o ano 2024 esse velho boiadeiro lembra a você que é pai a você que é filho filha Neto neta 2024 chegou com grande alegria dedicar esse poema à minha neta Maria Vitória e ao meu neto Francisco e claro que esse poema os meus filhos os três vão lembrar futuramente de um pouco dessa história assim como eu lembro do meu pai a vida tá aí para nos ensinar e a vida vem traz e leva esse poema principalmente para você que perdeu a sua referência que tem saudade da sua referência você vai se emocionar Bora comigo burrinho
Pampa eu nasci num campo aberto bem distante da cidade e Vivi os primeiros anos da minha vida com papai e mamãe em completa felicidade o meu pai me levava com ele em todos os cantos e mamãe com seu manto me cobria todas as noites na hora de se deitar quando o dia amanhecia eu já corria lá pro terreiro a brincar e meu pai logo vinha para me colocar na garupa do seu cavalo e saía comigo para galopar colocava o meu chapéu na minha nuca e eu ia gritando paupa fazendo aquela ruaça e minha mãe achava
graça vendo de longe a gente brincar um certo dia um domingo de manhã era o meu sexto aniversário eu nem sabia foi quando eu vi o meu pai chegando da cidade puxando o burrinho Pampa eu eu achei que até não era verdade mas quando ele chegou me abraçou e colocou em cima daquele arreio daquele burrinho e desse jeito falou meu filho você sabe que seu pai não tem dinheiro mas nunca Nada lhe faltou eu já sofri muito na vida e pouca coisa para mim restou mas eu tenho um orgulho Tão Profundo que é dois tesouros
que Deus não me negou um é a sua mãe que eu amo tanto outro é você que é a maior alegria que eu tenho nesse mundo e De hoje em diante você não precisa mais da minha garupa para brincar de upa upa você já mereceu você é um menino esperto e eu tenho certeza que aqui por perto ninguém tem um burrinho tão bonito que nem o seu foi tanta a minha Euforia que eu pulava de alegria eu beijei tanto o meu pai naquele dia que ele até se comoveu eu ia lá na estrada galopava e
voltava lá na roça galopava nas palhoças e todo mundo que via eu já corria para mostrar o burrinho que meu pai me deu quando meu pai ia pra cidade com o burrinho eu acompanhava foi a melhor fase da minha vida na volta para casa a gente sempre apostava a corrida e ele sempre deixava eu ganhar pros meus amiguinhos Eu sempre falava do orgulho que eu tinha e que pai melhor do que o meu no mundo não existia todos os dias eu ia com meu burrinho pra escola e a tarde voltava correndo com os meus cadernos
amarrados na garupa e vinha galopando Alegre e contente vendo meu pai lá na porteira esperando para me abraçar era tanta felicidade que eu sentia que até parecia que tudo aquilo era um sonho que eu vivia e que nunca iria se acabar mas foi esse o meu maior engano pois quando chegou o final do ano no último dia de aula eu vinha voltando da escola cortando meu Burrinho na espora naquela pressa de chegar de longe eu vi a porteira Mas o meu pai não estava lá quando eu vi fui chegando em casa já vi um monte
de gente chorando já foram me segurando dizendo que eu não podia entrar todos me olhavam com pena enquanto eu ouvi que alguém dizia que aquilo não era cena para uma criança pudesse olhar mas eu não entendia o que aquela gente toda fazia porque eles não me deixavam entrar foi quando eu vi minha mãe que veio até a porta se ajoelhou na minha frente me abra e me apertou tão forte ela chorava tanto que seu pranto gelava nas minhas costas e olhando a nossa volta havia um silêncio em cada rosto e minha mãe naquele desgosto olhou
bem dentro dos meus olhos que nessa hora já não tinha mais aquele brilho de alegria porque eu sentia que a notícia não era boa mas ela não me dizia porque as palavras não saíam da sua boca mas quando nos olhos dela eu via uma infinita luz de tristeza que me fez olhar para aquele monte de velas acesas lá no meio da sala e imaginar que aquela coisa estranha feita de madeira é que era razão de toda aquela tristeza e que era o meu pai que estava lá mas eu não queria acreditar peguei meu burrinho Pampa
des cambi nas invernadas e meu pai fui procurar e na inocência de criança por todos os cantos eu procurava eu corria eu gritava papai papai Onde você está Chega de trabalhar tá ficando tarde tá ficando muito tarde e eu ainda tenho tanta coisa para lhe falar eu tenho uma notícia tão boa para te dar o senhor já deve até estar comemorando papai eu passei de ano eu queria tanto lhe abraçar mas agora eu estou chorando papai e por o senhor não me aparece nessa hora para me ajudar o senhor sempre foi o meu herói sempre
dizia pra mamãe que o Senhor nunca ficaria longe de nós e hoje senhor não me esperou lá na porteira eu que te procurei a vida inteira e ainda não consegui te encontrar tá escurecendo papai eu tenho medo de voltar para casa sozinho tem um monte de gente estranha lá por favor Papai vem comigo o senhor queria tanto que eu passasse de ano vai lá e diz para aquela gente toda que aquilo tudo foi o engano e que o senhor só se Demorou porque a gente estava brincando de apostar corrida e que pela primeira vez na
vida o senhor não tinha conseguido ganhar que tristeza tão grande meu pai o senhor me causou naquele dia eu reclamei tanto quando não te vi na porteira naquele dia me esperando para me abraçar mas agora eu tenho a vida inteira para te pedir desculpas e pelas tantas vezes que eu insistia que o senhor me levasse na garupa e o senhor não podia porque estava trabalhando eu ficava ali insistindo pertubando até que o senhor se comovia e num gesto de paciência colocava na sua garupa e eu te abraçava e o senhor dava risada de ver a
minha alegria e aquela Furia toda que a gente aprontava mas agora meu velho pai que por muitos anos eu não te perdoava em que todas as nossas corridas O senhor sempre deixava eu ganhar mas aquela que seria mais importante da minha vida o senhor me deixou para trás e até hoje até hoje eu ainda não consegu te alcançar eu era tão feliz meu pai eu sei que foi o destino que quis que aquele sonho um dia acabasse eu esperei tanto para que o senhor voltasse para me fazer de novo feliz mas agora agora eu já
tenho 16 anos de idade e minha corrida hoje é contra a dor e a saudade porque eu sei que na realidade hoje eu estou sozinho nas mãos de Deus o senhor sabe a mamãe também já morreu eu sinto tanta falta dos seus carinhos sabe Pai eu sei que é difícil viver neste mundo sozinho mas eu ainda tenho meu burrinho aquele mesmo que o senhor um dia me deu agora ele tá grande ficou bonito cresceu e hoje eu sei que ele sofre tanto quanto eu porque ele sabe a falta que o Senhor me faz de vez
em quando meu pai eu saio galopando com ele na estrada e às vezes eu passo para trás do Arreio e vou sentado na garupa olhando para aquele arreio vazio na minha frente imaginando Senor ali sentado e eu abraçado na sua cintura parece que eu sinto até o cheiro das suas costas da sua camisa suada do sol quente do mormaço e de repente olho pros meus braços e sinto aquele vazio com o coração quase parando enquanto o burro vai calando seus passos Eu fico ali parado engolindo as lágrimas e os soluços que na garganta vem apertando
triste cina do meu passado que ainda vive me machucando e a vida que tudo ensina já me ensinou um ditado que para mim é o mais profundo amar os seus pais enquanto eles têm vida porque depois de enterrados Não tem remédio nesse mundo que pode curar essa ferida