Quais são as influências, se é que existiu, que as ideias psicanalíticas trouxeram para você sobre a relação terapêutica? Tem algo em comum com as suas ideias sobre a relação terapêutica na Terapia Cognitiva? Bem, a psicanálise passou por muitas tendências quando a audiência tenha aprendido sobre a psicanálise, deve ter sido mais moderno ou mais razoável.
Mas quando eu trabalhava com a psicanálise, o terapeuta era como uma tela em branco. Não era permitido que o terapeuta mostrasse sua personalidade de forma alguma. E a ideia era de que o paciente poderia projetar seus impulsos para essa tela em branco.
E uma vez que os conteúdos fossem projetados, o analista poderia auxiliar fazendo interpretações. Então, posso dizer que o que eu faço agora é exatamente o oposto. Eu tento confrontar isso e tento aproximar o paciente como uma autoridade, alguém que é especialista nesta área.
Uma relação de igualdade. Como um companheiro de viagem. E vamos viajar juntos por uma estrada irregular, em muitos casos, e eu serei uma espécie de guia pois já estive lá antes, mas não de maneira superior a pessoa.
Isso é basicamente o contrário que a psicanálise antiga pontuava. O psicanalista era tido como superior em todas as formas, sabia de tudo e podia investigar coisas que eram invisíveis para os outros e ele podia descobrir o que estava lá. O que posso falar é que minha forma de atuar é como uma espécie de parceiro.
Talvez um parceiro mais experiente nesta área em particular que ele busca auxílio. Quem são algumas pessoas que te influenciaram no desenvolvimento da TCC? Como você sabe, tive treinamento em psiquiatria e psicanálise e as influências que eles tinham era em uma direção negativa porque eu rebatia o que eles diziam.
E eu estava procurando por outras pessoas no campo que estivessem pensando na mesma direção que eu. Depois que eu publiquei meu primeiro artigo chamado "Distorções Cognitivas e a Depressão", Eu recebi uma carta do Albert Ellis e percebi que Ellis, que estava trabalhando em Nova Iorque, havia encontrado, essencialmente, o mesmo tipo de material em seus pacientes que eu também havia encontrado. Com exceção que ele tinha me procedido por alguns anos.
E então eu comecei a ler todas as teorias do Ellis e isso promoveu um pouco mais de estrutura para o desenvolvimento a minha própria teoria mais na frente. Outra pessoa que me influenciou, embora eu nunca o tenha conhecido, foi o psicólogo da Ohio State University, chamado George Kelly e ele escreveu dois volumes sobre a construção psicopatologia. E eu aprendi muito sobre essa construção e isso me deu um andaime mais a frente para a minha teoria.
Você tem 94 anos, que tipo de sabedoria de vida você tem para passar para os ouvintes? Judy, você conhece minha vida. Olá, eu conheço meu pai.
Eu acredito que um dos pontos da Terapia Cognitiva é ser humanístico e otimista. Gostar das pessoas, se conectar com as pessoas mas também ser otimista em sua própria vida e você vai ter uma vida mais feliz do que de outra forma. É isso que eu diria.
Esse seria o segredo. E se a pessoa não nasceu necessariamente com um viés otimista, você acha que o otimismo é algo que pode ser aprendido? Sim.
Você pode aprender a ser mais otimista decidindo que irá observar o lado positivo das coisas. Porque muitas coisas na vida, pelo menos a maioria das coisas, possuem tanto o lado bom quanto o lado ruim e você pode olhar para o negativo ou você pode focar no elemento positivo. E eu pude perceber isso em mim mesmo: não importa o que aconteça, sempre faço disso uma virtude.
Por exemplo, se eu quero sair e ter um dia ensolarado e começa a chover, eu penso "Ok, isso é bom, agora eu posso ficar no escritório e ler um artigo" ou se alguém não atende um telefonema, eu penso "ok, isso é bom porque provavelmente essa pessoa esta muito ocupada e é essa é uma boa razão para não me atender". Eu tento transformar as adversidades em algo bom mesmo quando outras pessoas consideram algo desfavorável. É um caminho.
E eu vejo isso de fato aparecendo em seu trabalho nos últimos anos quando você falou sobre a importância do foco. Pode falar um pouco sobre isso? Isso depende da vida.
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. no que você foca. Por exemplo, se eu for passar por uma cirurgia e alguém me diz que tem 10% de probabilidade que irei morrer, ou, e se eu focar nos 90% de probabilidade em que eu irei superar isso.
Eu ficarei bem, saudável e feliz. A questão é onde você coloca o seu foco. E as pessoas que são deprimidas, é claro, tendem a focar no negativo.
E parte da nossa terapia consiste no que chamamos de "princípio de domínio e prazer", Que se concentra em focar nas coisas que você realizou, conquistou, mesmo sabendo que poderiam ser muito difíceis. E particularmente, se elas são difíceis, é muito mais emponderador! Se você consegue fazer algo que é difícil ao invés de algo que seja fácil, e a mesma coisa para o prazer.
As pessoas tendem a ser geneticamente conectadas a serem mais capazes de anexar mais significado ao lado negativo do que ao positivo. Então é preciso treinar a mente. Colocar o foco no que é bom e você irá perceber que existem mais coisas boas acontecendo do que ruins.
Mas as coisas ruins tendem a parecer maiores, colando uma sombra nas coisas boas. Então essa é uma questão de foco.