação em a escola da sua casa é E aí Ah mas não tem jeito que é E aí eu vou fazer um carro E aí fala comigo até agora não
tem como ficar alheio a mais agressão movida pelo poder econômico pela garganta mesmo é O que significa ser um povo indígena e E aí o mesmo e eu não sei de pensar tem um jeito de dizer E aí me manda mensagem para mim serve para manifestação da sua previsão da sua vida da se eu não falar com isso você nunca falou cara ainda Essência você quer dos animais que vivem ao redor das áreas indígenas quanto mais eu E aí e eu queria que não poderia nunca montar ratos atitude da gente indígena do Brasil que colocou
em risco seja feita seja o patrimônio de qualquer pessoa de qualquer grupo humano em breve mais eu acho um assunto logo de uma atenção a manta a nossa fé a nossa confiança de que ainda esse dignidade e ainda possível construir uma sociedade está vendo tentar os mais bravos que saber respeitar aqueles que não tenho dinheiro para fazer uma campanha Então antes de falar só que vai parar de peidar sempre viveu a regrinha de todas as empresas a descoberta de palha então uma mistura de pijama não deve ser identificado jeito nenhum Como o povo quer o
inimigo e no Brasil É tem que falar comigo qualquer desenvolvimento e tem a cada detalhe dos 8 milhões de quilômetros quadrados no Brasil e que horas são em muitos eu vou trazer 11 e a presidência nessa casa agradei a funciona espera manter a o agricultor quanto essas palavras o segmento do Senhor se encontra nessa casa E aí E aí bom obrigado