A Semana de Arte Moderna de 1922 | Cinema Novo, Tropicalismo e os ecos da Semana que nunca terminou

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Oi e aí galera Vocês já viram as aulas anteriores desse curso do Se Liga sobre a Semana de Arte Moderna de 1922 se você já viu você já sabe que o evento em si essa semana de arte moderna não fez lá grande sucesso lá no começo do século 20 quando ela foi realizada agora as ideias que foram discutidas na semana acabaram influenciando novas ideias e novas Vertentes artísticas e culturais aqui no Brasil durante Praticamente todo o século 20 e nesta última aula do curso a gente vai falar com justamente desses reflexos então se liga se
liga a hora de Arte Moderna de 1922 foi um evento onde as ideias de renovação e de ruptura com a estética do passado se convergiram só que dentro de toda essa convergência tinha muita divergência também e assim aqueles autores que participaram diretamente do evento lá no comecinho do século 20 acabaram buscando outros caminhos abriram novas possibilidades para Vertentes artísticas diferenciadas e renovações culturais só que tudo isso era feito dentro de um debate bastante é caloroso a produção artística e cultural brasileira foi tão volumosa e foi tão intensa nos anos seguintes a Semana de Arte Moderna
que o Mário de Andrade chegou a chamar o período entre 1922 em 1930 de orgia intelectual onde todas as ideias o público para serem debatidos e a produção literária Desse pessoal que escrevi dentro dessas novas ideias ganhava força por meio da divulgação feita em revistas especializadas e criadas pelos próprios modernistas uma dessas revistas foi a plaxo uma publicação mensal que circulam em São Paulo entre maio de 1922 e Janeiro de 1923 o nome era inspirado na marca de buzinas que equipar vão os automóveis daquela época famosa buzina klaxon e as publicações traziam a Li muitos
textos e muitos desenhos e outras obras daqueles artistas que participaram da Semana de Arte Moderna tudo Pregando a Inovação Pregando a velocidade a modernidade a tecnologia enfim o afastamento da realidade tradicional clássica e já a revista de antropofagia circulava semanalmente entre os anos de 1928 e 1929 e ela teve duas fases ou melhor duas dentições diferentes que era o modo como os modernistas gostavam de chamar esses momentos de publicação bom a primeira dentição da revista de antropofagia era mais é democrática ela não tinha uma linha editorial muito específica e por isso participavam diversos autores que
tinham Ligação Direta com o movimento de 1922 mesmo que eles tivessem ideias é opositoras entre si entre eles ali já a segunda dentição já tinha uma linha crítica mais definida eles criticavam não só a produção literária daqueles autores divergentes como também criticavam muito a desigualdade social a sociedade ao todo as questões políticas e principalmente a história do Brasil que para eles era contada com foco muito grande nos colonizadores e nos homens brancos as ideias divergentes sobre como deveria se deslanchar o modernismo aqui no Brasil acabaram motivando o surgimento de movimentos EA publicação de manifestos literários
todos eles buscavam ali trazer é traçar o seu caminho próprio mas é importante lembrar que mesmo sendo movimentos divergentes eles tinham as suas raízes lá naquela semana de 1922 por isso a gente consegue perceber também que o que mais entrava no debate que mais fazia com que ele se dirigissem era justamente o que deveria ser usado para criar então uma arte Originalmente brasileira em 1924 Oswald de Andrade e fica o Manifesto da Poesia pau-brasil o pau-brasil foi o primeiro produto de exportação aqui do Brasil para a Europa e com esse nome eles queriam produzir também
uma poesia tipo exportação uma poesia que divulgava a linguagem Popular as nossas tradições regionais a nossa cultura do povo mesmo abdicando obviamente daqueles termos muitos eruditos e daquelas formas muito clássicas o movimento da poesia pau-brasil também criticava duramente a história brasileira que havia contado se do contato até então sob a ótica do colonizador e ignorando a cultura africana e a cultura indígena que já faziam parte aqui da nossa terra bom o fato é que pra agradar aquele público internacional que eles queriam atingir eles não podiam fazer uma poesia uma literatura extremamente radical e e eles
acabaram entrando ali em algumas formas de gamos mais palatáveis para o público estrangeiro acontece que tinha um grupo de modernistas que não concordava muito com isso eles achavam até muito bom uma poesia que valorizasse a os elementos brasileiros mas não concordavam com aquela poesia feita para o público estrangeiro para galera pra essa galera que discordava do movimento do pau-brasil eles achavam que todo o nacionalismo pregado era um nacionalismo afrancesado europeizado assim alguns escritores como Menotti del Picchia Plínio Salgado Cassiano Ricardo entre outros criaram o movimento do verde-amarelismo acontece galera que o verde amarelismo era tão
nacionalista ele tinha um nacionalismo tão exacerbado ele começou a ficar um tanto xenofóbico e são tão forte dessa nacionalidade brasileira e da aversão ao quer estrangeiro que o movimento começou a ficar um pouco com cara de nazi-fascismo assim como o futurismo lá na Europa foi utilizado pelo fascismo italiano e essa tendência aliás essa característica nazi-fascista ela foi confirmada posteriormente quando o Plínio Salgado um dos fundadores desse movimento também fundou a aliança integralista brasileira que era um partido católico de extrema-direita que atuava aqui no Brasil durante a Era Vargas mas para você ficar sabendo disso com
mais detalhes é legal você dá uma passadinha nas aulas do Professor Walter tanto na plataforma. Aqui no canal do Se Liga no YouTube com essa má fama detalhe de braço dado com o nazi-fascismo a galera resolveu fazer um rebranding da marca como o verde amarelismo já usava anteriormente a planta e o índio Tupi como símbolos da nossa nacionalidade mais primitiva eles acabaram então mudando o nome de verde amarelismo para escola da Anta mas assim as ideias ainda continuaram um tanto xenofóbicas Eles não queriam realmente que tivesse nenhum tipo de influência estrangeira naquele Modernismo brasileiro e
aí contra essa ideia tão puritana tão nacionalista o Oswald Andrade a Tarsila do Amaral e o Raul bopp resolveram fundar aquele que foi o mais radical de todos os movimentos ou a Semana de Arte Moderna eu tô falando da antropofagia em1928 Tarsila do Amaral Pintou um dos seus quadros mais famosos a tela Abaporu que em Tupi significa antropófago ela pintou esse quadro para dar de presente o salário para o Oswald de Andrade E aí esse quadro acabou sendo então a inspiração tanto para o movimento da antropofagia quanto para o manifesto antropófago que foi escrito pelo
Oswald Andrade vamos conhecer agora alguns trechos desse Manifesto só a antropofagia nos une socialmente economicamente filosoficamente única lei do mundo expressão mascarada de todos os individualismos de todos os coletivismos de todas as religiões de todos os tratados de paz Tupi or not Tupi that's The Question só me interessa o que não é meu lei do homem play-doh antropófago estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitos.os postos em drama froid acabou com o enigma mulher os sustos da Psicologia impressa nunca fomos catequizados fizemos foi o Carnaval O Índio vestido de senador do império fingindo de Pitt
ou segurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses já tínhamos o comunismo já tínhamos a língua surrealista a idade do Ouro contra a realidade social vestida e opressora cadastrada por Freud a realidade sem complexos sem loucura sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama Oswald Andrade em Piratininga ano 374 da deglutição do Bispo Sardinha pessoal O Manifesto antropófago ele até maior do que isso vale muito a pena ler ele na íntegra tá eu separei só alguns trechos porque por esses trechos a o recebe que a ideia é justamente misturar o que era
brasileiro com aquilo que não era brasileiro e fazer uma coisa só por exemplo as referências a palavras indígenas como Pindorama que quer dizer Terra das Palmeiras quero o nome que dava se ao Brasil né ou então Piratininga e vezes São Paulo já que São Paulo né o local local onde a cidade de São Paulo começou se chamava Planalto São Paulo de Piratininga Então a gente tem essas palavras aí E outra coisa a referência ao Bispo Sardinha que era um Jesuíta que veio para o Brasil e acabou sendo devorado por índios antropófagos então todas essas referências
já fundamentam ali o que os modernistas antropófagos queriam divulgar é meio estranho né já que entropofagia significa comer outras pessoas mas acontece o seguinte os índios né os povos nativos a praticavam a antropofagia eles não faziam isso para matar a fome né era uma espécie de ritual até mesmo religioso quando um guerreiro inimigo era capturado a tribo se reunir para devorar as partes do corpo dele e assim absorver as qualidades né a coragem todos os atributos positivos que aquele Guerreiro da tribo inimiga tinha assim os antropófagos modernistas eles diziam que nós precisávamos nós brasileiros precisávamos
pegar a cultura estrangeira que chegava até nós e devorar ela tá e a partir do momento que nós devorasse mos essa cultura estrangeira a gente misturar ia tudo e aí sim nós formaríamos uma cultura totalmente nova totalmente original e totalmente Nacional além desses movimentos e manifestos que a gente acabou de ver merecem muito destaque O Manifesto regionalista de 1926 que foi produzido foi criado ali pelo sociólogo Gilberto Freyre ele junto com alguns autores escritores lá do nordeste principalmente de Pernambuco já que o Manifesto foi publicado em Recife eles ali eles assumiram eles diziam que estavam
de acordo sim com as mudanças propostas pelos modernistas admiro 922 mas também queriam que a cultura saísse um pouco daquele eixo Rio de Janeiro e São Paulo e passasse também a mostrar outras Vertentes outras manifestações culturais como os que aconteciam no norte e no nordeste brasileiros O Manifesto regionalista de 1926 foi a principal inspiração para o chamado os autores da segunda geração Modernista ou geração de 30 são autores Como José Lins do Rego Graciliano Ramos Raquel de o e Jorge Amado que descreveram nas suas obras ali muito da cultura e do Povo do Nordeste por
outro lado lá no sul do país o Érico Veríssimo também estava fazendo a mesma coisa mostrando os regionalismos do Sul além dos romancistas os poetas da segunda geração Modernista também fizeram bastante um trabalho bastante importante no sentido de engajar as suas obras né em causas sociais e de criticar principalmente aquelas distorções históricas que acabaram criando uma grande desigualdade social dentro do país mas tudo isso tem uma raiz tem um pezinho lá naquela galera de 1922 já a terceira geração Modernista cuja história se confunde um pouco ali com o chamado pós-modernismo e que tinha autores aí
como Guimarães Rosa Clarice em vários poetas brilhantes essa galera toda só desenvolveu novas formas narrativas novas estruturas de romance de conto e também de poesia porque eles beberam da mesma fonte que os modernistas de 22 e a liberdade de expressão o uso de uma linguagem mais popular e principalmente mais concisa mais resumida e também eram ideias pregadas lá em 1922 na Semana de Arte Moderna tiveram seu ápice já li a partir da década de 1950 com a poesia concreta e também com a poesia-práxis o melhor exemplo da influência dos modernistas de 22 durante todo o
século 20 talvez seja o poeta Carlos Drummond de Andrade Drumond o primeiro livro dele é chamado alguma poesia que aliás tem uma aula muito legal com a análise de alguma poesia lá na plataforma do se liga quem for assinante corre lá porque vale a pena bom o Drummond ele passou por praticamente todas as gerações do modernismo o primeiro livro dele né como eu falei ou alguma poesia foi escrito totalmente nos moldes daquela geração histórica daquela geração de 22 mas com o passar do tempo o Drummond foi se adaptando às novas formas de pensar e as
novas formas de escrever já na geração é durante a produção da segunda geração do Modernismo ele já produziu uma poesia mais engajado socialmente um críticas com denúncias sociais depois disso Drumond passou para uma fase mais sentimental mais de negação e por fim acabou escrevendo sobre as suas lembranças da infância um poeta que trabalhou durante um século inteiro acompanhando todas as mudanças modernistas desde 1922 é muito além da literatura e das artes plásticas a Semana de Arte Moderna de 22 também influenciou muitos movimentos artísticos em outras áreas por exemplo em 1967 a montagem da peça O
Rei da vela de Oswald de Andrade e foi dirigida por José Celso Martinez Correia criou um burburinho total e acabou consagrando aquele tipo de peça e as encenações em espaços alternativos como é o caso do teatro oficina em São Paulo outro movimento artístico claramente é influenciado pela Semana de Arte Moderna de 22 é o cinema novo cujo principal expoente é o cineasta brasileiro Glauber Rocha e [Música] E aí [Música] E aí E aí eu disse esse trechinho é do filme Deus eo Diabo na Terra do Sol logo no comecinho do filme do Glauber Rocha e
a gente por esse pequeno trecho já consegue ver ali várias características modernistas primeiro o cenário regionalista né outra cultura popular a gente tem ali rezadeiras cantando músicas cantando versos de oração e além disso a liberdade estética quer comprovar a principalmente pelas imagens tremidas feitas com a câmera na mão o que faz com que a gente se aproxime mais quase que entre dentro do filme e também causa uma certa reação de ansiedade nas cenas mais tensas bom esse falar de liberdade de expressão é uma característica do cinema novo a gente Vale lembrar aqui que eles não
queriam saber nem mesmo de roteiro tanto é o lema do cinema novo era justamente uma câmera na mão e uma ideia na cabeça outra influência muito bacana dos modernistas brasileiros ultrapassou as nossas fronteiras aliás ultrapassou o Oceano Atlântico acontece o seguinte durante o processo de independência das colônias portuguesas na África os autores de Moçambique de Angola e de outros países lusófonos começaram a seguir os escritores brasileiros os modernistas brasileiros como forma de compelir os laços culturais com Portugal que era o país colonizador assim vários desses autores africanos tô em incluíram na literatura deles características do
nosso modernismo como a liberdade de expressão a liberdade de formas e principalmente o uso ea e das tradições regionais populares o início da ditadura militar aqui no Brasil em 1964 junto com a opressão que era feito em cima dos Artistas todos eles eram vigiados sobre o que eles faziam ou não tudo isso inspirou Um Novo Movimento formado por jovens artistas brasileiros tanto na poesia quanto na música A maioria deles baianos mas que trazia toda a irreverência a liberdade de expressão EA valorização da cultura regional que era pregada pelos modernistas eu tô falando no tropicalismo cujo
marco inicial foi a apresentação de Caetano Veloso um dos seus líderes no Festival da Música Popular Brasileira de 1967 promovido pela TV Record em em conta o número tu tem lenço sendo preço de sol e quase sempre eu vou além de Caetano Veloso outros tropicalistas foram o cantor Gilberto Gil Gal Costa Maria Bethânia Tom Zé e também o grupo Os Mutantes agora uma coisa curiosa é que a influência dos autores dos modernistas de 22 dentro do tropicalismo não se deu de forma direta o próprio Caetano Veloso afirmou recentemente em uma entrevista ao programa Roda Viva
que ele não conhecia a obra de Oswald de Andrade quando o tropicalismo começou mas que depois que ele conheceu a obra de Oswald de Andrade principalmente a peça O Rei da vela foi que ele percebeu que o tropicalismo estava totalmente inserido dentro das ideias da geração modernista a 122 os tropicalistas eram exagerados extravagantes gostavam de usar roupas coloridas fantasias e misturavam tudo quanto é tipo de ritmo musical do Brega até o música erudita passando pelo Punk Rock chegando até as manifestações populares como o baião tudo era válido no palco se misturava ali guitarra elétrica com
violino e um pouco de berimbau também porque ninguém é de ferro Não é mesmo a canção Domingo no Parque de Gilberto Gil Por Exemplo foi um verdadeiro sucesso no Festival da TV Record E ela levou para o palco justamente o ritmo das rodas de capoeira confere só um se [Música] você está brincando vou sair da construção textual trabalho a banda Beijos Bruna construção beijo antes de terminar essa aula antes de terminar esse curso sobre a Semana de Arte Moderna eu queria deixar algumas dicas de leitura para vocês que são obras que vão ajudar a gente
a entender um pouco mais ou desse processo do modernismo e principalmente a galera lá né raiz a galera que fez a Semana de Arte Moderna então nunca deixe de ler procure ler quanto antes o livro Paulicéia desvairada do Mário de Andrade e também a peça O Rei da vela de Oswald de Andrade outra leitura bastante importante é o livro de poemas alguma poesia do Carlos Drummond de Andrade que é todo escrito nos moldes dos modernistas históricos lá de 12 Além disso não deixe de ler a íntegra do Manifesto antropófago do Oswald Andrade outras dicas também
no mundo da prosa são os contos do Alcântara Machado no livro Brás bexiga e Barra Funda São pontos imperdíveis e que mostram os primeiros anos da cidade de São Paulo lá no século 21 com toda a mistura Cultural de imigrantes italianos pessoas vindas do Nordeste pessoas vindas de outras regiões do Brasil é um livro delicioso com histórias bastante legais fora da literatura vale muito a pena assistir o filme Deus eo Diabo na Terra do Sol de Glauber Rocha que inclusive está disponível no YouTube e também né conferir ali o repertório da galera do tropicalismo tem
muita coisa boa o meu favorito é o Tom Zé e se você não conseguiu anotar Fica tranquilo que todas essas referências todas essas E aí embaixo na descrição do vídeo é galera a gente chegou o fim desse curso sobre a Semana de Arte Moderna de 1922 se você gostou se você ficou com alguma dúvida que é Comenta alguma coisa estamos aqui à disposição comenta deixa o joinha e se inscreve no canal né ativa o Sininho aí para ficar sempre ligado nas novidades aqui Aliás se você está fazendo esse curso pela plataforma do se liga é
bom responder as questões tá você tem aí algumas questões para responder eu tenho até Um certificado para mostrar que você é um expert em Semana de Arte Moderna e se você não tá ainda né não é ainda um assinante da nossa plataforma não perde o tempo não porque ela tem muito mais coisa além desse curso tá bom Um beijo grande para vocês e até a nossa próxima aula o nosso próximo curso sempre vai ter alguma novidade aquilo se liga tá bom até lá
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