Mais cedo ou mais tarde esse vídeo precisava existir aqui no canal, e sim meus amigos, chegou a hora! Eu sou Lisa Guerra, e bora falar sobre o psicológico de um dos vilões mais famosos e insanos de todos os tempos, CORINGA! Nesse vídeo vou dar uma ênfase nos coringas do heath e do Joaquim Phoenix, meus dois favoritos, até porque o coringa gangster do jared leto coitado né gente, tentou.
. . É inegável que coringa é um símbolo na nossa sociedade, mas antes mesmo de sua primeira aparição em Batman numero 1 lá em 1940, o coringa ou bobo da corte já era presente há séculos na humanidade (tanto no oriente como no ocidente) como um figura cômica, contestadora e questionadora da ordem.
Em geral, símbolos são percebidos e interpretados em nosso insconsiente de diferentes formas, de acordo com o significado que damos à eles. Jung relacionava como uma figura arquetípica do herói trapaceiro, ambíguo e contraditório, que zomba e transgride normas. Não há uma origem certa do coringa, há a possibilidade de ele estar mentindo todas as vezes que nos explica ou até mesmo nao se lembrar com clareza de seu passado, visto toda sua desordem mental que já vamos abordar!
Porém na DC diversas representações foram feitas até chegarmos nos gigantes Heath Ledger e Joaquim phoenix. Cada um deles com seus pontos em comum e diferenças a serem abordados. Enquanto Ledger é um agente do caos que quer ver o circo pegar fogo, Phoenix é um cara qualquer que aos poucos é levado a loucura.
O sistema que deveria ajudá-lo nao parece se importar. Na trilogia maravilhosa do christopher nolan, cavaleiro das trevas, que é uma obra de arte, tambem temos um coringa com questões sociais, diferentes da de joaquin phoenix mas ainda curiosas como moral, justiça e humanidade. Por mais que o diretor, Nolan, não tivesse claras inteções de menções politicas elas ainda existiam, coringa era uma alusão ao terrorismo.
Espalhar caos, medo e descontrole. Ele tem um senso bastante niilista e para ele, o que importa é mostrar como a sociedade é uma construção frágil. Hervey Cleckley escreveu em seu livro máscara da sanidade as principais características e comportamentos da psicopatia.
Os traços são perceptíveis desde a infância ou adolescencia e a causa está ligada a fatores genéticos e fatores do ambiente onde a pessoa ta inserida. Algumas das principais características são: falta de empatia, ou seja, a falta de se colocar, de se sentir no lugar do outro. Vem junto nesse combo outra característica que seria a ausência de remorso.
Ou seja, o indíviduo não sente culpa ou tristeza por nada que ele fez nem por todo o mal que possa ter causado. Pessoas com psicopatia costumam ter desprezo pelas leis e normas sociais e desrespeito pelos direitos das outras pessoas. Controlar as pessoas pela força ou manipulação se torna quase uma obsessão; E falando nisso, q manipulação é uma das características mais fortes na psicopatia.
Ele não se importa nem um pouco em manipular e usar os sentimentos das pessoas. Conseguindo fazer com que elas acreditem, se envolvam ou até o sigam. Ele oscila de eufórico para completamente irritado em diversos momentos, podendo retratar um transtorno de personalidade bipolar com episódios maníacos, mas vale ressaltar que não é todo mundo que teria uma diagnóstico assim que vai ser igual o coringa!
Sempre deixamos claro que somos diferentes, nos comportamos de formas diferentes um dos outros e claro, a psicoterapia é um excelente recuso para auxíliar todos nós a termos uma vida mais agradável e saudável. Nós vemos uma série de características que destoam completamente do saudável no coringa de Heath Ledger, até mesmo o masoquismo, como quando ele é golpeado pelo batman e parece sentir prazer nisso; É um mentiroso compulsivo, inventa histórias de suas origens porém, como eu disse antes, não temos como afirmar, afinal sua desordem mental é tão grande que nada nos garanete que ele realmente acredite em cada uma dessas versões. Mas com certeza ele é o mais inteligente e perigoso dos coringas que conhecemos nos cinemas.
[JOAQUIM PHOENIX] O que o coringa de joaquim phoenix tem a nos dizer? para tomar as medicações em dia? talvez, mas acredito que tenha pontos ainda mais profundos para tocarmos aqui.
. . Arthur Fleck, um cara problemático com o sonho de se tornar um comediante de sucesso, tem uma desordem da qual não consegue parar de rir em situações de estresse.
De acordo com o artigo Transtorno da Expressão Emocional Involuntária, como o proprio nome já diz, consiste em um transtorno do afeto, caracterizado por uma dificuldade em controlar a expressão emocional, que se apresenta por episódios breves e estereotipados de riso e/ou choro incontroláveis. Pode estar relacionado a diversas patologias encefálicas ou até mesmo lesões em àreas do cérebro. Seu principal diagnóstico diferencial é a depressão.
A partir disso foi muitas vezes chutado de todos os lados da sociedade. Os seus remédios dos quais ele ganhava foram cortados, não se sentia ouvido nem mesmo por quem deveria, perdeu seu emprego por estar portando uma arma e apanhou muito, mas muito da vida. Talvez poderíamos falar sobre ele pendendo para o lado da Sociopatia, termo que gera bastante confusão por ser parecido com psicopatia e é ponto de diversas discussões até mesmo no meio científico.
E sim, os termos tem muitas coisas em comum, o que aumenta ainda mais a confusão entre eles. Inclusive, ambos não estão nos manuais diagnósticos dos transtornos mentais, o que muitas vezes pode fazer com que ambos saiam com título de Transtorno de Personalidade Antissocial. Psicopatas e Sociopatas compartilham algumas características em comum, como já citamos há pouco, falta de remorso, desprezo pelas leis, normas sociais e direitos das outras pessoas e tendência para violência e comportamento agressivo.
Apesar de tudo, Sociapatas seriam capazes de criar laços e se importar ou até mesmo sentir culpa em algumas situações, o que não seria possivel na psicopatia. A maior diferença apontada por pesquisadores é que a psicopatia tem origem por fatores genéticos e ambientais, já a sociopatia teria origem, na maior proporção, do ambiente ao redor. Ou seja, ela seria desenvolvida ao longo da vida e das experiências do sujeito na sociedade.
Arthur e seus problemas pessoais e psicológicos são invisíveis para a sociedade ao ponto de criar realidades paralelas dentro de sua mente é muito mais confortável do que viver nas durezas do mundo real, como quando ele fantasia uma relação inteira com sua vizinha. Arthur apenas quer ser visto. quando ele vai ao programa, não está interessado em começar um movimento social, ele apenas quer ser visto, ouido e respeitado, coisas que a vida, a sociedade e o sistema o negaram em toda a sua existência.
Coringa pode funcionar para nós como um grande teste de rorschach, um reflexo da nossa própria alienação. Temos um vídeo explicando o que é isso mas basicamente falando seria um teste projetivo, onde o sujeito é apresentado à borrões de tinta simétricos e a partir dali projetaria suas próprias frustrações. Ele não é um bom exemplo de como ser reconhecido, mas é um ótimo modelo para percebermos o caos que a própria sociedade pode causar.
Não é atoa que ele é um símbolo na sociedade, ao longo dos anos vemos movimentos e intervenções usando as pautas do filme para ilustrar a realidade, como caracterizar presidentes e figuras importantes como esses agentes do caos. Muitas vezes, claro dependendo da perspectiva de QUEM é o agente do caos. Após reeleição de Obama diversas imagens como essa foram espalhadas pelos Estados Unidos, e em seguida Trump foi diversas vezes comparado a partir do momento em que foi eleito.
Inclusive, na mesma semana o ator Mark Hamil, que dublou o coringa na animação do batman nos anos 90 fez uma sátira um tanto quanto curiosa. E diversas outras ocasiões trazem a importância do coringa e suas pautas no movimento político mostrando o quanto coringa é um porta voz muito potente para as pessoas expresarem suas agonias e indignações com o sistema que é corrompido, e todos os dias pessoas são alienadas. [reforma psiquiátrica] não precisamos ir muito longe para ver paralelos do filme de Joaquim Phoenix com a realidade.
Aqui no brasil, a sociedade ainda caminha em termos de valorização da saúde mental. Definir o que é "normal" e o que é "loucura" sempre é uma linha muito tênue. Há poucas décadas atrás, os hospitais psiquiátricos eram lotados de pessoas das quais a sociedade queria marginalizar.
Até hoje podemos encontrar prontuários dos quais o diagnóstico de internação na época eram coisas como homossexualidade, adultério e até mesmo ser mãe solteira já poderia ser motivo de uma internação psiquiátrica. Tudo aquilo do qual a sociedade não queria lidar e considerava ruim, ela isolava e negligenciava. Existe um documentário chamado holocausto brasileiro que mostra o caos e os maus tratos envolvendo tratamento como agressões, choques e tudo que se pode imaginar de pior, tudo isso para limpar as cidades das pessoas vistas como improdutivas ou não dignas de humanização.
A partir da década de 1980 a junção de diversos fatores constrói um contexto histórico propício à Reforma Psiquiátrica, que além de denuciar os manicômios como instituições violentas, propõe um resgate à vida e a cidadania daqueles antes eram exclusos. Foi uma longa caminhada até aqui e ainda tem muito o que percorrer. O Sus é o que viabilizou a criação de uma rede de serviços com a premissa de respeito aos sujeitos e suas formas de vida, servindo como alternativa de substituição para o sistema que antes era totalmente excludente e violento.
Serviços como os CAPS (centro de atenção psicossicial) que é um serviço aberto e comunitário do SUS auxília milhares de pessoas com sofrimento psíquico, e esse é apenas um dos serviços, por essas e muitas outras que se vale a pena defender o SUS, basta conhecer um pouco da nossa história e tudo que já passamos para entender para onde precisamos caminhar.