Me parece que a própria essência da liberdade está em compreender todo o mecanismo do hábito, tanto consciente como inconsciente. Não é uma questão de acabar com o hábito, mas de ver totalmente a estrutura do hábito. Você tem que observar como os hábitos são formados e como, negando ou resistindo a um hábito, outro é criado.
O que importa é estar totalmente consciente do hábito, porque então, como você verá por si mesmo, não há mais a formação de hábito. Resistir ao hábito, lutar com ele, negá-lo, só dá continuidade ao hábito. Quando você luta contra um hábito particular, dá vida a esse hábito, e então o próprio lutar se torna outro hábito.
Mas se você está simplesmente consciente de toda a estrutura do hábito sem resistência, então descobrirá que há liberdade do hábito, e nessa liberdade uma coisa nova acontece. É só a mente embotada, adormecida que cria e se prende ao hábito. Então; Como Libertar a Mente?
Jiddu Krishnamurti. Atenção. Uma mente que está atenta de momento a momento, atenta ao que está dizendo, atenta ao movimento de suas mãos, de seus pensamentos, de seus sentimentos, descobrirá que a formação de mais hábitos chegou a um fim.
Isto é muito importante de compreender, porque enquanto a mente está rompendo um hábito, e nesse próprio processo criando outro, ela obviamente nunca será livre; e só a mente livre pode perceber alguma coisa além dela mesma. Só a mente tranquila está apta a receber algo que não é “projeção” dela própria. Só a mente verdadeiramente quieta pode escutar, pode ver, e não aquela que tem uma infinidade de problemas.
Ao perceber a mente que não pode ver, por causa de seus numerosos problemas, esse reconhecimento da própria incapacidade de ver, dá origem ao ato de ver. Tudo isso requer excepcional atenção. Quando sois capaz de atenção completa, não-dividida - não apenas atenção intelectual ou verbal - capaz de estar atento com todo o vosso ser - corpo, mente, emoção - vos achais, então, num estado de suprema sensibilidade.
Só então a mente é virtuosa. Observe sua própria mente. Para ser livre, a mente deve não só ver e compreender o seu movimento pendular entre passado e futuro, mas também estar atenta aos intervalos entre os pensamentos.
. . Se observarem muito atentamente, verão que embora a resposta, o movimento do pensamento, pareça ser tão rápida, existem hiatos, intervalos entre os pensamentos.
Entre dois pensamentos dá-se um período de silêncio que não está relacionado com o processo do pensamento. Se prestarem atenção, irão reparar que esse período de silêncio, esse intervalo, não é de tempo; e a descoberta desse intervalo, liberta-vos do condicionamento - ou melhor, não “vos” liberta, mas dá-se uma libertação do condicionamento. .
. É somente quando a mente não está dando continuidade ao pensamento, quando está tranquila, num estado de tranquilidade que não é induzido, que é sem motivo - é só então que pode haver liberdade. Afinal, esta é a verdade: Ter a capacidade de se reencontrar com tudo, de momento a momento, sem a reação condicionante do passado, para que não haja o efeito cumulativo que atua como barreira entre si e o que é.