GEOPOLÍTICA DA ONU | Heni Ozi Cukier

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Professor HOC
A ONU é a maior organização internacional do mundo e gera muitas dúvidas acerca do seu papel. Entre ...
Video Transcript:
Oi pessoal! Hoje eu quero ter uma breve  conversa com vocês sobre a geopolítica da ONU. Afinal de contas, o que que é e como  funciona e qual a relação dessa organização internacional com a geografia, com a estrutura  do mundo.
Com territórios, com localização, identidade. Bom, antes de a gente começar não  esqueçam de seguir o canal, dar like nesse vídeo, ativar o sininho para você receber notificação dos  vídeos novos. Tem vídeo toda semana, convidem os seus amigos e inimigos para virem conhecer o  canal do Professor HOC e debater com a gente.
Vamos lá! As pessoas têm uma dificuldade e uma  confusão às vezes em entender o que é a ONU. Vamos olhar para o nome, né, Organização das  Nações Unidas, reparem que ela é um conjunto, um aglomerado de nações que se juntaram para  formar aquela organização.
Basicamente a ONU foi criada para garantir que a gente tenha paz no  mundo e não tenhamos uma Terceira Guerra Mundial, ela foi criada depois da Segunda Guerra  Mundial. As pessoas têm uma visão sobre a ONU que não é muito clara e elas fazem algumas  confusões. Quando a gente fala Organização das Nações Unidas a visualização, a  percepção que se tem é a seguinte: que de um lado nós temos os 193 países do mundo  aqui e a ONU estaria aqui como algo separado, algo que não tem nada a ver com as nações.
Quando  a imagem correta, ou a percepção certa do que a ONU é, é que a ONU é os 193 países, ou os 193  países são a ONU. Ou seja, não tem essa separação, não existe essa distinção: ONU e países. Quando  as pessoas falam assim "a ONU não faz nada" no fundo o que deveria ser dito é: os países não  fazem nada.
O conjunto, a comunidade de nações do mundo não conseguem chegar a consenso algum, não  querem fazer nada sobre esse assunto, não querem dar mais autoridade ou perder a sua soberania,  a sua autoridade para alguma outra organização, no caso a ONU. Então isso tem que ficar bem  claro, que nós não podemos separar essas coisas, elas são uma só. E aliás a definição da  ONU é uma organização intergovernamental.
Ou seja, uma organização de governos, feita por  governos, para governos. Ela não é uma organização que representa a população do mundo, quem está  representado na ONU são os países. Isso já começa a criar alguns dos problemas de funcionamento  da ONU, porque um país onde você tem um ditador, ele não está necessariamente representando a  população, ele se impôs e ele é a fala ou a força, ou a entidade que vai lá na ONU falar sobre  toda aquela população.
Mas aquela população não necessariamente aceita ele como seu representante  legítimo. Então a ONU ela serve para conversa de governos, claro que ao longo dos anos ela tem  tentado proteger as populações, os povos, mas ela não é uma organização da população, dos indivíduos  do mundo inteiro, dos seres humanos. Ela é uma organização dos países, das nações.
O que que  isso tem a ver com geopolítica? Vocês sabem, estão acompanhando o canal, estão entendendo  mais sobre geopolítica, assistindo os meus vídeos. Aliás, vale lembrar, sempre bom vocês  assistirem à palestra "Geopolítica: uma visão de mundo" que tá no meu canal, na qual eu dou  a introdução básica, trago algumas das teorias fundamentais sobre o que é a geopolítica.
Qual o  papel da geografia, território, localização. E o que que isso tem a ver então com a ONU? Se a ONU  é uma coleção, um conjunto de países ou de nações, ela não tem um lugar próprio.
Onde que está o  território da ONU? De onde que vem aquela pessoa que supostamente representa os ideais da ONU?  Quais são esses ideais?
Os ideais internacionais, os ideais do mundo. Você não tem uma identidade  internacional, não existe uma identidade global. Nós não nos vemos como seres humanos na  forma de se organizar politicamente, socialmente.
A gente pode até entender que nós fazemos  parte da espécie humana e somos todos humanos, mas na hora de nos organizarmos socialmente e  politicamente e culturalmente nós não temos essa identidade humana. Esse é um dos problemas na hora  de você imaginar uma organização que supostamente é a organização que engloba todo mundo. Da onde  vem esse todo mundo?
Cada pessoa que trabalha na ONU vem de um lugar, vem de um território, com  uma identidade e uma cultura específica. Ou seja, de uma geopolítica. Então não existe a geopolítica  da ONU, existe o mundo, o planeta Terra, só que o planeta Terra ele é composto de um conjunto  e de uma soma de muitos pequenos territórios, outros maiores, outros muito pequenos.
Mas  é esse conjunto que forma essa coisa ou essa ideia chamada ONU. Imagine que todas as  pessoas que trabalham na ONU, em cada um dos departamentos, vem de algum país. Eu trabalhei na  divisão do Conselho de Segurança e as diretorias, os cargos mais importantes, havia uma disputa  entre as grandes potências China, Índia, Japão.
Todos queriam colocar pessoas da sua  origem, da sua nacionalidade, para trabalhar nesses lugares. Então por mais que você tenha a  ideia de estar defendendo o ideal da humanidade, lá dentro você não consegue, porque não  existe alguém que veio deste lugar chamado humanidade ou chamado mundo. O mundo ou a  humanidade é um conjunto, a soma de todas as outras pequenas partes e nações.
Na prática  é o seguinte, a ONU não é o governo do mundo, porque não existe alguém que represente o mundo  para falar por todas as vozes. Então você não tem esta figura. Imagina que se a ONU fosse algo  similar ao governo do mundo, o presidente do mundo seria de algum país e se ele fosse argentino, nós  brasileiros não gostaríamos.
Se ele fosse japonês, os chineses não iriam gostar e assim por  diante. Por isso é tão difícil de a gente imaginar e conceber essa estrutura. Essa é uma das  dificuldades, a outra tá ligada com a identidade, com a cultura.
E tem uma outra dificuldade ,  ou um obstáculo técnico e legal que é a ideia de soberania. As nações, essas 193 nações  elas são soberanas. O que significa esse termo?
E ele é muito importante nas relações  internacionais e no sistema internacional. Os estados, os países, eles são autônomos, não  existe autoridade acima deles. Ser soberano significa que você é o dono do seu nariz, não  tem ninguém que está acima de você para mandar em você.
Na sua casa você é o soberano se você  mora sozinho, se você tem uma esposa ou marido tem dois soberanos ali. Se você tem mais pessoas,  você mora com seus pais, então você tem vários outros soberanos que não você. A casa não é sua, é  dos seus pais.
A ideia de soberania é um princípio para que ninguém possa interferir na maneira como  os países decidem conduzia sua realidade. Pensem comigo, já que todo mundo é dono do seu nariz  dentro do sistema internacional, então não tem autoridade acima dos países, se não tem autoridade  acima nós vivemos em anarquia internacionalmente. O que significa anarquia?
Não é caos absoluto e  total, mas não existe uma autoridade central capaz de ditar regras onde todos vão seguir. Dentro  dos países, dentro do Brasil e qualquer outro Estado-nação, não existe anarquia, quer dizer  existe desordem talvez, mas aí é exatamente porquê que um país não dá certo. E talvez muitos dos  problemas do mundo não sejam resolvidos porque nós não temos regras de convivência internacional.
As  poucas regras que nós temos são alguns tratados, mas, por exemplo, nós não temos a Constituição  do mundo, nós não temos um Judiciário do mundo. Mas aí vocês vão me perguntar "mas e as  cortes internacionais, Heni? " Elas não têm poder vinculante, ou seja, se você é julgado e condenado  e não quiser aceitar a pena não tem aplicação da lei, não tem punição.
Punição de quem? De uma  polícia. Não tem meios de você punir aquele país.
Os países podem em conjunto decidir sancionar,  penalizar, mas tudo isso é muito fraco porque não são todos que entram, aí se só alguns sancionam  um país você pode continuar fazendo negócios com o outro. Então o que que acontece, nós não temos  estruturas de ordem, de regras, como nós temos dentro de um Estado. Se você comete algum crime,  alguma coisa errada, você vai ser investigado, você vai para o julgamento, o judiciário vai  decidir o que aconteceu com você, você tem uma pena a cumprir.
A polícia vai atrás de você, isso  não existe na esfera internacional. Não existe exército do mundo, não existe exército da ONU, não  existe polícia da ONU. Aliás as missões de combate da ONU, quando acontece, não são com soldados da  ONU porque "soldados da ONU" não existem.
Da onde vem os soldados? De algum país que decide enviar  os seus soldados para estar ali operando naquela missão, naquele país, com uniforme da ONU. Mas  ele é um soldado de um país, é um soldado de filipinos ou de paquistaneses ou de indianos, ele  não é alguém que veio desta coisa chamada ONU.
Então a ONU é uma estrutura que tenta organizar a  interação dos países. É uma burocracia, no sentido mais duro da palavra, eu trabalhei na ONU eu vi de  perto, me frustrei com aquela realidade, é muita conversa. Eu brinco e falo que aquilo ali às vezes  parece um clube do charuto, onde só se fala fala fala e não se faz nada de concreto e prático.
E  não é pela organização em si, mas porque os países não querem dar esse esse poder, essa autoridade  para uma organização que estaria acima deles. Bom, depois de todas essas dificuldades e realidades  geopolíticas estruturais do sistema internacional vocês devem estar se perguntando "bom, Heni, mas  e aí qual a utilidade da ONU? " Imagina o seguinte, você tem um fórum permanente de diálogo e  conversa.
Isso não é totalmente irrelevante porque os países precisam conversar, eles precisam  ir criando hábitos e práticas de interação. Então você está construindo uma instituição, talvez a  mais difícil de todas as instituições porque ela é literalmente uma torre de babel. Onde cada um fala  um idioma, imagina a conversa, imagina o diálogo, imagina como é que é essa interação dentro desse  lugar, onde cada um tem uma visão de mundo, tem uma cultura, uma história e falam um idioma.
Então  é muito difícil de você se entender e construir as regras, os fundamentos para a gente começar  a caminhar em direção a algum lugar. Alguns avanços e alguns resultados muito importantes  foram construídos dentro desse diálogo, dentro desse espaço internacional onde está todo  mundo ali, tentando entender qual é o norte da humanidade. Como, por exemplo, a carta de direitos  humanos.
Nós conseguimos estabelecer, e claro existem vários países que não concordam com os  direitos humanos, têm interpretações diferentes, mas é um primeiro passo, a gente tinha que começar  de algum lugar. Isso só pôde ser construído com essa organização, com a ideia e com necessidade da  ONU ali. O que nós não podemos esperar é que a ONU vá fazer outras coisas que estão muito além do seu  escopo, não só de trabalho, mas da realidade do que a humanidade, do que as nações estão prontas  para aceitar e querer.
E tudo bem com isso. O ponto é que ela tem uma outra utilidade também  para trazer legitimidade para certas ações. Então, por exemplo, quando o Talibã toma e controla o  Afeganistão e dali se junta com a Al-Qaeda para cometer um ato terrorista como o 11 de setembro. 
Todas as nações do mundo sentaram na ONU e o Conselho de Segurança, um dos órgãos da ONU, foi  lá e tomou uma decisão. Qual? De que poderia haver uma retaliação, uma intervenção, uma resposta  militar com uso da força para derrubar Al-Qaeda e o Talibã que estavam usando o território do  Afeganistão para atacar outros países com o terrorismo.
Essa decisão foi coletiva, isso traz  legitimidade porque todos os países concordaram, o Conselho de Segurança concordou. O que eu quero  dizer com isso é que quando você escuta assim "a ONU disse" significa que nós estamos chegando em  algum consenso internacional mundial. E aí isso tem um valor, você não precisa sentar e marcar uma  reunião, você sabe que se você for no prédio da ONU em Nova York ou em Genebra, você vai ter uma  reunião e tem uma missão permanente ali pensando, entendendo, construindo regras para um futuro. 
E algumas dessas regras não são seguidas, claro, você tem um problema do que eu falei dos tratados  de você não conseguir aplicar, de você não conseguir punir os países. E todas essas outras  dificuldades de identidade, território e de o que significa ser parte do mundo. Esse é um problema  geopolítico, um grande dilema da geopolítica, a tensão entre a nossa identidade mais alta  possível de todas e a nossa identidade local atrelada com a terra, com a geografia, com  o local de onde você veio que vai determinar quem você é.
Eu falo disso, repito aqui de novo,  para quem não assistiu à palestra " Geopolítica: uma visão de mundo" que eu explico do amor  herdado e o amor adquirido. É a essência do entendimento da geopolítica na formação de quem  nós somos e obviamente que isso impacta e o que é a ONU e o que podem ser os países. Como vocês  perceberam eu posso ficar horas aqui falando e cada frase do que eu falo a gente sai numa  vertente, entra num universo totalmente gigante.
Direito internacional, tribunais internacionais,  soberania , os órgãos da ONU, funcionamento do Conselho de Segurança, assembleia geral. Enfim,  quer dizer, é quase que infinito isso, gente, eu posso fazer vídeos de todas essas coisas,  me digam o que vocês querem entender, ouvir, aprender mais e deixa seus comentários que eu vou  olhar e aí a gente vai fazendo vídeos específicos, eu vou explicando melhor cada um desses braços  ou desses temas ligados a esse assunto do sistema internacional e o que é a ONU e a geopolítica  do mundo. Não esqueçam de seguir o canal, dar like nesse vídeo, ativar o sininho  para receber notificações dos vídeos novos, aliás vários vídeos ficando prontos, muito  legais vocês vão gostar.
Compartilhe com seus amigos e convidem eles para vir debater  aqui no canal do professor HOC. Até mais!
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