Olá, pessoal! Tudo bem? Estamos aqui, então, no nosso programa Filosofia e Cultura.
Nós sabemos que, no decorrer da história da filosofia, muitas obras foram marcantes, foram importantes por vários motivos. Geralmente, eu chamo a atenção aqui de uma obra, né, dentro desse contexto do desenvolvimento da história da filosofia. Hoje, eu gostaria de falar um pouquinho, fazer alguns apontamentos sobre uma obra que é considerada um clássico do início da filosofia moderna, que é o famoso “Discurso do Método”, de René Descartes.
Mas, antes, né, de fazer essa análise, como sempre, né, não esquece aí de deixar a sua curtida, o seu comentário, né, compartilhar o vídeo se você gostou e, se inscreva no canal se ainda não se inscreveu, né? Ora, como eu havia dito, no decorrer do desenvolvimento do pensamento filosófico, muitas obras foram importantes, foram marcantes. O “Discurso do Método” de Descartes, com certeza, faz parte, né, dessas obras.
Ora, o contexto em que Descartes produz esse texto é extremamente importante para a gente poder também compreender, né, a proposta que nós encontramos ali. Ou seja, nós não podemos esquecer que, como grande autor do século XVII, né, ele vivia ali toda uma questão de conflito religioso e político, né, mas também todo o advento da ciência moderna, do método moderno, do conceito moderno de ciência e, portanto, toda aquela questão da valorização da razão. Descartes vai ser considerado, muitas vezes, o pai desse racionalismo moderno, de estabelecer, né, toda uma metafísica da subjetividade, mas principalmente essa questão do método vai ser muito salientada por ele.
Ou seja, há um princípio que nós vamos encontrar, digamos assim, na obra cartesiana que mostra que esse princípio sempre estava, de alguma maneira, presente na mente, no pensamento de Descartes. Ou seja, a ideia de que a solidez do saber depende profundamente da coesão e do encadeamento de todas as suas partes. Esse princípio que está ali presente nessa mente cartesiana mostra justamente isso: por um lado, essa coisa da solidez, né, da firmeza do conhecimento, da firmeza do saber, mas, ao mesmo tempo, é a ideia de que essa firmeza, essa solidez, ela depende profundamente de uma coesão, de um encadeamento.
Ou seja, a articulação entre as mais diversas partes que constituem essa questão do saber é que vai garantir a solidez do próprio saber. Ou seja, não tem como ter um saber, um conhecimento firme, sólido, se ele não for coeso, se ele não for muito bem articulado, encadeado, né, se as suas partes não estiverem muito bem, eh, intercaladas, digamos assim, mostrando a relação de uma com a outra. Isso mostra, portanto, essa preocupação de Descartes de estabelecer um pensamento com um caráter profundamente sistemático e, portanto, junto com isso, Descartes também frisa, nesse contexto, ou seja, de buscar um pensamento de caráter sistemático, de encontrar uma solidez do saber a partir dessa coesão e encadeamento, como que é importante também se estabelecer um exercício independente da razão.
Por isso que ele vai fazer uma certa crítica à educação da época dele, que ele colocava que acaba sendo uma educação muito focada ao estudo da cultura antiga, né? E, principalmente, essa ideia de que acabava se depender, muitas vezes, dos resultados que outros chegaram. E, nesse aspecto, um tipo de educação que dependia muito da autoridade que estava falando aquilo.
Sendo justo, Descartes não nega a importância de se dialogar com a tradição, com os livros ou com grandes pensadores que existiram, mas ele vai frisar muito a ideia de nós participarmos de todo esse processo, né? Ou seja, participar tanto no sentido de agregar, de colocar algo novo, ou pelo menos, né, ver como tudo isso foi descoberto ou foi estabelecido. Ou seja, esses resultados, né, essas verdades, elas foram descobertas e estabelecidas como?
Então, ele disse, pelo menos isso, porque senão, ou seja, ficar apenas repetindo uma coisa que vem da tradição não significa necessariamente que estão sendo transmitidas coisas verdadeiras. Eu posso estar simplesmente perpetuando os erros, segundo Descartes, né? E, por causa disso, em todo esse contexto, ele vai colocar que é necessário se preocupar com a questão do método e com a questão do fundamento do próprio conhecimento e das próprias ciências, né?
Ora, em toda essa discussão do fundamento do conhecimento, da questão das ciências, né, e da própria questão da metodologia, do método a ser seguido, Descartes vai fazer um raciocínio muito interessante. Se, de fato, a verdade é uma só, então a certeza que nós buscamos, que nada mais é do que a apropriação da verdade pelo próprio espírito humano, ela também é de um único tipo. Então, se a verdade é uma, a certeza também será de um único tipo e, portanto, o método, de uma certa forma, também será um único método capaz de ser usado nas mais diversas áreas da ciência e do conhecimento humano, né?
O método, portanto, que seja, de fato, característico de uma universalidade. Logo, quando se fala de método, né, evidentemente que está se falando de regras pelas quais o espírito humano irá atingir a verdade, mas, ao mesmo tempo, é preciso ter um método para toda e qualquer evidência que possa ser alcançada, né? Ou seja, um método que possa ser usado nas mais diversas situações e áreas, né?
E, portanto, o método que será o mesmo em qualquer circunstância, repito, para toda e qualquer evidência que possa ser alcançada pelo ser humano, independente de qual esteja falando. Ou seja, é preciso descobrir um conjunto de regras que possa ser aplicado perante qualquer evidência que possa ser analisada e alcançada pelo ser humano. E aqui, evidentemente, no contexto do século XVII, em Descartes, de modo peculiar, nós vamos ver que existia, né, um fascínio muito grande pela questão da matemática, não tanto, né, no sentido do cálculo com os números e figuras, mas sim o método, um fascínio.
Muito maior pelo método que tais cálculos indicavam ou pressupunham, né? Ou seja, para Descartes, a certeza atingida pelo próprio raciocínio e não por uma autoridade, ou seja, uma verdade que mostra em si o seu próprio fundamento, ou seja, que tem um caráter autoevidente. É isso que chama a atenção dele, né?
Nesse contexto da Matemática, no tipo de certeza matemática que nós adquirimos pelo desenvolvimento da ciência. Então, quando de fato ele diz que nós paramos para pensar sobre o método subjacente a esses cálculos no contexto da Matemática, nós vamos vendo o tipo de certeza que ela nos oferece, onde nós atingimos uma certeza pelo próprio raciocínio e não pela suposta autoridade de alguém. Onde nós vemos ali uma verdade que se manifesta e se mostra a si mesma e, portanto, também o seu fundamento; e tem essa característica de ser autoevidente.
Todos esses elementos, todos esses pontos, de uma certa forma, influenciaram Descartes na produção dessa grande obra que foi o "Discurso do Método", um discurso do método que é constituído de seis partes, né? Como se fossem seis capítulos. E quando nós analisamos essa obra e lemos essas seis partes, nós vemos que o título da obra já chama a atenção.
É interessante como Descartes vem e pega essa obra e dá o nome de "Discurso". Por que "discurso"? Por que esse termo?
Porque justamente ele quer mostrar que o método se aprende pela prática, né? Pela prática, enfim, das matemáticas, né? E do que está subjacente a todo tipo desse cálculo matemático, ou seja, o método não é uma teoria que se possa ensinar num determinado tratado, segundo Descartes, né?
Por isso, de fato, o título "Discurso do Método". Por quê? Porque ele quer mostrar que não pretende ensinar o método, mas apenas falar sobre ele, né?
Então, isso já chama a atenção, mostrando, de fato, essa coisa de que vou falar sobre, mas no fundo você só vai aprender isso na medida em que você exercitar, que você, né, praticar. A primeira coisa que ele chama a atenção no "Discurso do Método", na primeira parte, é justamente mostrar que o grande problema da realidade humana, ele diz, é que o bom senso foi a coisa melhor distribuída no mundo, ou seja, a luz natural da razão, essa capacidade de distinguir, né? De julgar, de distinguir o verdadeiro do falso.
Então, ele diz que esse bom senso, essa luz natural, ela foi bem distribuída, né? Então, é óbvio que existem as diferenças entre as pessoas, uma mais capaz e outra menos capaz. Por isso que, de fato, Descartes quer mostrar que a grande questão, o grande ponto não é pedir ou reclamar se eu tenho mais ou menos esse bom senso.
O grande problema é a ausência de método. Ou seja, a grande questão é que a tradição, muitas vezes, segundo ele, devido à ausência, né, desse método minimamente adequado, nos deixou muito mais dúvidas e incertezas do que certezas. Portanto, a primeira coisa que ele chama a atenção, ou seja, nas diversas considerações que ele faz sobre a questão das ciências, é justamente isso: o bom senso está bem distribuído, mas o método não.
E aí ele fala um pouco ali, é lógico, da trajetória dele, né, mostrando como é importante buscar esse método, né? Encontrar um método que pode ser aplicado nas mais diversas situações. E o método, evidentemente, que tem essa inspiração no modelo matemático, por isso que na segunda parte ele vai procurar apresentar as principais regras do método, né?
A primeira que é a clareza, a segunda que é a análise, a terceira que é a ordem, e a quarta a questão da enumeração, onde ele vai procurar, evidentemente, explicar cada uma dessas regras e como exercitá-las e a relação de uma para com a outra. Então, Descartes, é óbvio, parte de um pressuposto, né? De que no fundo a verdade, ela começa apresentando de uma maneira muito simples, né?
Por isso que toda essa questão da clareza, da distinção, da análise, né, da ordem e da enumeração. Da mesma maneira que Descartes também sabe, ou seja, ele entende que na busca por mais conhecimento, né? Ou seja, na busca desse método e a partir dele, né?
De um saber, de um conhecimento sólido, ele sabe que isso demora. Mas a pessoa que está buscando essa sabedoria, esse fundamento, esse método, esse mais conhecimento, ela continua vivendo. Ela precisa continuar tomando decisões, fazendo escolhas.
Ela faz parte de uma sociedade, né? Então, por isso que na terceira parte ele vai apresentar a sua famosa moral provisória, porque no fundo ele imaginava assim: buscava uma moral definitiva. Mas para se estabelecer uma moral definitiva, tem que percorrer todo o caminho antes.
Tem que encontrar o método, tem que saber exercitá-lo, tem que passar pela metafísica, pela física, né? Para depois chegar a toda a questão da ética e da moral, e a moral, portanto, científica, né? Que fosse deduzida a partir de princípios certos indubitáveis.
E ele sabe que isso demora, né? Não é uma coisa tão simples. Então, ele coloca as regras da moral provisória, não no sentido de que ele sabe que tudo ali é certo.
Não é isso, mas baseado em toda uma observação e experiência. Então, ele coloca algumas coisas basilares, né? Primeira regra: obedecer às leis e aos costumes, né?
Manter ali a religião que aprendeu desde pequeno. Segunda regra: ser o mais firme e resoluto, né? Possível nas nossas ações, ou seja, nas suas atitudes, ser o mais firme que você conseguir, né?
E terceira regra: procurar sempre vencer-se, vencer os próprios desejos, mais do que vencer outras coisas, aprender a vencer a si mesmo, né? Os próprios desejos. Isto posto, então Descartes, na quarta parte, ele vai procurar discutir e analisar quais são as razões que nós temos para dizer que Deus.
. . Existem e que o ser humano de fato, né?
Tem uma coisa chamada, eh, escitas, né? Uma alma, uma substância pensante, né? E, portanto, nessa quarta parte, ele procura provar, demonstrar racionalmente a existência de Deus, né?
E também a existência da alma, né? Como realidade incorpórea, espiritual, totalmente distinta do corpo. Ou seja, aqui Descartes já antecipa muitos elementos, resumidamente, das suas famosas meditações metafísicas, né?
Aonde ele quer mostrar justamente o quê? Os fundamentos do seu pensamento metafísico, né? Ele procura fazer tudo isso, evidentemente, como nós sabemos, pela questão da dúvida.
Uma dúvida metódica, uma dúvida hiperbólica, e dessa dúvida atingir a primeira certeza, que é o cógito, né? E aí, a partir disso, então, chegar à conclusão de que Deus existe, e depois a questão da alma. E por que que a questão de Deus é importante?
Porque ele ajuda a superar a questão do solipsismo, da própria questão do cartesianismo, e também a garantia das nossas certezas. E a alma, essa coisa de mostrar que é uma realidade, uma realidade de algo distinto do próprio corpo e, por conseguinte, depois toda a questão da sua imortalidade, né? Mas o Discurso do Método não termina aí.
Ou seja, na quinta parte, o que Descartes faz? Ele procura, depois que fez todas essas considerações, né? Da fundamentação da sua metafísica, ele então entra na ordem da física.
Ou seja, ele procura mostrar as implicações, as consequências dessas verdades no âmbito da física, né? Que, portanto, ele mostra como que a parte da metafísica deduziu determinadas coisas relacionadas ao mundo físico. Por isso que, nessa quinta parte, nós encontramos um certo tipo de síntese, de resumo, de um tratado que foi muito importante para Descartes, também chamado O Mundo, né?
E, por fim, na sexta parte, Descartes finaliza a sua obra procurando explicitar o que nós realmente precisamos para progredir na investigação da natureza, né? E ele discute ali, é lógico, toda aquela questão se ele divulga ou não os resultados das suas investigações, né? Porque tem todo o caso de Galileu, que já havia acontecido antes, de outras situações.
Então, ele vai chamar a atenção para vários pontos ali, mas o que é interessante é que ele vai salientar isso, né? A importância de divulgar os resultados da sua pesquisa. Por quê?
Porque, no entendimento dele, ele conseguiu descobrir uma ciência que é capaz de realmente melhorar o destino da humanidade. Olha que interessante! Preciso divulgar, preciso fazer isso, aquilo.
Ele chama atenção para outras coisas também, mas essa questão de explicitar, de compartilhar tudo isso, porque isso pode colaborar profundamente, essa nova ciência que ele conheceu, o destino da humanidade, né? Ou seja, ajudar a própria humanidade a melhorar. Em que sentido?
A ajudar os seres humanos a serem senhores e donos da natureza. Então, veja como é forte aqui essa ideia de conhecer para quê? Conhecer a natureza, conhecer o mundo para intervir, né?
Conhecer o mundo para fazer com que a natureza trabalhe para nós. Então, conhecer para dominar, conhecer para intervir, conhecer, de uma certa forma, para colaborar dentro de toda uma estrutura de vida, enfim, de ajudar a própria vida humana, tá? Então, nesse aspecto, né?
Ou seja, a partir dessas considerações, eu acho que isso já mostra de fato não só a estrutura da obra, o seu desenvolvimento, mas também a sua relevância. Ou seja, o Discurso do Métho de Descartes vai influenciar muita gente. Não é só reflexo de uma mentalidade de uma época, mas influenciou profundamente esse projeto da modernidade, a cultura moderna, né?
E, evidentemente, a própria concepção, enfim, de educação, de mundo, etc. Então, é uma obra, né? Que com certeza é necessário ser lida para nós entendermos muitos elementos que aconteceram, né?
No mundo moderno e depois repercutiram na própria questão do mundo contemporâneo. Então, que você possa deixar aí a sua curtida, o seu comentário, né? E compartilhar o vídeo se gostou.
E se inscreva no canal se ainda não se inscreveu e continua seus estudos, como eu sempre digo, aproveitando a bibliografia indicada, tá? Que você possa, de fato, agora ir até a obra com essas dicas que eu dei aqui. Um forte abraço!
Tudo de bom! Até a nossa próxima aula! Tchau, tchau!