Olá caros alunos, iniciamos mais uma aula de história. Na anterior, nós falamos um pouco sobre o Egito. Nesta aula, nós falaremos sobre a Núbia e o Reino de Cush.
A Núbia era uma extensa faixa de terra localizada no sul do Egito, entre a primeira e a sexta catarata do rio Nilo. Vocês podem ver no mapa. Na antiguidade, ela serviu como um importante elo entre os povos da África central e do sul do Mediterrâneo, exatamente porque era um lugar de passagem de mercadorias, produtos, etc.
A história da Núbia é pouco conhecida porque os sítios arqueológicos foram pouco escavados e a escrita, a chamada Meroítica, ainda não foi decifrada por completo. A gente viu anteriormente que a escrita hieroglífica dos egípcios foi decifrada, no caso dos Meroíticos ainda não. Com a ajuda de escavações recentes, essa história começa a ser conhecida.
Por exemplo, localizaram um jarro destinado a partes interessadas do corpo retiradas durante a mumificação, mostrando também que eles utilizavam as mesmas práticas que os egípcios nos primeiros tempos de sua história. Os núbios viviam da caça, da coleta e da pesca. Então, a gente pode perceber que é em razão disso que eles eram nômades, porque precisavam se mudar de local para poder buscar alimentação e garantir a sobrevivência.
Quando aprenderam a represar as águas do Nilo, eles começaram a utilizá-las na agricultura. Com isso, deixaram de ser nômades e passaram a se fixar em aldeias, ou seja, se tornaram sedentários. Por volta de 2000 anos antes de Cristo, as disputas e alianças entre as aldeias deram origem ao Reino de Cush.
Foi um dos primeiros reinos negros africanos. A história de Cush está ligada ao Egito. Até hoje encontramos vários objetos egípcios em terras núbias, que hoje, na verdade, são as terras do Sudão.
Como a gente viu no mapa anterior (esqueci de comentar), o Sudão e o Sudão do Sul atualmente correspondem à região onde era a Núbia antigamente. E nesse Sudão e Sudão do Sul até hoje encontram artefatos egípcios, e o mesmo ocorre no Egito, né? Se encontra artefatos dos Núbios.
Sabe-se que por volta de 1530 anos antes de Cristo, o Reino de Cush foi conquistado pelo Egito. Em 730 anos antes de Cristo ocorreu o contrário, os Núbios conquistaram o Egito, dando início à Dinastia dos Faraós Negros. Esses faraós usavam uma coroa com duas serpentes que se erguiam sobre suas frontes para indicar que reinavam ao mesmo tempo sobre Kush e o Egito.
Eles se consideravam sucessores dos faraós egípcios e também construíram pirâmides para servir de túmulos, assim como os egípcios faziam. O Reino de Kush se distingue das outras regras antigas por duas importantes características. Primeiro, o rei era eleito.
Qual era o papel da mulher na política? É os Núbios, eles escolhiam o rei da seguinte forma: os líderes votavam naqueles que eles consideravam mais preparados. Em seguida, eles lançavam as sementes no chão para perguntar ao deus da cidade se a escolha foi acertada.
Se o deus confirmasse que aquele seria o rei, então realizavam uma festa e coroavam o novo rei. O rei tinha uma guarda permanente para protegê-lo e era auxiliado por um grupo de altos funcionários, como chefe do tesouro, pesquisador, comandante militar. O rei de Cush, o oficial militar, era muito valorizado porque, quem era o vizinho deles?
O Egito. Eles tinham que estar sempre resguardando suas fronteiras, então os militares eram muito valorizados. Em caso de necessidade, todos os homens eram convocados para a guerra.
O exército Cushita era composto de homens a pé, lutadores, engenheiros da infantaria e outros que usavam cavalos. Eles enfrentaram os egípcios diversas vezes, defendendo e atacando. E muitas vezes conseguiram realmente manter as fronteiras.
Em relação às mulheres, é interessante também. As mulheres ocupavam posições importantes no Reino de Kush. A mãe do rei, por exemplo, recebia o título de "Senhora de Kush" ou "Candace".
Quando seu filho se casava, ela adotava a esposa do filho como sua própria filha, influenciando o governo tanto através do filho como da nora. Por várias vezes, a rainha mãe ocupou ela própria poder político. Para alguns historiadores africanos, a participação da mulher na política e o controle do governo Bush sobre o ouro, pedras preciosas e ferro ajudam a explicar a prosperidade do Reino de Kush, bem como sua longa vida.
Enquanto a capital estava em Napata, a principal atividade econômica dos Núbios era a pecuária. Eles criavam cabras, cavalos, burros. A riqueza de uma pessoa era medida pelo tamanho de seu rebanho.
Então, quanto mais rebanho tivesse, mais a pessoa era considerada rica. Quando, em 300 anos antes de Cristo, houve a mudança da capital para Meroé, e as chuvas eram mais regulares neste local, houve um aumento da terra irrigada e expansão da agricultura. As plantas mais cultivadas por eles foram trigo, cevada e o sorgo, que é um cereal africano parecido um pouco com o milho, um pouco menor.
Era utilizado para alimentação tanto de animais como de pessoas. Inicialmente, os Núbios retiravam água do Nilo para suas plantações, usando o shaduf, artefato utilizado também pelos egípcios. Posteriormente, graças à habilidade dos seus capitães ferreiros, eles conseguiram a roda d'água.
O solo de Chita era rico em metais como ouro, ferro, pedras preciosas, rubi. As relações comerciais revelam que templos e muros folheados a ouro existiram naquele local. Os governantes Kushitas exerciam um rígido controle sobre a extração e comércio de minérios, garantindo com isso seus rendimentos e poder.
O povo Cushita era usado no comércio com o Egito e com Roma, enquanto o ferro é provável que Meroé tenha sido lugar com base no qual se difundiu o conhecimento da fundição e do manuseio desse metal na África. A gente percebe que para a época era um avanço muito grande, né? Você utilizar o ouro e a metalurgia nessa época, era uma metodologia tão precisa.
A gente vê os artefatos que eles utilizavam, que eles faziam, e com aquela tecnologia nenhuma até fato constituído acabamento refinado, desenhos atraentes, originais, tornando-se conhecido nas regiões vizinhas. Boa parte do artesanato Kushita era vendido em outras regiões do mundo antigo. Meroé ficava na encruzilhada por onde passavam as caravanas de comerciantes, carregadas de produtos provenientes de vários pontos da África.
Os Núbios vendiam também para o Egito ouro, incenso, ébano, marfim, pedras preciosas, penas de avestruz e várias outras coisas. A gente sabe pouco também sobre a sociedade Cushita. Sabe que é parecida um pouco com o Egito.
A camada dirigente era formada pelo rei, sua família, os nobres que ocupavam altos cargos do funcionalismo e pelos sacerdotes. Como a gente viu, era uma sociedade também teocrática, exatamente porque, querendo ou não, existe uma influência da religião nas decisões políticas. Os executores dos criadores de gado, que eram pessoas livres, formavam a maioria da população.
As camadas intermediárias eram constituídas por artesãos, comerciantes, militares e pequenos funcionários. Não se sabe ao certo as razões do declínio de Cush. Provavelmente, os Núbios perderam para outro povo o controle das rotas comerciais, que era a base de sustentação desse povo.
O que podemos afirmar com certeza é que nos primeiros séculos da era cristã, Cush foi empobrecendo gradualmente, seus reis tornaram-se menos poderosos e o número de objetos egípcios encontrados em solo núbio diminuiu significativamente. Em 330 d. C.
, o Reino de Cush foi conquistado por outro rei africano, localizado ao norte da atual Etiópia, fazendo fronteira com o Sudão. É de grande importância conhecer um pouco sobre a história dos Núbios para entender a contribuição desse povo para a construção da nossa história mundial. Às vezes, acabamos desvalorizando povos menos conhecidos e focando apenas nos mais famosos.
No entanto, o povo Cushita se tornou bastante conhecido, principalmente devido à sua influência registrada e às escavações arqueológicas em andamento. Isso é tudo por hoje. Muito obrigado pela atenção.
Na próxima aula, falaremos um pouco sobre os Fenícios e será um assunto um pouco mais fácil de tratar, pois são povos muito conhecidos devido à difusão do cristianismo no mundo ocidental. Novamente, obrigado e até a próxima aula.