Me perguntar: quais são as diferenças entre uma pessoa autista e uma pessoa altamente sensível? A série, em vários, vocês aqui na comunidade me pediram para deixar mais claras essas diferenças entre o autismo e a alta sensibilidade. Então, esse é o nosso tema de hoje, e eu quero conversar com você sobre três semelhanças.
Afinal, são por essas semelhanças que as confusões ocorrem, e também vou falar sobre as três principais diferenças. Mas, na verdade, às vezes, principalmente nas mulheres, essas diferenças não são tão óbvias assim. É por isso que o assunto é debatido internacionalmente.
Antes da gente entrar aqui na nossa lista, é importante saber que o termo "pessoa altamente sensível" foi cunhado pela Dr. Helena Erlen, em 1996, depois de uma pesquisa grande que ela fez com o marido dela, que também é psicólogo. Eles ainda lançaram esse livro com o mesmo título: "Pessoas Altamente Sensíveis".
Segundo ela, de acordo com as pesquisas, há cerca de vinte por cento da população que tem essa característica de sentir mais o mundo, e por isso esse grupo de pessoas precisa também de mais tempo para responder aos estímulos e para se recuperar da sobrecarga de estímulos externos, por exemplo. Mas a sensibilidade aumentada não é necessariamente um diagnóstico; é uma característica pessoal, de acordo com a Dr. Helena Eron.
Embora tenha essa intenção com outras condições, já o autismo é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento. E, segundo a sociedade médica, nós não vamos falar aí de características do autismo; nós vamos falar de sintomas e sinais, de traços do transtorno do espectro autista. E um desses sintomas, aliás bastante frequente em autistas, é a hipersensibilidade ou a sensibilidade aumentada, ou até o transtorno do processamento sensorial, que gera essa sensibilidade forte a aromas, a sons, luz, texturas, sabores, o que realmente pode ser um enorme transtorno para a pessoa.
E hoje nós vamos aqui comparar a hipersensibilidade física e emocional, que é descrita pela Dr. Helena Eron da "pessoa altamente sensível", com a descrição de autismo mais conhecida, que é a do DSM-5. Agora, vamos lá: as três principais semelhanças.
A primeira é a sensibilidade. Claro, tanto o autista quanto a pessoa altamente sensível, ou "a paz", como nós chamamos carinhosamente, têm suas nuances. O ambiente, as roupas podem causar coceira, as etiquetas no casaco, na camisa podem ser insuportáveis.
Às vezes, o frio também é muito frio, o calor também é sentido muito forte, e a pessoa pode ficar irritada quando sente fome ou sede e, ao mesmo tempo, pode perder a fome quando está concentrada. O estresse e até mais imperceptíveis para os outros, às vezes, são intoleráveis para essas pessoas. Elas tendem a sentir mais a poluição; às vezes, doses baixas de remédios também podem causar muitos efeitos colaterais, efeitos colaterais muito fortes.
E outros detalhes: as cenas de violência, tanto nos filmes quanto na TV, podem desencadear uma sensação muito forte, tanto nas pessoas altamente sensíveis quanto nas pessoas com autismo. A segunda semelhança é o pânico. Os dois grupos têm tendência a um aumento do estresse, da ansiedade ou até entrar em pânico mesmo quando precisam enfrentar situações muito estimulantes ou fora da zona de conforto da pessoa, que geralmente são situações em que existe um excesso de estímulos sensoriais: muito barulho, falta de ar, né, falta de oxigênio.
Às vezes, a pessoa mesmo do padrão respiratório sente essa falta de ar, desidratação, medo de ficar doente. É uma questão também muito radical, o inesperado na rotina. E o pânico pode aparecer de várias formas; pode aparecer como birra das crianças, que é um descontrole emocional, uma explosão por causa dessa sobrecarga.
O "Chantal", que é o contrário, diz conexão com as outras pessoas e com o mundo. E, resumindo basicamente, tanto as pessoas autistas quanto as hipersensíveis podem ter respostas mais fortes ao estresse. As respostas naturais ao estresse nem todos os animais são a luta, a fuga e a paralisia, e cada um de nós tem a sua forma predileta ou mais frequente de reagir aos eventos estressantes.
Então, não importa se o comportamento mais percebido é a luta, numa explosão, por exemplo, ou a fuga, num ataque de pânico, ou a paralisia no chão. Todas as três reações indicam maior sensibilidade, uma dificuldade de administrar as emoções, e podem estar presentes nos dois grupos, tanto nos autistas. A terceira semelhança é se sentir incompreendido ou incompreendida.
Muitos neurodivergentes se sentem estranhos, incompreendidos, diferentes ou sozinhos, às vezes excluídos mesmo pela família, pelos amigos, pela comunidade, e isso pode acontecer por motivos diferentes. Muitas vezes, evitam a socialização de forma deliberada, porque se sentem sobrecarregados após os eventos. Mas, quando aparece a incompreensão, as pessoas podem achar que a sensibilidade é uma frescura, e aí acabam perdendo a paciência com "a paz".
Nós ouvimos também que precisamos ser mais resilientes para enfrentar os problemas do mundo, mas a verdade é que as "paz" podem ser, segundo algumas, resilientes e felizes, só que elas funcionam de um modo diferente. Está tudo bem, só que nem todo mundo sabe disso. Agora, os autistas, às vezes, mesmo querendo socializar, por falta de traquejo, podem acabar se isolando.
Rodrigo, por exemplo, ou para tentar participar de um grupo na escola, às vezes diz que se aproxima da rodinha dos colegas e fica lá parado esperando que alguém o convide para conversar ou então balançando a cabeça, achando que está participando. Só que esse comportamento causa estranhamento nos neurotípicos, e a resposta social costuma ser oposta às expectativas desse jovem, porque o grupo simplesmente vai fechando a rodinha e deixando o autista de fora. Acontece isso com os neurotípicos também, já aconteceu comigo.
Mas resolvi. Então, essas são as três semelhanças. Sensibilidade à intensa resposta ao estrear e se sentir meio incompreendido, meio estranho ou de fora do grupo.
Sobre as três diferenças, a primeira se refere à teoria da mente. Então, uma das principais características da pessoa altamente sensível é a facilidade em perceber o humor das pessoas, as vibrações do ambiente. A minha professora, doutora Dona Geni, se refere a essas pessoas como etárias.
Então, são sensíveis ao sentimento das pessoas e nós tendemos a captar as coisas no ar. Isso pode ser extremamente útil para o trabalho do terapeuta, do educador, do artista, que pode conseguir traduzir muito bem os sentimentos com aromas, música, imagem, né? Por exemplo, mas também pode ser extremamente cansativo, pois a paz pode ser invadida pelas emoções alheias.
Às vezes, apaga. É tão empática que sente as dores dos outros como se fossem realmente suas, e isso pode ser extenuante. Por outro lado, as pessoas com autismo muitas vezes não conseguem perceber facilmente as alterações de humor dos outros, porque elas podem ter dificuldade para fazer teoria da mente, que significa prever o que o outro está pensando a partir dos comportamentos que ele apresenta, das expressões sociais, expressões corporais, pausas, atitudes.
Isso pode ser bastante difícil para o autista. Meus clientes dizem que, se eles prestam muita atenção à fala da pessoa, não conseguem conversar; às vezes, eles perdem completamente os sinais não-verbais. O oposto também é verdadeiro: se eles começam a prestar atenção no comportamento, na gesticulação da pessoa, às vezes, não escutam a mensagem.
Além disso, os autistas, que conheço como Alexia, têm dificuldades muito frequentes, né? Não é fácil, mas é comum a dificuldade de expressar os próprios sentimentos. Ou seja, se você não consegue nomear suas emoções, talvez fique muito mais complexo avaliar, né, identificar o que os outros sentem.
Porém, como eu disse antes, principalmente nas mulheres autistas, essa dificuldade para sentir o que o outro sente não acontece tanto na prática. O que os especialistas observam é justamente o contrário: existem autistas altamente empáticos, ou seja, extremamente sensíveis às oscilações de humor dos outros. A explicação pode estar no treinamento.
Os pesquisadores perceberam que algumas crianças autistas, principalmente as meninas, se tornam expert em psicologia desde cedo, justamente porque essa habilidade é natural para elas. Geralmente, a menina tem um rosto pela socialização, pelo ser humano. A segunda diferença é a socialização: as pessoas com autismo podem ter dificuldade para ler as situações sociais, as dicas que não vêm mais numa conversa, as expressões sociais, as expressões corporais, sarcasmo, metáforas, ironia e piadas internas, o duplo sentido de gírias.
Isso pode dificultar a missão deles, né, de fazer amigos e de estabelecer relacionamentos românticos, por exemplo. Já as pessoas altamente sensíveis tendem a ser muito elegantes, né, e a socializar muito bem, porque geralmente elas percebem melhor essas pistas sociais e têm facilidade de respondê-las. Elas notam quando precisam alterar seu comportamento, quando precisam silenciar, por exemplo, para que a outra pessoa fale.
Elas sabem deixar o grupo; abandonam o grupo, no caso, e percebem que as pessoas estão sendo debochadas. Mas, ao mesmo tempo, assim como o autista, a paz, né, a pessoa também sensível pode ter dificuldade na socialização, mas pelo motivo oposto: porque ela é um radar. Justamente porque percebe demais, ela está atenta às nuances, às microexpressões faciais, aos sinais não-verbais.
Ela pode ficar um pouco paranóica. E aí, ela vai entender que fica pedindo desculpas por tudo, fica com medo dos outros, né, com receio do que o outro está pensando a respeito dela. E, mais uma vez, como tudo é um espectro, os dois grupos, tanto autistas quanto as pazes, tendem a ter sobrecarga social, a ressaca social, que é a exaustão causada após muito tempo de socialização, após muito tempo de observação de sinais não-verbais e das nuances do ambiente.
Eu tenho ouvido alguns cientistas inclusive chamando de "jetlag social", o que é interessante. Agora, a terceira diferença está relacionada ao critério B do DSM, que fala sobre as estereotipias e comportamentos repetitivos. Geralmente, as pessoas altamente sensíveis não têm, elas não costumam ter hábitos restritivos e repetitivos, já os autistas tendem a ter mais restrições alimentares, movimentos repetitivos, né, sem motivo aparente, e os movimentos alto-estimulatórios, como se balançar, bater palmas, às vezes ficar mexendo, enroscando o cabelo, puxando a sobrancelha e até mesmo a baba, que muitos rapazes estão fazendo isso hoje, né?
Tem o que se chama de estereotipias, que são as vocalizações e a fala da outra pessoa. Aqui no canal tem um teste sobre comportamentos repetitivos; eu vou deixar aqui nos cards para vocês, caso estejam interessados. Mas a questão é que as pessoas altamente sensíveis costumam ser mais flexíveis com as rotinas e costumam ter mais fontes e fontes mais variadas de recursos para proteção emocional.
Resumindo, então, as três diferenças são: as pessoas altamente sensíveis têm mais facilidade para perceber as oscilações de humor e as emoções dos outros; costumam ter também mais habilidades nas interações sociais e na comunicação; e tendem a não apresentar esses padrões repetitivos e restritivos de comportamento. Uma diferença é que nem toda paz é considerada neurodivergente. Existem muitas pazes que realmente são autistas ou têm dislexia, TDAH, por exemplo.
Mas boa parte das pessoas altamente sensíveis parece ter um desenvolvimento típico. E cá entre nós, agora, né, já que falamos sobre as diferenças, sobre as semelhanças, na prática, as coisas não são tão simples assim; as diferenças não são tão claras e muita gente, inclusive o doutor Eleny, realmente tem reconsiderado alguns pontos dessa teoria, porque parece que a apresentação do espectro autista nas mulheres é realmente muito semelhante a essa descrição das pessoas altamente sensíveis. Então, vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos.
Mais claro, a nossa conversa aqui não tem a intenção de rotular ninguém e nem de afirmar quem precisa de mais apoio, quem precisa de mais suporte. Nesse caso, você sabe o que eu penso, né? Para mim, todas as pessoas neurodivergentes ou neurotípicas precisam de inclusão, precisam da nossa consideração, da nossa escuta respeitosa.
Então, o que nós queremos é expandir a conscientização, expandir o conhecimento das pessoas sobre a neurodiversidade. Por isso, compartilhe o vídeo com seus amigos, com o grupo da família, com o grupo do trabalho, curta o vídeo e, claro, por favor, comente o que você pensa sobre esse assunto. Um grande abraço e até a próxima quinta-feira!
Tchau tchau!