Riqueza da mineração contrasta com miséria e sofrimento dos vizinhos da ferrovia Carajás

O olá boa noite para você começa agora a nova temporada do repórter Record investigação toda quinta-feira às dez e meia da noite a gente vai se encontrar aqui na Record Tv eu vou trazer reportagens especiais e denúncias exclusivas sobre temas de interesse público sempre com apuração rigorosa e compromisso com a informação e o que você vai ver hoje é o resultado de quatro meses de investigação eu e o jornalista Gustavo Costa Laura ferla e Mariana Ferrari seguimos os trilhos de um dos maiores trens de carga do mundo que corta dois estados brasileiros para mostrar como

seu trajeto impacta milhares de pessoas que vivem ao longo da ferrovia e no caminho de ferro também descobrimos desvios milionários dinheiro que deveria ser investido principalmente na saúde e educação dos mais fotos em o dossiê karajá corrupção e descaso Episódio 11 e o estrondo de um gigante e e o vai-e-vem constante dos vagões de tal ritmo da vida nesse campo do Brasil nossa viagem vai seguir os trilhos da estrada de ferro D E desde a Serra dos Carajás Onde fica a maior mina de minério de ferro a céu aberto do planeta até São Luís capital

do Maranhão ó é desse Porto no estado mais pobre do Brasil que a riqueza levada pelos vagões segue para exportação a E aí e embarcamos antes do Sol aparecer e são 6 e 5 horas da manhã e o trem começa a se movimentar a gente parte então da Serra de Carajás no Pará em direção ao Maranhão mas só o começo da viagem será no trem de passageiros que circula três vezes por semana é a prioridade nos trilhos é o transporte da carga como vamos ver ao longo de todo o caminho e o gigante se corta

dois estados do país são quase 1.000 km de trigo e fica a Travessa no 28 cidades e uma centena de povoado de pequenas comunidades cada automotiva que a gente vê passar por aqui transporta uma fortuna em jeito de Ferro em um único prende puxa 34 mil toneladas não há dúvidas da importância da ferrovia Carajás para a economia do nosso país para tirar suas empresas mas tem vidência dos crimes sabe que esta não é uma história apenas de progresso por onde eu sou empata e deixa uma realidade sofrimento miséria corrupção [Música] uma parte do dinheiro do

minérios deveria ficar aqui para melhorar a vida dos vizinhos da ferrovia só em 2020 os municípios cortados pelos ter e receberam juntos uma fortuna por um quase 8 milhões de reais em royalties da mineração além de doações da Vale a empresa tem a concessão da ferrovia a 24 anos e é obrigada a financiar obras e projetos para compensar os impactos do transporte do minério mas encontramos provas de que nem todo esse recurso vai para quem mais precisa é comum haver em municípios que são ricos em recursos naturais e tem até rendas de royalties etc como

é o caso lá o equivalente em que ia essa riqueza não chega ao conjunto da população por vários mecanismos de corrupção apoderamento desse recurso por uma elite local e é o que acontece em Pedrinhas esse pequeno povoado rural de cerca de 100 habitantes no município de itapecuru-mirim a 118 Km da capital do Maranhão é um lugar marcado pelo esquecimento EA gente percebe logo na chegada Ao vermos a única escola abandonada há uma década a Oi e a outros problemas março de 2014 200 mil reais da Vale São destinados a prefeitura para a construção de um

posto de saúde em Pedrinhas é justamente porque a comunidade é cortada pela Ferrovia em novembro de 2020 vampira corrupção e e nós vemos até o povoado de Pedrinhas com um objetivo mostrar a falta de atendimento médico para os moradores daqui havia dinheiro para construção de um posto de saúde na comunidade Mas isso nunca foi feito o que a gente não podia imaginar é que logo após a nossa chegada iríamos registrar uma situação dramática O Flagrante do descaso com a saúde diante das nossas câmeras e e as primeiras moradoras que encontramos Maria do Carmo e Maria

das Graças reclamam da falta de médicos se preocupam com a saúde frágil da mãe de 82 anos e de repente o inesperado Oi Maria do Carmo que havia acabado de trocar de roupa para dar entrevista desmaia na nossa frente nosso auxiliar Guilherme Carvalho protege a cabeça dela precisamos buscar ajuda urgente estão vazias a o nosso carro é um único Socorro possível é E aí E aí Oi Maria do Carmo respira com muita dificuldade em e ela Tenta abrir os olhos mas não consegue parece sofrer uma convulsão temos que chegar rapidamente ao posto mais próximo e

fica na cidade de Anajatuba qual é o problema é tu não tem medo Só que essa função aqui no posto já tá aqui não quer mais não é é avisado pela família o filho de Maria do Carmo encontra nossa equipe o Adriano autoriza o resgate da mãe para o hospital no centro de itapecuru-mirim e nos acompanha no carro seu irmão havia quanto tempo e nunca teve um atendimento médico adequado temos 12 km pela frente um bom pedaço de estrada de terra te ajudar a chegada da paciente com uma equipe de reportagem deixa o hospital em

Alerta eh Oi Maria do Carmo logo e levada para uma sala de atendimento com o celular eu registro os primeiros momentos lá dentro o monitor que deveria medir os batimentos cardíacos não funciona a médica de plantão não permite mais vídeos e diz que está tudo bem sim a máscara fora de perigo os sinais vitais estão bons e o clínico-geral chefe do atendimento não está e o Hospital Estadual de itapecuru-mirim que atende 14 cidades da região tem apenas uma clínica geral de plantão formado há quatro meses e contratada em outubro Oi Maria do Carmo piora na

pressão sobe chega a 21 os enfermeiros aplicam soro e um remédio Adriano não sai do lado da mãe e ele pede aqui nossa equipe volte ao povoado é é para levar notícias da família a gente conseguiu socorrer até o hospital porque eu posto de saúde aqui não tinha socorro do Adriano tá lá com ela encolhida no canto da varanda Dona Maria José Chora baixinho a recém operada de um câncer no intestino ela corre sérios riscos se passar mal e não tiver Socorro médico na cima empréstimo sempre nessas condições de não ter atendimento médico são 82

anos enfrentando a falta de Amparo no povoado você sente abandonada Com certeza não sou eu mas como toda a comunidade né Nós voltamos ao posto de saúde de Anajatuba que não tinha médico para cobrar explicações mas encontramos as salas vazias o posto acaba de passar por uma reforma de 220 mil reais e não está funcionando não tem ninguém lá dentro portas fechadas numa quarta-feira às três da tarde médico de plantão só na foto né e quando o retornamos ao hospital de Itapecuru o estado de Maria do Carmo é gravíssimo sete horas de espera sem o

socorro de nenhuma especialista levada para uma ambulância as peças ela respirar com ventilação mecânica é só depois de uma parada cardíaca é que a direção do hospital decide transferir a paciente para São Luís a a nossa equipe está faca Maria do Carmo vai viajar 2:00 em vão e ela morre dentro da ambulância G1 em seis dias depois visitamos a família ao lado da irmã o filho Adriano conta que ficou sozinho tô com muito tempo com a mãe no hospital que cuidou só da sua mãe por quanto tempo mas ao menos mais quatro horas é a

loja enquanto aguardava atendimento Adriano registrou a falta de assistência só eu eu sou médico aqui ó ó e o clínico-geral chefe do hospital só aparece no fim da tarde mas a ordem para transferir a paciente foi dado apenas depois do infarto E aí e em São Luís Maria do Carmo dependia de um sim mas um filho ouviu não em dois hospitais na porta do hospital eles nem quiseram receber a gente sério que não tinha leite não tinha vaga que nós não não podia ter ido para lá tem costume ela lado nem abriram ambulância desesperado Adriano

seguiu com a mãe para um segundo Hospital Público há 16 km de distância eu entrei lá para falar com a chefe do hospital lá ela ver ela abriu a ambulância ela entrou lá dentro a minha mãe já tava amor sua mãe morreu na porta do hospital na porta do hospital questionada sobre uma possível falha no atendimento no hospital de itapecuru-mirim a Secretaria Estadual de Saúde confirmou que a paciente estava em crise convulsiva mas que fez os exames e recebeu a medicação necessária após o infarto e confirma a recusa de atendimento por falta de leito em

São Luís mas a Prefeitura da capital nega [Música] e o corpo de Maria do Carmo não passou por exame no IML o registro de óbito aponta como causa da morte infarto agudo do miocárdio arritmia e Síndrome Coronariana Aguda Oi Luciene que saiu às pressas de São Paulo para tentar ajudar a mãe chegou para o enterro eu acho que é um descaso uma falta de respeito com o ser humano saber que meu irmão limpou o voo da minha mãe dentro do hospital Itapecuru saber que minha mãe tava fazendo xixi na roupa e não tinha pelo menos

um enfermeiro para ajudar ele o tempo tava no meu trabalho o tempo todo falando com ele no telefone ele desesperado falando que ela estava morrendo a filha lamenta o descaso com o povoado não conseguiram socorrer ela de levar ela daqui de dentro e levá-la para tapecuru e mesmo assim a cidade de Itapecuru nada mais é do que você tá vendo aqui dentro desse povoado é abandonado EA dor que ela sente alimenta um desejo de que outras vidas não se percam pela falta de saúde pública a gente quer que essa injustiça termine que pare por aqui

quando você chegou aqui você relatou para mim que você usa esse cara se perguntando por que que isso aconteceu na frente das câmeras de vocês e eu tenho certeza que foi por uma causa maior para mostrar que às vezes você tá dentro de um lugar remoto e a maioria das pessoas que estão lá no poder público eles acham que as pessoas não valem nada que tem que ser esquecidas que tem que ser abandonadas não é assim corrupção mata corrupção mata e nós não viemos a Itapecuru Mirim à toa e o município onde Dona Maria do

Carmo morreu esconde um escândalo de corrupção e em vez de usar os 200 mil reais da Vale para construir o posto na comunidade de Pedrinhas a Prefeitura de Itapecuru decidiu gastar o dobro do dinheiro mas de 407 mil reais para fazer a obra em outro povoado mais distante da ferrovia e depois largou o prédio nestas condições a é mas crescendo no meio aqui da entrada dá até medo de caminhar olha aqui a revista bicho aqui mas olha aqui como é que tá o matagal e atrás da unidade básica de saúde Olha a condição Dessa porta

E aí e despencando por trás então podre ó Nunca nenhum paciente foi atendido aqui como conta o pintor Ricardo que trabalhou na obra chegou a deixar as paredes lisinha cenzinha preparada só para passar aquela tinta que não e aí aí não foi finalizado mais dispensaram todo mundo essa todo mundo e não continuar mais só promessa em cima de palanque essas coisas e descasos continuarão a e a prefeitura também recebeu o dinheiro da mineradora para comprar três ambulâncias novinhas o que nunca existiram valor do contrato 495 mil reais É uma perícia na prestação de contas descobriu

que as ambulâncias não foram registradas no Detran em nome da Prefeitura e pertenciam a empresas particulares