Aula Escherichia coli patogênica - UFRJ Macaé

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Fernanda Cavalcante
Aula sobre Escherichia coli, com ênfase nas características de virulência e patogênese dos principai...
Video Transcript:
Oi Oi pessoal tudo bom hoje a nossa aula vai  ser sobre Escherichia coli, que é uma espécie bacteriana muito comum e muito importante  porque é uma das bactérias mais prevalentes no nosso organismo ela é predominante no nosso  trato de digestivo e normalmente a Escherichia coli é uma bactéria que a gente nem falaria  muito porque ela é extremamente inofensiva, é uma bactéria que não nos causa nenhum problema  na maioria das vezes mas a gente sabe hoje que existem determinadas cepas ou seja determinados  tipos de E. coli que evoluíram e são capazes então de causar uma doença né ativamente elas  desencadeiam um processo patogênico no ser humano e é dessas que a gente vai tratar nessa aula tá?  A nossa aula aqui é uma continuação da aula de enterobactérias, então se vocês não assistiram  essa aula de introdução às enterobactérias, porque lá vocês vão ter uma noção geral do que  são essas bactérias, o que é uma enterobactéria, quais são as características que todas as  enterobactérias têm em comum, a porque a E.
coli ela é uma enterobactéria clássica tá? E a  gente vai começar a falar um pouquinho sobre ela, vocês vão ver como ela é uma bactéria importante  para a saúde e para a doença também. A E.
coli então como todas as enterobactérias ela é um  bastonete gram negativo né ela tem essa forma de bacilo e ela é gram-negativa. Uma característica  de todas as enterobactérias e que E. coli não foge à regra é que ela é lactose Positivo então ela  consegue metabolizar a lactose.
Ela é uma bactéria Movel como flagelos peritríquios ou seja ela é  toda cheia de flagelo em todas a sua estrutura celular e possui muitas fimbrias, então os  flagelos eles são mais compridinhos e estão envolvidos no processo de locomoção da célula  bacteriana enquanto as fimbrias vão ter outro papel principalmente de adesão. São mais curtinhos  a gente não consegue ver aqui. A E.
colin habita o trato gastrointestinal de todos os mamíferos  todos os animais de sangue quente, ela é uma bactéria normalmente ofensiva como eu falei  pra vocês, uma bactéria da microbiota clássica, ela vive no intestino e não causa nenhum problema  e como ela bactéria muito comum e pouco patogênica ela é foi utilizada como um organismo padrão  para você estudar qualquer característica de bactéria. Então hoje a E. coli é organismo mais  estudado no mundo a gente tem várias informações sobre tudo que você pesquisa sobre uma bactéria  você tem essa informação para E.
coli porque ela é uma bactéria exaustivamente estudada. Uma  das aplicações da E. coli e aí gente não tá mais falando de doença né a gente tá falando por  exemplo de como utilizar uma bactéria para uma uma finalidade qualquer então por exemplo a gente pode  utilizar E.
coli como marcador de qualidade da água né quando a gente escuta: "ah porque a praia  tá com muitos coliformes, ela está imprópria para banho porque ela tem coliformes fecais, tem alta  contagem de coliformes fecais". Quando a gente tá falando de coliformes fecais, a gente está falando  basicamente de E. coli.
E vários órgãos ambientais fazem essa contagem né da presença de coliformes  ou seja de E. coli na água porque isso indica a contaminação daquela água por esgoto então assim,  a alta contagem de coliformes fecais em si não é um problema porque E. coli na sua maioria  não é uma bactéria é patogênica mas se você encontra E.
coli naquela água e a E. coli vive no  intestino dos mamíferos significa que aquela água está contaminada por esgoto ou seja por fezes.  Então isso é uma informação importante na questão ambiental.
E na biologia molecular e na Indústria  Farmacêutica também a gente utiliza muito E. coli como um organismo produtor de vacinas e de  medicamentos, a vacina de hepatite B e vários medicamentos como insulina humana que é vendido  em farmácia hoje é produzido em E. coli.
Então são várias aplicações que essa bactéria. Como vocês  já viram, a E. coli, como outras enterobactérias, ela pode ser tipada de acordo com seus antígenos  no caso O ou o H.
O “O” se refere o LPS e o H aos flagelo, gerando e sorotipos de E. coli  por exemplo O157:H7 que a gente vai ver que é um sorotipo bastante importante. Normalmente  como eu já falei para você a E.
coli é comensal, comensal é aquela bactéria que vive na nossa  microbiota, ela não tem capacidade de desencadear um processo infeccioso, ela não invade, ela vive  normalmente no intestino inclusive ela impede que outras bactérias e organismos patogénicos, se  espalhem o nosso intestino, ela nos protege na verdade. Elas só vão vir a causar alguma infecção  em uma situação específica por exemplo no caso de uma perfuração intestinal ou no caso de um uso  prolongado de algum algum algum procedimento invasivo sendo que a sonda urinária, que o  cateter vesical, ele é o dispositivo invasivo mais associado a infecção por Escherichia coli.  Um paciente hospitalizado que utiliza cateter vesical, ele tem, depois de três meses utilizando  o cateter, praticamente 100 por cento dos casos evolui para uma infecção urinária hospitalar,  porque a bactéria que vive no trato intestinal daquele paciente acaba subindo pela sonda  acessando a bexiga e vindo a causar uma infecção urinária.
Mas outras infecções hospitalares por  Escherichia coli também são muito comuns. No caso da perfuração intestinal é muito comum por exemplo  um paciente que sofre, eu sei lá, uma perfuração por bala, por arma de fogo, ou então em algum  acidente onde você tem a perfuração do intestino, aí sim essas bactérias comensais elas são muito  perigosas porque nesse caso você tá tendo, quando você perfurou o intestino, você tá levando  para corrente sanguínea um número imenso de bactérias. A Eschericha coli ela não é normalmente  patogênica mas você colocar ela na corrente sanguínea, aí a situação muda de figura né, não  é que ela invadiu mas ela foi levada ao sangue, e aí você vai ter todos aqueles eventos que  são relacionados à sepse né que a proliferação é exagerada no sangue.
Bom isso, que a gente  conversou se refere a E. coli comensal que é uma bactéria que não têm fatores de virulência  tá agora algumas raras Escherichia coli, elas desenvolveram a capacidade de se tornarem  patogênicas. Como que elas conseguiram isso?
Através da aquisição de determinados genes,  determinados plasmídeos, determinadas ilhas de patogenicidade, fagos né, que são vírus que  infectam bactérias e conferem a essa bactéria a capacidade de desencadear uma doença, de  produzir alguma adesina, enfim, através de seus processos de aquisição de gene de virulência  uma E. coli comensal, que é E. coli inofensiva, passa a ser uma bactéria patogênica, e é delas  que a gente vai tratar nos próximos slides.
Antes disso é importante a gente saber né, eu vou  falar bastante aqui de diarréias agudas causadas por Escherichia coli, então é importante a  gente ter uma noção primeiro, pra gente não ficar perdido de o que é uma diarreia tá? Diarreia  é um conceito bastante intuitivo todo mundo sabe, todo mundo teve uma diarreia. Agora, a gente tem  que entender que a diarreia ela pode ser causada por diferentes bactérias e ela pode ser causada  por diferentes lesões nos nossos enterócitos né então você tem diarreias que são causadas por por  agressões aos enterócitos, mas esses enterócitos permanecem intactos ou seja eles não são  destruídos nem são lesionados tá a gente vai ver que determinadas bactérias produzem toxinas que  prejudicam mas não matam nem lesionam o enterócito a gente tem também algumas bactérias que elas que  simplesmente revestem o epitélio impedem que os nutrientes sejam absorvidos por esses enterócitos. 
Outras bactérias vão causar lesões elas não vão matar nem invadir ou melhor elas não vão chegar  a entrar nos enterócitos Mas elas podem lesionar, no caso desfazendo as vilosidades, e podem mesmo  matar esses enterócitos e a gente tem outras bactérias que vão atuar causando diarreia por  invasão dessa célula tá ela vai entrar ativamente dentro do enterócito e causar um tipo de alteração  que vai levar diarreia tá pode ser por penetração na mucosa ou pode ser uma uma invasão que vai  levar a não ficar limitada não só da mucosa mas também vai causar uma infecção generalizada que  quando a bactéria a invadir o interior rosto mais chega na corrente sanguínea. Então é importante  a gente mencionar isso aqui para a gente entender Quais são os mecanismos que cada tipo de E.  coli pode causar e vamos falar um de cada vez, a gente tem seis tipos de E.
coli que a gente  vai vir aqui tá eu não quero que vocês saibam detalhes do detalhe não é necessário isso mas é  só importante vocês saberem que nós temos seis tipos de diferente E. coli que é a mesma espécie  mas cada uma tem a capacidade de causar um quadro patogênico diferente é importante vocês saberem  pelo menos os aspectos gerais de cada uma delas tá então a primeira que a gente vai tratar que  foi o primeiro E. coli patogênica a ser descrita é EPEC.
EPEC é de E. coli enteropatogênica.  Enteropatogênica E.
coli tá? A E. coli enteropatogênica ela tem uma característica  marcante que é chegar no intestino e provocar a o aparecimento de uma lesão chamada lesão A/E. 
“A/E” é de attachment/effacement , que significa adesão e apagamento ou seja essa bactéria ao se  ligar nos enterócitos ela leva a uma pagamento das microvilosidades deixa eu consertar aqui o  apagamento das microvilosidades E pior quando ela se cola ela leva. . .
aquelas microvilosidades  somem e a parede, a parede não, a superfície do enterócito ela sobe colocando essa bactéria  no pedestal como se ela fosse “uma estrela” Olha só né então isso aqui gente como a gente  tá vendo essa imagem preto e branco essas essas coisas compridinhas aqui são as microvilosidades  e quando a bactéria chega essas microvilosidades somem e ela fica numa espécie de pedestal para  ela tá vendo isso é uma coisa bem complicada aqui tem mais uma figura tá é isso é uma coisa muito  complicada porque nessas figuras que eu mostrei para vocês a gente tá vendo uma bactéria só né  que tá apagando a microvilosidade aqui fazendo esse pedestal, mas a gente não consegue ver outras  microvilosidades em volta, só que quando você tem uma infecção bacteriana né é por essa espécie  por esse tipo de E. coli todo o nosso epitélio intestinal vai ser revestido por uma bactéria que  vai estar apagando a microvilosidade Então você se não tem microvilosidade não tem absorção né  não tem absorção nem de água nem de nutrientes e com isso tudo que é ingerido pela pela pessoa  vai passar por esse intestino e não vai ser absorvido gente tudo que está no intestino e  não é absorvido vai sair e quando sair vai pro vai ser uma diarreia porque você vai ter fezes,  você vai ter fezes não formadas ou mal formadas né Porque não houve uma absorção, a água vai  sair da forma que entrou e aí você vai tá tendo um processo diarreico. Então parece bastante  complicado, aqui no slide eu coloco toda a descrição mas não tem necessidade de vocês saberem  tudo isso nesse momento tá é importante só saber que aí E.
coli enteropatogênica que é EPEC,  vamos voltar aqui, ela e destrói ela apaga as microvilosidades né e faz com que a bactéria  fique. . .
ela deforma a superfície da célula do intestino causando esse pedestal Então você não  tem mais microvilosidade não tendo microvilosidade você faz o processo diarreico certo? essa foi  uma das primeiras E. coli patogênicas a serem identificadas por isso que ela deu esse nome  porque se a gente for ver, todas as outras seis tipos de E.
coli que a gente vai vir aqui todos  os outros cinco né com a EPEC 6, todos eles são no fim das contas E. coli enteropatogenica porque  tá causando um quadro patogênico do intestino mas ela ganhou esse nome porque foi a primeira a ser  identificada. E E.
coli enteropatogênica ela tem um uma capacidade muitas vezes e se tornar até  pior o quadro fica agravado nesse caso a gente tá falando daí E. coli é entero hemorrágica que  é a EHEC. No caso da EHEC você vai ter uma EPEC ou seja uma E.
coli que produz, faz uma lesão A/E  né apaga as microvilosidades a bactéria fica ali naquele pedestal que eu falei para vocês só  que além disso essa bactéria capaz também de produzir uma toxina chamada toxina Shiga like ou  seja uma toxina semelhante a de shigella depois vocês confiram na aula de Shigella lá o que que  é toxina de da Shigella basicamente o toxina da Shigella ela ela é quando encontra uma célula e  ela vai degradar o RNA ribossomal dessa célula se a gente não tem RNA ribossomal Numa célula não  tem produção de proteínas e uma célula que não têm RNA ribossomal não tem proteínas ela morre tá  quando ela morre você vai ter uma deficiência de enterócitos ali naquele intestino e nesse caso  também você vai ter uma diarreia porque se você não tem enterócitos, os enterócitos estão mortos  você não vai ter absorção a mais uma vez a chave do processo diarreico é a falta de absorção no  caso da EPEC a falta de absorção é porque você não tem mais as microvilosidades a bactéria Apagou  as microvilosidades nesse caso aqui E você também tem uma Apagamento das microvilosidades Mas além  disso a bactéria está produzindo uma toxina que está matando as suas células é do intestino  tá o interessante aqui é que como você mata esse enterócito que é uma coisa que não ocorre na  EPEC nesse caso aqui como você mata o enterócito o intestino fica cheio de. . .
como se fosse  uns furinhos né que é onde um de estaria né o enterócito que morreu e aí você tem perda de  sangue por esses espaços por isso que a diarreia da EHEC é uma diarreia com sangue para os que ela  se chama entero hemorrágica tá A EHEC ela já é um problema no intestino porque você tem o apagamento  das microvilosidades a morte da dos enterócitos né e a diarreia com sangue isso já é um problema  mas algumas vezes também a EHEC ela pode causar um quadro mais grave chamado síndrome hemolítica  urêmica Vou falar aqui só para vocês saberem mas também não precisa entrar em grandes detalhes como  tá aqui não tá nesse caso você no caso da síndrome hemolítico-urêmica ela não é causa da por todos os  tipos de EHEC só pelo sorotipo O157: H7 nesse caso em quando você tem no intestino essa infecção  muitas vezes essa toxina de Shiga que vai matar o enterócito Ela não fica limitada ao intestino  acaba caindo na corrente sanguínea e aqui gente eu não tô falando de bactérias na corrente sanguínea  não tá eu tô falando de toxina toxina Que cai na corrente sanguínea, a bactéria fica no intestino  e é essa toxina vai cair na corrente sanguínea e vai ficar circulando quando ela chegar nos  glomérulos renais ela pode causar uma série de problemas ali basicamente ela vai começar a matar  células células dos glomérulos da mesma forma que ela matou os enterócitos E aí você vai ter um  quadro que a gente chama de anemia hemolítica tá esse quadro que é grave ele pode levar uma  insuficiência renal aguda teve vários surtos de síndrome hemolítico-urêmica nos Estados Unidos  um tempo atrás e eles são bem neuróticos com EHEC por causa disso tá mas no Brasil é bem pouco  bem pouco frequente tá basicamente porque o nossa nossa carne aqui com os alimentos de origem animal  eles não vem contaminados com a EHEC, a EHEC ela é uma bactéria que habita naturalmente o intestino  dos ruminantes, do Boi, da vaca só que os nossos alimentos aqui à base de carne Leite eles não são  contaminados com fezes dos animais basicamente porque o nosso rebanho Ele não vive confinado. Se  você passa pela estrada aqui em Macaé mesmo você vê que o bicho pasta livre então ele não fica em  contato com as fezes o tempo todo então você não tem contaminação da carne e do leite por fezes. Em  países mais desenvolvidos que não tem muito espaço para rebanho ou que por algum motivo o rebanho  vive confinado o boi não fica livre fica sempre no curralzinho o animal tá sempre se contaminando  com as fezes que elimina E aí quando você tem a produção de leite ou a produção de carne você  tem esse esse alimento sendo contaminado pela EHEC tá Então a gente tem notícias de surtos fora  do Brasil, no Brasil é pouco frequente mas fora do Brasil já foi muito comum isso tá então é um  quadro voltando aqui que é um quadro de anemia hemolítica causada por uma bactéria intestinal  né de causou uma infecção intestinal e a toxina caiu na corrente sanguínea afetando glomérulo  não foi a bactéria foi a toxina tá bom?
E aí o terceiro tipo de E. coli é. .
. também patogênica  é a EIEC, é a enteroinvasora tá nesse caso a gente vai ter uma E. coli que vai invadir a célula M  eu não sei se vocês já viram célula M em imuno, acho que sim a célula M é uma célula da imunidade  que vive.
. . que fica no meio dos enterócitos né então você tem os enterócitos, tem vários  enterócitos e uma célula M no meio estão lá e serve para fazer o transporte de macrófagos,  de anticorpos, tudo que for passar pro intestino, ela é como se fosse um portão né e muitas  bactérias utilizam nossa célula M para atravessar e conseguir acessar o interior do  nosso organismo tá E aí a EIEC ela faz isso, ela atravessa a célula M ela chega bem aqui na  base de onde estão as células e quando ela chega aqui ela começa a invadir os enterócitos pela base  e depois uma vez que ela entra nos enterócitos ela vai passando de um para o outro lateralmente.
É,  nesse caso aqui a gente vai ter uma destruição de todos esses enterócitos sempre que uma E. coli  consegue atravessar, entrar em um enterócito e ir passando de um para o outro em todos esses  que ela entra ela causa uma destruição E mais uma vez se a gente não tem em enterócitos, porque  eles foram destruídos, qual é a consequência? não temos absorção de água e nutrientes, e se  não temos absorção de água além de nutrientes a água e os nutrientes que passaram eles vão sair da  mesma forma que entraram e o nome disso é diarreia O quarto tipo de E.
coli é E. coli  enterotoxigênica Então você vai ter aqui nesse caso uma E. coli que Como o próprio  nome diz ela produz uma toxina tá, “ah professora a EHEC também produz toxinas” sim, produz uma  toxina chamada toxina Shiga like, É verdade, que vai levar à morte dos enterócitos, essa aqui  é uma outra enterotoxina que é muito parecidacom a toxina colérica que nós vamos ver na aula de  Vibrio cholerae, nesse caso não vai haver morte desse enterócito tá, a toxina de Shiga ela vai  causar sim a morte do enterócito porque ela vai parar síntese proteica.
Aqui a ETEC não vai ter  morte do enterócito o que a gente vai ter é essa toxina levando uma série de alterações dentro da  célula intestinal que vai culminar na abertura dos canais de cloro e de outros íons na célula. Gente,  toda vez que vocês. .
. que a gente consegue abrir os canais de cloro de uma célula os íons todos vão  sair, cloro vai sair, e toda vez que o cloro sai o cloro leva a água junto com ele, isso é uma uma  uma questão química o cloro é muito higroscópico, o sódio é muito higroscópico, o cloro,então toda  vez que esses íons saem eles puxam a água também, então você vai ter uma situação, uma infecção onde  a bactéria está aqui na superfície da enterócito, ela não invadiu, Ela tá aqui na superfície, ela  vai produzir uma toxina que vai fazer uma série de alterações aqui dentro dos enterócitos E essa  era alterações vão culminar na saída de uma grande quantidade de água das células e aí quando você  tem um enterócito que está jogando água para fora, que além de não está absorvendo nada ainda tá  jogando água para fora você vai ter o que? um processo diarreico também tá?
porque além de não  estar havendo uma absorção, os nutrientes e água estão passando por aqui sem serem absorvidos,  além disso se você tem um processo onde uma grande quantidade de água está sendo jogada na  luz intestinal, e água no intestino vai fazer o que? vai sair, e vai sair na forma de fezes  aquaosas, que é o processo de diarreico, certo? A quinta Escherichia Coli enteropatogênica,  enteropatogênica não, a quinta E.
coli patogênica é a EAEC, a E. coli enteroagregativa. A  E.
coli enteroagregativa, ela parece ser, se a gente olhar, ela parece ser mais bobinho de  todas né, porque aqui ela não produz toxinas ela produz uma toxina bem boba que vai levar produção  de muco, então ela vai chegar aqui vai se colar no intestino. A grande, a grande vantagem dela  é fazer uma grande adesão se espalhar em todo o epitélio intestinal, vai produzir um biofilme,  eu acho que vocês já ouviram essa palavra né, vai induzir a formação de muco, o muco vai fazer  com uma cola para colar esse monte de bactérias na superfície do intestino, é. .
. e ela vai, ela  vai. .
. . isso aqui, toda essa parte, essa parte do intestino vai ser.
. . vai ficar revestida de  bactérias né, no modelo que a gente chama de tijolos empilhados, porque você tem uma camada de  bactéria, daqui a pouco vem mais uma camada, daqui a pouco outra camada.
. . Quando você vê tem uma  série de camadas de E.
coli uma em cima da outra e presas por esse muco que ela induziu a célula  a produzir. Se a gente olhar isso aqui e ficar pensando, a gente pensa assim, é a mais simples  né, que tem porque ela se a gente for recapitular, vamos recapitular, a EPEC é a bactéria adere apaga  as microvilosidades e formam um pedestal, a EHEC você tem uma pagamento dos microvilosidades,  a formação de um pedestal e a produção de uma toxina shiga like né, semelhante à toxina de  Shiga, que vai matar aquele enterócito por paralisar síntese proteica, a EIEC nós temos uma  invasão do epitélio né, a bactéria entra aquelas células M e depois ela vai entrando destruindo  todos os enterócitos Nos quais ela entra e a ETEC você não tem invasão da célula mas você  tem uma bactéria que se fixa na superfície do enterócito e induz aquele enterócito a expulsar  o tempo inteiro uma grande quantidade de água, nesse caso da EAEC você não tem esse mecanismo  tão agressivo a bactéria simplesmente se adere na superfície intestinal e fica aqui coladinha  formando esse biofilme né? Aparentemente Esse é um processo inofensivo mas esse aqui, essa bactéria,  esse tipo de E.
coli é uma das mais perigosas, porque é esse tipo que leva a mortalidade  infantil. Por que nesse caso aqui você tem uma diarreia bastante. .
. como a gente pode dizer?  Insidiosa.
Ou seja uma diarreia que vai chegando, vai cronificando, porque você não tem perda  de sangue, Você não tem uma agressão à mucosa, então a criança vai ficando com essa camada de  bactérias aqui durante muito tempo, absorção vai se tornando cada vez mais prejudicada a  criança, vai entrando num processo de desnutrição, de diarreia crônica e de desnutrição durante  muito tempo, até que ela venha morrer por um processo de desnutrição grave tá? então a EAEC,  ela não tem nenhuma agressão é propriamente dita ao enterócito ela apenas fica localizada aqui em  cima no biofilme e estimulando a produção de muco, mas justamente por causa disso, como ela não  induz uma resposta inflamatória intensa e nem e nem leva a uma à uma diarreia muito muito  agressiva, é uma diarreia mais Branda e que fica durante muito tempo ela pode causar um quadro  de desnutrição grave depois de um tempo, certo? e as manifestações clínicas das Escherichia coli  patogênica são todas muito parecidas, sempre uma febre baixa, normalmente baixa tá, porque só tem  febre alta quando a bactéria entra na corrente sanguínea, basicamente se não entrou Você não  tem uma febre muito alta e os dores abdominais quase sempre relacionadas à produção de gases,  porque essas bactérias são.
. . elas produzem, elas induzem a produção de gás muito de uma forma muito  intensa tá?
A ETEC e a EPEC elas normalmente estão associadas ao quadro de diarreia aquosa. Sangue de  verdade a gente só vai ver na EHEC e na EEIEC aqui porque são as os tipos de E. coli que vão levar  à morte do enterócito, aí quando você não tem o enterócito morrendo, você não vê sangue, e no  caso da EAEC, a gente vê um muco porque ela induz a produção de um muco para se manter colada ali no  enterócito tá?
Sendo que EAEC e a EPEC, elas têm uma tendência grande de cronificar, especialmente  a EAEC, que causa diarreia persistente por muitos meses e à má absorção dos dos nutrientes que levam  os quadros de desnutrição e mortalidade infantil que a gente vê tanto. . .
no Brasil a gente ainda vê  muitos casos né, Tem muito casos que. . .
a diarreia ainda é o segundo ou terceiro, segunda ou  terceira causa de mortalidade infantil no Brasil, já foi o primeiro, atualmente graças a Deus vem  caindo tá? A EHEC, a ETEC e EIEC são sempre agudas ou seja, ou seja, sempre aparecem, causam o  processo diarreico, e somem não cronificam e é. .
. normalmente, aliás, normalmente não, sempre  né, transmissão por água, no caso de alimentos contaminados se esses alimentos tiverem contato  com fezes ou se eles forem, se você tiver falando de uma de uma verdura ou hortaliça que foi regada  com água contaminada. Mas basicamente água né, a criança, criança pequena, por quê que se  estimula tanto a amamentação né, dentre outros motivos para você se certificar de que a criança  não vai ingerir um leite preparado, um leite em pó preparado com uma água que não foi filtrada, que  não foi fervida, que pode estar cheio de E.
coli tá, as crianças de países desenvolvimento são as  mais afetadas devido ao fácil acesso a esgoto né, a falta de saneamento básico, água não  tratada e como eu falei para vocês, uma das principais causas de mortalidade infantil  ainda é EPEC e EAEC, devido à diarreia crônica que ela estabelece tá, agora também muito comum  diarreia do Viajante né como. . .
sei lá, se você você vai viajar para a Índia por exemplo, México,  China que são países que têm tradicionalmente um acesso muito ruim a tratamento de água, é. . . 
você acaba desenvolvendo uma diarreia aguda aí por uma ETEC ou por uma EIEC, tá? Tratamento a  gente sempre vida antibióticos, diarreia de modo geral a gente evita antibióticos tá, a gente vai  ver que só para o Vibrio cholerae aí que a gente não é não não abre mão do antibiótico tá, para  as outras enquanto não for um quadro muito grave evita antibiótico, porque o antibiótico acaba  perturbando a microbiota intestinal toda. Então você acaba matando bactérias que poderiam  ser benéficas poderiam ajudar a combater o patógeno né E sempre manter hidratação para  evitar a desidratação que a diarreia causa, com a perda de água né?
E a prevenção o básico  né saneamento, cuidado da água, dos alimentos, estimular o aleitamento materno né porque como  eu falei, você evita que a criança tenha muito cedo acesso a uma água que não é tratada. E aí a  gente sempre que fala sobre prevenção, tratamento, acaba se dirigindo para o final da aula mas eu  não podia terminar a aula sem falar da Escherichia coli uropatogênica, né que não. .
ela não causa  uma manifestação intestinal, pelo contrário, uma manifestação urinária, mas ela tem origem no  trato intestinal então é uma E. coli de origem intestinal que vai causar um problema urinário.  É, a Escherichia coli uropatogênica é a causa mais comum de infecção urinária comunitária.
Que que é  Comunitária? É a infecção urinária que dá em uma pessoa que está bem de saúde e de repente começa  a apresentar os sintomas de infecção urinária né, normalmente começa apresentar aquele sintomas de  poliúria, disúria né, ou seja, faz xixi muitas vezes, quando faz xixi dói, tem aquela sensação de  que a uretra e a bexiga não esvaziou, Às vezes vem sangue na urina né, é muito comum em mulheres,  é. .
. a Escherichia coli, a uropatogênica né, ela tem uma facilidade muito grande de se ligar  a bexiga né ela vai se ligando, ela tem fímbrias que se ligam a bexiga se multiplicam, invadem esse  epitélio e causa um processo inflamatório intenso na parede desse epitélio da bexiga, então quando  causa esse processo se esse processo inflamatório ela atrai leucócitos, forma pus, por isso que a  urina ela. .
. de uma pessoa com infecção urinária, ela fica ela fica esbranquiçada, ela fica com  presença de piócitos né que é o pus e você tem, a pessoa sente muita dor. As infecções urinárias  comunitários, então 95% delas são causadas por o UPEC né que é a E, coli uropatogênica né, os  outros cinco porcento são por outras bactérias principalmente Proteus e Staphylococcus  saprophyticus, mas E.
coli uropatogênica é principal. E os sintomas clássicos como eu já  falei piúria, disúria, poliúria né, faz xixi muitas vezes: poliúria, dor urinária: disúria,  piúria que é a urina com pus, é muito mais comum em mulheres em idade fértil né pelo tamanho da  uretra que é mais curta. O diagnóstico é feito com cultivo, né você cultiva urina e se tiver mais  de 1.
000 unidades formadoras de colônia, a gente determina que é uma infecção, uma forma também do  diagnóstico em laboratório é verificar se a urina tem nitrito, porque se tem nitrito significa  que existe E. coli ali fazendo metabolismo né, conversando Nitrato e nitrito, então também é  uma forma de diagnosticar. No caso da E.
coli uropatogênica, Diferentemente das diarréias,  da E. coli que causa diarreia a uropatogênica a gente sim trata com antibiótico tá, normalmente  com sulfametoxazol-trimetoprim ou Ciprofloxacina que são os antibióticos mais recomendados.  Um problema que pode ocorrer, porque assim, infecção urinária todo mundo tem toda a mulher  teve ou vai ter Mas normalmente é limitada mas ela pode também subir sair da bexiga e subir para  os rins causando uma infecção mais séria chamada pielonefrite.
Mas gente é isso que eu queria que  vocês soubessem de E. coli, parece muita coisa parece complicado mas ninguém precisa entrar em  detalhes se vocês perceberem as aula não entrei nada muito aprofundado eu só quero que você saibam  que existem seis tipos E. coli e que cada uma tem as suas particularidades tá, o que cada uma faz  você tem que saber mais ou menos, até porque voltando no outro slide, cada uma vai manifestar  uma diarreia com algumas características tá, e eu preciso que vocês saibam disso então é  isso e até a próxima aula bom estudo para vocês.
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