Muito se fala no mundo relativo sobre governos, organizações, sofrimento humano e coisas do gênero. Nossos ancestrais enfrentaram exatamente os mesmos problemas; e em sua busca por uma solução, eles os abordaram inicialmente através da esfera objetiva. Após uma busca árdua e extenuante, descobriram que uma solução completa e satisfatória para o problema era impossível do lado de fora.
Então, eles imediatamente redirecionaram sua busca, voltando-se para dentro. Transcendendo assim o corpo, os sentidos e a mente, eles foram capazes de alcançar o seu centro, o princípio do “eu”, e perceber que ele não é nada além de Consciência e Felicidade. Esta experiência subjetiva da Verdade Suprema deu-lhes uma força imensa.
Assim reforçados, eles voltaram a examinar o mundo, que antes os confundia e escapava. Mas agora, facilmente descobriram que tudo não era outra coisa, senão, a própria Consciência, o princípio do “eu”; e então, todos os seus problemas foram automaticamente resolvidos. Isso está imortalizado nos Upanishads, no verso: “Nossos sentidos são criados como que voltados para fora.
Portanto, vemos as coisas do lado de fora. Mas um homem ousado, que retirou os seus sentidos dos objetos e ansiou pela imortalidade, voltou suas percepções sensoriais para dentro, e percebeu o verdadeiro substrato do eu”. – Katha Upanishad.
Em outras palavras, o mundo é perfeito, mas parece imperfeito porque você usa instrumentos falaciosos como os órgãos dos sentidos, a mente, e uma perspectiva errada sobre a relação sujeito-objeto. Primeiro, livre-se deles. Tome posse do princípio imutável da Consciência que há em você, e então, examine novamente este mundo.
Você encontrará um novo mundo, perfeito e totalmente diferente do que você vê agora. Saiba que, em última instância: Tudo é Consciência. Atmananda Krishna Menon.
No estado de sono profundo, onde não existe nenhum objeto, a Consciência pura brilha por si só, em sua própria glória. Assim que acordamos do sono profundo, somos confrontados pela existência de um mundo pronto, incluindo os nossos próprios corpos. Para experimentá-lo, utilizamos os nossos órgãos sensoriais, um por um.
E confiamos em suas evidências superficiais sem questionar. Porém, o tempo todo também experimentamos algo positivo. Isso, após uma análise mais detalhada, é conhecido como aquele princípio imutável, ou, a própria Consciência.
As coisas conhecidas pela mente podem ser duvidosas. Mas no que diz respeito ao fato de você estar consciente, não há nenhuma dúvida. De acordo com o Vedanta, sem a percepção do sujeito, nunca pode haver nenhum objeto.
Algo que é conhecido, implica em uma consciência. Toda manifestação aparente, sem dúvida, prova que algo está consciente. Uma atividade não pode existir desprovida de consciência.
Portanto, a atividade nada mais é do que consciência. Quando examinamos minuciosamente essa questão, descobrimos que tudo é Consciência, que é apenas uma, ou, o Atman. A Consciência pura, que é a Realidade final, expressa-se primeiro como a autoconsciência, sem admitir qualquer meio.
Este é o mais imediato de todos os conhecimentos e é idêntico ao “Ser”, completamente além da relação sujeito-objeto. Esta Consciência parece degenerar-se, e aparentemente expressa-se através da mente e dos sentidos, como pensamentos e percepções. Ao aceitar o meio da mente e dos sentidos, as aparências – nomeadamente pensamentos e percepções – a realidade parece estar separada do Ser.
É assim que este mundo aparece, embora em essência, tudo seja apenas Consciência. Ações, percepções, pensamentos e sentimentos vêm e vão. Mas a Consciência não se separa de você, nem por um momento.
Portanto, você é a Consciência. O transitório está sempre associado a um pano de fundo permanente; e você mesmo é esse princípio permanente e imutável por trás do corpo, dos sentidos e da mente. Você pode perceber e conhecer o seu corpo, os sentidos e a mente.
Portanto, você é evidentemente o sujeito, distinto e separado deles. Você é o pano de fundo impessoal e imutável da aparência. Essa é a Verdade.
Isso também pode ser dito através da analogia com a tela de cinema: Em um cinema, é necessária uma tela vazia e imutável para que a manifestação das formas e de seus movimentos possam ser projetadas sobre ela. Da mesma forma, um pano de fundo imutável é necessário para que a manifestação do universo mutável aconteça sobre ele. Este pano de fundo é a própria Consciência.
A Consciência está presente, aqui e agora. Apenas conheça-a e apegue-se a ela, até que ela se torne o seu estado natural. Tente rejeitar tudo, exceto a Consciência.
Separe-se de tudo o que não é a Realidade. Então, tudo será transformado em Consciência. Este método direto o levará imediatamente ao seu estado natural.
Ashtavakra diz, em um contexto semelhante: “Separe o seu corpo de você, e descanse na Consciência pura. Você imediatamente ficará livre, aqui e agora”. Ilusoriamente, a Consciência parece estar ligada a outra coisa, como a um corpo, aos sentidos ou a mente.
Elimine essa parte que parece estar ligada, e você permanecerá em si mesmo, o verdadeiro centro. Pense em tudo o que constitui a mente, os sentidos e o corpo, e elimine-os de você mesmo. Quando você é deixado sozinho, você permanece como o Atman.
Seu verdadeiro estado é esse, onde você experimenta apenas a Consciência pura, sem objetos. Isso significa permanecer como o próprio Atman, onde é experimentado apenas o substrato do “eu”. Essa é a sua verdadeira natureza.
A Consciência pura é sempre o seu próprio centro, em todas as suas atividades. Este fato deve ser profundamente compreendido. Você deve compreender que todas as percepções surgem na Consciência, permanecem na Consciência e se fundem na Consciência.
Assim, sempre que uma percepção desaparece, a Consciência permanece, como o pano de fundo de tudo. Você deve cultivar constantemente esse hábito de perceber a Realidade como o pano de fundo de toda atividade. Um sábio é aquele que experimenta apenas a Consciência como a única Realidade.
Em todas as atividades aparentes, um sábio se preocupa apenas com o aspecto da Consciência, que é o pano de fundo de toda experiência. Quando ele inicia qualquer atividade, raramente ela é precedida por uma volição da vontade, pois todo o seu interesse está apenas na Consciência. Quando a sua atenção é direcionada para a Consciência, a parte material da percepção desaparece.
Assim, o sábio ignora a matéria e se concentra apenas na luz. O homem ignorante ignora a luz, e se concentra apenas na matéria. O sábio vê que tudo é apenas Consciência, mas o homem ignorante pensa que tudo é apenas matéria.
Quando um homem ignorante – que acredita ser o corpo – vê um objeto, ele vê e enfatiza apenas a parte material, e ignora completamente o fator mais importante – a Consciência. Mas quando um sábio vê o mesmo objeto, ele não o vê como um objeto, mas sim como a sua própria Consciência. Ele enfatiza e sente apenas o seu próprio Ser.
Assim, para ele, toda percepção reafirma o seu conhecimento de que ele é a Consciência. Essa é a experiência da Verdade, repetida sempre que há pensamentos ou percepções. Para o sábio, a sua profunda convicção de que a Consciência não pode sofrer nenhuma mudança o mantém em seu centro, e assim, nada o perturba.
Aquele que conhece a Consciência pura, permanece sempre nela. Essa é a sua verdadeira casa: imutável, despreocupada, em total harmonia e paz. Agora, reconheça em sua própria experiência que a Consciência é o substrato de todas as suas percepções.
Veja que essa é a única Realidade. Gradualmente, você perceberá que o mundo inteiro nada mais é do que a Consciência pura, incluindo o seu próprio corpo, os sentidos e a mente. Então, sabendo que tudo é Consciência, viva como a própria Consciência.
Seja a Consciência, sem saber que você está sendo a Consciência. Fique apenas como Consciência pura. Assim, seja livre.