Trump, e os católicos

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Carlos Nougué Tomismo
Proximamente, gravarei novo vídeo sobre a IA, a partir agora de um excelente autor italiano.
Video Transcript:
Este é, enfim, meu prometido vídeo sobre Trump, Trump e o trumpismo, né? E vou dividir minha exposição em dois blocos: o primeiro, provavelmente mais longo; no primeiro, eu tentarei analisar o que é Trump e o que é o trumpismo, e no segundo, como devemos, os católicos, comportar-nos diante de Trump e de seu movimento e ideologia. [Música] Mas digo também agora o que não farei, ou seja, não farei prognósticos.
Como sabemos, em filosofia e teologia, o homem é incapaz de conhecer com certeza os futuros contingentes; o futuro, o futuro a Deus pertence. É por isso que toda e qualquer discussão, quanto a se Trump dará certo ou não, se causará a inflação, se já está causando, se essa inflação vai reverberar no Brasil, etc. , se vai conseguir o que pretende na faixa de Gaza, se conseguirá, por fim, a guerra na Ucrânia, coisas que tais, absolutamente não me pronunciarei sobre isto; deixo aos analistas políticos, não sou um deles, né?
Eu tenho apenas uma certeza: a de que nenhum governo nos Estados Unidos, assim como nenhum governo no Brasil, na Inglaterra, na Alemanha, na França, ou seja, em qualquer país em que esteja em vigor a democracia liberal, em nenhum desses países, incluindo os Estados Unidos, deixará de haver a gangorra direita-esquerda. Trump pode se reeleger ou não se reeleger; o certo é que, uma hora, os democratas voltarão ao poder, assim como no Brasil Lula pode ou não reeleger-se; mais uma hora a direita voltará ao poder para depois perdê-lo outra vez para a esquerda, e assim sucessivamente. Isto é da essência da democracia liberal; é a gangorra direita-esquerda que galvaniza as paixões nacionais, divide a nação em dois campos antagônicos e, ao galvanizar as paixões e fazer as pessoas atuar de um lado ou de outro da gangorra, envolve no mesmo sistema democrático liberal e perpetua assim a ilusão de que a voz do povo é a voz de Deus neste regime, quando não é.
Então, que Trump, ou no próximo ou no seguinte, perderá o mandato para os democratas é inelutável; nunca é impossível que tal deixe de acontecer pela explicação que eu darei sobre Trump; talvez isto fique claro. Pois bem, este novo mandato de Donald Trump parece um furacão geopolítico, né? Um furacão ideológico, né?
Exacerba ainda mais as paixões da nossa gangorra, né? E parece realmente diferente do seu primeiro mandato, mas expliquemos tudo isto melhor. Nos Estados Unidos, o chamado Deep State, ou seja, o estado profundo, é o núcleo central do aparato estatal, né?
É o núcleo central das elites econômicas e ideológicas dos Estados Unidos, e os dois principais partidos, afinal, os únicos que existem, que têm existência de fato, ou seja, o Partido Democrata e o Partido Republicano, não diferem absolutamente quanto ao essencial; diferem quanto ao ocidental e têm ambos apoio do Deep State em um momento ou em outro. E o equilíbrio entre esses dois partidos, assim como o equilíbrio entre direita e esquerda no Brasil, ou na Inglaterra, ou na Alemanha, né? , serve ao Deep State apenas para ajustar questões secundárias.
Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos viveram duas fases. A primeira é a da guerra geopolítica, da Guerra Fria com a União Soviética e o bloco socialista; isso durou até a queda do Muro de Berlim. Passada esta fase, os Estados Unidos entraram na segunda fase, que é a fase do fim da história, tá?
Que é a fase que transcorreu entre 1991, mais ou menos, e 2024. Mas desde a década de 1990, a dominação norte-americana no mundo assumiu progressivamente a forma de uma ideologia liberal progressista, ou o que eu prefiro chamar de uma ideologia liberal sado-libertina; ou, se vocês quiserem, o outro Marcus, sado-libertina, sado do Marquês de Sade. O liberalismo progressista é uma radicalização do liberalismo com umas pitadinhas de marxismo, né?
A fórmula desta ideologia combina impressionantemente os interesses do grande capital internacional com esta mesma cultura altamente individualista, né, que hoje se costuma chamar de Woke, né? E isto foi sustentado tanto pelo Partido Democrata como por muitos republicanos chamados neocon, como Bush, eh, como Nixon, por exemplo. Esta ideologia se fundamentava em algo que ela acreditava ser real: haveria um contínuo, um ininterrupto crescimento da economia americana, da economia global e o liberalismo se disseminaria, planetariamente; todo o mundo se tornaria liberal no sentido woke.
Eh, tudo isto envolveria, em escala planetária, em todas as sociedades e estados do mundo, a democracia liberal representativa, a economia de mercado, né, e a ideologia individualista, baseada nos supostos direitos humanos, nas tecnologias digitais e numa cultura, digamos, pós-moderna ocidental. Em 1990, Samuel Huntington, né, entretanto, previu um choque de civilizações; ele previu a multipolaridade geopolítica e a crise da globalização centrada no ocidente. Então, propôs o fortalecimento da identidade americana e a consolidação das outras sociedades ocidentais dentro, no interior, no bojo de uma única civilização ocidental já não global, mas regional, ou seja, Europa e Américas.
Né? Mas então, ou seja, em 1990, quando o previu Samuel Huntington, o Deep State, o estado profundo, apoiava então totalmente o otimismo do fim da história, né, propagado pelo principal adversário intelectual de Huntington, que era Francis Fukuyama; e ele defendia o fim da história. Saiu um livro aqui pela Editora Rocco; salvo engano, eu mesmo revisei este livro, eu trabalhava para a Editora Rocco.
Então, pois bem, essa política durou de Clinton, passando por Bush, até Obama, até Biden, porque Bush representava os neoc, né, os neoconservadores republicanos; eh, e o mandato de Trump entre Obama e Biden foi uma espécie de falha técnica. Tá, no entanto, a partir dos anos 2000, Putin começou a mostrar suas asinhas e a China, que tinha. .
. A China que nós temos hoje é resultado da política de Nixon. Tá certo, Nixon inventou esta China capitalista comunista que existe hoje, né?
Mas a China, a partir do ano 2000, começou a ter uma política independente. Ela se valeu da globalização, mas impôs limites. No mundo islâmico, começaram a haver protestos contra o Ocidente, né?
E constituiu-se o BRICS, que é um sistema econômico internacional multipolar, independente do Ocidente. Pois bem, o Deep State, entre 2016 e 2020, de fato não levou Trump a sério e o mesmo Trump, né, não conseguiu implementar nada mais profundo durante seu mandato, né? E o slogan da campanha de Biden, ou seja, "Build Back Better", ou seja, reconstruir ainda melhor, era o slogan do retorno a Obama, mas de modo melhorado.
Era a retomada da agenda liberal globalista, né? Mas uma retomada em plano superior, melhor, com o apoio do Deep State. Pois bem, mas tampouco Biden conseguiu cumprir seus objetivos, e isto por uma série de razões que não vou desfiar aqui.
Enquanto isso, enquanto naufraga o governo Biden, né, ele foi organizando um grupo a partir do fracasso do globalismo, mostrando que esta crise, a crise do globalismo, não era uma invenção dos adversários, não era uma mera propaganda, era a realidade, né? Então, começou a propor o retorno dos Estados Unidos a Samuel Huntington e não a Francis Fukuyama. Ou seja, passou a defender a identidade essencialmente americana original e, de forma, digamos, mais ampla, a identidade ocidental.
Passou a defender o abandono da cultura W e das experiências liberais das últimas décadas, ou seja, um retorno à ideologia americana nas raízes clássicas, liberais, sempre de fundo calvinista por um lado e maçônico por outro. Isto, junto com um nacionalismo mais ativo e protecionismo. Daí o slogan de Trump: "Make America Great Again" – fazer com que a América seja de novo grande.
Atenção, esta ideologia liberal clássica que Trump quer fazer com que os Estados Unidos retornem foi condenada pelo magistério da Igreja. Foi condenada por Gregório XVI, foi condenada por Pio IX, foi condenada pelos sílabos, foi condenada pela Quanta Cura, foi condenada por Leão XIII, etc. Pois bem, o Deep State então reconheceu o fracasso não só de Biden, né, mas da ideologia globalista, né, e apoiou o chamado grupo de trumpistas ideológicos: Elon Musk, Jab, Robert Kennedy, Tucker Carlson e Alex Jones.
Esse é o grupo ideológico de trumpistas, mas atenção: o trumpismo tampouco é monolítico. Embora se congregue, sim, em torno da rejeição do globalismo, do liberalismo progressista ou Woke, né, e de tudo que está implicado aí, o trumpismo rejeita o globalismo como um único mercado, como um mercado único, como um espaço global cultural, né, no qual os Estados Unidos e todas as demais nações serviriam seus poderes a órgãos supranacionais como União Europeia e a ONU, como sempre defendem Bill Gates e George Soros. Esta economia, tecnológica, cultural, unificada, social, unificada, né, é o Great Reset, o grande reinício, principalmente após a pandemia de Covid.
Mas, para Trump, em vez da cultura Woke, que, como disse, tem uma pitada de marxismo e de totalitarismo, se é que se pode usar essa expressão, né, defende Trump a liberdade de expressão para todo o espectro ideológico, desde a extrema direita até a extrema esquerda. Liberdade de expressão que, repito e repito, foi condenada pela Igreja. O liberalismo progrediu no século XX por três etapas.
A primeira etapa foi a de Fried, né, que foi o fundador do neoliberalismo, né, que não é senão o antigo liberalismo clássico, né, que defendia a liberdade individual absoluta e um mercado livre e irrestrito. Outra vez, tudo que foi condenado também pela Igreja. Ele teve um aluno chamado Karl Popper, né?
Ele centrou a doutrina na crítica das ideologias totalitárias, ou seja, na crítica do fascismo e do comunismo, e mais na crítica a Hegel e até ao pobre Platão, que não deveria ter nada com isso. O Tom já é um tanto autoritário, ele mesmo, na crítica à ideologia totalitária. O liberalismo de Popper se torna algo totalitário.
Para ele, os liberais são membros de uma sociedade aberta, enquanto os não liberais são inimigos da sociedade aberta. Mas Karl Popper teve um aluno, e este aluno se chama George Soros. Ele vai mais longe que Popper e propõe a derrubada de qualquer regime antiliberal, com a criminalização dos opositores da sociedade aberta, sobretudo no próprio Ocidente.
E ele os combateu. Já sabemos como: com a sua imensa riqueza, acumulada por meio de quê? Da especulação financeira.
Então, o trumpismo quer voltar ao liberalismo clássico antitotalitário de Hayek, né, e à liberdade absoluta de pensamento e ao mercado absolutamente livre, com uma economia do liberalismo. Alguns trumpistas vão até mais longe e pretendem retornar ao liberalismo tradicional anterior à guerra civil, ou seja, ao liberalismo mais calvinista, né, que havia antes da Guerra Civil e da Guerra Fria. Pois bem, dentro do trumpismo há facções e há certas tensões, né?
Há, por um lado, a Tech Right, ou seja, a chamada direita tecnológica, e há a Trad Right, que é a direita tradicionalista. A direita tecnológica é representada por Elon Musk, né, com seu futurismo tecnológico, com o seu Homem-Máquina, com seu transumanismo, com a sua colonização de Marte, etc. Um lunático absoluto que não, no entanto, não faz senão dar continuidade aos desvarios do Renascimento.
Desde antes do Renascimento, já temos uma inteligência artificial, como vai sair proximamente em um artigo de um autor italiano. Eu vou gravar um vídeo só sobre isto; é a melhor coisa já dita ou escrita sobre a IA, e é de um autor católico italiano. Vídeo só sobre isto, e vou publicar.
É a transcrição de sua magnífica palestra, né? A inteligência artificial, que é perigosíssima, tem fundamento nos desvarios esotéricos que começam no século XI e prosseguem no século XVI, que atingem Lies e com seu alfabeto internacional. Enfim, a inteligência artificial tem raízes em Raimundo Lúlio, em Giordano Bruno e em Lagos.
Mas isto eu remeto ali. E Elon Musk é que parece um lunático, etc. No entanto, é um lunático com lastro e perigosíssimo.
É um homem de uma periculosidade a toda prova. Mas, enfim, Elon Musk é o representante mais destacado da direita tecnológica, da Tech. Ele busca, com a sua plataforma, substituir as redes globais de Soros.
Soros suborna políticos, né, e maquie mudanças de regime em todo o mundo. E Elon Musk, agora, usa táticas semelhantes em favor, porém, dos antiglobalistas e populistas europeus, como o líder da alternativa para a Alemanha, como Nigel Farage, no Reino Unido, e Marine Le Pen na França. Steve Bannon, ex-conselheiro de segurança nacional de Trump no primeiro mandato, já representa a direita ideológica, né?
O tradicionalismo de direita. Uma diferença entre eles, e concreta, é relativa à questão da imigração. Musk, com seus interesses industriais, apoia a concessão de residência a imigrantes legais, enquanto Bannon rejeita.
Além do mais, os trumpistas pró-Israel e anti-Israel. Trump mesmo é um defensor ferrenho de Israel. E, aliás, parte das razões porque Trump se elegeu se deve à influência do lobby judaico.
Alex Jones, no entanto, e outros se opõem a Israel, dizendo que os interesses norte-americanos não raro divergem dos interesses de Israel. Mas vejamos agora a teoria geracional de William Strauss e Neil Howe. A história dos Estados Unidos se dividiria em ciclos, ciclos recorrentes, cada um dos quais com cerca de 85 anos, ou seja, uma duração máxima da vida humana.
Divide-se em quatro ciclos ou eras ou estações. Primeiro, a estação alta, que corresponde à primavera. É uma época de mobilização coletiva, de coesão social, de otimismo exacerbado.
Vem depois o verão, que é a era do despertar. É um ciclo de espiritualidade, de vida interior, de individualismo. Segue-se o outono, ou o período de desintegração, com materialismo, fragmentação social e debilitamento das instituições.
E termina com o inverno, ou o ciclo de crise. É o ciclo de colapso social, de decadência cultural, de incompetência absoluta dos próprios líderes. A eleição de Trump representaria agora o fim deste ciclo de crise e o início de um novo ciclo, ou melhor, o retorno à era alta, de primavera, de mobilização coletiva, de otimismo e coesão social.
Mas outra coisa à qual se deve ter muita atenção é a Doutrina do Destino Manifesto, que é de fundo calvinista. Defenderam, nas últimas eleições, o Destino Manifesto não só Trump, mas a própria Câmara. Em outras épocas, a Doença, assim como os romanos, eram destinados pelos Deuses a impor aos Estados Unidos.
O Destino Manifesto se traduz para o Canadá maior e para o sul, quando os Estados Unidos tomaram parte considerável do México. Trump quer reafirmar este Destino Manifesto. A nova onda de expansionismo norte-americano quer fazer do Canadá o 51º estado norte-americano, quer comprar a Groenlândia, quer controlar o canal do Panamá e a faixa de Gaza, e muda o nome do Golfo do México para Golfo Americano.
É um realismo agressivo nas relações internacionais e um retorno à doutrina Monroe, após um século de domínio da doutrina globalista de Woodrow Wilson. A doutrina Monroe do século XIX defendia o controle dos Estados Unidos sobre o continente norte-americano e, em certa medida, sobre a América Ibérica, Sul e Central. A doutrina de Wilson, que se desenvolveu em seguida à Primeira Guerra Mundial, deslocou o foco dos Estados Unidos como Estado-nação para uma missão global: espalhar a democracia liberal por todo o mundo e manter a estrutura dessa democracia em escala planetária sob o globalismo wilsoniano.
Pouco importava quem controlasse o Canadá, a Groenlândia, o canal do Panamá, a faixa de Gaza; era preciso que ali se estabelecessem, isso sim, regimes liberais democráticos alinhados com a elite globalista e fundados na cultura. Depois, isso se acrescentou a partir da década de 1960 com a revolução que eu chamo de “marcar a cultura”. Hoje, os globalistas europeus estão perplexos, né?
Estão ouriçados com a interferência de Trump na política europeia, né? Musk e os demais trumpistas, né, e dizem o seguinte: "nenhum de vocês se opôs à interferência de Soros. Agora é a nossa vez".
Os Estados Unidos são os donos do mundo e os mestres do mundo e a Europa tem de obedecer a Washington, como obedeceu a Obama, a Biden, a Soros e ao Deep State. Pois o Deep State agora está conosco. Musk e Zuckerberg estão tentando desmantelar o sistema globalista, a começar pela Europa.
Orbán, na Hungria; Fico, na Eslováquia; Meloni, na Itália; podem aderir a isto perfeitamente. Mas Musk e seus amigos se voltam agora contra o líder do Partido Trabalhista do Reino Unido, né? É Keir Starmer e contra Macron, né?
E apoiam, como eu já disse, o partido populista de direita alemão, AfD. Pois bem, busca-se então no trumpismo um ocidente como civilização geopolítica e ideológica integrada. O império americano plenamente desenvolvido tem como adversário principal a China.
A China, como eu disse, soube aproveitar a globalização e tornou-se uma potência independente com significativa participação nas indústrias, no comércio e nas próprias terras dos Estados Unidos. Então, a China é o inimigo principal. A Rússia não.
Não, os trumpistas não são. . .
Não é. A fobia da Rússia não é, não compartilho a russofobia dos globalistas, embora eu tenha tampouco um carinho especial por eles, né? Trump busca boas relações com Putin, né?
E busca, vão certamente buscar afastar a Rússia de uma aliança com a China, né? A Rússia tem uma economia fraca que, ao contrário da economia chinesa, não compete com os Estados Unidos, embora alguns trumpistas cheguem a apoiar a Rússia. Assim, consideram-na uma parte de uma cultura indo-ariana ocidental, etc.
Pois bem, o conflito com a Ucrânia é, para Trump e os trumpistas, uma questão menor, uma questão secundária, né? Pelos quais os responsáveis são os globalistas. Se puder terminar a guerra na Ucrânia, é melhor; se não, que os globalistas europeus se desgastem neste conflito.
Outro inimigo de Trump é o eixo do Irã, né? É o eixo Irã-chitas-iraquianos, o Ta de Yemen e os alauitas sírios, né? E isso também tem a ver com o apoio de Trump, do trumpismo ao sionismo chamado de direita, né?
Décadas atrás, Huntington previu o dano que poderia causar a imigração maciça da América Latina como uma ameaça à identidade fundamental dos Estados Unidos, à cultura protestante anglo-saxã branca. Pois bem, essas também são as três ameaças: a chinesa, a islâmica e a imigração. Nós vemos isso agora, com as atitudes de Trump, embora alguns setores industriais norte-americanos já estejam se queixando porque vão à falência pela falta de mão de obra barata que lhes fornecia a imigração latino-americana.
Pois bem, de um modo geral, o trumpismo considera o seguinte: os que estiverem fora deste bloco ocidental comandado pelos Estados Unidos terão que ter duas opções: ou alinhar-se ao Ocidente ou permanecer na periferia do desenvolvimento e da prosperidade econômica. Trata-se, portanto, ao contrário da política globalista, que é uma política inclusiva, de uma política de exclusividade seletiva. Alguém já o disse, estou repetindo: na teoria multipolar, o mundo divide-se em várias grandes civilizações: a ocidental, a russo-eurasiática, a chinesa, a indiana, a islâmica, a americana, a latino-americana, a budista, a japonesa.
Como defendia Huntington, o trumpismo é indiferente a isso. É nada de woke, nada de inclusividade; podem-se discutir, sim, questões raciais, étnicas, etc. Mas os Estados Unidos têm uma multipolaridade interna, e é a latino-americana que o trumpismo liga a máfias étnicas, à imigração ilegal, ao tráfico humano, ao cartel de drogas.
Nós vimos aquele filme da direita americana trumpista, "O Som da Liberdade", né? Há nos Estados Unidos a diáspora chinesa, muito perigosa, as também perigosas comunidades islâmicas, a diáspora indiana, contra a qual o trumpismo nada tem. E tornou-se poderosa no Vale do Silício, né?
E os indianos são importantes aliados de Trump, que vê a Índia como parceira preferencial dos Estados Unidos contra a China. E ainda a comunidade negra, né? Em vez da oposição aos brancos incentivada pelos globalistas, o que é um horror mesmo, os trumpistas querem uma maior assimilação da comunidade negra na comunidade branca e defendem a não existência de blocos raciais autônomos.
Pois bem, Trump então é uma das formas do liberalismo, quer retornar às origens do liberalismo. Como disse, no entanto, Pio XI, o liberalismo é a raiz de todas as revoluções: da revolução comunista, da revolução pi XI; não conheceu esta, da revolução u que ou marcano ou sado libertina. É de modo que, ainda que consiga retornar ao liberalismo original ou ao neoliberalismo de Hayek, inevitavelmente, como raiz de todas as revoluções, as outras revoluções acabarão por rebrotar desta mesma raiz, que é o liberalismo clássico, tão defendido por Trump.
O que devemos fazer nós, os católicos, diante de Trump? O que estou fazendo aqui: vê-lo com olhos realistas, sem paixão, e defendendo sempre a doutrina de sempre da Igreja, a saber, a doutrina da realeza social de Cristo, segundo a qual ou as nações se põem sob o estandarte de Cristo e sua Igreja ou não passarão de pasto para demônios. A doutrina da realeza social de Cristo, que é antagônica ao liberalismo de Trump, implica a doutrina social da Igreja, que é antagônica ao liberalismo econômico, que defende um liberalismo completo, que defende a liberdade, o livre mercado, sem travas nem nada.
É sugiro-lhes que leiam o magnífico documento "Mente Nostra", de Pio XII, onde ele critica tanto o comunismo quanto o capitalismo. Vejam lá e defende a doutrina social da Igreja. Além do mais, não nos envolvamos nesta guerra infernal, diabólica, nesta galvanização de paixões que fazem com que as pessoas, em vez de buscar antes de tudo o Reino dos Céus, busquem antes de tudo na Terra.
E, sobretudo, não devemos discutir sobre coisas as quais não podemos fazer nada. Por exemplo, devemos defender ou não a imigração latino-americana nos Estados Unidos? Nem uma nem outra.
É questão conjuntural. Num regime cristão, sob a realeza de Cristo e com a doutrina social da Igreja, aceitar ou não imigrantes é uma questão conjuntural. Mas, se se aceitam, aceitam-se para integrá-los à religião cristã.
Sem dúvida alguma. Mas isto não devemos discutir agora, pois não estamos no poder. Quem está no poder é Trump, um liberal, cuja doutrina foi condenada pela Igreja.
E isto, nosso apoio a Trump ou a qualquer político que não seja efetivamente cristão, não é senão um apoio à ilusão diabólica de que quem governa em repúblicas democráticas liberais é o povo, que a Vox, a Vox, quando na verdade quem manda é o Deep State, são os grupos sem nome nem face, ou melhor, que não se mostram, mas que estão por trás da mesma alternância entre republicanos e democratas, entre PT e direita, entre trabalhistas e conservadores ingleses, etc. Mas não será Trump um mal? Menor que Biden, em princípio, parece, portanto, é justo votar nele, mas não é justo apoiá-lo.
Não sabemos nem sequer os desdobramentos contingentes de futuros contingentes do que será o governo Trump. Pio 11 defendeu-se do comunismo, que era correto, fez uma concordata com Mussolini, arrependeu-se e escreveu um documento maravilhoso. Não temos necessidade de que se mostre arrependido do que fez.
Aprendamos com a história. Não sabemos em que se transformará Trump. Além de que, repito, sua doutrina, doutrina em que se funda, é uma doutrina condenada pela Igreja.
É um mal menor que o globalismo de Biden, e o holismo de Biden. Parece, portanto, que é justo votar, assim como é justo defender-se de um assaltante etc. Ou seja, você está se preservando um pouco, isso é justíssimo.
Mas daí a apoiar, não. Não sabemos que desdobramentos teremos com Trump, assim como era impossível saber os desdobramentos que haveria com o regime de Mussolini na Itália. Neste erro de apoiar ou tentar uma aproximação com Mussolini, não caiu só Pio 11; por exemplo, o Chesterton, né?
O mesmo Gilbert que, no início, teve um namoro com o fascismo de Mussolini, não com Hitler, mas com o fascismo. Depois se arrependeram amargamente. No documento, não temos necessidade.
Pio 11 chega a dizer: "Bem, que nós fomos avisados! Bem, que nós fomos avisados! " Não deram ouvidos aos avisos.
Com Trump é a mesma coisa: não sabemos. Parece, então, que é justo votar. Votar é um ato passageiro; apoiar é um ato equivocado.
Por quê? Só podemos apoiar um governo que esteja sob a realeza de Cristo e que faça da missa o ato sociopolítico superior. Muito obrigado pela atenção e até nosso próximo vídeo.
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