[Música] muito bem-vindas e muito bem-vindos a quarta semana do curso de literatura infanto-juvenil a gente já fez uma primeira abordagem histórica olhando as origens da literatura infanto-juvenil na Europa e no Brasil e fizemos uma segunda abordagem histórica sobre a maneira como a literatura infanto-juvenil brasileira se modernizou na semana passada olhamos os gêneros épicos a prosa ou teatro embora o teatro seja um gênero dramático mas tá aqui no sentido de contação de histórias e a história em quadrinho bom essa semana nós vamos falar sobre o gêneros que eu posso chamar com algumas aspas de gêneros líricos
Isto é aquele em geral Associados a contação de sentimentos a fala sobre sobre expressão subjetiva etc nós vamos olhar dois gêneros líricos a poesia infanto juvenil brasileira e a canção juvenil brasileiro Então eu queria começar a conversa tal como eu tenho feito nos outros gêneros tentando definir qual é esse gênero é claro que de maneira muito suscita e em geral muito à tática assim se define poesia como um gênero de expressão de sentimentos enquanto a prosa seria o gênero de contação de histórias também tem uma segunda definição de poesia que é pensar na poesia como
Aquela linguagem que tem uma linha embaixo da outra que são os versos né E como a gente já trabalhou com o Sartre aqui para falar de prosa eu acho que vale a pena a gente também mobilizar ele para falar sobre poesia Isto é poesia é uma linguagem que ao falar da sua matéria ao falar daquilo que ela trata ela também fala de si mesma Ou seja é uma linguagem que nunca desaparece a linguagem permanece lá lembrando aquela daquela metáfora como um vidro embaçado na frente do leitor leitor não pode tirar a linguagem da frente da
poesia porque é uma parte da poesia está na linguagem até por isso que diversos dos recursos da linguagem poética como rima metáfora literações imagens poéticas etc elas estão construídas na linguagem e não no Discurso ou seja se você retira a linguagem esses efeitos poéticos se perde eu trouxe aqui um poema muito conhecido em fim do Manuel Bandeira embora não seja um poema infanto-juvenil para vocês verem como os limites são tênis é um poema que poderia ser lido como infarto Juvenil que se chama a onda a onda a onda anda aonde anda a onda a onda
ainda ainda onda ainda anda aonde aonde a onda a onda é um poema que não é classificado como poema infanto-juvenil em si mas porque enfim né não há nada na matéria desse poema que seja necessariamente voltado para criança mas a própria brincadeira das aliterações das assonâncias elas acabam construindo esse lúdico né esse jogo que constrói a natureza do poema vamos olhar aqui agora com calma alguns recursos da linguagem poética o primeiro recurso que talvez aquele que mais defina a linguagem poética é a rima né a gente define rima quando sons da parte final de duas
palavras se aproximam pode ser uma rima perfeita como beijo e queijo ou uma rima toante como caranguejo e entrevero por exemplo em que só as vogais são as mesmas mas as con eles não e é a sonoridade parece a gente chama de rima atuante essas rimas também podem ser externas quando eu tenho duas palavras no final do verso e essas palavras rimam e elas também podem ser internas quando eu tenho alguma palavra no meio do verso e outra do final e elas também rimam né em geral se pensa a rima como um recurso do som
da palavra mas eu queria chamar atenção aqui que a rima também é um recurso rítmico ou um recurso mnemônico essa palavra é feia mas o seu sentido não é feio essa já é um recurso de memória de memorialístico né Isso quer dizer mnemônico o que eu tô tentando chamar atenção é para o seguinte ponto né a gente em geral fala assim ah a rima é quando duas palavras se parecem mas a gente esquece que quando duas palavras se parecem isso Marca um ritmo no texto Então quando eu falo minha terra tem palmeiras onde canta o
sabiá as aves que aqui gorjeiam esse gorjeiam do Palmeiras é uma rima toante quando eu falo Palmeiras e gorjeiam eu tô marcando um intervalo de tempo as rimas foram muito importantes para os discursos orais ao longo enfim da civilização humana como uma forma também de marcar a rima e de ajudar a memória se lembrar daquilo né batatinhas quando nasce espalham ramas pelo chão enfim a gente constrói uma série de quadras ou de objetos poéticos para conseguir obter essa esse efeito rítmico e mnemônico ou memorialístico outros dois recursos que são importantes mas que muito fáceis também
a aliteração que é quando eu tenho uma consoante sendo repetida e assonância que é quando eu tenho o som de uma vogal sendo repetida quando a gente volta para o poema do Manuel Bandeira por exemplo é eu tenho ali tanto aliteração quanto assonância né Eu tenho tanto esse tempo inteiro repetindo né a onda a onda onda onde anda a onda esse o tempo inteiro essa nasal sempre repetida né como eu também tenho o aioa aí até visivelmente como um recurso de assonância bom vou para dois recursos agora um pouquinho mais chatinhos o primeiro deles são
as metáforas a metáfora é um sentido figurado acho que isso vale a pena e por esse caminho da explicação né sentido figurado é quando o sentido não é literal Ou seja quando eu não falo casa para falar de uma casa quando o desvio sentido eu estou construindo uma figura de linguagem e por isso que eu chamo de sentido figurado um desses desvios de sentido é aquele quando você constrói dois você une dois Campos de sentidos distintos E com isso constrói uma metáfora que é Ana é uma leoa não é ana é como uma leoa que
seria uma comparação Ana é uma leoa Nós não sabemos exatamente Quais características da leoa a Ana reúne né Se ela é brava como uma leoa ou se ela tem o cabelo marrom com uma leoa mas quando eu coloco Uma leoa eu estou pegando dois Campos semânticos distintos e aproximando para conseguir dar conta de expressar esse sentido que não é o sentido literal que seria Ana é uma mulher ou então Ana é filha de Beatriz ou então Ana trabalha na Bolsa de Valores Sei lá tá é isso nós chamamos de metáfora quando nós pegamos dois Campos
semânticos distintos e conectamos a partir desse verbo de ligação aqui que no caso é e uma outra que é uma espécie de desdobramento das metáforas que são as imagens poéticas Essa é um pouquinho mais chato também mas vai dar certo imagem poética é quando eu tenho linguagem e sentido trabalhando juntos em geral sentido figurado para construção de uma imagem complexa de fundo eu trouxe um poema traduzido pelo Ângelo Monteiro mas um poema do William Blake chamado o tigre para tentar dar um exemplo da construção das imagens poéticas Vejam Só quando os astros lançaram os seus
dardos e regaram de lágrimas dos céus sorriu ele ao ver sua criação quem a vida ao Cordeiro também te criou tigre tigre que flamejas nas florestas da noite que mão que olho Imortal se atreveu aplamar a plasmar do terrível simetria é se eu retiro a linguagem a sonoridade ou as imagens não conseguem construir isso que está no fundo que está sendo construído tanto pela linguagem quanto Pelas imagens que é essa ferocidade do Tigre essa força do Tigre esse ritmo do Tigre a gente em geral define imagem poética assim uma imagem poética que é uma construção
complexa da poesia eu tenho linguagem e sentido trabalhando juntos para construir algo que é mais simples que é mais complexo do que uma metáfora é mais longevo do que uma metáfora ele não é tão pontual quanto a metáfora E aí seria o caso por exemplo de duas estrofes conjuntamente enoveladas para construção dessa imagem do tigre como no poema esse do William M Blake que eu acabei de citar assim como eu fiz nas aulas anteriores mas dessa vez bastante sucinto que eu já vou falar de canção hoje é eu trouxe dois clássicos da literatura infanto-juvenil brasileira
no campo da Poesia o primeiro deles da Cecília Meireles acho que todo mundo leu que é ou Isto ou Aquilo é um clássico da poesia infantil e até enquanto Juvenil que hoje envelheceu um pouco essa se a gente pode ele ele trata sobre vários assuntos do mundo do mundo infantil é nos termos daquela época né de 1964 quando o mundo quando o livro foi lançado é hoje a luz da poesia contemporânea esse livro envelhecer um pouco mas ele tem um lugar muito importante no pioneirismo e também na observação de como uma autora de poesia para
adulto desde desde os anos 20 30 ela vai entrar na Seara infantil com muito acerto nesse livro foi muito lido e quase todo mundo conhece trabalhado em escolas etc etc muito mais recente é o José Paulo Paes com o seu é isso ali que até em certa medida no título já dialoga com o livro da Cecília Meireles né esse já inspirado do José Paulo Paes na tradição oral e que ele busca brincar mobilizar diversas Fontes desse universo né adivinhas paródias histórias e tal para construir os seus poemas é muito interessante e já numa Ceara bastante
diferente do livro da Cilene Meireles bom até aqui eu falei sobre poesia e não por acaso eu trouxe uma letra de canção para a gente já conversar sobre isso de maneira direta eu vou ler essa letra de canção como se fosse poesia para tentar argumentar pela diferença o Pato Lá vem o pato pata aqui pata acolá lá vem o pato para ver o que é que há o pato pateta pintou o caneco sourou a galinha bateu no marreco pulou do poleiro no pé do cavalo levou um coice criou um galo comer um pedaço de jenipapo
ficou engasgado com dor no papo caiu no poço quebrou a tigela tanto fez o moço que foi pra panela eu falei isso como se fosse uma leitura normal de poema e vocês sabem acho eu porque é uma canção muito famosa que o pato é lá vem o pato patati patatá cantando lá vem o pato para ver o que é que há o pato pateta pintou o caneco surrou a galinha bateu numa reto pulando todo mundo conhece essa canção bom quando a gente pensa em canção Popular a gente pensa em que eu sou popular como letra
mas música mas que eu sou popular não é isso necessariamente canção popular é essa entoação canção popular é letra entoada né E aí claro que eu tô me referindo ao trabalho enfim desde 1990 mas desde 97 com livros muito preciosos né Tem um livro chama o cancionista que a Dilma 1997 que marca Enfim o começo do Campo dos estudos da canção popular no Brasil comentou a ação é de maneira muito clara assim ele tem trabalhos anteriores mas esse livro é um ponto de chegada importante o trabalho do Luiz está atira então é quando a gente
pensa a canção como entoação o universo se abre e se a gente entende que canção é um certo modo de entoar a letra e não necessariamente uma música ou seja não significa que canção traz a melhor música mas canção é uma reunião indissociável de letra e melodia produzindo uma outra coisa que é a inflação e essa inflação muitas vezes tem a ver com a entoação da língua fada porque quando nós falamos eu tô falando aqui com vocês agora por exemplo tem uma entoação pena para pão Eu tô construindo uma inflação na linguagem falada na canção
eu vou estilizar e construir a matéria cancional acho que é muito tranquilo dizer que a canção popular no Brasil tanto para adultos quanto em fotos juvenil tá no centro da nossa experiência literária né e não fazia sentido não ela não está presente aqui no curso a gente tem casos por exemplo como do show da Luna não sei o quanto vocês conhecem não sei quem tem filhos porque você tem filhos pequenos Com certeza conhece que é o trabalho enfim direção musical do André bujana em que as canções aparecem construindo momentos importantes da narrativa né E a
gente tem casos como da Galinha Pintadinha o tempo inteiro canção e as narrativas são pequenininhas ou no caso do Patati Patatá por exemplo em que as canções aparecem num ponto e no outro para digamos construir os limites daquele mundo de todo modo Quando vocês vão pensar por exemplo nos desenhos infanto-juvenis que passava na televisão muito dificilmente vocês não vão se lembrar das canções associadas esses desenhos no meu sonho eu conheci um cavalo de fogo ali essa elas construíram narrativas pertencentes a esse desenho introduziam ou encerravam os desenhos também valem japoneses enfim é só para dar
uma dimensão da riqueza do universo da canção infanto-juvenil eu trouxe para gente debater aqui dois exemplos que são exemplos inescapáveis de canção infanto-juvenil o primeiro deles Mais antigo é pelo menos mais antigo em disco espetáculo é o Saltimbancos do Chico Buarque né que é uma Peça baseada nos músicos de Bremen Então ela teve algumas canções adaptadas e outras canções criadas pelo Chico Buarque por exemplo acho todo mundo conhece a história de uma gata o meu mundo era partamento de ter uma almofada e prato não vou ficar aqui cantando não só para vocês entenderem que é
o quanto essas canções estão lá tem o seu lugarzinho reservado no nosso acervo né do Vinícius de Moraes é um disco póstumo né ele já tinha falecido infelizmente que esse disco tem a participa de vários artistas e tal e é um clássico para quem nasceu nos anos 80 assim né feita a partir de um livro homônio publicado por ele em 1970 10 Anos Antes o pato eu já cantei aqui mas tem um monte de outro tem corujinha interpretado pelas Regina tem a abelhinha aquela do Moraes Moreira enfim é um universo riquíssimo de melodias e de
canções bom é esse curso essa semana do curso ela vai ser completada com duas entrevistas uma delas com Fabrício Costa Leste que é um poeta e que também tem já Salvo engano 5 ou 6 livros depois juvenil então ele fica uma entrada muito clara no universo infanto-juvenil e com o Paulo Tati que é enfim talvez junto com a Sandra Peres que são os criadores do Palavra Cantada o fenômeno mais incontornável da canção em Fatos juvenil brasileira mas o ponto de trazer aqui os dois os dois gêneros juntos é também para tensionar esse caráter letrado e
não letrado que existe entre a canção popular e a poesia Isto é numa sociedade muito letrada é como é por exemplo o caso de inglesa ou italiana ou a Francesa esse lugar do mnemônico do ritmo do melódico do ritual é o culpado pela poesia no caso do Brasil que tivemos uma alfabetização tardia Esse lugar é ocupado pela Canção é impossível pensar literatura infanto-juvenil brasileira hoje sem pensar na canção Popular infanto-juvenil as músicas que as crianças aprendem na escola as músicas que as crianças assistem nos desenhos as músicas que as crianças ouvem né embora seja muito
menos comum do que na canção de adulto disco CDs Mas isso é ser muito menos comum no sentido da apreciação né embora que a palavra cantada tenha dezenas de discos Então isso é menos comum mas é muito presente então eu só tô um pouco da aula de hoje é para unir essas duas linguagens deixá-las bastante próximas mostrando as diferenças que tem a ver com caráter intuitivo e ao mesmo tempo que unir e mostrar diferenças é colocar as duas linguagens digamos em comparação com a sociedade brasileira para demonstrar o quanto elas estão presentes ou não o
quanto se fazem presentes ou não e nós vamos debater isso também nas entrevistas com os dois convidados em relação a características dessa mesma sociedade isso é tal como a canção popular em certa medida ocupa a educação sentimental da sociedade brasileira a canção Popular infanto-juvenil também em vários sentidos se faz presente dentro da educação sentimental digamos a educação melódica ou educação sensível das Crianças brasileiras e eu queria um pouco deixar vocês com essas questões bom Espero que tenha dado tudo certo até aqui nesses minutinhos de aula que é o argumento tenha sido Claro qualquer dúvida entre
em contato com as facilitadores dos facilitadores ou comigo participem dos fóruns um grande abraço tchau tchau [Música] [Música]