Com fábricas nos cinco continentes, e veículos rodando nas estradas de mais de cem países, a brasileiríssima Marcopolo, original de Caxias do Sul, representa um motivo de orgulho para todo o país. A empresa é famosa por fazer ônibus e ser a melhor em seus produtos, graças a uma cultura empresarial revolucionária. E a inovação é a principal característica da empresa.
Foi com esse pensamento disruptivo e na busca de sempre se manter à frente, que a Marcopolo se consagrou como uma das líderes globais na fabricação de carrocerias de ônibus. Hoje, sua produção anual supera 30 mil veículos e ela tem fábricas na África do Sul, Argentina, Austrália, China, Colômbia e México. E não é só isso, a antiga empresa que adaptava carrocerias de madeira de caminhões para ônibus, hoje se destaca como uma das mais importantes empresas de soluções de mobilidade urbana internacional.
Com essa trajetória, será que podemos dizer que a Marcopolo é o maior caso de sucesso empresarial do Brasil? E como ela se tornou uma referência mundial no transporte público? A Marcopolo S.
A. é, hoje, uma empresa brasileira de referência mundial na fabricação de ônibus, micro-ônibus, peças, e soluções ferroviárias e financeiras. Mas foi com o nome Nicola & Cia.
Ltda. que a empresa de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, foi fundada, em 1949, sendo uma das pioneiras no Brasil a fabricar carroceria de ônibus. Fundada e tocada apenas pelos dois irmãos Pasquale e Santo Nicola, atualmente a empresa possui cerca de 20 mil funcionários em suas 11 fábricas espalhadas pelo mundo.
Mas sua matriz continua em Caxias do Sul. Para que você possa compreender melhor a dimensão dessa gigante nacional, apenas em 2023, ela produziu 13 mil ônibus. Deles, 83% foram fabricados em solo brasileiro, e apenas 17% no exterior.
Mesmo com queda na produção, sua receita líquida somou R$ 6,68 bilhões de reais em 2023, uma evolução de 23,4% em comparação com 2022. Durante seus 75 anos de existência, a Marcopolo foi a responsável por inúmeras inovações na mobilidade urbana. Ainda em 1983, ela foi pioneira ao apresentar o Paradiso, o primeiro modelo de ônibus de piso alto do Brasil, conhecido como High Deck.
Nos anos 90 eles se modernizaram ainda mais, e apresentaram os modelos Low Floor ou Double Decker, que são os revolucionários ônibus de piso baixo e dois andares, que os concorrentes nacionais levaram três anos para reproduzir. Apesar de levarem o mesmo nome, Paradiso e Paradiso G8, há várias diferenças entre eles. As principais, claro, estão na altura em relação ao chão e no número de andares.
Mas o modelo mais recente foi desenvolvido com um foco maior na segurança e conforto dos passageiros. Ele tem várias medidas de proteção contra vírus e bactérias, como desinfecção do ar-condicionado com luz UV-C e acabamentos antimicrobianos. A cabine do motorista foi redesenhada para dar mais visibilidade e facilitar a direção, o que deixa todo mundo mais seguro, além das poltronas bem mais confortáveis, iluminação ajustável à luz do dia ou da noite e outras coisas interessantes pra deixar a viagem mais tranquila.
E foi com esse ônibus, no final dos anos 90, que a empresa se consolidou como uma das maiores do setor no mundo, mesmo tendo começado a operar internacionalmente nos anos 80. Em 2022 a Marcopolo se tornou a líder global no mercado de transporte coletivo, sejam eles urbanos, rodoviários ou turísticos, com participação de 53,5%. Sua força internacional é tão grande que as exportações e as produções no exterior compensaram as quedas de vendas no Brasil em tempos de crise.
O seu mais novo sucesso foi a nova geração de ônibus rodoviários, o G8. Para aperfeiçoar o novo ônibus, a empresa pediu aos cem engenheiros responsáveis pelo projeto pra viajarem 44 mil km no veículo. Com isso, a empresa conseguiu incorporar 140 inovações no novo modelo.
E, pra que ele mantivesse seu potencial de uso ao longo dos anos, ela investiu mais de sete mil horas em simulação virtual e dez mil horas em testes de laboratório e testes em pista. Além disso, a nova carroceria da Marcopolo é feita com materiais mais leves, que reduziram em 80% o uso de fibra de vidro nos ônibus. Em 2023, a nova Geração G8, garantiu a ela mais da metade do mercado nacional, com cerca de 1.
387 ônibus rodoviários vendidos aqui. Mas esse sucesso vai além da produção de carrocerias. A Volare, divisão de micro-ônibus, é líder de vendas do segmento no Brasil.
E a linha de micro-ônibus da empresa gaúcha também foi pioneira por aqui na fabricação de veículos leves. Com os anos, a empresa assumiu um compromisso com a preservação ambiental, e dele veio o Attivi Integral, um ônibus coletivo urbano 100% elétrico que já circula em cidades como Curitiba, São Paulo, Ponta Grossa, Brasília e Manaus. Alinhado a esse compromisso, a empresa ainda apresentou o modelo Audace 1050, movido a célula de hidrogênio, produzido na Marcopolo China, com o chassi desenvolvido pela Allenbus e tecnologia da Sinosynergy.
Foi quando ela comprou a Apolo, antes uma empresa que fornecia peças pra Marcopolo, e que ganhou uma fábrica própria. O objetivo da compra é criar suas próprias peças de plástico na frota e, no futuro, oferecê-las pros seus concorrentes e até outras indústrias. Serão fabricados suportes para assentos e painéis, que antes eram de fibra de aço e vidro.
Por mais que inovação seja um senso comum hoje em dia, a Marcopolo enxergou isso décadas atrás. Um nome foi importante para isso acontecer. Mas quem foi essa pessoa, e como ela conseguiu transformar uma pequena empresa gaúcha na grande líder do transporte coletivo mundial?
A Marcopolo sempre esteve preocupada em inovar, estar na vanguarda do mercado. Ela foi a primeira empresa brasileira do segmento automotivo a exportar tecnologia, ainda em 1961. Esse pensamento disruptivo e entendimento da necessidade de se manter inovando são resultados das contribuições de Paulo Bellini.
Além de fundador da marca, ele ocupou o cargo de presidente emérito e contribuiu significativamente para o crescimento e sucesso dos negócios. Após uma viagem ao Japão em 1986, Bellini e um grupo de diretores da empresa conheceram os métodos japoneses de gestão e produção. A partir daquele momento Bellini aplicou dois sistemas de gestão: o Sugestões de Melhoramentos do Ambiente e o Sistema Integrado de Produção Solidária.
Abreviados para SUMAM e SIMPS, os dois sistemas tinham o objetivo de funcionarem incentivando os funcionários a participarem da melhoria do ambiente, do trabalho em equipe e da colaboração entre áreas diferentes. Ou seja, o novo sistema implantado por Bellini dava importância à valorização dos funcionários. As práticas conseguiram deixar os processos empresariais menos burocráticos e hierárquicos, fazendo os funcionários ficarem mais motivados e participativos.
Os dois sistemas implantados dariam a base para o Sistema Marcopolo que seguia o mais novo lema de Paulo Bellini: “As pessoas são nosso grande diferencial competitivo”. Junto a essa percepção, Bellini se dedicou à criação de um ambiente de confiança, com mão de obra altamente qualificada. ‘Fazer Acontecer’ se tornou uma das principais políticas da empresa, o planejamento de um novo projeto acontece quase que instantaneamente com a sua execução, permitindo a praticidade da montagem e o lançamento contínuo de novas ideias.
Seguindo esses novos conceitos, Bellini conseguiu tornar a empresa mais produtiva e deu início ao processo de internacionalização dos serviços da Marcopolo. O processo levou em conta a criação de uma alta confiança junto ao cliente e da realização de pesquisa do mercado internacional e entendimento das necessidades de cada país. “Ele foi além dos métodos dos japoneses.
Ele entendeu a essência de tudo aquilo e criou um sistema próprio, para os funcionários no Brasil. A Marcopolo não é simplesmente uma fábrica, é uma cultura. ” diz José Rubens de la Rosa, Diretor Executivo da empresa entre 2000 e 2015.
Além disso, os funcionários possuem participação dos lucros toda vez que atingem as metas anuais. Essa remuneração existe de maneira transparente, onde é possível visualizar por toda a fábrica, em murais, os indicadores e metas, os valores obtidos mês a mês e o percentual final acumulado. A empresa adota a formação de equipes externas que se comunicam diretamente com os clientes.
Essas equipes viajam nos ônibus que desenvolveram, a fim de entender a experiência dos passageiros, identificar problemas e encontrar soluções. Ela também conta com centros de observação de tendências e mercado, pra se manter ciente das novas tecnologias e tendências. “Quando a empresa iniciou o processo de desenvolvimento do Attivi Integral em 2018, praticamente não se falava em ônibus elétrico no Brasil, quando iniciou esse projeto estava olhando o movimento da descarbonização no mercado asiático, especificamente a China, que começava de maneira mais robusta a tratar deste tema.
”, exemplifica Ricardo Portolan, diretor de operações comerciais Essa capacidade de planejamento os ajudou a superar crises, como a de 2008 e a pandemia, sem demitir funcionários. Nos últimos anos, a Marcopolo tem incentivado pesquisas relacionadas ao biodiesel, diesel verde e gás natural, fontes de energia renovável que podem substituir o uso de combustíveis fósseis. Seus últimos lançamentos também tiveram como foco a responsabilidade ambiental.
O G8, por exemplo, teve redução de 50% de consumo de energia em sua produção e substituição da fibra de vidro. A empresa ainda lançou seu primeiro ônibus elétrico, um modelo movido a hidrogênio e alternativas com motores híbridos. Como resultado, ela conseguiu realizar a maior venda de sua história para um único cliente: a BsBus, do Distrito Federal, adquiriu 473 unidades do modelo Mercedes-Benz 1721, com carroceria Marcopolo Torino e tecnologia BlueTec, que reduz drasticamente as emissões de poluentes.
E foi justamente por conta da tecnologia sustentável que a BsBus escolheu o produto. Todas as inovações trouxeram resultados surpreendentes, e ela conseguiu fechar o ano de 2023 com o maior lucro já registrado nos seus 75 anos. Com receita líquida de R$ 6,68 bilhões, a empresa contabilizou R$ 810,8 milhões de lucro, um valor 85,6% maior que no ano anterior.
Mas inovação e estratégias corporativas não são suficientes para se manter como referência global. É preciso muito mais do que isso. Como muitos dizem, “mais difícil que chegar no topo é se manter lá.
A questão é: a Marcopolo saberá o que fazer? Desde o fim da pandemia, os negócios da empresa vêm passando por uma mudança significativa, quando ela deixa de ser uma fabricante de ônibus para se transformar em uma corporação de soluções de mobilidade. Exemplo disso é a Marcopolo Rail, a unidade de negócios do grupo especializada no desenvolvimento de metroferroviários.
Criada em 2017, a unidade que tem fábrica e equipe próprias teve, neste ano, sua capacidade produtiva ampliada e deve entregar trens para o Chile ainda em 2024. Ela apresentou o Prosper VLT Hybrid, um veículo que combina motores diesel e elétrico para oferecer uma solução sustentável e eficiente, além de ser seguro e ter baixos custos operacionais. Ele pode operar em várias bitolas e possui um sistema de ar-condicionado e poltronas ergonômicas.
E pra entender como a empresa hoje não é somente mais uma fabricante de carrocerias de ônibus, e sim uma corporação comprometida com a melhoria do transporte urbano, ela mantém uma divisão chamada Marcopolo Next, dedicada à inovação e aceleração de projetos. Com mais de 400 colaboradores, essa área é crucial para disseminar sua cultura de inovação internamente. Segundo Alexandre Cruz, líder de investimentos, inovação e novos negócios da Next, a divisão tem firmado grandes parcerias, incluindo uma recente com a startup brasileira Lume Robotics.
Em junho de 2023, essa parceria resultou na apresentação do primeiro protótipo de micro-ônibus autônomo da América do Sul, uma versão autônoma do Volare Attack 8, desenvolvido após dois anos de estudos. Esse veículo opera sem intervenção ou monitoramento remoto, oferecendo segurança, conforto e sustentabilidade. Cruz acredita que esses investimentos consolidam a Marcopolo como um líder global nas demandas de transporte coletivo e mobilidade urbana.
Grandes corporações, como a Apple, que passou a focar seus negócios no setor de soluções de novos serviços, ao invés de novos produtos; ou a Microsoft, que mudou sua ênfase pro armazenamento em nuvem, mostram que se reinventar e inovar são táticas essenciais para continuar no topo em um mundo corporativo que está em constante transformação. Isso indica que a empresa gaúcha deve, sim, estar no caminho certo. Foi entendendo bem o que está fazendo que a Marcopolo se tornou uma gigante, uma gigante do Brasil para o mundo.
E aí, o que achou dessa empresa brasileira que está dominando o mercado mundial? Deixa aqui nos comentários abaixo. Agora, pra descobrir como a nova inteligência artificial do YouTube funciona e como você pode fazer pra crescer um canal e construir um negócio na internet postando poucos vídeos por mês, confere uma aula grátis no primeiro link da descrição, ou apontando a câmera do seu celular para o QR code que tá aqui na tela antes que essa aula saia do ar.
E pra entender como a China está dominando o mercado automotivo, as estratégias usadas pra chegar até aqui, e qual é o verdadeiro impacto dessa dominância no mercado global, confere esse vídeo aqui que tá na tela. Então aperta nele aí que eu te vejo lá em alguns segundos. Por esse vídeo é isso, um grande abraço e até mais.