Nocicepção – Aula 3

16.96k views1725 WordsCopy TextShare
napead
Este vídeo faz parte do curso "Dor. Enxaqueca" na plataforma online e gratuita #Lúmina. Acesse em: ...
Video Transcript:
[vinheta ♫♫♫] Olá! Hoje eu gostaria de analisar alguns aspectos muito importantes dos mecanismos da sensação de dor. Eu gostaria de conversar sobre vias descendentes modulatórias e do sistema opióide endógeno.
Para o que nós vamos ver hoje é  importante ter presente o conhecimento sobre as sinapses, e sobre vias neurais sensoriais. Vias descendentes modulatórias. São vias.
. . fibras nervosas de núcleos superiores do nosso sistema nervoso central, que modulam, que alteram a atividade de outros neurônios mais inferiores.
Por isso, são chamadas vias descendentes modulatórias. O que são, no caso específico que nos interessa aqui da dor, essas vias descendentes modulatórias. Aqui nós temos cortes de parte do nosso sistema nervoso central.
Aqui nós temos um mesencéfalo. a ponte, o bulbo e a medula espinhal Aqui no mesencéfalo, nós temos essa estrutura ao redor do aqueduto que é um conjunto. .
. essa estrutura é um conjunto de corpos celulares de neurônios formando o que se chama a substância ou a matéria cinzenta periaqueductal, que se organiza ao redor do aqueduto. Essa é uma estrutura, essa substância cinzenta periaqueductal é muito importante em situações, ou ela é ativada em situações de grande estimulação do nosso sistema nervoso central.
Situações de estresse, situações extremas. Por exemplo. .
. exemplos assim da vida: em situações de guerra, em situações de competição esportiva por exemplo, em que há uma grande demanda do nosso sistema nervoso central, essa matéria cinzenta periaquedutal é ativada. Bom, ela projeta neurônios descendentes que vão fazer sinapse com o lócus cerúleos.
Lócus cerúleos é uma estrutura localizada aqui na ponte, o lócus cerúleos é um núcleo nora-adrenérgico muito importante. Ele tem projeções. .
. encefálicas que ele não mostra aqui na figura, mas também ele tem projeções que descem para a medula espinhal, mais especificamente aqui para o corno posterior da medula espinhal. O lócus cerúleos é um núcleo nora-adrenérgico, é um núcleo que sintetiza noradrenalina como neurotransmissor.
É um importante núcleo nora-adrenérgico. Um outro elemento importante dessas vias modulatórias descendentes são os núcleos da rafe. Os núcleos da rafe se localizam aqui no bulbo e esses núcleos da rafe são núcleos que tem como neurotransmissor a serotonina, ou também a 5-hidroxitriptamina.
Esse é o neurotransmissor  sintetizado por esses neurônios aqui dos núcleos da rafe. Também os núcleos da rafe, uma das projeções deles, não é a única, mas ele se projetam aqui para o corno posterior da medula espinhal, que é o que nos interessa neste momento analisar. Bom, como funcionam esses elementos aqui.
Como eles funcionam? A matéria cinzenta ou a substância cinzenta periaqueductal é ativada em situações de ativação geral do nosso sistema nervoso central. E esses neurônios da substância cinzenta periaqueductal, eles estimulam o lócus cerúleos, têm uma ação estimulatória sobre os lócus cerúleos, e também tem uma ação estimulatória sobre os núcleos da rafe.
Portanto, a estimulação do lócus cerúleos aumentará a atividade nora-adrenérgica aqui sobre o corno posterior da medula espinhal. E a ativação dos núcleos da rafe aumentará a ativação serotonérgica sobre esses neurônios dos núcleos. .
. sobre o corno posterior da medula espinhal. Então, nós temos vias descendentes monoaminérgicas que atuam, que modulam as sinapses na medula espinhal das vias aferentes nociceptivas.
Essas vias descendentes serotonérgicas e nora-adrenérgicas atuam sobre as vias aferentes  nociceptivas aqui na medula espinhal. Olhando, analisando em maior detalhe esse mecanismo modulatório dessas vias descendentes. Então, aqui nós estamos olhando um maior detalhe, um pouco.
. . então aqui está o corno posterior da medula espinhal.
Aqui nós temos a via nociceptiva de primeira ordem, cuja extremidade lá está a terminação nervosa livre ou nua, sensível a estímulos nocivos. Essa é a via aferente de primeira ordem. Aqui está o corpo celular no glânglio sensorial, e ela penetra pelo corno posterior da medula espinhal e fará sinapse com um neurônio de projeção.
Nesta sinapse aqui, nós temos a ação de um neurônio encefalinérgico. O que é a encefalina? A encefalina é.
. . um dos peptídeos opióides endógenos.
Portanto, a encefalina é um peptídeo sintetizado por esse pequeno neurônio, esse interneurônio localizado aqui na medula espinhal. Esse que está desenhado aqui, em cinza. Esse neurônio encefálinérgico tem  como neurotransmissores peptídeos, a encefalina.
Pode haver outros, há outros peptídeos opióides endógenos, como por exemplo, as endorfinas que provavelmente vocês já ouviram falar. Bom este pequeno neurônio encéfalinérgico por sua vez, ele é ativado pelas vias descendentes, tanto nora-adrenérgicas como serotonérgica excitam, estimulam o neurônio encefalinérgico. As vias descendentes também podem atuar sobre, diretamente, sobre o neurônio de projeção inibindo, através de uma sinapse inibitória.
. . esses neurônios descendentes modulatórios aqui, que nós estamos analisando hoje podem ser serotonérgicos ou nora-adrenérgicos, mas eles podem manter uma sinapse inibitória diretamente com um neurônio de projeção.
Eu vou enfatizar mais esse aspecto  aqui da encefalina. Então, esse neurônio encefalinérgico ele tem uma ação inibitória. .
. inibitória sobre a sinapse entre o neurônio de. .
. primeira ordem aqui nociceptivo e um neurônio de projeção. Então, essa encefalina aqui é capaz de inibir essas sinapses entre esses 2 neurônios.
E ele faz isso de 2 formas. . .
melhor dizendo, ela! A encefalina faz isso de 2 formas: ela fecha canais de cálcio ou também ela aumenta o efluxo de potássio. Um pequeno parêntese em relação a potenciais de membrana.
Quando a gente aumenta o efluxo, ou seja, a saída de potássio, nós teremos uma hiperpolarização da célula, que é o que ocorre aqui. Eu vou analisar um pouco mais detalhe, essa questão, analisando o sistema opióide endógeno e também a ação da morfina. Eu quero analisar mais especificamente, do ponto de vista molecular e elétrico, que ocorre naquela sinapse entre o neurônio de primeira ordem, um neurônio em cuja extremidade está o receptor nociceptivo e um neurônio de projeção, que se dirigirá lá para estruturas superiores do encéfalo.
Bom, o neurônio de primeira ordem da via da dor é um neurônio cujo terminal sináptico tem como neurotransmissor o glutamato, que é um neurotransmissor excitatório e tem. . .
e pode ter também, ele pode ter também como neurotransmissor neuropeptídeos, entre eles, a substância P. Então, normalmente, o que ocorre. .
. o receptor nociceptivo é ativado, lá pelos estímulos nocivos, geram-se potenciais de ação, esse potencial de ação chega aqui nesse terminal sináptico, e um potencial de ação no terminal sináptico faz o que ele sempre faz: abrir canais de cálcio e a abertura de canais de cálcio na membrana pré-sináptica promove a liberação do conteúdo dessas visículas que contém o glutamato e o neuropeptídio. Então, o potencial de ação abre canais de cálcio aqui, na membrana pré-sináptica, e libera os neurotransmissores, excitando portanto, a via de projeção, despolarizando a via de projeção.
O que a encefalina faz? E essa encefalina é ativada por aquele sistema descendente lá da. .
. nora-adrenérgico e serotonérgico. Então, essa via.
. . esse neurônio encefalinérgico, ele é excitado, despolariza, e a sua despolarização aqui nesse terminal sináptico, liberará encefalina.
Esse peptídeo, quando liberado aqui, ele atua em 2 pontos, e isso é importante. Recapitulando lá, nossas aulas de sinapse: esse peptídeo pode atuar tanto na célula pré-sináptica, como na célula pós-sináptica. Ele atua ao mesmo tempo, tanto na pré como na pós.
Na célula pré-sináptica, essa encefalina é capaz de estabilizar o canal de cálcio, ou seja, impedir a abertura do canal de cálcio. O canal de cálcio não abrindo, o que ocorre? Não há liberação do neurotransmissor, qualquer que seja.
Tanto o glutamato como neuropeptídio. Ambos precisam do cálcio, senão. .
. se os canais de cálcio não são abertos e esses canais de cálcio não são abertos. .
. eles. .
. são normalmente abertos pela ação do potencial de ação, pela ação da encefalina, eles não são abertos. E, portanto, o neurotransmissor não é liberado.
Não liberando neurotransmissor, não há estimulação do neurônio de projeção, portanto esse potencial de ação que foi gerado lá por um estímulo nocivo, tende a não se propagar para estruturas superiores, lá do sistema nervoso central. Com o mesmo tempo, essa encefalina liberada aqui, por esse pequeno neurônio encefalinérgico, essa encefalina atua também sobre os canais de potássio da membrana pós-sináptica, aqui nessa membrana pós-sináptica, ou seja, do neurônio de projeção. Aumentando o fluxo de potássio, ou seja, abre canais de potássio, o potássio sai, e ao sair mais potássio, o que nós temos nessa membrana daí, da célula pós-sináptica.
Ou seja, do neurônio de projeção, nós temos uma hiper-polarização dessa membrana. E portanto, uma redução também da  transmissão do sinal, da transmissão do potencial de ação que originalmente foi gerado lá pelos receptores nociceptivos periféricos. Então, a encefalina, que é muito importante esse conhecimento aqui, sob vários aspectos, porque a encefalina atua tanto na célula pré como pós-sináptica, em ambos os casos, ela inibe essa transmissão do sinal do nociceptivo.
Tudo o que nós vimos em outras oportunidades sobre a sensação de dor, eram mecanismos que tendem a amplificar o sinal de dor, amplificar o sinal nociceptivo. O que nós estamos vendo hoje, que  nós possuímos endógenamente mecanismos que, ao contrário, tendem a reduzir a transmissão do sinal nociceptivo, e portanto, dar a sensação de dor. Este é.
. . este efeito da encefalina é o mesmo que a morfina.
A morfina é um derivado lá do ópio, lá de um vegetal. Portanto, não é próprio do nosso corpo. Mas a morfina que é consumida há centenas de anos, a morfina tem esse mesmo papel.
A morfina, o que ela faz é na membrana pré-sináptica. Inibir os canais de cálcio, portanto impedir a entrada de cálcio e portanto, impedir a liberação do neurotransmissor, e a morfina também atua na membrana pós-sináptica, hiperpolarizando essa membrana pós-sináptica pelo efluxo de íons potássio. E é isso que ocorre quando se administra a morfina para uma pessoa.
Tem essa redução da sensação de dor. Uma das ações da morfina aqui, periférica, é esta. Bem, gostaria de resumir o que nós vimos nessa aula, e enfatizar o papel do sistema opióide endógeno que atua na medula espinhal reduzindo a transmissão do impulso nervoso.
Um mecanismo de redução da transmissão do sinal nociceptivo. Esses peptídeos opióides endógenos atuam tanto na célula pré-sináptica, inibindo um influxo de íons-cálcio, como atuam também na membrana pós-sináptica, onde eles hiperpolarizam a membrana pela estimulação do efluxo, pela saída de íons-potássio. Esse é um mecanismo dos peptídeos opióides endógenos, é um mecanismo fisiológico muito importante na redução da transmissão da informação de dor periférica, e também um mecanismo muito importante para a terapêutica, em casos de dor, especialmente dores crônicas.
Era isso.
Copyright © 2025. Made with ♥ in London by YTScribe.com