37. Desmentido - Conceitos fundamentais da Psicanálise

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Travessia Psicanalítica
Aula aberta com a psicanalista e Profa. Dra. Renata Wirthmann. Nesta aula discutimos sobre o desmen...
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pronto começou a gravar boa noite para todo mundo bom calor para todo mundo não sei se tem algum lugar que não tá calor eu tenho impressão tá tudo calor eh Então vamos começar a trabalhar um pouquinho hoje a gente vai falar sobre um tema que eu acho extremamente interessante que é o conceito de desmentido inclusive quando eu fui eu eu escolhi e mais Tecnicamente hoje do desmentido embora eh eu acho muito interessante relacionar a questão do desmentido com a contemporaneidade em época de campanha eleitoral é maravilhoso mas não vou entrar nesse tema polêmico tanto hoje
porque se tem uma coisa legal para localizado desentido é em debates políticos alguns mais interessantes do que outros Acho que ninguém anda campeão de debates tão polêmicos quanto São Paulo esse ano eh Parabéns para quem tá em São Paulo por sobreviver né Eh mas país afora sempre é muito interessante mas a gente vai deixar essa essa discussão embora ela seria bem interessante também mas vamos tentar ir pra parte mais técnica primeiro do conceito de desmentido eh que serviria pra gente falar sobre muitas coisas então vamos começar do básico sobre essa palavra esse conceito eu mandei
para vocês um um artigo da análise textual mesmo eh sobre a origem do conceito e as possibilidades de tradução do conceito e esse conceito na obra do Freud vou fazer uma pincelada em relação ao Lacan também mas a gente vai aprofundar ainda mais o Lacan quando a gente entrar para além do desmentido no nas consequências do desmentido na própria estruturação eh e no retorno do desmentido que é o fetiche e assim por diante Mas vamos começar falando aí sobre o fato de que primeiro quando Freud Traz esse conceito pela primeira vez de desmentido não está
relacionado a nenhum diagnóstico então a princípio desmentido tá relacionado com o desenvolvimento psicossexual um um aspecto e o segundo aspecto com uma espécie de crítica que o Freud sempre fez em relação ao mal-estar na cultura não a to ele tem futuro de uma ilusão psicologia das massas mal-estar na civilização e tantos outros textos em que ele utiliza a psicanálise para lançar um olhar crítico sobre os acontecimentos da política da sociedade da cultura dos costumes e assim por diante Inclusive a gente faz até hoje por isso que eu disse que eu acho que é um tema
interessantíssimo para falar de política seria a gente pensar nisso à medida que a gente for conversando vocês vão percebendo Quanto dá para falar nessa direção também e é o que o Freud fez então a princípio quando o Freud propõe pela primeira vez o desmentido eh ele não está relacionado a nenhum diagnóstico tudo bem ele está relacionado a esses dois aspectos fundamentais o desenvolvimento psicossexual o que nos traz aí já uma concepção bem interessante em relação à normalidade patologia Ou seja desmenti a princípio não aparece de modo algum como algo patológico ele vai aparecer como mecanismo
comum quase Universal né Universal no sentido de que é dos meninos é das meninas mas eh um um mecanismo comum e Universal no desenvolvimento psicossexual sobretudo diante da ameaça de castração eh a ameaça de castração ela é traumática eh e como ninguém quer ser traumatizado obviamente há possibilidade então de eh negar eh a ameaça de castração negando aquilo que a explicitaria lembram disso então o que que Explicita a ameaça de castração a distinção anatômica lembra que a gente estudou isso naquela aula quem não lembra volta lá eh algumas consequências das distinções anatômicas entre os sexos
a gente estudou do texto do Freud ora então como é que eu faço para não ter que me aver com a castração eh eu nego aquilo que confirma a castração percebem então o desmentido ele é a princípio sobretudo uma negação para si mesmo entende eh não tanto a princípio uma negação para os outros não tem como objetivo causar mal ou causar dano ou causar impacto em ninguém tem a ver com se preservar diante da de alguma coisa que causa eh um um umas um aspecto traumático de perda de prejuízo para si mesmo né o outro
aspecto Então esse é o primeiro tá então uma primeira reação de recusa da castração desmentindo aquilo que eh apontaria para possibilidade de castração que é distinção anatômica então eu vou dizer que o corpo dos meninos e das meninas são iguaizinhos não tem nenhuma distinção ali tá pequeno e vai crescer ali nunca perdeu ali entende vai criando uma série de teorias para garantir que não haja distinção anatômica enquanto for possível é claro que não é possível por muito tempo o outro modo então também falei um pouquinho sobre isso até na postagem hoje que eu coloquei lá
no Instagram o outro modo do desmentido tem a ver com os impactos da cultura da sociedade e da política eh quando a lei eh exige de você alguma coisa que te causa daria um enorme prejuízo você pode por exemplo e o desmentido aparece aí pro para para Freud nos seus textos da primeira tópica sobretudo nessa direção eh recusar que a lei é acessível que lei não tô sabendo nunca ouvi falar do que que vocês estão falando como se de algum modo você não tivesse recebido a correspondência entende como se de algum modo a correspondência tivesse
sido entregue você nunca abriu a correspondência ou abriu a correspondência mas não entendu endeu o que tá escrito nela Deu para entender a lógica então a a denegação não é um rechaço de que a correspondência chegou ela chegou ela chegou mas eu não consegui entender muito bem eu li mas eu esqueci e entende você quer ver um exemplo também que o Freud dá maravilhoso de denegação vocês lembram da da maionese de salmão no texto do do xixe no texto do xixe que é um excelente exemplo dias de passagem sobre a questão de uma crítica à
cultura tá aquilo ali não é não é uma coisa pequena não é enorme por exemplo só que se a gente se ele fosse fazer a palestra inteira sobre a maionese salmão talvez ela não tivesse o efeito mas voltem lá na ma de salmão para quem não conhece tá no livro dos xixis do Freud é o seguinte tem um cara muito rico e um rapaz muito pobre e aí o rapaz muito pobre pede um dinheiro para esse cara muito rico diz que tá passando enormes dificuldade e esse cara muito rico resolve dar um bom montante de
dinheiro para esse rapaz muito pobre esse rapaz muito pobre pega esse montante de dinheiro e vai no restaurante mais caro comer o prato mais caro que ali era a maionese de salmão esse cara muito rico quando passa na porta do restaurante e vê aquela cena fica indignado entra no restaurante e diz como assim né Você tava passando dificuldade eu te dou uma grana E você gasta essa grana eh no restaurante mais caro que eu comeria e não você comendo um carro mais caro que eu comeria e não você e aí o cara responde para ele
Esse é o xixe não mas esa aí se eu não tenho dinheiro eu não posso comer maionese de salmão se eu tenho dinheiro eu não posso comer maionese de salmão afinal de contas quando é que eu posso comer maionese de salmão Esse é o xixe que tá ali no no Freud no livro do xixis e é um ótimo exemplo também em relação à denegação Em que sentido veja eh é uma crítica social percebem ali não é uma conversa só entre o cara pobre e o cara rico entre a pessoa poder eh pagar um prato caro
num restaurante caro ou não poder pagar um um prato caro num restaurante caro eh é sobretudo uma crítica social no final das contas de quem se autoriza e quem não se autoriza quem autoriza o terceiro e quem não autoriza tem toda uma crítica social por detrás agora essa crítica social inteira explicada não teria o mesmo Impacto de uma piada não sei se Vocês entenderam a crítica que tá por detrás afinal de contas é eh Até uma versão brasileira disso Outro dia eu vi um agora esqueci o nome dele ele é do Sul é um standup
esqueci o nome do rapaz mas muito engraçado o cara Bruno alguma coisa daqui a pouco eu lembro o nome dele tava vendo standup e ele falando assim não porque o Fulano ele ele passa e ele julga todas as pessoas mas imagina se um dia você tá ali alguém te pede um dinheiro pede alguma coisa eles falam O que que você precisa para uma pessoa pobre que tá na rua Ah eu queria comer um sufl o cara o quê Você quer um sufler Que absurdo como se você não pudesse escolher comer um chocolate e ainda mais
um chocolate específico é mais ou menos a mesma lógica da mar salmon é como se a a sociedade dissesse que quem tem pouco tem que se contentar com pouco quem tem pouco não pode querer muito não pode eh comer maionese de salmão ou escolher a marca do chocolate tudo isso nessa piada aonde que entra a denegação no rapaz que responde mas espera aí eu não posso comer maionese de salmão se eu tenho dinheiro eu não posso comer se eu não tenho dinheiro eu não posso comer quando é que eu posso comer maionese de salmão vocês
percebem que essa essa resposta parte de uma denegação é claro que ele sabe sobre o que ele está sendo interrogado eh então ele olha para a interrogação reconhece a interrogação Olha o código que diz por da indignação do cara que deu o dinheiro olha para isso tudo e diz não vi entende então o denegar tem a ver com isso então a palavra denegação aparece no texto do xixis aparece na nos textos eh sobre a relação eh da cultura as exigências da cultura e aquilo que o sujeito denega em relação às exigências da cultura para poder
inclusive sobreviver as Tais exigências e aparece no desenvolvimento psicossexual naquilo que os na reação que se tem diante da possibilidade de castração por exemplo então a princípio desmentido não está relacionado à perversão não está relacionado à uma estrutura Clínica Fernando e não tem a ver com o texto de negação de 1925 então lá ele faz uma diferenciação porque o texto negativa é outra palavra não tem o l no meio Você viu a escrita é diferente volta lá em alemão para você ver as palavras são diferentes tá perce não é o mesmo e Inclusive a tradução
do desmentido não pode ser a negativa até para não confundir com as duas palavras com essas palavras então e há alguma relação tem alguma relação no sentido de todas as possibilidades de negação Então veja nós temos eh todas a a maior parte das negações começam inclusive com v e né com essa eh essas três letrinhas no início eh todas as palavras de negação tem a ver com o me ismos eh em que o falando sujeito já tô sendo lacaniana mas você entendeu né Freud fala indivíduo com mecanismos do indivído Diante de algo que lhe é
insuportável então diante de algo Eu acho que é Bruno costil Diego e diante de algo que é insuportável o sujeito tem como recuar desse insuportável pelas várias formas de negativa então a negativ é uma delas mas não é a mesma tradição de desmentido o recalque a fora clusão a Elisão que a gente vai falar um pouquinho e o próprio desmentido mas tem tem relação no sentido daquilo que se nega dos mecanismo que se tem de defesa São sobretudo mecanismo de defesa agora quando a gente avança na obra do Freud Fernando já que você você colocou
essa coisa negativa de fato a princípio se confunde muito a própria definição Inicial que o Freud dá da diferença entre recalque e desmentido são muito próximas tanto que o Freud eh ele aponta primeiro por exemplo que o o o desmentido como muito semelhante ao recalcamento seria a expulsão de uma lembrança da consciência e o retorno dessa lembrança então percebe que a definição que ele dá a princípio na primeira tópica entre desmentido e Recalque não fica muito clara a divisão das duas aonde que ele avança para uma divisão melhor inclusive quando ele falou assim agora para
mim ficou Claro a divisão foi 1938 em 1938 quase no último texto do Freud dos últimos textos do Freud é que o Freud faz uma tentativa de distinguir mais claramente os dois o recalque e o desmentido e e a gente vai chegar em 1938 mas deixa eu ir caminhando até 38 antes disso então eu passei para vocês aí o um texto não sei se vocês chegaram a ler vocês chegaram a ler mandei do grupo ele é um texto rápido de ler de fácil acesso porque é um texto que vai falar sobre análise textual ou seja
a tradução desse termo eh elk cadê você pronuncia para mim corretamente para não fala o f nunca é fala de novo é fn É o aquil que você falou mesmo o VR F é isso é é v v e r é que o v em alemão se pronuncia como o no som de F então é f f sei lá o que é sempre no no sentido de negação mesmo então eu vou falar errado de novo né fog Obrigado Ah tá bom tá bom vai ficar assim mesmo eh então é esse mesmo texto do Carlos alv
e da UFMG aí da da sua Terrinha Ricardo Então olha só o que que o texto traz pra gente sobre as várias possibilidades de tradução e a compreensão de Porque que a gente opta pela tradução de desmentido opta pela tradução de desmentido até para fazer uma distinção em relação às outras negações possíveis né então você tem no desmentido ferlog você tem a ideia de recusa de renegação de desmentido e veja por de renegação eh porque seria uma negação em dois tempos né uma uma negação não só em um tempo uma negação em dois tempos por
isso desmentido acaba sendo uma palavra melhor até porque se você busca e o texto traz isso né a essa palavra no dicionário de alemão alemão e não tradução para português ou para Inglês ou para outras palavras em alemão eh eu tô no texto do tô passando por ele então se vocês quiserem acompanhar no texto eh do Carlos drawing e da Jaqueline Moreira tá que eu mandei para vocês que é para quem tiver assistindo depois gravado ferlog em Freud análise textu e considerações hermenêuticas Então veja se você pega o dicionário alemão alemão a palavra vai ser
traduzida mais como encobrir ocultar disfarçar esconder de quem de si mesmo entendem porque são duas negativas porque não é esconder do outro é esconder de si mesmo eh esconder de si mesmo com relação a outras pessoas mas também como relação a si mesmo sobretudo essa relação a si mesmo esse é um ponto talvez mais importante Se vocês avançarem um pouquinho mais eu tô na página agora 88 tá na primeira coluna penúltimo parágrafo então ele diz assim deixa eu projetar aqui para que a gente vai acompanhando juntos talvez fique mais fácil vê se acho que não
tá pequeno não então ó se a gente acompanha junto tô aqui ó nessa parte tá então como se vê isso é comum em todas as línguas o termo alemão ferlog foi traduzido diversos modos para português como negação mas não é a negativa tá Fernando como renegação como recusa e finalmente como desmentido eh no íssimo dicionário né do Alemão comentado do Luiz Hans eh decompõe o termo alemão do seu prefixo F basicamente designando prolongamento temporal ou espacial de um fenômeno ou a intensidade de uma ação ou verbo né Eh o verbo negar que vem depois eh
então por isso que a gente fala de um negar duas vezes entende porque tem um negar aqui do Fer e tem um negar de novo do próprio verbo que vem na sequência Deu para entender porque duas negações então você percebe que a palavra em alemão ela tem duas negações seguidas por isso seria um renegar um negar duas vezes né uma renegação ou um desmentir percebe que na palavra desmentir também tem duas negações mentir uma e um desmentir outra o que até engraçado porque é o pé da letra desmentir parece quer dizer a verdade né desmentir
seria retirar a mentira não seria mentir duas vezes negar duas vezes tá ou ainda contestar a veracidade Como assim contestar a veracidade Ora vamos pegar na castração de novo eh a criança constata a diferença anatômica meninos T pênis meninas não não tem pênis e ao invés dele constatar que meninos T pênis e meninas não t pênis e se as meninas não t ele pode vir a perder eh o dele ou seja a ameaça de castração o que ele faz ele olha pro corpo da menina e diz tá lá tá escondido Tá pequeno vai crescer ou
seja ele contesta a veracidade Deu para perceber ele vê uma coisa e diz outra por isso desmentir que é contestar A veracidade então voltando agora na primeira e na segunda tópica vamos lá agora tô aqui nessa parte aqui ó voltando então na primeira tópica ao menos duas aparições né do termo ferlog no textos em textos anteriores A 1914 o primeiro de 1905 psicopatologia na vida cotidiana e eh embora não encontramos o termo a gente se depara com a ideia dessa recusa da realidade dessa contestação da veracidade dessa dupla negação De um acontecimento no texto 1911
formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental então na primeira tópica a gente o esse texto Rosa eu mandei lá no grupo você viu OK tá lá no grupo mas se você não tiver achando você me fala que a gente manda de novo eu vi mas eu abri ele tava em inglês no Instagram também tem o meu eu peguei no Instagram eu mandei inglês sem querer para vocês no Instagram tem eu peguei no Google no grupo tá em P português mas quando você abre realmente lá no no chell tem a opção do texto em inglês
e em português aí você você tem que escolher um PDF em português então ó continuando aí um pouquinho mais ainda na primeira tópica agora aqui no final da página eh 8 nove aqui ó as passagens né do texto freudiano n nessas passagens dos textos freudianos essas que ele vai citando na primeira tópica nos primeiros anos eh lembrando o que que é a primeira tópica segunda tópica eu tô falando como se todo mundo soubesse mas só revisando a primeira tópica é quando Freud organiza o aparelho psíquico entre inconsciente pré-consciente e consciente lembra disso essa é a
primeira tópica a segunda tópica é quando ele reorganiza o aparelho psíquico em isso eu e super eu e die ego superg eh então a diferença entre a primeira tópica e a segunda tópica é de que modo ele organiza o aparelho psíquico Quais são as nomeações que são no aparelho psíquico tudo bem então quando vocês vão avançando na obra do Freud vocês vão perceber que até uma determinada data né até antes do do de 1920 você tem ali uma organização das tópicas em pré-consciente consciente inconsciente e depois você tem a segunda tópica e Diego sug lembrando
também uma marca importante da segunda tópica é o conceito de pulsão que também não tem desde o início da obra do Freud tá então o Freud inclusive quando ele escreve o livro sobre a pulsão e seus destinos ele inclusive começa o livro falando que pena que eu tive que trabalhar com a psicanálise até hoje sem ter o conceito de pulsão à mão né e ele volta revisitando todos os textos anteriores colocando em nota de rodapé a relação entre aquilo que ele estudou até então e o conceito de pulsão a gente falou sobre isso também no
encontro sobre pulsão então voltando primeira tópic segunda tópica dois momentos da do modo que ele organiza o aparelho psíquico então voltando nessas passagens do texto freudiano dessa primeira tópica a gente se depara então com diversos elementos diferentes primeiro o aparecimento do termo e ainda sem determinação conceitual mais precisa que que significa isso vocês vão ver que ele usa muito emparelhado às vezes com recalque às vezes com negação ainda não tá com uma precisão de separar esse conceito das outras recusas que existem ele vai eh conseguir separar mais claramente só em 1938 tá então ao longo
da obra do Freud esse conceito não tem eh uma definição tão precisa no segunda tópica fica um pouco mais preciso mas só no final da obra que ele fica bem preciso E aí já são os textos que ficam inclusive inacabados lembro que o texto do fetichismo não ficou acabado são textos que o Freud morre sem finalizar bom então o aparecimento do termo ainda não tem uma determinação conceitual muito precisa mas coisas interessantes Olha o alcance Universal que que é o alcance Universal que a gente encontra em todo o desenvolvimento psicossexual de meninos e meninas fundamentando
então acerca da continuidade entre o normal e o patológico ou seja o nosso pequeno perverso polimorfo né Eh a criança é um pequeno perverso polimorfo Ou seja a criança ela eh opera pela via da denegação ela é nosso pequeno perverso isso não é patológico isso é normal isso tá dentro do funcionamento regular e Universal Ou seja que que é universal aí meninos e meninas univers sal do desenvolvimento psicossexual Então a primeira característica muito interessante é que o patológico não seria uma fratura isso é bem legal tá gente pro Freud o patológico não é uma fratura
do normal o patológico é uma continuidade do daquilo que era normal fora do seu tempo não é legal isso eh só o Freud que trabalha com essa ideia não a j butler também trabalha com essa ideia o livro não tá aqui tá lá dentro eh no no livro relatar a si mesmo ela F Ela traz isso num conceito que chama anacronismo a jit butler vou relacionar os dois para ficar mais claro veja Olha que sacada boa do Freud O que define que uma coisa é normal ou patológica não é tanto a manifestação dela em si
mas a manifestação dela num tempo que não acabe mais então por exemplo o pequeno perverso polimorfo que a criança se manifeste de um determinado modo na infância isso é é universal está dentro do desenvolvimento psicossexual esperado das Crianças mas que ela continue se manifestando desse mesmo modo fora dos tempos da infância Ou seja que ela carregue essa escolha de objeto e essa relação com o corpo para um outro tempo que não cabe mais isso talvez apontaria pro patológico vou relacionar com duas coisas vou pegar o Lolita Humbert Humbert e vou pegar o conceito eh da
judit butler de eh eh anacronismo eh em Lolita só fazer um resumo para quem não conhece o livro bem rapidamente o livro maravilhoso todo mundo deveria ler o livro Lolita ele é narrado da perspectiva do pedófilo Humbert Humbert então o o o autor faz uma coisa genial que é colocar o a a a escrita a narrativa dentro da cabeça ou seja nós Dentro da Cabeça de um pedófilo Olha que coisa difícil de ser escrita eh O livro é escrito da perspectiva do Humbert Humbert que se defende então ele tá preso e ele está escrevendo a
própria defesa para o tribunal se ele está escrevendo a própria defesa os culpados são outros ele é um pobre seduzido tá claro isso então quando vocês leem no Lolita que ele foi seduzido lembre-se que ele é o narrador quem conta a história controla os acontecimentos lembram disso a estudou essa história na escola por exemplo se eh os colonizadores contam a história a partir dos do do da perspectiva dos colonizadores é o Lolita Regiane chama Lolita eh se você conta uma história da perspectiva dos colonizadores o Brasil foi descoberto em 1500 se você conta a história
da perspectiva dos colonizados o Brasil foi invadido em 1500 não é isso ou seja me me diga de onde você conta a história e quem conta a história quem Escreve a história quem tem a caneta da história domina a história correto voltando ao Lolita quem conta a história Humbert Humbert que é o pedófilo então ele vai contar a história da perspectiva eh de de que ele se defende ali tem excelentes exemplos de denegação bom que que a gente vai colocar ali para vocês entenderem essa questão da continuidade entre o normal e o patológico o personagem
fica que o amor dele por Meninas entre 6 e 12 anos o limite dele era 12 então ele dizia que só só havia possibilidade de se interessar sexualmente amorosamente por meninas até os 12 anos entre 6 e 12 e ele se eh eh colocava a si próprio como um Ninel o Ninel seria uma espécie de especialista em localizar no mundo dentre as crianças quais seriam segundo palavras dele nifetas a Lolita que na verdade não chama Lolita chama Dolores né é uma dessas meninas e aí ele se casa com a mãe dela para poder ser padrao
da menina e poder eh abusar sexualmente da menina que da perspectiva dele não é abuso tá lembra que a perspectiva do livro da perspectiva do cara que que é interessante aí quando ele vai explicar pro júri né Ele tá se defendendo o o autor isso Vladimir nabuk autor Fantástico um livro incrível quando ele vai se defender eh com o proju eh ele tá escrevendo a sua defesa ele vai dizer que o amor dele por essas meninas era uma continuidade a um amor infantil que ele tinha também quando ele tinha 12 anos por uma menina que
também tinha 12 anos e que faleceu e então o amor dele teve teria permanecido fixado na imagem dessa menina morta Deu para entender então deixa então ele não conseguiria buscar outra imagem que não dessa menina não importa quantos anos ele esver a imagem eh que ele guardava era aquela imagem congelada numa menina de no máximo 12 anos Então essa é a perspectiva que ele dá voltando aqui aonde que a gente pode apontar um menino de 12 anos se apaixonar por uma menina de 12 anos ok a imagem de uma menina de 12 anos ser a
única possibilidade de satisfação de um homem de 44 não ok Deu para entender a lógica então o que que o fre tá dizendo eh tem uma continuidade entre o normal e o patológico voltando o último exemplo para eu não perder tempo eh em relação a judit butler é um livro que chama relatar a si mesmo ou relato de si eh na na judit butler ela vai falar por exemplo o que que é o anacronismo quando uma coisa que não cabe mais numa época é imposta numa outra época que não tem mais espaço então por exemplo
já houve uma época em que por exemplo as mulheres não não podiam votar já que a gente tá falando de eleição esse ano eh anacronismo seria se hoje de repente impusessem novamente que as mulheres não podem votar ora na época em que as mulheres não podiam votar dizer que elas não podiam votar fazia parte inclusive da lei que operava naquele tempo hoje quando a lei já é outra e os costumes já é outros e eu tento impor aquilo que não cabe mais é extremamente violento Então veja há uma certa continuidade que se eu tento impor
de uma época numa outra época que o Espírito do tempo não autoriza mais para falar de né espírito do tempo eu tenho então uma certa Mud Di eu tenho uma certa um certo deslocamento do que seria normal até um ponto se torna patológico Outro ponto continuando aqui então o papel do esquecimento defensivo né na gese da consciência moral idade de recorrer a tal mecanismo para compreensão da dinâmica de Formação Cultural de um povo que é o que apontei para vocês também então a denegação no sentido do Universal do desenvolvimento psicossexual e a denegação no sentido
da dinâmica de Formação Cultural de um povo que há determinadas exigências que batem de frente com as possibilidades de satisfação e eh denegar determinadas exigências para sustentar algumas satisfações está na compreensão dinâmica da formação de Cultural de um povo e o Freud fala sobre isso eh em psicologia das massas e análise do Eu por exemplo também aqui então Eh em 1905 três ensaios da teoria da sexualidade o Freud então propõe a ideia da pressuposição De que parte por parte do menino de que todas as pessoas conhecidas possuem uma genitália como a sua e para que
que serve a isso isso para que diante do complexo de castração da possibilidade de de castração ele não tenha que abrir mão da própria masturbação e o modo de fazer isso é denegar a diferença anatômica então todas as genitálias são iguais Não Existe diferença anatômica logo não tem risco de eu perder aquilo que eu tenho então o desmentido no menino a gente estudou isso em algumas distinções anatômicas entre os sexos Vamos então paraa segunda tópica segunda tópica primeira tópica alguma dúvida então na primeira tópica a gente tem basicamente isso uma continuidade entre o normal e
patológico a medida que a Universal da denegação todas as crianças passam pela denegação diante da ameaça de castração OK segunda característica ainda na primeira tópica que ela demarca as organizações civilizatórias não é possível ceder completamente a todas as exigências eh que que a cultura exige eh é insuportável seguir a todas logo algumas são denegadas e isso tá na base da cultura É só vocês pensarem é bem simples na verdade mas é só vocês pensarem em várias tradições culturais que vão completamente na contramão da Lei posso pegar um exemplo carnaval Teoricamente a cultura diz andem de
roupa no carnaval ela autoriza desfem lado gente é uma maravilha É é uma coisa muito interessante isso é como se a gente tivesse dizendo Olha a gente vai dar conta de bancar essa regra se a gente tiver então um certo lugar em que a regra não está lá deu para entender a lógica Lena faz pensar no erotismo do batai sim Então veja eh a a ideia de como é que as sociedades elas suportam as exigências culturais vez por outra denegando determinadas regras então por exemplo no no no brasil é proibido nas praias públicas inclusive é
muito engraçado Top L você não pode as mulheres os homens podem com peito de fora mas as mulheres Teoricamente não podem com peito de fora entretanto eh na Sapucaí elas vão poder com peito de fora percebem a coisa então a denegação tem a ver com eh a essa isso que a cultura exige Mas permite uma certa denegação né para poder l dar com o insuportável que das exigências culturais e aí a gente vai pra segunda tópica Sandra você falou da Sapucaí eu achei pertinente aqui em Salvador no carnaval pode tudo pode seminua ninguém é de
ninguém todo mundo pega todo mundo aquelas danças que em outros momentos não são permitidas no carnaval é permitido tá dentro disso aí que vocês está falando e é interessante que é no mundo todo se você pega carnaval da Itália na em Veneza com as máscara se você pega aqui no Brasil seja Rio de Janeiro ou Salvador eh é interessante entende que que essa denegação Sandra eh todo mundo sabe que a a lei vai numa direção entretanto né eu sei mas mesmo assim esse eu sei mais mesmo assim é interessante né segunda tópica na segunda tópica
em relação ao conceito diga Sônia não me me ocorreu assim que é uma coisa que você sabe que de certa forma choca com a cultura mas que de certa forma você não precisa recalcar você faz como que uma uma aceitação encontra um caminho só faz uma denegação isso E aí é interessante porque de início a denegação e o recalque o Lacan que vai explorar isso mais comum Sim eles tem um início comum de uma afirmação né Aceito mas é o processo é mas ele você não precisa de certa forma recalcar você vai seguir um outro
caminho que faz uma denegação dá um jeitinho é como se a gente falasse assim veja no recalque é eu sei né na denegação É eu sei os dois É eu sei sei os dois são Eu sei eu sei aí vamos pro no caso do recalque eu sei e tenho que cumprir mesmo que isso cause enorme prejuízo a mim na denegação eu sei mas mesmo assim então É como se você então tem uma parte do recalque da denegação que Segue o mesmo caminho só que depois muda né só que depois Muda então se a gente pensar
em alienação e separação que eu já conversar lá na frente tanto recalco quanto a denegação passam pela primeira afirmação e depois mudam há há há uma confirmação dessa disso que é proibido na no recalque e há uma denegação né disso que é proibido Então não é que na denegação não se sabe o que é proibido se sabe sabe sa recalca né você vai ver um outro jeitinho aqui isso você você você tem uma assimilação das leis Você tem uma alienação ao grande outro entende a questão não é essa primeira parte as leis são incorporadas as
leis são assimiladas elas são compreendidas elas são denegadas Lembrando que para denegar eu tenho que conhecer né como é que eu vou denegar uma coisa que é diferente fora clío na fora clusão a lei não é sequer registrada na denegação a lei é registrada né então Seguindo aqui na outra na fora clusão né isso na fora clusão ela é expelida na base sim é negado não há não existe não há então nem tem essa primeira parte afirmação né E aí veja então na segunda tópica então o conceito na segunda tópica aparece eh vinculado ao tema
da perversão e da clivagem do eu né dessa divisão do eu clivagem é divisão né Eh Lilian a denegação Acontece muito cedo em todos nós a princípio ela é universal lembram disso por isso que a gente fala do pequeno perverso polimorfo então desde que você nasce eh você ser é atravessado pela linguagem então a e ao ser atravessado pela linguagem não significa eh Então se atravessado pelas linguagem significa uma afirmação em relação à linguagem essa alienação em relação à linguagem agora diante dessa afirmação aceita-se de primeira eh como inquestionável não então a denegação acontece desde
muito cedo na criança e segundo o Freud na primeira tópica ela é universal acontece meninos e meninas tudo bem inclusive por isso que a gente fala do pequeno perverso polimorfo por isso que a gente fala dessa dessa reação né de negar duas vezes diante eh da Lei então na segunda tópica pra gente avançar então aparece associada à perversão e aparece associada à clivagem do eu então Freud aponta a incidência né da denegação ao invés de inscrevê-la no funcionamento Geral do psiquismo tudo bem ao inscrevê-la então primeiro aí responde sua pergunta também então a denegação ela
está inscrita no funcionamento Geral do psiquismo ou seja como espécie de ponto universal de passagem tá lá inscrita no psiquismo tá certamente presente nos neuróticos isso é muito legal eh como um dos expedientes por eles utilizado durante diante de uma experiência traumática então a eh vai passar exclusivamente pelo recalque não o recalque vem depois ela vai passar pelo desmentido então o desmentido ele está certamente presente nos neuróticos como uma das formas né um dos expedientes uma das Ferramentas uma das possibilidades diante de uma experiência traumática então diante das experiências traumáticas eu posso denegar o acontecimento
para me proteger do trauma Divindo daquele daquilo que se eu vê eu vou ter que lidar com trauma então não ver mas não ver significa ver e virar pro ladinho tá não é não ver no sentido de uma recusa radical como é fora oclusão Mas também como mecanismo comum e de modo eh e de modo algum raro na experiência das crianças tudo bem então na experiência das crianças ele não é raro ele é comum pegando a primeira tópica inclusive Universal eh nos adultos é que ele não é tão comum assim aí o já aparece de
outra forma então continuando eh Então a gente tem de novo a continuidade entre o normal e o patológico ou seja não é raro entre as crianças será raro entre os adultos então entre as crianças se não é raro tá no campo do normal se é raro entre os adultos aí a gente pode apontar algo paraa ordem do patológico patológico no sentido de Raridade tá não de doença aqui eh mas o o potencial crítico da psicanálise também em relação à cultura sociedade política a gente já fez essa leitura lá atrás em relação à primeira tópica seguindo
mais um pouquinho antes mesmo de usar a palavra desmentido Freud já havia concebido né Eh concebido como um desmentido a reação das Crianças em relação à percepção dolorosa da ausência do pênis na menina ou seja quando do encontro com a perturbadora castração então na segunda tópica ele reforça aquilo que ele já tinha dito sobre o desenvolvimento psicosexual tudo bem Diga S deixa desculpa que eu fiquei F sempre um pouco confusa nessa parte que você falou na segunda tópica assim com Freud quando fala assim aparece associada a perversão e a clivagem do eu quando eu ouço
essa perversão aqui nesse contexto eu devo pensar não como uma questão patológica mas como desvio por causa de seu está sendo abordado a pulsão é isso e aqui se a gente for avançar um pouquinho mais se a gente pensar queria ter certeza se é isso que ele tá falando que você é mais ligado à pulsão e não a perversão essa perversão ela nê esse desvio relativ é e não uma patologia ainda né Não não é uma patologia é aos desvios mesmo do investimento libidinal à diversas zonas erógenas eh então ao invés de você buscar a
um investimento você tem mais de um investimento Então nesse contexto essa perversão tem a ver com esse desvio da tem a ver com esse desvio por isso Inclusive a gente eh graciosamente o Freud propôs o pequeno perverso polimorfo ou seja Coloca esse pequeno na frente como se tivesse falando uma pequena perversão não é perversão por Excelência estrutural é a pequena perversão e lembrando ela é Rara não ela não é Rara ela é universal ela vai acontecer com os neuróticos com os neuróticos né e eh avançando aqui um pouquinho mais aí eu a gente acho que
eu organizo eh no final com o Lacan Então veja ao desmentido Então antes de ser o mecanismo fundador né o mecanismo fundamental da perversão porque aí já seria uma estrutura não esse pequeno perverso polimorfo comum eh da da infância da de todos os neuróticos né então antes eh da do desmentido se o me ismo fundador da perversão né Eh na qual está em jogo o desmentido da castração que que seria esse eh eh ocorre comumente na infância em relação à diferença sexual deixa eu diferenciar só esse ponto Então veja eh a castração ela vai acontecer
diante da diferença sexual correto mas a castração não é sinônimo da diferença sexual pensem uma depois da outra didaticamente falando então Eh se a um desmentido da diferença sexual eu protelo a castração não é exatamente o que o menino faz durante todo o édico ele fica arrumando vias de eh contestar de negociar de protelar né postergar todo postergá-los Então esse empurrar paraa frente a castração é da Ordem do desmentido entende e como que ele empurra paraa frente desmentindo a diferença sexual até aqui é comum e não é o mecanismo fundador da perversão aonde que ele
se torna um mecanismo fundador da perversão eh quando a diferença sexual se constata não dá mais para empurrar a castração se impõe e diante da castração ao invés de imposta a castração recalque imposta a castração desmentido a saída pelo fetiche ou seja colocar um substituto da falta Ali onde ela falta ao invés de lidar com a falta propriamente dita lidar com a falta propriamente dita recalque colocar um substituto que é o fetiche né o objeto fetiche eh como substituto da falta para não ter que lidar com a falta ou seja para denegar a castração aí
assim a gente tem o mecanismo fundador da perversão então percebe a coisa da continuidade então Eh desmentir a diferença anatômica é da infância desmentir a castração que vem como consequência do impossível de sustentar a diferença anatômica aí a gente já tá como mecanismo fundador da perversão tranquilo então avançando aqui um pouquinho mais pra gente poder fechar eu marquei poucas coisas tá vou aqui para essa parte agora ó 1925 tá então no artigo de 1925 algumas consequências psíquicas da distinção anatômicas que a gente também estudou ao estabelecer analogia eh entre meninas e meninos em relação à
castração ele afirma que quando vê o genital da menina o menino não vê nada ou desmente a Sua percepção Então nesse ponto não vê nada ou desmente a Sua percepção Eh Ou seja desmentindo ainda a diferença anatômica e não a castração em si ainda estamos no do campo do Comum Universal e cotidiano do desmentido e não ainda como mecanismo fundador mas eu queria só que vocês percebessem como é Sutil o deslocamento percebe e o quanto na verdade a neurose e eh a perversão elas são extremamente próximas e com uma base infantil igual comum o desmentido
paraa menina a mesma coisa Renata a diferença anatômica é um problema para os dois tanto que você lembra que a menina ela entra primeiro na castração porque a diferença se impõe mais rapidamente a ela mas você se lembra que a primeira reação da menina em relação à castração eh perdão castração não em relação à diferença anatômica também é um desmentido só desmentido que dura pouco o que que é esse desmentido da da menina o Freud ele vai dizer que a menina ela primeiro contesta lembra qual que é a contestação a contestação que o Freud vai
chamar Inclusive a tradução para para português ficou como inveja do pênis né a a a contestação da menina seria então procurar alguém que possa Lar procurar alguém que possa ldar Renata É como se você tivesse então contestando que a diferença na ôm é algo que se impõe Ou seja é algo negociável Eu vou ali arrumar aquilo que me falta para não me faltar mais só que como ela não consegue sustentar por muito tempo O menino consegue protelar por mais tempo por isso Inclusive a primeiro menino passa pelo EDP então a castração como a menina não
consegue contestar por muito tempo eh ela percebe então que E aí por isso castração e depois édico então ela aceita o prejuízo para ir buscar no Édipo eh aquilo né a uma certa compensação do prejuízo da castração mas os dois passam por rapidamente essa só que da menina mais rapidamente que do menino do desmentido Liliam eh eu escrevi a minha pergunta um pouco Fiquei pensando nas fases anteriores por exemplo na fase anal o o desmentido seria quando também a criança eh tem a constipação não consegue lidar com a questão do do controle dos esfinteres com
as regras sociais que são estabelecidas Será que também pode olhar dessa forma ou não é uma leitura é uma leitura legal essa que você tá fazendo porque o que o Freud Coloca ele coloca por Excelência da distinção anatômica mas ele coloca nos textos anteriores A 1925 da distinção anatômica sobretudo eh n na no de 1905 sobre os três ensaios da sexualidade ele coloca eh o desmentido como uma Lembrando que ali ele ainda não tá precisando eh como mecanismo fundador da perversão né mas ele coloca como uma reação diante eh de das possibilidades traumáticas e aí
Lilia se a gente pensar que a existe algo de traumático em cada fase do desenvolvimento eh a gente pode pensar que o modo de lidar com que traumático em cada fase do desenvolvimento eh passa pela ordem de um desmentido embora Talvez o desmentido por Excelência seja o da distinção anatômica mas considerando que ao longo das fases que inclusive leva a a passagem de uma fase para outra ou a fixação em uma de uma das fases E aí se a gente pensar aí da da fixação na fase anal por exemplo né Eh Sim a gente pode
colocar pegando a ideia do Freud como desmentido como uma resposta diante daquilo que há de traumático né tá que se impõe a criança como traumático no rumo do seu desenvolvimento psicossexual sim acho que é uma boa leitura Rosana e eu tô bé mas antes eu só assim eu já vi casos de criança menina pequenininha que também vai na mesma linha do eh da negativa né da diferença anatômica usando uma escova de cabelo meio das pernas para dizer que tava conseguir ou que vai crescer também né tudo isso passa Mas o que eu queria falar mesmo
é que a gente tem falado batido muito nessa coisa da diferença anatômica mas eh a gente tá falando da lei né a metáfora para lei que aí a castração E aí vem essa coisa porque a gente pensa na perversão a gente pensa logo na pedofilia né mas é só uma das formas né de fetiche acho que não eh sei lá eh é isso eu fico pensando a diferença entre a questão da da perversão eh eh estrutura eh de sujeito e as pessoas que têm dificuldade com a lei enfim abusos crimes e essa questão que me
me pega aí né porque nem todo criminoso é um perverso e nem todo perverso é um criminoso a gente pode partir por aí também né então eh a não a gente não pode associar a perversão com criminalidade Inclusive a a primeiro que assim a estrutura Clínica pura da perversão ela é extremamente Rara extremamente Rara eh eh atitudes perversas são muito comuns manifestações perversas são bastante comuns até como um retorno eh daquilo que vem da infância né se isso é Universal na infância e se o infantil não não termina com a infância é claro que isso
que é Universal na infância que inclui manifestações perversas vai se repetir nos outros tempos do sujeito ok né já já que o infantil tem essa marca e e o infantil se impõe durante todos os tempos eh em relação à estrutura e eh ela é Rara né o lacão é falar que ela é Rara o Bruce fink naquele livro é né que é bem legal desse eh do introdução Clínica psicanálise lacaniana ele também vai apontar o quão Rara ela é mas fundamentalmente uma ressalva que a gente sempre faz é que a gente não tome de modo
algum a a questão da perversão no sentido eh pejorativo um que ele tá no cerne de toda a Sexualidade humana ele tá na origem na base de toda a Sexualidade humana eh e segundo é que ele não tá ele tá relacionado mais ao desmentir a lei como uma forma inclusive de lidar com o insuportável da lei que se impõe e de fazer a lei se pronunciar Inclusive a gente vai apontar um pouco sobre isso então Já fechando por causa do do do tempo eh pegando com lacam pra gente poder fechar Então veja eh tanto o
o o recalque quanto o desmentido eles têm algo em comum né a gente falou sobre isso eles têm algo em comum que é a uma uma certa envolvem os pensamentos né envolve uma recusa de determinados pensamentos não as percepções não os afetos mas os pensamentos do mesmo modo que no recalque O que se recalca são os pensamentos no desmentido também o que se desmente são os pensamentos e isso Os dois têm em comum a diferença é aonde que eles reaparecem né que é o que o Freud explica no texto 938 eh a diferença é que
no caso do do recalque né Eh desse recalque dos impulsos sexuais né de de um paciente e esses impulsos eles desaparecem no sentido do recalc eles são lançados pro inconsciente a gente pode dizer que é um show de mágica né ele desaparece no sentido que ele sai da vista da Consciência do feito porque eles são recalcados ou seja eles são retirados da consciência e no caso do desmentido eh ele não é retirado da consciência ele não desaparece eh Então para onde que ele vai no caso do desmentido o que desaparece é uma parte do mundo
externo real eh Então em vez de desaparecer os impulsos sexuais como é no caso do recalque O o que desaparece um desmentido é uma parte do mundo externo real por exemplo eh você eh constata a diferença vou pegar o da diferença anatômica de novo porque esse a gente já entendeu você olha e vê que tem uma diferença entre um corpo e um outro corpo aqui temos um pênis e aqui temos uma vagina ora o que Que Desaparece essa diferença eu vejo os dois como Iguais por exemplo eu vejo ali a eu não vejo a diferença
anatômica Então o que desapareceu não foi o impulso não foi mas o que desapareceu foi a a parte do mundo externo que se vê a uma modificação aí a citação exata do Freud inclusive é uma parte do mundo externo real aqui real é de realidade não o o o o real é de e eh eh é do real do do Lacan né nesse sentido então só pra gente poder fechar veja então vamos lá eh o que que seria então o desmentido desmentir a castração para negar a existência da castração e para que que serve negar
a existência da castração para não ter que sofrer as consequências dela percebe se eu nego a castração para não sofrer as consequências dela significa que eu não eu desconheço a castração não de modo algum eu tanto conheço a castração sei onde ela está sei o que ela me impõe entende então eh Há uma aceitação de que a castração está lá eh mas Há a possibilidade de negar a castração duas vezes então desmentir né Eh saber que ela está lá e mas não aceitar a sua imposição entende e que que significa saber que ela tá lá
e não aceitar sua imposição aí vamos pegar isso que a Rosana colocou quando a gente fala de castração a gente tá falando sobretudo da Lei então é como se a gente tivesse dizendo eu sei que a lei está lá mas Eu recuso a imposição eu não queria usar esse exemplo Mas o pior é que esse exemplo fica passando na minha cabeça eh eh sabe eu vou usar bullying sabe bullying eh só que eu vou usar bullying de gente de gente adulta eh eu eu tava assim assistindo o o o debate Eh agora nem sei de
qual acho que era da Gazeta da da Prefeitura de São Paulo e eu falei gente isso aqui para estudar bullying tá maravilhoso Ah eles dizem É proibido falar durante a fala do outro candidato Gente sinto muito mas linguagem de sinais é fala do mesmo jeito e aí você tem eh uma pessoa que diz é proibido falar enquanto fala o outro candidato e uma pessoa fica falando né enquanto fala um outro candidato só que uma fala sem som só mexendo na boca e uma Fala com a mão e vocês entendem que isso é um desmentido Veja
a lei está Clara tanta a lei está Clara que ele mexe a boca sem sair o som tanta a lei está Clara que ele vai usar gestos físicos que eu não vou colocar quais são eh para eh eh Enquanto o outro fala sabendo eh que ele tá sendo visto por aquele que fala C usando uma desor no pensamento daquele que fala né isso nas na escola se a gente pega o bullying eh uma criança que pratica bullying ou um adulto que pratica bullying por exemplo porque aquilo ali é bullying Total eh não sabe o que
é bullying sabe não sabe qual é a lei da escola sabe é é é no sentido do desmentido então vocês percebem como o desmentido ele é mais comum do que a gente imagina quando você pega uma rodovia que tá escrito uma placa desse tamanho não passar 110 km/h e vai A 160 você não sabe que é 110 e que 160 não pode sabe consegue entender que o desmentido é mais comum do que a gente imagina então é é é diante da Lei então eu constato a existência da Lei eu olho pra Lei eu recebo a
lei Mas eu testo os limites da Lei eh eu faço a lei se pronunciar então por exemplo por que que quando você vai dirigir na estrada você não tem só uma placa dizendo a velocidade você tem a placa E você tem o medidor de velocidade e você tem o o o Pardal aqui chama Pardal não sei como é que chama o resto daí né você tem O pardal e você tem ainda o carinha da Polícia Federal que fica num lugar escondido com aquele secador de cabelo né parece um secador de cabelo e quando você passa
né porque você conhece todos os os Pardais Então você confia que você vai desacelerar na hora de passar no Pardal aí de repente tem um cara da Polícia Federal com aquele secador de cabelo que pega a distância de 10 km a porcaria da tua velocidade e você ainda fica puto quando você recebe a multa vocês já perceberam isso não conheço ninguém que recebeu uma multa feliz falando é eu estava errado eu estava correndo então voltando a coisa da denegação ela não é incomum e por isso a gente não pode relacioná-la tanto com a a com
o patológico Rosana você coloca a coisa do espírito do tempo sim a gente tem algo você quer ver uma coisa do espírito do tempo as manifestações nas redes sociais né as pessoas elas vão ali numa rede x que chama X por acaso e e lá na rede x e vou chamar de y lá na rede Y A A pessoa ela ela fala coisas que ela sabe que são criminosas ela fala o seu filho da eu não sei o qu e falam coisas misóginas racistas Vocês já viram como é que as pessoas reagem vamos dizer que
a pessoa não não sabe que aquilo tudo é criminoso tanto Ela sabe que ela não fala na cara de alguém ela não sai na rua e diz aquele texto para uma pessoa então voltando agora o desmentido o desmentido não é um não reconhecimento da lei não é uma lei que não opera é uma lei que está lá é uma lei que eu leio na placa é uma lei que eh eu escutei a pessoa no início do debate dizendo não pode falar ao mesmo tempo dos outros candidatos É uma lei que a diretora da escola né
fez toda uma palestra contra o bullying Deu para entender a lógica entretanto o desmentido tem a ver com eh a não deixar operar a lei Deu para entender a lógica Então não é que a lei não existe é que há um esforço para que a lei não opera só que para para fazer esse esforço que a lei não opera eu faço com que a lei se pronuncie eu já tô pensando qual vai ser a regra do próximo debate porque você tem uma regra não pode sair do púlpito por quê Porque um saiu e quase socou
o outro aí você fala não pode sair do do lugar aí esse fica paradinho do lugar aí a próxima regra não pode falar enquanto o outro candidato faz aí o cara fala por mímica próxima regra tem que colocar as mãozinhas para trás e fechar a boca enquando outro eu fico pensando quantas regras eles vão ter que inventar para conseguir ter debates até o dia da eleição O que que a gente tá dizendo com isso desmentido percebe o desmentido recusa eh no sentido da a a lei não ele faz com que a lei se manifeste para
que ela não consiga operar Deu para entender a lógica e a medida que ela não opera eh ela precisa se manifestar ainda mais alta e com mais vercia e aí eu de novo provo que ela não opera e Qual o propósito do desmentido do sentido lacaniano mostrar que o grande outro é faltoso percebe Ou seja que a lei é falha Eu provo que a lei é falha and sapateando em cima da Lei Deu para entender a lógica então o desmentido na contemporaneidade gente isso dá material demais Priscila pra gente fechar Eh oi eu fiquei pensando
se a gente poderia usar como exemplo eh atos desmentidos qualquer ato que vai contra uma certa hegemonia assim sabe de sei lá movimentos feministas assim né vai contra por exemplo uma restauração de uma lei que diz sobre o lugar das mulheres sabe Será que a gente poderia fazer essa Associação Então mas aí não é tanto o o o depende porque por exemplo o desmentido tem a ver com a imposição de uma certa eh lei que está lá e eu faço ela se pronunciar para mostrar o quanto ela falha aí vou pegar o que você colocou
E aí seu exemplo pode ser bem interessante bem provocativo eh nenhuma lei deve ser questionada não Gente pelo amor de Deus se nenhuma lei fosse questionada a gente tava na idade média até hoje é claro por exemplo eu tava falando da sufragistas imagina já houve uma época em que a lei era a mulher não pode votar já houve uma tem uma lei Qual é o país que as mulheres não podem fazer barulho não podem falar é no Afeganistão esqueci agora Qual é o país acho que é né acho que é o pakistão Paquistão eu sei
que eu olhei falei elas não podem ninguém pode escutar a voz delas Então se alguém alucinar com a voz feminina vai morrer todo mundo eu espero que ninguém alucine com a voz feminina nós estamos o tempo todo criticando a lei do aborto ol é crime que praticar aborto infelizmente ainda é crime praticar aborto isso então Fernando Vamos pegar esse ponto então Eh desmentir a lei então por exemplo vamos pegar o aborto já que o Fernando trouxe a questão do aborto eh eu sei que é crime o aborto mas mesmo assim decido fazê-lo eh e inclusive
seria interessante que não que que a gente teve um caso aqui pertinho em Araguari na na santa casa que o a menina chegou eh com sangramento o médico disse eu preciso que você saiba me diga a verdade para poder fazer o tratamento correto mentira ele não queria fazer o tratamento correto ele queria chamar a polícia ele deixou a menina com hemorragia três dias no hospital Sem tratamento e algemada na na cama olha que absurdo aqui em Araguari na Santa Casa de Araguari Minas obviamente ele tá respondendo processo e tudo mais mas e a menina sobreviveu
Tá mas veja eh O que que é o desmentido aí Fernando eh e é interessante a gente apontar isso Pricila acho você faz um apontamento muito interessante Por que que a gente não pode apontar que o desmentido é sempre o infrator no sentido negativo da coisa porque o desmentido ele também promove revoluções sociais lembra que o Freud apontou que o modo que a sociedade se organizam passa pelo desmentido entende então toda a lei uma vez estabelecida deve ser seguida completamente a cegas não é claro que não mas interessante o porqu né Eh essa e o
por se posiciona diante determinadas leis vamos fechar Então vamos que a gente já estourou o tempo para caramba né Fernanda sua última microfone Fernanda tem som bom então vamos fechar então só queria apontar isso o desmentido não tomem ele como patológico Ficou claro isso né o desmentido tá na base de todo desenvolvimento sexual infantil o desmentido tá na base das organizações das culturas e dos povos e o desmentido portanto não pode ser relacionado necessariamente ao crime ou a patologia Tudo bem então perfeito semana que vem a gente não tem porque eu vou viajar aniversário do
na quinta e a gente se vê na outra tudo bem Boa noite Renata Obrigada obrig boa noite Boa noite obrigada Obrigada vou lá molhar o Jardim agora beijo tchau beijo tchau beijo
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