O LOBISOMEM, O VIOLEIRO E UM FACÃO DE PRATA (RELATO EXCLUSIVO)

[Música] era uma noite de lua cheia na pequena cidade de Canindé no sertão do estado do Ceará lá pelos idos de 85 a cidadezinha estava mergulhada na escuridão da noite e no silêncio como de costume mas algo comum estava prestes a acontecer eu era apenas um garoto na época mas me lembro como se fosse ontem sentados ao redor de uma fogueira na frente de casa era dia de São João quando eu e minha família e alguns Vizinhos se reuniram para contar causos e histórias da região eram acontecimento comum nessa época Mas aquela noite escutaria um

relato inesquecível meu avô seu Antônio um homem forte cheio de Sabedoria pegou o fumo de corda enrolou um Cigarro de Palha e começou a narrar a melhor história de lobisomem que escutaria na minha vida a partir de agora narra a história pela perspectiva de meu avô assim como ele contou para mim [Música] Ah meu querido Neto vocês não sabem dos perigos que rondam essas terras áridas há muitos e muitos anos atrás quando eu era apenas um jovem rapaz de uns 23 anos trabalhando na fazenda do coronel Teixeira presenciei acontecimentos que mudaram minha vida para sempre

era uma noite igual a esta a lua brilhante iluminando tudo quando surgiu na cidade um homem montado num cavalo majestoso com uma aparência peculiar ele usava um chapéu de couro gasto roupa surradas de andanças e trazia consigo uma caixa grande com formato de violão em suas costas seu rosto marcado pelo sol e pelo tempo tinha um olhar penetrante que escondia mistérios profundos todos no bar ficaram curiosos com aquele Forasteiro e naturalmente ele se aproximou do balcão e pediu um pouco de água ali estava o violeiro cujo nome logo descobrimos ser João Batista mas ele não

se mostrou tão falante de início Boa noite amigo o que traz você a essas terras perdidas indagou o dono do bar um senhor chamado seu Manuel Boa noite a todos ando pelas estradas do Sertão em busca de trabalho qualquer ocupação honrada e bem-vinda e quem sabe uma oportunidade para mostrar minha música caso alguém Aprecia melodia de minha viola respondeu aquele homem com uma voz grave e pausada o olhar do Forasteiro era inquietante e todos nós sentimos que havia algo a mais naquele homem do que ele estava disposto a revelar naquele momento a noite seguiu o

seu curso e cada vez mais pessoas se aproximavam para ouvir as habilidades musicais do Violeiro ele arranhava as cordas de sua viola com maestria encantando a todos com belas melodias e modas sertanejas minhas desconfianças iniciais desapareceram e eu estava hipnotizado pela música parecia que até os grilos do Sertão se calavam para ouvi-lo tocar entretanto algo chamou a minha atenção eu percebi uma certa atenção no olhar do Violeiro quando alguns homens ali no bar mencionaram as histórias de ataques recentes de lobisomens que circulavam na região é rapaz dizem que há um lobisomem nessas redondezas um maldito

ser que já trouxe desgraça para algumas famílias tenha cuidado em suas andanças por aqui alertou um dos homens sentados ali no bar João Batista deu um sorriso enigmático como quem conhece bem a história por trás da lenda mas preferiu não comentar mais nada naquele momento a noite foi passando enquanto o João Batista continuava a tocar sua viola quando o Coronel Teixeira meu patrão entrou no estabelecimento o Coronel era um homem respeitado e temido na região proprietário de uma vasta fazenda que se estendia por quilômetros ele era conhecido por seu olhar sério e sua imponência trajando

roupas finas que contrastavam com a simplicidade do Sertão eu trabalhava em sua fazenda há pouco tempo mas já sentia um enorme respeito por ele pois apesar dele ser um homem duro e sério ele também era muito justo e extremamente bondoso Coronel Teixeira se aproximou do balcão aonde eu estava sentado e olhando curiosamente para o violeiro e para aqueles que estavam ali reunidos Boa noite a todos Seu Manuel traga-me um copo de cachaça ordenou o Coronel com sua voz firme enquanto bebia seus olhos continuavam a se fixar o barulho da viola parecia chamar sua atenção então

ele perguntou para mim em voz baixa querendo saber quem era aquele homem Antônio Quem é esse homem aí tocando essa viola tão bonita nunca ouvi por essas bandas ah Coronel Teixeira Esse é João Batista um violeiro que chegou à cidade hoje procurando por trabalho diz que está viajando pelas estradas do Sertão em busca de ocupação e oportunidades para mostrar sua música ele tem tocado de forma Espetacular encantando a todos com suas melodias mas confesso que algo nele me deixa um tanto curioso curioso como é difícil explicar mas tem algo no olhar dele Coronel parece que

carrega consigo um peso uma história que ainda não contou o Coronel observou o João Batista com mais atenção sua expressão parecia séria e pensativa o violeiro por sua vez percebeu que estava sendo observado por um homem importante da região mas manteve-se Sereno continuando a dedilhar sua viola o Coronel se aproximou de mim novamente inclinando-se para falar em meu ouvido Meu Bom Rapaz como você acha que ele reagiria se soubesse que há um lobisomem rondando por estas terras eu fiquei sabendo que o Zé Raimundo sabe um dos homens que trabalha na fazenda arrumou as trouxas e

foi embora ontem dizendo ter sido perseguido por uma criatura assombrosa na noite passada O homem ficou tão apavorado que não quis nem receber seus direitos Olha meu senhor a gente já contou para ele sobre as histórias dos ataques recentes e Ele pareceu não acreditar ou não se importar enquanto o Coronel Teixeira ainda conversava comigo João Batista encerrou a música que tocava e sentou-se em um canto do bar bebendo um pouco de água ele parecia tranquilo como se o mundo a sua volta não lhe causasse preocupação depois de algum tempo o Coronel fez um sinal para

um de seus empregados que se aproximou com uma expressão de respeito Chame o João Batista aqui Quero falar com ele o empregado obedeceu prontamente chamou o violeiro que se levantou e se aproximou do coronel com educação Boa noite como posso ajudá-lo disse João Batista Boa noite eu sou o Coronel Teixeira soube que está procurando trabalho tem uma vaga temporária na minha fazenda e estou disposto a contratá-lo se mostrar ser um bom trabalhador agradeço a oferta Coronel trabalho honesto é sempre bem-vindo em minhas andanças respondeu o violeiro tirando o chapéu e colocando no peito em sinal

de respeito ótimo amanhã de manhã um de meus homens virá buscá-lo para levá-lo à fazenda mas essa noite você pode ficar no hotel que fica aqui na frente o proprietário é meu cunhado então eles vão te receber bem temos alguns afazeres que precisam ser resolvidos Mas me diga você já ouviu sobre os avistamentos e ataques de lobisomem que tenham ocorrido aqui nessa região Você acredita nessas coisas João Batista sorriu novamente e desta vez Parecia um sorriso um tanto enigmático creio que história são apenas histórias Coronel mas eu tenho uma mente aberta quem sabe talvez encontre

algumas dessas criatura s em minhas andanças mas por hora estou aqui em busca de trabalho e não de lendas o Coronel Teixeira sentiu com a cabeça parecendo satisfeito com a resposta a conversa continuou por mais alguns minutos mas pouco tempo depois João Batista se retirou para descansar um pouco antes de seguir com suas obrigações na fazenda logo no dia seguinte no outro dia como prometido eu e mais um dos homens do coronel fomos buscar João Batista no hotel o violeiro se despediu do dono do estabelecimento que lhe desejou boa sorte em suas andanças pelo Sertão

montou em seu cavalo com violão em suas costas e então seguimos em direção a fazenda a viagem foi tranquila e enquanto cavalgavamos pelo caminho por erento o empregado do coronel puxou conversa com João Batista então ouvi dizer que você é um violeiro de mão cheia tem muita coragem de sair viajando por essas terras perigosas em busca de trabalho Pois é meu amigo a música me acompanha por onde quer que eu vá e quanto a coragem diria que não é coragem mas sim necessidade quando a música é sua única companhia você acaba indo aonde ela leva

o peão assentiu entendendo o que o violeiro queria dizer as estradas do Sertão eram difíceis e perigosas mas João Batista parecia conhecer bem os desafios que enfrentava chegando na fazenda o Coronel Teixeira estava a nossa espera ele cumprimentou o violeiro novamente e o apresentou aos demais trabalhadores eles o olharam com curiosidade certo receio pois os boatos sobre lobisomens ainda ecoavam nas conversas daqueles homens mas João Batista parecia alheio a tudo isso concentrando-se apenas no trabalho que tinha pela frente ao longo dos dias o violeiro mostrou-se um homem habilidoso e dedicado ele trabalhava na lavoura ajudava

com o gado e sempre que tinha um momento livre dedilhava a sua viola arrancando belas melodias que ecoavam pelos Campos certo dia enquanto eu estava cuidando dos afazeres da Fazenda avistei João Batista trabalhando ao longe em meio aos outros empregados ele parecia a vontade como se já estivesse ali há anos ao final da tarde enquanto todos se preparavam para o descanso o Coronel Teixeira se aproximou de mim Antônio Como tem sido o desempenho do Violeiro bem Coronel devo dizer que ele é um bom trabalhador não mede esforços para cumprir suas obrigações e parece estar se

adaptando bem a vida na fazenda ajuda em tudo o que pode e além disso como o senhor já sabe ele é um exímio tocador de viola os homens aqui na fazenda gostam dele e o respeito por suas habilidades Que bom saber disso Espero que ele permaneça conosco por mais tempo o trabalho tem sido intenso ultimamente e precisamos de todo o auxílio possível Além disso também gosto dele ele me lembra um pouco meu filho Ademar disse ele com um olhar de tristeza Ademar era o filho único do coronel que foi embora da cidade há mais de

sete anos atrás o que eu sabia sobre essa história Era que quando ele estava sóbrio era até um bom rapaz mas quando bebia virava outra pessoa saía pelas ruas brigando e arrumando confusões pela cidade [Música] certo dia ele se meteu em uma confusão em uma festa em uma briga com um rapaz chamado Gilson Mendes ele acabou empurrando o rapaz que bateu a cabeça em uma Quina ele não morreu mas sofreu graves consequências até mesmo desenvolvendo demência a mãe desse rapaz era dona Chica Mendes uma conhecida do coronel que ficou arrasada ela dizia pela cidade que

ele pagaria pelo que fez e o Coronel por sua vez ficou fora de si ao saber do ocorrido quando ele encontrou o filho deu uma surra nele dizendo que o levaria para a delegacia com suas próprias mãos Ademar conseguiu fugir e depois disso ele nunca mais foi visto enquanto conversávamos um amigo do coronel Teixeira chegou a fazenda eram um fazendeiro conhecido da região dono de uma propriedade não muito distante dali seu nome era seu Augusto os dois homens se cumprimentaram com entusiasmo e logo se acomodaram em cadeiras de balanço na varanda do Casarão da Fazenda

Maria José a esposa do coronel o serviu com um pouco de café enquanto eles conversavam sobre assuntos diversos de repente o semblante de seu Augusto mudou e ele falou então sério meu amigo eu preciso lhe contar algo que aconteceu na minha fazenda ontem à noite foi um verdadeiro horror o Coronel Teixeira franziu a testa e perguntou preocupado O que houve seu Augusto alguma praga nas lavouras Não não é nada disso uma maldita criatura Atacou minha fazenda ontem de madrugada tenho certeza de que era o lobisomem que tanto falam por aí ele matou dois bodes e

algumas galinhas deixando Esses animais completamente destroçados ao ouvir aquelas palavras um arrepio percorreu minha espinha Será que o tal lobisomem estaria rondando a fazenda do coronel também o Coronel respondeu isso é realmente preocupante meu amigo aqui na minha fazenda de uns tempos para cá também tivemos enfrentado problemas com alguns animais mortos e alguns dias atrás onde meus homens até foi embora após dizer ter sido perseguido pela suposta criatura os demais peões escutavam a conversa atentamente e alguns trocavam olhares preocupados seu Augusto prosseguiu com sua narrativa contando detalhes aterradores do que encontrou em sua propriedade enquanto

isso João Batista permanecia em silêncio observando tudo com interesse mas sem se manifestar o amigo do coronel ficou mais um tempo na fazenda e depois de algumas horas ele se despediu e partiu de volta para a sua propriedade logo que seu Augusto foi embora o Coronel Teixeira reuniu os homens para uma breve reunião pessoal A situação está ficando cada vez mais séria precisamos agir vamos organizar rondas noturnas em torno da fazenda para garantir a segurança de todos e de nossos animais assim o Coronel disse para nós formarmos seis duplas diferentes de peões porque nós nos

revesaríamos nas rondas noturnas três duplas ficariam de guarda das 11 horas da noite até às 3:00 da madrugada e as outras fariam a ronda das três até o amanhecer antes de começar o Coronel Teixeira decidiu organizar um treinamento para testar as habilidades de tiro dos homens ele nos levou para um campo aberto próximo a fazenda onde poderíamos praticar sem preocupação todos se esforçaram para mostrar o melhor que podiam mas foi João Batista Quem mais surpreendeu a todos ele tinha uma Mira quase perfeita acertando os alvos com precisão impressionante todos os olhares se voltaram para ele

e o Coronel Teixeira ficou intrigado com a habilidade do Violeiro o treinamento terminou e a noite caiu as duplas foram divididas e todos se prepararam para a primeira noite de rondas em busca de qualquer ameaça que pudesse surgir nas sombras do Sertão durante as primeiras rondas nada de estranho aconteceu na fazenda do coronel embora Os relatos de ataques continuassem a correr pela região João Batista e eu caminhavamos pelo entorno da Fazenda vigiando atentamente Pelas noites mas tudo parecia tranquilo com o passar dos dias João Batista e eu Fomos nos aproximando mais um do outro compartilhando

histórias sobre nossas vidas nessas conversas acabei descobrindo que ele tinha viajado por diversas cidades do Sertão tocando sua Viola e ganhando a vida com suas apresentações João Batista Se animou ao falar sobre sua paixão pela música ele me contou histórias de como aprendeu a tocar viola com seu pai e como a música se tornou sou fiel companheiro em sua jornada solitárias pelo Sertão sua dedicação a música Era Evidente e suas mãos calejadas pela lida com a viola revelava uma profunda conexão com aquele instrumento Acabei por descobrir também que ele tinha nascido em Serra Talhada no

Pernambuco mas morou sua vida inteira aqui no Ceará em Juazeiro do Norte e que já fazia sete anos que ele tinha saído de lá e vagava pelas estradas do Nordeste assim os dias se passaram e quatro dias após o início das rondas João Batista e eu Montamos em nossos cavalos com as espingardas Preparadas para mais uma noite de vigília nós não iríamos sozinhos dominó um dos cães da Fazenda nos acompanhava em quase todas nossas ondas atenção era grande Pois a cada dia os boatos sobre os ataques do lobisomem pareciam se intensificar já passava da meia-noite

e cavalgavamos lentamente pela fazenda quando paramos por um momento eu olhei para a lua que não era cheia acredito que deveria estar em seu estágio crescente foi quando um pensamento veio a minha mente então perguntei para João Batista se a criatura que tem sido Vista pela região é mesmo um lobisomem porque ele não aparece apenas em noite de lua cheia além da não é essa alguém que vira bicho não deveria apenas se transformar nessas noites Ele respondeu com um tom de quem sabia o que falava depende muito se um homem consegue se transformar em bicho

somente em noite de lua cheia ou em qualquer noite vai depender da origem de sua maldição ouvi falar que não existe apenas uma maneira da pessoa virar lobisomem com um olhar desconfiado olhei para ele e disse como você sabe dessas coisas então ele respondeu viajo muito meu rapaz e escuto muita coisa por essas estradas enquanto percorriamos os arredores da Fazenda nossos olhos se fixaram em uma vasta plantação de milho que ficava na parte de trás uma movimentação estranha chamou nossa atenção para dentro dela o dominó nosso fiel companheiro começou a latir sem parar em direção

do barulho no milharal o Coração batia acelerado em meu peito enquanto eu e João Batista avançavamos cautelosamente no corredor da plantação que nos cercava dos dois lados a plantação estava alta quase dois metros de altura nossos cavalos estavam agitados e foi preciso acalmá-los O Cachorro correu para dentro da plantação perseguindo Seja lá o que estivesse ali De repente começou uma briga intensa do cachorro com aquilo que estava lá podíamos ouvir os rosnados altos e a movimentação mas logo depois escutamos o choro angustiado do animal que Eco ou pelo ar enchendo-nos João Batista demonstrando uma coragem

enorme desceu do cavalo com a espingarda ainda em mãos e olhou para mim com determinação fique aqui grite-se algo acontecer ordenou enquanto entrava na mata com passos silenciosos ele adentrou a plantação de milho desaparecendo entre as enormes folhas e espigas o Coração batia acelerado em meu peito e meus olhos percorriam o campo em busca de qualquer sinal de perigo o tempo se arrastava E então após alguns minutos que pareceram uma eternidade Ouvi dois tiros ecoarem pela escuridão pouco tempo depois João Batista emergiu do milharal segurando o cachorro em seus braços o animal estava gravemente ferido

mas ainda vivo assustado perguntei o que aconteceu houve tiros João Batista respondeu enquanto colocava o cachorro em cima do cavalo andei para o meio do milharal e dei de cara com dominó caído no chão e a criatura ao seu lado ainda estava lá como estivesse me esperando sem pensar duas vezes puxei o gatilho e atirei após isso ele saiu correndo para a direção da estrada vamos precisamos levar para casa e cuidar de seus ferimentos João Batista e eu Montamos em nossos cavalos e retornamos rapidamente para o casarão chegando lá Coronel sua esposa e muitos funcionários

da Fazenda estavam acordados Maria José veio correndo ao nosso encontro ao ver o estado do cachorro meu Deus o que aconteceu com dominó perguntou ela visivelmente preocupada ele foi atacado pelo Lobisomem no meio do milharal A situação está ficando séria Dona Maria precisamos agir antes que Algo pior aconteça explicou o João Batista enquanto entregava o cachorro aos cuidados dela Maria José pegou o dominó em suas mãos e o levou para tratar seus ferimentos enquanto isso João Batista correu em direção ao casebre na fazenda onde ele dormia alguns minutos depois ele apareceu ao longe segurando a

caixa de sua viola enquanto ele se aproximava vi que seu semblante era sério determinado junto a ele outros peões e funcionários da fazenda se reuniram na varanda curiosos para saber o que estava acontecendo chegando na varanda João Batista colocou a caixa da viola em uma mesa e abriu tirou a viola com cuidado e em seguida retirou do fundo falso da Caixa um rifle de caça e uma caixa de balas também retirou um facão de prata e o colocou em seu cinto substituindo o facão comum que ele carregava enquanto fazia isso todos os olhavam fixamente intrigados

ele revelou toda a verdade sobre si contou que estava há vários anos no rastro desse lobisomem e que caça-lo tinha uma importância pessoal para ele pois o mesmo era o lobisomem responsável pela morte de seu pai explicou que alguns anos atrás viajava pelo Sertão com seu pai com quem formava uma dupla musical e fazia shows pela estrada foi quando foram surpreendidos por esse Lobisomem o monstro os atacou derrubando os dois de seus cavalos seu pai caiu e bateu a cabeça morrendo na hora o Coronel Teixeira junto a todos os presentes ouvia Teixeira questionou querendo saber

como ele tinha certeza de que o lobisomem era o mesmo João Batista respondeu revelando um detalhe chocante quando o lobisomem os atacou ele foi para cima de João Batista que conseguiu gravar uma faca em seu olho direito o lobisomem que ele viu hoje tinha uma cicatriz no mesmo olho comprovando que era o mesmo monstro a revelação deixou a todos atônitos João Batista falou que iria pegar um dos cães voltar até o local onde atirou na criatura e rastreá-la até seu covil era hora de acabar com essa ameaça de uma vez por todas o Coronel Teixeira

sugeriu reunir o máximo de homens para ir atrás do monstro mas João Batista disse não ter balas de prata para todos eles sugeriu que apenas mais dois pudessem ir com ele e de preferência os melhores atiradores então ele quis saber entre todos presentes quem se habilitaria para essa empreitada todos os olhares se voltaram para os demais presentes e um silêncio se seguiu o medo estava estampado nos rostos daqueles homens até que enfim o Coronel Teixeira se manifestou eu irei precisamos eliminar essa ameaça antes que ela cause mais danos logo em seguida eu me dispus a

ir também querendo provar meu valor mesmo sentindo um medo enorme outros homens olhavam para seus pés excitantes João Batista então confirmou que apenas nós três seríamos suficientes para caçada com todos os preparativos feitos João Batista Coronel Teixeira e eu partimos na madrugada em busca do lobisomem os homens restantes ficaram na fazenda preparados para qualquer emergência à noite estava escura apenas a luz das estrelas e da lua crescente nos guiavam montados em nossos cavalos Fomos até o último local aonde a criatura foi vista no milharal chegando lá usamos dois cães para rastrear em qualquer vestígio de

sangue deixado pelo bicho depois de uns 2 Km saindo da Fazenda avistamos ao longe uma criatura arrastando um bezerro inteiro de morto por um campo aberto de um sítio próximo à Estrada estava longe mas podia enfim ver a criatura com os meus próprios olhos seu corpo monstruoso era uma mistura sinistra entre um homem e um lobo pelos negros e eriçados cobriam sua pele acinzentada enquanto olhos amarelados e brilhantes demonstravam uma fome insaciável e uma cicatriz marcava seu olho direito suas garras afiadas e dentes ameaçadores completavam a imagem aterradora do temível lobisomem da cidade de Canindé

sem pensar muito João Batista atira de longe e acerta a criatura que solta um uivo alto que ecoou pela noite o lobisomem larga o animal e Foge em disparada depois disso começa uma perseguição Intensa com os cães correndo ferozmente atrás do bicho enquanto todos cavalgavam e atiravam ao mesmo tempo na direção dele após perseguir aquela criatura por uma longa distância chegamos até um caminho montanhoso e íngreme esse caminho era rodeado de Mata alta e muitas árvores descemos dos Cavalos colocamos coleiras nos cães e avançamos pelo caminho a pé e com cautela ao final do caminho

avistamos ao longe uma casa velha de pau a pique abandonada o Coronel Teixeira se manifesta naquela minha antiga casa morei por um tempo nela há mais de 30 anos atrás nos aproximamos lentamente da casa enquanto os cães latiam com agressividade nos fazendo ter certeza de que aquilo que perseguíamos estava ali dentro João Batista pede para mim e Coronel Teixeira ficarmos ali fora de guarda e atirar em casa a criatura tentasse fugir da casa João abre a porta da frente lentamente e entra devagar lá dentro em um quarto ele se depara com um homem com uma

cicatriz no olho e todo ensanguentado e deitado de costas na parede mesmo após receber tantos disparos ele ainda estava vivo ele mira seu rifle carregado de balas de prata no coração do homem enquanto disso as últimas palavras para ele a sua era de terror e Matança acaba hoje seu maldito gritou o João Batista com sangue nos olhos e pronto para conseguir sua vingança quando ele ia dar o último disparo o Coronel aparece por trás dele dizendo para João Batista Não atirar ele passa a sua frente e vai até aquele homem deitado no chão e o

abraço caindo em lágrimas João fica estático sem entender o que está acontecendo Eu deixo os cães amarrados lá fora e entra na casa e presencio toda a cena João Batista questiona Você conhece esse homem patrão ele é Ademar meu filho desaparecido responde Coronel Teixeira com uma voz trêmula e angustiada naquele momento com Ademar deitado no chão o silêncio Pesado pairava sobre nós João Batista olhava para o Coronel Teixeira com firmeza e tristeza em seus olhos Coronel entendo sua dor e seu desejo de proteger seu filho mas ele representa uma ameaça para todos ao seu redor

se não Odete tivermos ele Continuará espalhando o terror e morte não há outro jeito o Coronel estava visivelmente dividido entre o amor de pai e a realidade dos fatos porém ele sabia que João Batista estava certo seu filho em sua condição de lobisomem não poderia ser controlado e representava um perigo constante para todos Ademar ouvindo a conversa olhou para João Batista e falou em meio a soluços eu sinto muito não queria ser assim não tenho controle quando me transformo lembro de tudo mas sou apenas um mero espectador do horror que causo a tristeza em suas

palavras era genuína e sua voz revelava o sofrimento de uma alma atormentada era difícil não sentir compaixão por ele mesmo após tudo o que havia feito o Coronel Teixeira com lágrimas nos olhos perguntou a João Batista Não há outro jeito de acabar com essa maldição João respondeu a única forma de acabar com a maldição é encontrar e matar a pessoa que a lançou sobre ele Ademar sentindo o peso de suas ações disse com voz cansada não eu não quero que mais ninguém morra por minha causa estou cansado de tudo isso o Coronel Teixeira pediu minha

ajuda e levantamos Ademar apoiado entre mim e seu pai enquanto saíamos da casa Ademar olhou para João Batista e reforçou o seu arrependimento no mesmo instante Ademar tomou o facão de prata da cintura de João Batista e saiu correndo para fora a distância de 100 metros foi suficiente para que ele se ajoelhasse cravando o facão em seu próprio peito o Coronel correu até ele e o segurou nos braços chorando e lamentando que acabaram de acontecer eu e o violeiro João Batista observamos de longe a cena triste e impactante dos dois iluminados pelo Crepúsculo da noite

que chegava ao seu fim [Música] após aquele dia nunca mais tivemos notícias de João Batista ele partiu na mesma manhã daquele fatídico dia e por um longo tempo as histórias do que aconteceu se espalharam pela região onde ele ficou conhecido como o violeiro caçador de lobisomens mais tarde descobri que a pessoa responsável por lançar a maldição sobre Ademar era dona Chica Mendes como uma Retaliação pelo que ele havia feito a seu filho a tragédia daquela noite estava relacionada a um ciclo de Vingança que se Estendeu por anos o Coronel Teixeira nunca mais foi o mesmo

após essa noite ele partiu alguns anos depois de problemas no coração levando consigo a história de um pai que amou e protegeu seu filho até o seu último suspiro e assim meus amigos finalizo essa história incrível que meu avô Antônio me contou naquele dia e que aconteceu há muitos anos no sertão de Canindé eu me lembro de cada detalhe dessa história pois depois daquela noite pedi ao meu avô Antônio para recontá-la várias vezes em outras ocasiões a história do Valente violeiro João Batista do sofrido Ademar e do nobre Coronel Teixeira nos cativava a cada palavra

hoje ao contar essa história para vocês sinto a mesma emoção que sentia ao ouvi-la da boca de meu avô é uma história que transcende o tempo e nos conecta a um passado cheio de horrores e Mistérios obrigado e até a próxima [Música]