[Música] Bom dia a vocês muito obrigado por terem vindo ao programa complicações estamos com os pesquisadores Rogério Barbosa do centro brasileiro de análise e planejamento Sebrap e Fernando rugit da faculdade de economia e administração da USP muito obrigado por terem vindo aqui ao complicações e a nosso tema hoje é desigualdade social eu separei uma uma um trecho Inicial pra gente colocar em questão eh do Serguei Soares que é do Instituto de Pesquisas eh econômicas e aplicadas o ipé do governo federal que diz o seguinte o um país que se parece com o Canadá de hoje
em termos de desigualdade não pode se parecer em nada com o Brasil que contemplamos da janela se continuarmos reduzindo o nosso coeficiente de Gini a 0,7 ponto ao ano pelos próximos 24 anos não será possível ter grandes favelas coexistindo com condomínios de luxo indivíduos à beira da fome no sertão do Cariri vivendo no mesmo país cujos céus são cruzados por executivos viajando na segunda maior Frota de aviões particulares do mundo nemhum Exército de Empregados particulares Passando as roupas encerando os pisos e lavando os banheiros da classe média Esse é uma análise que o Serguei Soares
fez eh analisando a desigualdade social nos últimos 10 anos e a primeira pergunta que eu faço é o seguinte essa essa essa eh desigualdade social que vem em queda eh uma uma queda uma série uma queda uma queda histórica ela está ameaçada eh com essa crise econômica começando pelo Rogério bom em primeiro lugar é difícil pensar que a desigualdade social ela se move como uma lei né ela nunca está garantida de fato eh certamente crises econômicas podem ameaçar porque ameaçando eh a disponibilidade de de por exemplo aumentar o salário mínimo ou investir num programa social
você ameaça o investimento que você pode fazer nas populações de mais baixa renda eh Bom eu acho que a crise ela representa um risco nesse sentido mas é é difícil pensar que Mesmo durante o crescimento você vai conseguir estabelecer uma igualdade social e isso depende muito do desenho das instituições e depende eh das agendas políticas né durante o crescimento econômico por exemplo na década de 70 a gente teve aumento da desigualdade durante esse pequeno crescimento eh econômico da década de 2000 a gente teve redução da desigualdade e a razão em boa medida é uma razão
institucional Então o que faz a desigualdade eh se mover né não tem a ver simplesmente com a dinâmica e dos mercados com a dinâmica da economia como um todo mas como opção política esse desenho das instituições essas E essas você tá dizendo exatamente das políticas adotadas pelo governo sim com certeza e existe políticas de transferência de renda direta por exemplo Bolsa Família programa de prestação continuada né BPC tem também e programas muito indiretos nesse sentido que vão ser aumento do salário mínimo é uma forma de redução das desigualdades que não é uma transferência Direta do
governo e o a melhoria do sistema educacional por exemplo é também uma política de redução das desigualdades uma vez que educação se converte por diversos mecanismos diversos canais em renda no mercado de trabalho eh o aumento da do do salário mínimo é importante não só também pelo mercado de trabalho mas como ele vincula aumentos em outras áreas o as aposentadorias elas são vinculadas né Eh as pensões são vinculadas o benefício de prestação continuada é vinculado também enfim a aposentadoria Aliás o salário mínimo acaba sendo um índice para várias outras coisas são políticas desse tipo eh
implementadas durante governos recentes Mas algumas já vêm também de um prazo muito mais alongado quer dizer então além eh a respeito da crise econômica que se tem é importante as as políticas praticadas pelo Governo Federal elas podem eh eh pelo menos ajudar a a diminuir os efeitos de uma crise econômica perversa por exemplo com certeza eh o uma coisa que tem a ver com política também e tem a ver com por exemplo a liberdade de ação de instituições de regulação do mercado de trabalho eh um exemplo dos Estados Unidos Por exemplo é que a desigualdade
aumenta de uma forma muito grande desde mais ou menos 1970 1975 e isso tá ligado a uma não aumento do salário mínimo mas também a repressão ao repressão não mas uma redução da ação sindical que tem um papel importantíssimo na barganha por salário e condições de trabalho e na medida em que você retira instituições do mercado de trabalho e de outras áreas também e não são só políticas do governo federal mas às vezes até liberdade de associação no trabalho você pode aumentar o e pelo menos impedir a redução da desigualdade Fernando Qual que é a
sua visão sobre o assunto então acho que eu posso dar uma visão Talvez um pouco mais pessimista do que o Rogério eu tô inteiramente de acordo com ele no papel das instituições Acho que gente pode falar de repressão sindical nos Estados Unidos sim eh desde o governo Reagan eh que sem dúvida tá por trás da desigualdade Eh agora vamos separar duas questões a primeira a primeira questão é o seguinte acho que é necessário a gente começar a questionar um pouco quanto caiu de fato a desigualdade eh nos dois governos Lula mas a gente volta a
essa questão Em um instante se a gente eh deixar de lado essa questão e falar não tudo bem a desigualdade da renda salarial desigualdade entre eh Trabalhadores issso sim diminuiu teve uma compressão da disparidade salarial nesse período a gente precisa ver que sem dúvida a política de aumento do salário mínimo o Bolsa à família uma série de políticas e mudanças institucionais eh implementadas pelo governo tiveram um papel muito grande mas acho que isso dá conta só de uma parte da história algo que tem sido menos eh mencionado e que para mim e É acho que
é muito significativo é que esse conjunto de políticas eh de alguma forma desencadeou um processo Virtuoso mais cheio de contradições e limites que fez a desigualdade eh salarial cair qual que foi esse processo um processo de aumento da renda das classes mais baixas que fazia deslocar eh a demanda eh de para por bens e serviços intensivos em trabalho de baixa qualificação que por sua vez diminuí a disparidade de salário porque aumentava o salário dos Trabalhadores de baixa qualificação em relação aos de alta qualificação que como num círculo Virtuoso aumentava a demanda por bem e serviços
de eh intensivos em trabalho de baixa qualificação que reduzia a disparidade salarial e assim por diante no fundo é um processo simétrico ao processo do milagre o processo do crescimento econômico com concentração de renda do final dos anos 60 começo dos anos 70 os anos 2004 2010 viram um antim milagre nesse sentido só que esse antim milagre teve eh tem vários limites eh muito claros porque ele levou por exemplo eh a uma inflação de serviços do setor de serviços eh eh teve uma elevação de preço muito acima do índice médio de inflação da economia o
que em geral foi compensado com e apreciação cambial que por sua vez tem efeitos sobre aumento de produtividade se vocês for forem olhar pra composição do mercado de trabalho entre 2003 e 2010 justamente nos dois governos Lula a força de trabalho brasileira empregada eh muda de 85 milhões de pessoas para 100 milhões de pessoas desses 15 milhões a mais de empregos criados nesses 8 anos quase quase metade foram criados em três setores três grandes áreas construção civil Comércio e produção de alimentos e bebidas os três setores T produtividade média abaixo da Média da economia Então
você teve esse círculo Virtuoso em parte porque você levou economia para uma estrutura produtiva menos capaz de aumentar produtividade de gerar crescimento era um processo Virtuoso mas com um limite Claro e e e o ponto e decisivo da implicação disso para discutir os efeitos da eh da crise é que essencialmente daí todas as pesquisas empíricas são unânimes A esse respeito se você tenta eh decompor o efeito sobre a queda e da desigualdade de cada uma das políticas ainda que bolsa família temha um papel importante cerca de 1 quarto da queda da desigualdade é explicada por
Bolsa Família perto da metade da queda desigualdade é explicada por mercado de trabalho a taxa de desemprego olhando pro índice mais comum utilizado da pesquisa mensal de emprego do IBGE entre 2003 e 2014 cai de 12 para cerca de 5% oscila em termos de 4,5 5% Ou seja a gente ganhou e oito pontos percentuais em 10 anos desde então a gente perdeu já e três quatro pontos percentuais a gente tá o que a gente ganhou eh em e em 8 anos a gente corre o risco de perder em menos de 2 anos quando você fala
desses limites então é exatamente isso que até tem a ver com a visão que o que o Serguei naquela Continuação daquele texto Inicial que eu falei que que eu eu conversando com ele por telefone ele me disse olha não tá aumentando a desigualdade mas ela parou de cair ela não cai mais e se o desemprego continuar na trajetória atual de aumento muito acelerado os ganhos de desigualdade que a gente teve justamente via o mercado de trabalho via o mercado de trabalho mais aquecido com maior emprego com com menor desemprego e com aumento da renda salarial
isso é muito rápido é muito fácil de se perder eu adicionar eu Na verdade tenho adicionar nesse pessimismo assim também é verdade eu acho que olhando eh para setores você verifica uma essa coisa e olhando para as ocupações também eh houve uma grande geração de empregos durante eh um bom período do governo Lula e mais ou menos a cada ano você tinha mais de 1 milhão de empregos gerados e os empregos eram sempre melhores do que anteriormente se verificava mas eles eram sempre saltos de curta distância o grande Job upgrading da estrutura ocupacional brasileira acaba
sendo na verdade para ocupações no comércio para ocupações em serviço de baixa qualificação Isso é uma melhoria com respeito ao emprego autocont contratado né o o o conta própria eh eh tava numa situação horrível e a gente sai de uma situação horrível do final dos anos 90 com desempregos altíssimos na metrópole Paulista você chega a mais de 20% de desemprego por exemplo eh quer dizer não era muito difícil eh eh sair dessa situação porque piorar parecia que já tava no limite Então você tem um uma melhoria incrível eh eh nesse nessa década de 2000 Mas
é uma melhoria como um salto um voo de uma galinha né para usar uma metáfora que a gente já usou na economia outras vezes eh os índices de desigualdade eles têm apontado mesmo eh eh uma estabilidade pelo menos nos últimos dois ou três anos eh isso de acordo com as pesquisas domiciliares que são muito mais otimistas né as pesquisas domiciliares elas não conseguem captar renda dos mais ricos eh elas não conseguem captar muito bem rendas de outras fontes que não trabalham renda de aluguéis não é muito bem captada eh renda de Capital investimentos financeiros enfim
né E aí quando você recentemente eh passa a ter acesso aos dados do imposto de renda e fazer uma distribuição completa da renda a situação é de estabilidade não somente nos últimos dois ou TR anos mas Possivelmente nos últimos 20 ou 30 anos né Eh pelo menos desde 85 os índices que a pesquisa eh do Pedro Herculano mostra e do Marcelo medeir eh oscilam num nível muito elevado os índices estão sempre muito elevados e em especial de 2006 a 2012 que é um período pro qu tem dados mais detalhados ele o Gine praticamente não se
mexe e ele não se mexe na casa do ponto se enquanto as eh pesquisas domiciliares apontam mais ou menos na casa do ponto c né Eh eu acho que a gente pode dizer que houve uma transformação e essa transformação é fundamentalmente a melhoria da base mas mas a melhoria da base não significa uma melhoria qualitativa e nos tempos que a gente desejaria e paralelamente a isso aconteceu uma concentração no topo de forma que a desigualdade que é uma medida Global permanece estáticas é uma coisa que praticamente faz essa ligação com a minha próxima pergunta que
uma matéria do valor econômico de dezembro do ano passado fala de uma que a Extrema a Extrema extrema pobreza no Brasil caiu 63% desde 2004 também segundo o ipé e segundo o diretor do ipé ouvido o André cistre ele diz o seguinte temos um estado de bem-estar social mas evidentemente essa capacidade não é infinita vocês concordam que nós temos um um estado um estado de bem-estar social no Brasil um pouco otimismo acho que também do do André cistre eh Sem dúvida acho que enquanto a base pra melhora da desigualdade é super frágil e vulnerável à
crise que é de alguma forma o ponto em que eu Rogério estamos concordando eh a forma como o governo nos últimos eh 15 anos eh enfrentou o problema da pobreza via Bolsa Família com políticas super focalizadas isso sim foi Super eficiente eh então Eh esse resultado a gente vê muito claro enquanto a o bolsa família eh representa só apenas 1/4 da redução da desigualdade em algum dos índices representa a o e um impacto muito maior eh na redução da pobreza então isso sim eh eu acho que eh é um resultado menos frágil mais possível eh
de ser mantido eh a mesmo que a gente tem visto enfim parlamentares conservadores eh defendendo corte inclusive eh orçamentário inclusive no no programa Bolsa Família mas Se isso for mantido acho que isso consegue sobreviver à crise O problema é que chamar de estado de bem bem-estar social eh tirar as pessoas da extrema pobreza com uma bolsa que sem dúvida do do aspecto do ponto de vista humanitário é super relevante permite um nível de consumo um pouco maior é um pouco excessivo né a gente chama de estado de bem bem-estar social as construções institucionais da da
Europa nem muito dos Estados Unidos mas mais da da Europa Ocidental na segunda metade do século XX em que universalizar com qualidade educação saúde transporte algo em que o Brasil ainda tá muito distante de prover né é uma coisa que que que chama atenção também é o conceito de desigualdade né quando a gente fala desigualdade a gente pensa diretamente em desigualdade de renda né mas nesse livro da professora Marta R Que você participou intensamente Rogério e ela mostra que a desigualdade é um conceito é um termo abstrato que na verdade são múltiplas dimensões né eu
queria que você explicasse um pouco o que que é a desigualdade né Ah acho que do ponto de vista sociológico a gente pode dizer que desigualdade é desrespeito do diferenciais de poder e poder significa a capacidade de um indivíduo Realizar sua vontade no mundo eh por exemplo mulheres não podem fazer tudo que o homem faz isso é desigualdade de gênero né enquanto a gente eh subjetivamente acredita que certas pessoas estão impedidas ou não devem eh isso significa uma forma de impedimento logo de tolhimento do Poder daquele indivíduo então uma forma de desigualdade tem a ver
com gênero e nesse sentido ela acaba se manifestando em diversas outras dimensões as mulheres Elas têm desvantagens no mercado de trabalho Elas têm desvantagens eh enfim para ingressar eh Em certas áreas ainda de ensino existe um grande preconceito nas exatas por exemplo as mulheres acabam sendo dirigidas para áreas por exemplo como cuidado e humanidades que não são as áreas mais rentáveis no mercado de trabalho também às vezes elas têm dificuldade de se promover dentro de uma empresa enfim eh e o mesmo se passa com Raça por exemplo né Essa é uma forma de tolhimento do
Poder mas eh pensando de uma forma ainda mais abstrata e e geral que não se baseia somente na divisão por grupo o acesso ao estado é uma forma de de poder né participação política e a desigualdade na participação política é uma forma de desigualdade importantíssima porque estar no estado significa participar das decisões logo fazer sua vontade de valer representação de interesses é uma forma importantíssima eh nesse sentido a gente mostra eh acho que o primeiro capítulo né do José seibu do Fernando Limonge e da gelina Figueiredo é importantíssimo para mostrar de que que forma a
o direito ao voto progrediu por exemplo tem um capítulo do Leonardo Baroni e do Adrian gzel vale sobre e a expansão dos conselhos né Aí eh também é uma forma de participação importantíssima na medida em que a o cidadão passa a ter acesso eh ao estado ele passa a ter um empoderamento né isso a Constituição de 88 também ampliou muito esses acessos né com certeza a o desenho das instituições participativos de hoje decorre completamente da redemocratização e do mandato constitucional de que certas áreas T que ser decididas sobre participação né na agência Fapesp de ontem
teve uma uma notícia dizendo que esse livro foi debatido em Washington né com a participação da professora Marta r e ela disse uma uma coisa interessante lá porque que ela foi questionada se a diminuição eh das desigualdades Ela seria a eh ameaçada por essa crise econômica que essa é uma das principais questões que a gente tá debatendo aqui hoje e ela disse que que sim né Eh que o que o que que pode que isso pode acontecer né que que ela admite que esse livro foi produzido num momento De euforia dessa dessa dessa desse crescimento
eh mas ela disse que se houve algum exagero no otimismo né não se deve exagerar agora no sentido oposto no pessimismo e eu acho que muito tem a ver com o que você acabou de dizer de explicar as as M as as multifaces né As Faces múltiplas da desigualdade né que não é só desigualdade de renda né mas se não faz sentido se eu se eu puder dar um a parte aqui se não faz sentido a gente exagerar no pessimismo isso não considera que a gente não deve se manter vigilante porque justamente eh eh se
tem muito usado no debate público Inclusive a crise como pretexto para eh reformar e mudar as próprias conquistas que estão inscritas na Constituição de 88 se a Constituição de 88 nisso eu tô em pleno acordo com o Rogério trouxe digamos eh diminui eh um arranjo institucional que permitiu diminuição da desigualdade em múltiplas dimensões particularmente eh políticas mas não só eh a gente não pode colocar esse legado a perder com o pretexto de resolver uma crise fiscal eh passar é a a questão da desigualdade não é brasileira né Digamos que uma questão humana né um aqui
uma uma outra notícia de que saiu no é o país e 1% da população mundial concentra metade de toda a riqueza do planeta né isso também foi tema dessa discussão que houve ontem em Washington eh e a Marta R ela disse que ela concorda em parte com as teorias do do do do Thomas piqueti o economista francês que fez esse livro badalado digamos assim no capital do Século XXI e ela reconhece que a própria dinâmica da economia capitalista né o fosso entre um % mais rico e os 99% restantes tende a se alargar cada vez
mais mas no entanto Ela diz que não impeça que esses 99% Não realmente não sejam mais menos desiguais né é o que a Marta argumenta que eu acho muito correto é que a métrica do 1% não deve ser a única métrica para pensarmos a desigualdade nem por isso ela deixa de perder centralidade eo é muito importante porque a concentração no 1% em especial no milésimo mais Cico né no 0 1% ela começa a ter eh consequências perversas inclusive nesse sentido político que eu passei diz eh que eu disse anteriormente né Por exemplo a influência que
determinados indivíduos ou mesmo empresas TM sobre decisões através de Lobby através de financiamento político eh uma forma importante então que a gente começa a pensar paraa redução de desigualdade não é somente taxação dos mais ricos isso é muito importante mas eh passa a ser também um certo controle sobre o financiamento da campanha né o financio e a influência que essas pessoas têm porque a gente eu disse anteriormente que a desigualdade é multifacetada mas ela sempr tem a ver com poder e formas de poder diferentes se convertem em outras então o dinheiro acaba se convertendo numa
forma de influência sobre a política Eu acho que o alerta que o piqueti liga é o alerta de um domínio de uma fração muito pequena sobre as decisões mais importantes isso nos permite falar sobre algo que é muito relevante que é o nosso sistema tributário porque no fundo é o que tá eh uma parte importante do argumento do piqueti que eu acho que trouxe um debate super importante ainda que na academia tem a polêmica em torno de eh do detalhe da explicação que ele dá eh mas justamente eh com esses dados recentes da Receita Federal
que começaram a ser utilizados em pesquisa no Brasil para estudar desigualdade pelo Marcelo Medeiros pelo Pedro clano e também pelo Rodrigo orir e pelo Sérgio golbet eh uma uma das coisas que se se verificou é que ainda que o nosso a nossa tributação sobre a renda seja relativamente pro progressiva por pelo motivo de que desde 95 a gente isentou de Imposto de Renda lucros e dividendos os eh muito ricos o milésimo mais rico cerca do milésimo mais rico que são 71.000 pessoas no último dado disponível a que Salv engana que de 2013 pagava um imposto
eh de renda médio muito menor do que as pessoas um pouco eh menos eh abastadas isso sem falar isso é só digamos eh a ponta do iceberg mas sem falar que o nosso sistema tributário é muito eh regressivo requer depende muito de impostos indiretos sobre o consumo eh e pouco de impostos diretos sobre eh a renda e o patrimônio a conexão entre política e economia que o Rogério sugeriu acho que é importante justamente Nisso porque sempre que vem o debate sobre uma reforma tributária que permita um sistema tributário mais progressivo menos Eh que que colabore
mais paraa redução de desigualdade esse debate é bloqueado politicamente a gente nunca sabe direito eh por onde reformas do Brasil é sempre complicado né as reformas que interessam realmente a a uma classe dominante Isso é isso é óbvio já historicamente é muito conhecido isso inclusive o ministro Delfim Neto falou duas semanas atrás no JN Jornal Nacional dizendo Olha nós precisamos de reforma reforma da Previdência reforma tributária eu fico pensando que tipo de reforma que ele tá mencionando que afinal de contas ele foi ministro de uma pasta de um governo que barrou reformas né o governo
que barrou as reformas propostas pelo partido trabalhista brasileiro nos anos 60 mas eh isso que você disse eh eu queria saber mais claramente se você defende uma uma reforma tributária mais Ampla com alvo eh na diminuição da da desigualdade como prega Por exemplo agora o candidato prévio a do partido Democrata o Bernie Sanders nos Estados Unidos e como também eh apregoava o o o François holândia antes de assumir o o poder na França né Sem dúvida Sem dúvida eh eu acho que é um tema Mundial né Eh como você mencionou Fábio eh a desigualdade tem
crescido com uma certa exceção da América Latina no mundo inteiro nos últimos eh 30 anos e esse tema florou eh politicamente em vários lugares o bern Sanders é a última eh expressão eh mais clara disso e a pauta que de alguma forma unifica essas novas expressões político-eleitorais é uma reforma tributária acho que isso é urgente E no caso do Brasil é particularmente urgente porque o nosso sistema é muito regressivo tá na hora de a gente aumentar seriamente imposto sobre renda e patrimônio a o ponto mais eh eh importante n a a meu ver seguindo as
pesquisas que vem sendo feitas pelo Rodrigo orir e pelo Sérgio gobet é re instituir Impostos sobre lucros e dividendos Que que foi isentado desde 95 isso é muito é muito importante tornar o nosso Imposto de Renda um pouco mais progressivo começar a taxar a herança isso é uma coisa que a crise de alguma forma tem permitido taxar a herança de uma forma eh um pouco mais significativo o Brasil taxa herança muito menos do que a média mundial Claro e é o teto é oito o teto eh eh estabelecido no governo federal é oito e cada
estado define eh isso isso tudo são eh passos que seriam muito importantes para redução da desigualdade e mais importante poderiam permitir que a gente reduzisse a nossa Carga Tributária indireta que nós reduzisse a carga tributária sobre consumo de bens e serviços e portanto tornasse nossa economia mais competitiva e V deixa eu só te fazer uma última pergunta quea temho mais uma pergunta importante pro Rogério pra gente terminar o programa a inflação você citou isso no no início da nossa conversa que é é um é uma é é um fator importante que pode agravar a desigualdade
numa matéria da da da do valor também que consultou o André Braz da FGV ele falou o seguinte que a inflação é mais elevada onde o orçamento dos Pobres é mais exigido na comida na habitação na luz e no transporte então é realmente um componente que que como você disse pode trazer um pouco de pessimismo na nossa análise Sem dúvida tem uma eh correlação positiva entre inflação eh e desigualdade eh eh principalmente em períodos de inflação muito acelerada como nos anos 80 no Brasil e no primeiro momento você tem um aumento de desigualdade mas de
novo mantermos vigilantes Se isso for esse se essa isso for usado como pretexto para combater inflação via aumento de desemprego Não adianta nada adianta nada sim eh Rogério pra gente terminar essa conversa e a professora Marta R ela diz o seguinte que o conhecimento das Ciências Sociais ela disso na abertura do livro né sobre os fatores que levam a redução da desigualdade ainda repousa em bases bastantes especulativas eu queria entender porque qual dentro das Ciências Sociais e tentar explicar essa essa essa afirmação da professora bom acho que eh as Ciências Sociais é uma tentativa de
explicar o comportamento social agregado eh a gente não tenta entender o que acontece na cabeça do indivíduo ISO estaria na psicologia mas a desigualdade é reproduzida através dos comportamentos que vão se agregando e gerando uma uma formação complexa eh num nível mais agregado a primeira coisa que que a gente não entende é como é que a desigualdade reproduzida no dia a dia eh e como é que isso gera grandes consequências a gente sabe por exemplo que existe uma expectativa dos indivíduos de encontrar certas pessoas em certas posições infelizmente eh você pode olhar para um negro
e esperar que ele esteja num posição subalterna eh mas como é que isso de fato se traduzem comportamentos por exemplo medir o preconceito e a discriminação e a construção da da discriminação racial ainda é um problema eh a gente mede suas consequências mas a gente ende pouco do seu processo eh comportamental e como ele se agrega Esse é um um ponto por exemplo o mesmo com relação a gênero por exemplo isso eh São curiosidades importantíssimas das Ciências Sociais eu não sei se a economia pensa eh eh na explicação do comportamento nesses termos eh a gente
sabe pouco por exemplo sobre a influência do status na desigualdade de renda a gente sabe por por exemplo que certas ocupações têm uma importância muito grande e são respeitadas socialmente a sociologia mais do que paraa renda ela olha às vezes paraa ocupação e o status ocupacional eh Isso significa que um juiz meramente por ser juiz independentemente de sua renda pode ser até que ele tenha um amigo advogado formado no mesmo lugar e que ganha até mais do que ele mas o status de Juiz abre portas eh como é que eh essa essa diferença de status
ocupacional Opera eh eh em todo espectro social abrindo e fechando portas para categorias distintas Então eu acho que a gente sabe muito sobre mecanismos agregados mas a gente sabe pouco sobre os micr mecanismos de reprodução da desigualdade ainda outra coisa que às vezes os fenômenos eles só respondem no longo prazo então por exemplo eh qual é a influência do governo Fernando Henrique ou sarnei sobre a desigualdade de renda às vezes certas coisas começadas eh ali tem influências positivas ou negativas muito depois né mesma coisa governo Dilma né ele tá sendo eh eh na verdade vítima
de uma coisa que ela não controla acabou bundas comodis por exemplo então a gente pode pensar que o mercado brasileiro tá eh eh em certa crise por razões exógenas também Então significa que eh a Dilma é culpada desse desse quadro assim é difícil culpabilizar um governo ou responsabilizar uma política específica com exceção talvez do bolsa família porque ele se dirige muito especificamente uma população políticas muito amplas de redução da desigualdade eh passam a ser mais difíceis de de de de de enfim da gente medir os efeitos delas né o sistema educacional por exemplo um aumento
no sistema uma melhoria de da oferta do de Educação na qualidade na extensão da oferta vai gerar talvez efeitos de longo prazo daqui 50 anos né até que toda a economia todos os trabalhadores brasileiros ten na verdade capacitação qualificação e produtividade elevada para gerar um resultado assim Acho que existe também uma dificuldade e nos timings assim senhores Muitíssimo obrigado por participarem aqui do programa complicações nessa conversa de hoje obrigado pelo convite [Música] h [Música]