[Música] idoso negro é brutalmente chicoteado por homem que queria humilhá-lo por apenas R 10 o ato Cruel foi filmado como forma de zombaria e viralizou nas redes sociais provocando indignação em milhares de pessoas mas o que ninguém esperava era que meses depois o agressor seria confrontado por uma reviravolta chocante que o levaria ao arrependimento mais amargo de sua vida o beco Estreito era um lugar onde o sol raramente alcançava as paredes descascadas manchadas de mofo guardavam um silêncio opressivo interrompido apenas pelo som ocasional de passos rápidos de quem evitava passar por ali sentado em uma
pilha de papelões Francisco um idoso negro de cabelos brancos como algodão e olhar cansado segurava a barriga a fome já era uma velha companheira mas aquele dia parecia pior o corpo fraco tremia mais pelo vazio do que pelo vento frio que soprava Francisco ergueu os olhos quando ouviu passos ecoando no beco Estreito dois homens apareceram na entrada ambos jovens e bem vestidos o primeiro alto tinha um sorriso carregado de arrogância e segurava algo enrolado na mão direita uma correia de couro o segundo mais baixo carregava um celular e já posicionava a câmera como se preparasse
para gravar um espetáculo havia algo Cruel nos semblantes dos dois o brilho nos olhos do primeiro fez Francisco encolher os ombros automaticamente como quem já pressente o perigo Ei velho a voz do primeiro homem saiu alta e Debochada ele caminhava na direção de Francisco com passos largos e seguros Francisco não respondeu de imediato apenas abaixou a cabeça já havia aprendido depois de tantas humilhações que o silêncio às vezes era o único refúgio olha para mim quando eu t falando com você seu lixo o homem exigiu chutando a pilha de papelões ao lado do Idoso Francisco
levantou os olhos devagar o medo estampado no rosto magro quer ganhar um dinheiro fácil perguntou o homem zombando enquanto tirava do bolso uma nota amassada de R 10 ou melhor não precisa fazer nada Só ficar aí quietinho enquanto eu me divirto um pouco di Palas se perderam na garganta seca Rapaz eu só só preciso de um pouco de comida o homem ri um som seco e Cruel comida pois bem vou te dar R 10 10 conto tá bom 10 conto para eu dar três chibatadas nessas costas encardidas aí que tal um bom negócio não acha
o segundo homem que segurava o celular riu alto como se a proposta fosse a coisa mais engraçada que já ouvira Essa é boa vamos ver se ele aceita vai lá já tô gravando Francisco congelou as palavras queimavam seus ouvidos o homem balançava a nota como se fosse uma isca Enquanto o outro ajeitava a câmera para enquadrar melhor a cena o idoso sabia que aquilo era humilhante monstruoso mas o desespero falava mais alto a fome parecia apertar ainda mais o estômago à medida que o silêncio se alongava Ele olhou para a nota novamente franzindo a testa
tentando pesar suas opções a dor da chicotada seria passageira mas a dor da Fome essa ele conhecia bem demais era uma dor que roía por dentro que arrancava forças e deixava os pensamentos confusos Francisco sabia que se não comesse algo em breve não sobreviveria muito mais tempo eu eu aceito sussurrou quase inaudível a voz saiu trêmula como se as palavras fossem arrancadas à força de sua alma sabia que você ia topar vocês sempre topam o homem respondeu rindo de novo enquanto Puxava a correia do bolso o segundo homem focou a câmera em Francisco ajustando o
zoom senhoras e senhores começou o agressor com a voz em tom teatral apresento para vocês o show de hoje o mendigo que faz qualquer coisa por R 10 vamos começar então três chibatadas por uma nota de 10 barato né o homem com a câmera soltou outra risada acompanhando o Tom Cruel isso vai bombar continua mano tá perfeito Francisco fechou os olhos enquanto retirava a camiseta rasgada que cobria seu corpo magro as costas estavam marcadas pelo tempo e pelo sofrimento da rua ele se ajoelhou no chão sujo tentando se preparar para o que viria a primeira
chicotada caiu com um estalo seco como um trovão que ecoou no beco vazio Francisco contraiu o corpo mas não gritou seus dentes apertaram com força tentando engolir a dor Olha só nem reclamou que profissional zombou o agressor girando a correia na mão vamos pra segunda dá com mais força agora incentivou o homem com o celular aproximando a câmera para capturar os detalhes o segundo golpe foi ainda mais forte um gemido escapou dos lábios do idoso mas ele logo levou a mão à boca tentando conter o som ele não queria dar aos dois a satisfação de
ouvir seu sofrimento isso tá ficando divertido riu o agressor sem nenhum traço de compaixão no rosto é isso aí manda mais uma disse o homem com a câmera entre risos o terceiro golpe abriu um pequeno rasgo na pele fina das costas de Francisco O sangue começou a escorrer devagar misturando-se a sujeira no chão ele caiu para a frente apoiando-se com as mãos trêmulas mas o agressor não parou nas três prometidas com o olhar vidrado e um sorriso doentio aplicou o quarto golpe e logo o quinto ignorando completamente os gemidos de dor de Francisco O idoso
estava imóvel agora o corpo fraco demais para reagir Tá bom chega já me diverti o suficiente disse o homem guardando a correia no bolso ele jogou a nota de R 10 no chão perto de Francisco como se fosse uma esmola qualquer compra um pão velho e agradece por eu ter sido Generoso hoje disse o agressor Enquanto o outro homem encerrava a gravação ainda rindo os dois se afastaram trocando comentários cheios de deboche mano Isso foi épico não vejo a hora de postar disse o homem da câmera enquanto sons dos Passos dos dois desapareciam no silêncio
do Beco Francisco respirou fundo e tentou se levantar seus braços tremiam o corpo ainda protestando contra a dor das chicotadas ele pegou a camiseta rasgada que havia deixado de lado segurando-a com cuidado enquanto a dor latejava em suas costas expostas com um movimento lento e trêmulo a vestiu novamente tentando cobrir as feridas abertas e ao mesmo tempo proteger a dignidade que lhe restava depois agarrou a nota de R 10 jogada ao chão como se fosse um pedaço de esperança que ele precisava reunir com passos incertos Francisco deixou o beco cada movimento parecia carregar um peso
insuportável mas ele seguiu em frente motivado pela necessidade urgente de sobreviver com dificuldade ele se sentou na calçada próxima à padaria as costas latejavam sob o peso das chicotadas e a nota amassada de R 10 estava apertada em sua mão como se fosse a última Âncora que o prendia à sobrevivência Francisco olhava para o letreiro simples da padaria hesitando em entrar mesmo com fome ele se sentia deslocado em um lugar como aquele era como se a sujeira de sua pele e roupas o tornassem invisível ou pior como se gritassem para todos ao redor que ele
não pertencia ali o ID respirou fundo e levantou-se as pernas fracas quase falhando sob o peso do corpo magro entrou na padaria o cheiro de pão fresco invadindo suas narinas e trazendo lágrimas involuntárias fazia tanto tempo que ele não sentia um cheiro tão acolhedor aproximou-se do balcão com passos curtos tentando não atrair olhares dá um pão e uma coxinha por favor disse com a voz baixa estendendo a amassada a atendente o olhou de cima a baixo franzindo o nariz mas não disse nada colocou os itens em um saco de papel e pegou a nota Francisco
Segurou o pacote com as duas mãos como se carregasse um tesouro saiu rápido ignorando os olhares de desprezo de alguns clientes na calçada sentou-se novamente e abriu o saco a primeira mordida no pão foi quase desesperada mas logo ele desacelerou mastigando devagar a comida saciava o corpo mas não podia tocar a dor que vinha da memória enquanto mastigava flashes de sua vida passavam por sua mente ele havia sido um homem forte cheio de sonhos quando Deixou sua pequena cidade no interior do Maranhão há mais de 20 anos era casado com Jandira uma mulher doce e
determinada que sempre o apoiava e pai de uma menina de 10 anos chamada Ana que tinha os olhos brilhantes de curiosidade pelo mundo Francisco decidira partir para a cidade grande com um propósito conseguir um bom emprego mandar dinheiro para a família e um dia trazê-las para viver com ele nos primeiros anos seu plano parecia funcionar conseguiu um emprego como auxiliar de serviços gerais em uma fábrica limpando o chão e carregando materiais pesados era um trabalho duro mas ele não reclamava a cada pagamento mandava o máximo que podia para Jandira deixando apenas o suficiente para pagar
o aluguel de seu pequeno quarto em uma pensão ele escrevia cartas para casa sempre que podia ditando para um colega que sabia ler e escrever sonhava com o dia em que teria dinheiro suficiente para alugar uma casa e reunir sua família mas a vida como tantas vezes acontece tomou um rumo diferente Francisco foi demitido da fábrica durante uma reestrutura ele não tinha contrato formal nunca teve na verdade aproveitavam-se de sua falta de estudos e analfabetismo para pagá-lo menos do que o justo mas ele aceitava não tinha escolha após a demissão procurou trabalho em toda parte
batendo de porta em porta oferecendo-se para qualquer serviço mas a cidade grande é cruel com os vulneráveis sem dinheiro suficiente para o aluguel acabou despejado e em pouco tempo as ruas sua morada ele ainda tentou manter contato com Jandira enviou uma última carta explicando que estava passando por dificuldades mas não mencionou que estava morando na rua não queria que ela soubesse não queria que ela se preocupasse ou pior pensasse que ele havia falhado Como marido e pai mas a falta de dinheiro logo tornou impossível continuar escrevendo do outro lado Jandira se preocupava mais a cada
dia um ano sem em Notícias fez seu coração apertar com o pouco dinheiro que conseguiu emprestado comprou uma passagem para a cidade grande levou consigo o endereço do quarto onde Francisco morava mas ao chegar descobriu que outra pessoa já ocupava o lugar o proprietário apressado e indiferente disse apenas ele foi despejado faz tempo não sei para onde foi Jandira vagou pelas ruas da cidade perguntando por ele Ava a única foto que tinha de um Francisco sorridente com Ana ao seu lado tirada Antes de ele partir mas a cidade grande era um labirinto de rostos desconhecidos
ninguém parecia se importar com sua preocupação alguns nem paravam para responder enquanto outros apenas balançavam a cabeça Sem interesse sem alternativas e sem dinheiro para continuar a busca Jandira voltou para casa contou para Ana já adolescente que não havia encontrado o pai ambas choraram juntas naquela noite abraçadas ainda assim Jandira tentou confortar a filha repetindo com firmeza que ele voltaria como sempre fazia enquanto tentava acreditar em suas próprias palavras enquanto isso em um canto esquecido da cidade Francisco mastigava devagar o pouco que tinha conseguido comprar a coxinha fria e o pão simples não importavam para
ele aquilo era uma refeição de digna de um rei seus olhos estavam marejados Enquanto Pensava em Jandira e Ana Será que ainda pensavam nele Será que algum dia o perdoariam por ter desaparecido ele se perguntava como teria sido se tivesse conseguido manter o emprego se tivesse conseguido trazer a família para a cidade grande talvez eles estivessem juntos agora em uma casinha simples mas feliz mas Francisco sabia que os e se não mudavam a realidade ele era um homem velho invisível para a sociedade vivendo do que conseguia reciclar e do pouco que as pessoas às vezes
jogavam em sua direção suas mãos calejadas que antes carregavam sacos pesados de cimento e materiais agora revirava em busca de garrafas plásticas e latas vendia o que conseguia para comprar comida mas os ganhos eram sempre poucos ele terminou a coxinha e fechou os olhos sentindo o corpo relaxar um pouco a fome estava controlada por enquanto mas o peso da vida ainda apertava seus ombros ele não sabia que o vídeo das chicotadas já começava a se espalhar pela internet nem que pela primeira vez em anos alguém se importaria com sua existência com passos lentos Francisco retornou
ao Beco onde tudo havia acontecido um arrepio percorreu seu corpo ao passar pelo local enquanto a memória do chicote estalando contra sua pele e as risadas cruéis ainda ecoavam em sua mente ele pegou seu saco plástico vazio se preparando para a coleta de recicláveis que fazia todos os dias apesar da dor que irradiava das costas Sabia que não podia se dar ao Luxo de parar a fome havia sido aplacada por algumas horas mas voltaria logo ela sempre voltava enquanto passava perto de um esquina Francisco encontrou Sebastião um velho amigo que também vivia da reciclagem Sebastião
era um homem de meia idade um pouco mais jovem que Francisco com o rosto marcado pelo tempo e os olhos cansados mas que ainda carregavam um brilho de determinação Chicão meu amigo dormiu bem ontem perguntou com um sorriso que era raro entre aqueles que viviam nas ruas Francisco respondeu com um leve aceno de cabeça mas não seguiu retribuir o sorriso ele continuou remexendo uma pilha de caixas de papelão tentando disfarçar o desconforto Sebastião se aproximou e num gesto amigável deu um leve tapa nas costas de Francisco algo que fazia sempre como um cumprimento entre iguais
Francisco imediatamente recuou com um gemido de dor levando a mão às costas como se tivesse levado outra chicotada Eita Chicão tá tudo bem te machuquei perguntou Sebastião preocupado Francisco suspirou abaixou a cabeça por um momento e sem olhar nos olhos do amigo respondeu com uma voz baixa e trêmula não é você não Tião é que hoje cedo aconteceu uma coisa Sebastião largou o saco de recicláveis que carregava e se sentou no meio fio ao lado de Francisco claramente interessado no que ele tinha a dizer o que foi homem você com um jeito estranho Conta aí
Francisco hesitou olhando para o chão como se procurasse coragem entre as rachaduras do asfalto uns sujeitos aí passaram aqui hoje cedo uns homens daqueles sabe bem vestido jeito arrogante um deles disse que me dava R 10 mas tinha um preço ele parou por um momento a garganta apertada pelas lembranças Sebastião franziu o senho Ele te pediu o que Chicão Francisco respirou fundo tentando manter a voz firme Ele disse que me dava R 10 se eu deixasse ele me dar três chibatadas disse que era dinheiro fácil Sebastião arregalou os olhos surpreso e incrédulo não pode ser
Chicão você não aceitou uma coisa dessas aceitou eu aceitei respondeu Francisco a voz quase falhando eu aceitei porque estava com fome Tião uma fome Que Me apertava tanto que eu achei que ia desmaiar eu não tinha achado nada no lixo desde ontem nenhum pão velho nada e a dor da fome é pior sabe é pior que qualquer outra dor Sebastião Balançou a cabeça lentamente os olhos cheios de uma mistura de tristeza e revolta e ele fez mesmo isso Chicão ele te chicoteou Francisco soltou um suspiro pesado e com mão trêmulas começou a levantar a camiseta
que usava a visão das costas de Francisco fez Sebastião dar um passo para trás horrorizado as marcas estavam frescas vermelhas e inchadas algumas com pequenos cortes que ainda sangravam o couro tinha rasgado a pele em vários lugares Sebastião levou a mão à boca como se tentasse conter um grito de indignação ficando em choque com o que via Francisco continuou ele tirou o chicote do bolso e o outro ligou a câmera do celular para me filmar e disse que seriam três chibatadas mas eu consegui contar cinco as últimas foram piores e ele ria Tião ria como
se fosse a coisa mais engraçada do mundo depois ele jogou o dinheiro no chão jogou como se estivesse jogando um pedaço de lixo e ainda cuspiu em mim disse que eu deveria agradecer porque ele tinha sido Generoso e que eu não passava um de Sebastião apertou os punhos com tanta força que as veias saltaram em seus braços desgraçado filho da mãe isso não se faz nem com um animal Chicão nem com o animal e ele ainda gravou isso é isso que você tá me dizendo sim o amigo dele gravou tudo disse que ia mostrar para
todo mundo eu não sei porão não sei como alguém pode ser assim Sebastião deu um passo para o lado chutando uma lata que estava no chão com toda a força eu juro Chicão se eu encontrar esses desgraçados eu nem sei do que sou capaz eles têm que pagar eles têm que pagar pelo que fizeram com você Francisco tentou acalmar o amigo não adianta gente como eles acham que é melhor do que a gente acha que Porque a gente mora na rua porque a gente é pobre porque eu sou a gente não é gente para eles
a gente é menos do que nada Sebastião se aproximou colocando uma mão no ombro de Francisco desta vez com cuidado você não é nada disso Chicão você é um homem um homem que merece respeito a culpa não é sua por estar aqui a culpa é desse sistema dessa gente que só pensa no próprio umbigo mas esse cara esse cara que te agrediu vai pagar eu vou faz ele pagar Francisco Balançou a cabeça resignado não vale a pena Tião os dois ficaram em silêncio por um momento apenas olhando para o chão Sebastião ainda estava tremendo de
raiva mas Francisco parecia cansado demais até para sentir raiva ele apenas queria que a dor passasse não só a dor nas costas mas a dor de viver daquela maneira enquanto o silêncio preenchia o espaço entre eles Francisco respirou fundo como se tentasse aliviar o peso que carregava levantou-se devagar apoiando-se em um pedaço de Madeira ao lado e olhou para Sebastião vou continuar Tião Preciso achar mais recicláveis Se eu parar não como amanhã Sebastião observou o amigo se afastar com passos lentos o saco plástico vazio nas mãos ele queria fazer mais mas não sabia como ficou
parado ali observando enquanto Francisco desaparecia na esquina e suspirou frustrado com o mundo e com a impotência que sentia o sol da tarde castigava São Paulo com uma intensidade quase insuportável as ruas quentes exalavam um cheiro de asfalto queimado misturado com os odores da cidade que nunca dormia Francisco caminhava devagar o saco plástico que carregava na mão direita estava praticamente vazio e o carrinho de recicláveis que costumava usar tinha sido roubado meses atrás ele não tinha como coletar muito sem ele o que tornava os dias ainda mais difíceis cada passo fazia suas costas latejar as
marcas das chicotadas daquela manhã pareciam queimar ainda mais sob o calor intenso por horas ele havia andado remexendo latas de lixo revirando sacos à procura de garrafas plásticas mas parecia que naquele dia até o lixo estava escasso ao encontrar a sombra Projetada por um grande Edifício comercial Francisco suspirou de alívio encostou-se na parede tentando se esconder do Sol sentou-se com cuidado gemendo baixinho ao apoiar as costas no concreto frio o alívio foi momentâneo mas necessário ali mesmo sem comer poderia ao menos recuperar o fôlego enquanto descansava os olhos semiabertos observavam os sapatos elegantes e os
passos apressados das pesso R ninguém olhava para ele era como se sua presença fosse invisível ou pior um incômodo que precisavam ignorar ele estava acostumado a isso mas naquele dia a dor física e emocional tornava o silêncio da indiferença ainda mais pesado um som fino leve cortou a monotonia dos Passos era a risada de uma criança Francisco ergueu o olhar e viu a distância uma menina segurando a mão de sua mãe devia ter uns 5 anos com cabelos cacheados presos em Duas Marias chiquinhas e um vestido colorido que parecia refletir a energia vibrante que ela
carregava na outra mão segurava um saco de pipoca que comia distraidamente Mamãe por que aquele homem tá tão triste perguntou a menina apontando discretamente para Francisco que estava com a cabeça baixa e o saco plástico a lado a mãe puxou a filha suavemente pelo braço tentando apressar o passo filha ele é um morador de rua é por isso que ele está ali A menina parou franzindo o rosto em confusão O que é um morador de rua mamãe é alguém que não tem uma casa querida que mora nas ruas porque não tem onde viver a menina
arregalou os olhos e ele come o qu a mãe suspirou abaixando-se para ficar na altura da filha não sei meu amor talvez ele coma restos que encontra no lixo ou peça comida para as pessoas é uma vida muito difícil a menina ficou em silêncio por um instante olhando para Francisco por mais que a mãe tentasse puxá-la para seguir caminho ela resistiu então com um sorriso inocente e bondoso correu na direção de Francisco antes que a mãe pudesse detê-la espera filha chamou a mãe mas já era tarde a menina parou na frente de Francisco que levantou
o olhar surpreso ele piscou algumas vezes tentando entender o que estava acontecendo o senhor quer pipoca perguntou a menina estendendo o saco para ele com as duas mãos pequenas Francisco hesitou o gesto era tãoo que ele não sabia como reagir ahera você ocupar comigo essa pipoca é sua pode comer a menina Balançou a cabeça com firmeza empurrando o saco na direção dele eu quero que o senhor fique feliz é para você a mãe que havia se aproximado observava a cena com um sorriso emocionado Francisco olhou para ela como se pedisse permissão ela a sentiu levemente
encorajando-o ele pegou o saco com cuidado como se estivesse segurando algo precioso Muito obrigado minha pequena Você é muito gentil sua mãe deve estar muito orgulhosa de você Obrigada moço respondeu a menina com um sorriso que parecia iluminar o rosto cansado de Francisco enquanto a menina e a mãe se afastavam Francisco observou a criança saltitando de alegria feliz por ter ajudado alguém ele apertou o saco de pipoca contra o peito e uma uma lágrima solitária escorreu pelo Canto do olho o gesto da menina trouxe à tona memórias que ele guardava com carinho mas que ao
mesmo tempo doíam profundamente ele lembrou de Ana sua filha quando ela tinha 5 anos era tão parecida com aquela menina tinha o mesmo sorriso a mesma energia que fazia o mundo parecer mais leve Francisco fechou os olhos e viu flashes de Ana correndo pelo quintal de casa no interior o cabelo preso em Marias chiquinhas enquanto ria de suas brincadeiras ela sempre dizia que ele era o melhor pai do mundo e ele acreditava ser pai de Ana havia sido a melhor coisa que já lhe acontecera mas agora a saudade era sua única companheira ele se perguntava
como ela estaria Já devia ter seus 30 anos como seria sua vida agora e Jandira sua esposa Será que estava bem será que havia se casado novamente ele não podia culpá-la se tivesse seguido em frente a incerteza sobre a vida delas era como um peso constante em seu peito algo que ele carregava todos os dias ele sonhava em um dia conseguir voltar para o Maranhão para o interior onde elas viviam sonhava em reencontrá-los pedir perdão por ter sumido por não ter conseguido dar a elas a vida que prometera mas o sonho parecia tão distante quanto
próprio Estado A passagem era cara demais mesmo que conseguisse um emprego levaria meses talvez anos para juntar o suficiente o som de uma porta pesada se abrindo o tirou de seus pensamentos ele estava sentado em frente a um prédio comercial aproveitando a sombra mas o segurança do local apareceu o homem era grande vestindo um uniforme Impecável e tinha o rosto fechado de alguém que já estava irr antes mesmo de falar Ei velho sai daqui disse o segurança apontando para longe Francisco olhou para ele confuso eu só tô sentado não tô fazendo nada não importa os
hóspedes não querem gente como você por aqui anda logo a forma como ele falou como quem espanta um cachorro fez Francisco baixar a cabeça ele se levantou devagar segurando o saco de pipoca com uma mão e o saco plástico vazio com a outra cada movimento fazia suas costas doerem ainda mais ele saiu sem discutir porque sabia que não adiantava o sol voltou a queimar sua pele quando deixou a sombra do prédio mais uma vez ele sentiu o peso da indiferença e do desprezo do mundo mas em meio à dor e ao cansaço Segurou o saco
de pipoca com força o gesto daquela menina havia aquecido algo dentro dele algo que o mundo parecia tentar apagar todos os dias a esperança enquanto caminhava pelas ruas Francisco não tinha ideia de que em outro canto da cidade uma história muito diferente começava a se desenrolar a crueldade que ele havia enfrentado naquela manhã não ficara confinada ao Beco o homem que o humilhar tinha feito questão de gravar tudo e agora o vídeo estava nas redes sociais espalhando-se rapidamente levando consigo as marcas da violência e da indignidade o vídeo começou a circular na internet como tantos
outros conteúdos virais em silêncio carregado por um fluxo constante de compartilhamentos no início poucos prestaram atenção entre memes notícias e clipes engraçados o vídeo parecia apenas mais um registro aleatório mas assim que as primeiras pessoas assistiram algo aconteceu as imagens eram tão cruas tão brutais que não havia como ignorá-las o rosto do homem bem vestido rindo enquanto chicote Ava o idoso negro era uma imagem que causava uma repulsa imediata as costas do Idoso marcadas e sangrando eram uma lembrança visual da dor que muitos preferiam esquecer que ainda existia no mundo o vídeo tinha pouco mais
de 2 minutos no início o agressor parecia sorrindo para a câmera segurando o chicote de couro enquanto falava vejam isso pessoal o que vocês fariam com 10 esse aqui aceitou levar três chibatadas barato né então a câmera se movia para mostrar o idoso curvado tentando se equilibrar enquanto tirava a camiseta Rasgada o silêncio constrangido de quem assistia era quebrado pelos estalos secos das chicotadas os risos do agressor e as palavras cruéis que ele pronunciava gostaram acho que ele merece um bônus vamos para cinco ao final do vídeo o homem jogava a nota de R 10
no chão e cuspia com desdém dizendo compra um pão velho e agradece por eu ter sido Generoso as reações ao vídeo começaram tímidas mas cresceram como uma onda que não podia ser contida no início eram mensagens de revolta nos comentários isso é monstruoso escreveu alguém como ainda existem pessoas assim em pleno século XX comentou outro logo o vídeo começou a ser compartilhado com legendas exigindo Justiça identifiquem esse homem isso é inaceitável racismo e crueldade não podem ser tolerados vamos encontrar esse criminoso as imagens chegaram a influenciadores e jornalistas que amplificaram ainda mais a indignação um
influenciador digital milhões de seguidores repostou o vídeo com uma mensagem contundente ver um idoso sendo humilhado e chicoteado é uma cena que não deveria existir já chega de fechar os olhos para a violência contra os vulneráveis isso precisa parar agora quem puder vamos encontrar este homem e ajudá-lo logo as hashtags começaram a aparecer Justiça pelo idoso racismo nunca mais humanidade já no meio assisti a vídeo reconheceu o local onde a cena foi gravada um beco próximo a uma grande Avenida em São Paulo essa pessoa um ativista local Decidiu ir até lá procurar o idoso não
podemos deixar que isso passe IMP disse ele enquanto gravava um vídeo para suas redes sociais não sei quem ele é Mas precisamos encontrá-lo e ajud [Música] da internet Francisco permanecia alheio a tudo ele ainda caminhava pelas ruas com seu saco de plástico recolhendo garrafas E latas sem saber que o vídeo daquela manhã estava transformando sua vida longe de imaginar o alcance do vídeo Francisco seguia com sua rotina enfrentando as dificuldades de cada dia dois dias haviam se passado desde que o vídeo do Idoso sendo chicoteado começou a circular na internet espal indignação e revolta enquanto
milhares de pessoas compartilhavam as imagens exigindo Justiça uma grande questão permanecia sem resposta Quem era aquele homem Leandro um jovem ativista não conseguia tirar o vídeo da cabeça a imagem do Idoso curvado tentando suportar a dor e a risada Cruel Do agressor o atormentavam ele sabia que não podia apenas assistir precisava fazer algo com base nas informações que reconheceu no vídeo Leandro foi até o Beco onde tudo havia acontecido o lugar era Sombrio um espaço esquecido entre dois grandes prédios com paredes descascadas e cheiro de abandono mas ao chegar lá não encontrou ninguém frustrado olhou
ao redor tentando encontrar algum indício Foi então que viu um homem sentado na esquina próximo a uma pilha de papelão era Sebastião com barba desgrenhada e roupas tão desgastadas quanto as de Francisco ele parecia perdido em pensamentos mas levantou os olhos quando percebeu Leandro se aproximando Com licença senhor disse Leandro parando alguns passos à frente o Senhor conhece um idoso que costuma ficar por aqui um senhor negro magro de cabelos brancos o homem olhou para Leandro com curiosidade franzindo a testa tá falando do Chicão ele sempre dorme aqui nesse beco mas hoje cedo não vi
ele não deve est por aí catando reciclável como sempre faz Chicão perguntou Leandro intrigado é é como a gente chama ele por aqui gente boa sabe mas a vida não foi fácil para ele se tá procurando ele deve voltar mais tarde ele aparece aqui quase toda noite para descansar Leandro segurava uma sacola com alimentos que havia trazido pensando em oferecê-los a Francisco assim que o encontrasse Ele olhou para o homem à sua frente que parecia igualmente abatido pela fome ele abriu a sacola e tirou um sanduíche e uma garrafa de água estendendo para ele toma
Senhor coma um pouco você deve estar com fome os olhos do homem se iluminaram com surpresa ele pegou o lanche com cuidado como se fosse algo raro e precioso caramba valeu issso aqui é ouro pra gente ele deu uma mordida no sanduíche e suspirou aliviado e você tá mesmo querendo ajudar o Chicão olha se quiser posso te ajudar a encontrar ele conheço os caminhos que ele faz para catar reciclável Leandro sorriu Eu adoraria a ajuda é importante que eu o encontre ele precisa de ajuda O homem assentiu ainda mastigando Tá certo vamos procurar ele então
os dois começaram a caminhar juntos pelas ruas próximas ao Beco o morador de rua que se chamava Sebastião apontava os lugares onde Francisco costumava passar ele é um cara tranquilo sabe não fala muito da vida mas dá para ver que ele carrega muita coisa no peito um dia desses vi ele olhando pro céu e chorando nem perguntei por acho que ele guarda muita dor ouvia em Sil ele olou para Sebastião e sentiu um aperto no coração a perceber como a rua transformava as pessoas mesmo em meio à própria luta Sebastião ainda tinha disposição para ajudar
o jovem e ele sempre cata recicláveis por aqui sim todo dia é o que ele faz para sobreviver não dá muito mas ele é teimoso diz que pelo menos com isso tem queira no que dá os dois continuaram a busca seguindo as pistas deixadas pelos passos de Francisco O Sol da tarde começava a enfraquecer Mas Leandro sentia a determinação crescer dentro de si ele sabia que encontrar Francisco era apenas o começo mas estava disposto a fazer tudo o que fosse necessário para mudar a vida daquele homem Sebastião e Leandro caminhavam pelas ruas estreitas e agitadas
cada um segurando sua sacola Sebastião apontava para os becos e vielas onde acreditava que Francisco poderia estar as ruas estavam vivas com o som de buzinas vendedores ambulantes e passos apressados mas para Francisco aquele ruído era apenas o pano de fundo de mais um dia cansativo eles andaram por quase uma hora antes de Sebastião avistar uma figura curvada revirando uma lixeira próxima a um pequeno Parque ali é ele é o Chicão clamou Sebastião acelerando o passo Leandro seguiu atrás observando enquanto Sebastião se aproximava de Francisco com a familiaridade de um velho amigo Ô Chicão Até
que enfim te achei homem Francisco se virou lentamente segurando uma garrafa plástica nas mãos seus olhos mostravam cansaço mas se iluminaram levemente ao reconhecer Sebastião ão o que tá fazendo por aqui não devia est lá no ponto Sebastião riu mostrando os dentes desgastados hoje a missão era te achar meu amigo tem alguém aqui que quer falar com você ele apontou para Leandro que estava parado a poucos passos de distância Francisco olhou para Leandro desconfiado não estava acostumado a ser abordado por estranhos e as interações que tinha na rua quase nunca eram amigáveis Leandro deu um
passo à frente e estendeu a mão Olá Senor Francisco meu nome é Leandro eu vim procurar o Senhor porque vi algo que aconteceu há dois dias algo muito errado Francisco abaixou o olhar imediatamente entendendo do que se tratava ele soltou a garrafa que segurava e respirou fundo como se o peso da vergonha o estivesse esmagando Ah você também viu né todo mundo viu agora eu sou o velho das chicotadas Leandro Balançou a cabeça não Francisco o senhor não é isso o que aquele homem fez foi monstruoso mas não define quem o senhor é Francisco deu
uma risada amarga o mundo sempre achou que a gente Vale menos filho aquele homem só fez o que muita gente pensa só que ele teve coragem de mostrar o mundo viu o que ele fez sim mas agora o mundo também quer ajudar o senhor eu quero ajudar o senhor tá machucado já recebeu cuidados médicos Balançou a cabeça hesitante eu tô bem filho isso aqui já vai passar ele apontou para as costas onde as feridas ainda ardiam sob a camiseta Leandro olhou para Sebastião que completou a frase com sinceridade ele não tá bem não as costas
dele tão feias desde aquele dia eu falei para ele ir pro posto Mas você sabe como é né a gente não gosta de ir lá sempre olham a gente torto como se fosse nossa culpa estar assim Leandro assentiu entendendo a relutância eu trouxe comida e água mas o mais importante agora é cuidar da saúde do senhor Francisco Eu conheço um médico que atende de graça posso levar o senhor até ele Francisco hesitou por um momento não estava acostumado a receber ajuda e a ideia de confiar em alguém o deixava nervoso mas havia algo na voz
de Leandro que parecia Genuíno diferente Ele olhou para Sebastião que deu um leve sorriso vai Chicão esse rapaz é gente boa me deu comida antes de achar você ele quer mesmo ajudar Francisco suspirou e assentiu tá bom filho eu vou Leandro sorriu aliviado ele entregou um sanduíche e uma garrafa de água a Francisco que aceitou com um leve Obrigado enquanto Francisco comia Leandro começou a explicar o que tinha acontecido nos últimos dois dias Senor Francisco aquele vídeo que o homem gravou ele foi postado na internet muita gente viu as pessoas estão revoltadas com o que
aconteceu com o senhor tem gente querendo ajudar querendo fazer alguma coisa para mudar isso Francisco parou de mastigar e olhou para Leandro com desconfiança gente querendo ajudar sim as pessoas estão falando sobre o senhor perguntando como podem ajudar eu prometo isso não vai acabar aqui Vamos cuidar do Senhor e aquele homem vai pagar pelo que fez Francisco não respondeu apenas baixou a cabeça e terminou o sanduíche em silêncio o mundo já o decepcionar tantas vezes que era difícil acreditar em palavras de mudança mas algo no olhar de Leandro parecia sincero e ele decidiu dar uma
chance depois de terminar o lanche Leandro os conduziu até seu carro estacionado em uma rua próxima Sebastião visivelmente animado com a ideia de andar de carro depois de tanto tempo abriu um sorriso discreto rapaz faz anos que não sento num banco de carro isso é luxo hein Chicão Francisco riu baixo mais por educação do que por real entusiasmo ele entrou no banco de trás acomodando-se com cuidado por causa das costas feridas a cada movimento sentia uma pontada de dor mas Manteve o silêncio durante o trajeto olhava pela janela as ruas de São Paulo perdendo-se em
pensamentos sobre como sua vida havia chegado aquele ponto Leandro dirigia em um ritmo tranquilo explicando o que podiam esperar ao chegar à Clínica o médico é um amigo meu ele atende de graça quem realmente precisa ele vai cuidar bem de vocês Francisco assentiu levemente sem dizer nada enquanto Sebastião sentado ao lado de Leandro mantinha o olhar atento a paisagem Urbana Esse lugar é longe hein esse médico deve ser gente boa para ajudar desse jeito comentou Sebastião ele é respondeu Leandro sorrindo após alguns minutos de silêncio o carro parou em frente à Clínica o lugar era
pequeno mas acolhedor com paredes de tons Claros que transmitiam Calma Leandro saiu do carro primeiro e abriu a porta para Francisco e Sebastião chegamos vamos entrar Leandro guiou Francisco e Sebastião até a entrada lateral usada para atendimentos particulares assim que chegaram foram recebidos por um homem de meia idade de jaleco branco com um semblante sério mas acolhedor Leandro vi as fotos que me mandou parece que o caso é sério mesmo disse o médico enquanto apertava a mão do ativista Ele olhou para Francisco e Sebastião que estavam visivelmente desconfortáveis em meio à limpeza e organização da
Clínica claramente fora de seu ambiente habitual Dr Eduardo Este é o Senor Francisco ele sofreu ferimentos graves nas costas e eu fiquei preocupado com o risco de infecção ele está precisando muito de ajuda Eduardo assentiu e estendeu a mão para Francisco que hesitou antes de apertá-la com um gesto tímido muito prazer Senor Francisco Vamos cuidar disso agora mesmo pode ficar tranquilo está em boas mãos enquanto se preparava para conduzir Francisco à sala de atendimento Eduardo lançou um olhar para Sebastião reparando em suas pernas e você está mancando parece que tem algumas feridas aí quer aproveitar
Para darmos uma olhada nisso também Sebastião arregalou os olhos surpreso com a oferta espontânea eu ah Doutor Não precisa não bem indo com firmeza vamos resolver isso também feridas abertas podem se complicar e já que está aqui é melhor prevenir do que remediar Sebastião trocou um olhar com Francisco que assentiu Sutilmente Tá certo Doutor obrigado Francisco seguiu Eduardo até uma das salas de atendimento com passos lentos e cuidadosos ele não estava acostumado a esse tipo de tratamento e o cuidado na voz do médico parecia quase estranho Considerando o desprezo que enfrentava diariamente pode tirar a
camiseta para que eu possa ver as costas pediu Eduardo pegando os materiais necessários Francisco obedeceu removendo a peça com dificuldade assim que as costas do Idoso ficaram expostas Eduardo prendeu a respiração as marcas eram ainda piores do que ele imaginava as feridas estavam vermelhas inchadas e algumas já apresentavam sinais iniciais de infecção ele Balançou a cabeça incrédulo meu Deus quem fez isso com o senhor perguntou Eduardo enquanto começava a preparar os materiais para limpar as feridas Francisco suspirou olhando para o chão um homem disse que era por diversão que me dava R 10 para isso
Eduardo parou por um momento segurando o material nas mãos enquanto tentava processar o que havia acabado de ouvir o semblante sério se transformou em indignação visível isso é inaceitável nem com um animal se faz algo assim Francisco permaneceu em silêncio apenas observando Eduardo preparar a pomada e os curativos apesar do desconforto sentia uma pequena onda de alívio ao perceber que finalmente alguém se importava com sua dor o médico continuou o atendimento com cuidado limpando cada ferida meticulosamente e aplicando uma pomada cicatrizante ele explicou cada passo tentando tranquilizar Francisco vou dar uma injeção de antibiótico as
feridas têm sinais iniciais de infecção e não podemos correr riscos vai doer um pouco mas é importante Francisco assentiu Já tô acostumado com dor Doutor pode fazer após o curativo Eduardo levou Francisco para um pequeno banheiro dentro da Clínica aqui Senor Francisco pode tomar um banho tranquilo vou arranjar algumas roupas limpas para o Senhor enquanto Francisco tomava banho Eduardo voltou para o escritório e encontrou Sebastião sentado visivelmente desconfortável Sebastião né eu vi que você também tá precisando de cuidados tem algumas feridas na perna não quer aproveitar e tomar um banho também depois eu te examino
Sebastião olhou para ele com surpresa como se fosse difícil acreditar que alguém estava se oferecendo para ajudar sem pedir nada em troca sério Doutor Eu posso mesmo Claro que pode Vou arrumar roupas para você também Eduardo ligou para sua esposa pedindo que trouxesse algumas peças do guarda-roupa dele em pouco tempo ela chegou com um saco contendo camisas bem cortadas calças de tecido macio e até sapatos em ótimo estado eram roupas de marca elegantes e de alta qualidade coisas que Francisco e Sebastião jamais tinham sequer tocado antes após tomar banho na clínica e remover a sujeira
que parecia uma segunda pele Francisco vestiu uma camisa de algodão de corte Impecável e uma calça que se ajustava ao corpo de forma confortável ao passar as mãos pelo tecido macio ele sentiu Uma emoção que não conseguia explicar olhou para Sebastião que terminava de calçar um par de sapatos que brilhavam como novos Sebastião deu uma leve risada olhando para si mesmo no o reflexo do vidro da janela rapaz olha pra gente Chicão tá parecendo que a gente é gente de verdade agora hein Francisco passou a mão pela camisa mais uma vez sentindo a textura fina
do tecido seus olhos marejaram gente de verdade é assim que a gente devia se sentir todo dia Tião mas faz tanto tempo que a gente esquece até como é ser tratado com dignidade Sebastião assentiu ajeitando a gola da camisa com um sorriso de canto de boca é como vestir a própria alma de novo nunca pensei que roupa podia fazer a gente se sentir assim Eduardo observando a cena abriu um sorriso caloroso vocês merecem isso e muito mais roupas não definem quem somos mas às vezes ajudam a lembrar que todos nós merecemos respeito após terminarem de
se trocar Eduardo os u para uma pequena mesa na sala de espera sobre ela havia uma bandeja com café fresco biscoitos e pães quando Francisco segurou a xícara de café Fumegante uma lágrima escapou sem que ele percebesse o cheiro era familiar algo que não experimentava há muitos anos cada detalhe daquela mesa simples parecia uma celebração de algo que ele havia esquecido o valor de pequenos gestos de cuidado Bastião sentado ao lado olhou para Francisco e levantou sua xícara um brinde Chicão a porque finalmente a gente tá parecendo gente de novo Francisco riu baixinho erguendo a
própria xícara a gente Tião e ao Dr Eduardo e ao Leandro que fez isso por nós Eduardo se sentou com eles observando os dois saborearem cada pedaço dos biscoitos e cada gole do café como se estivessem provando um banquete real naquele momento o semblante dos dois homens não era mais o de quem estava marcado pela dureza da Vida nas ruas mas de alguém que mesmo que por um instante se sentia humano novamente Leandro que estava sentado ao lado aproveitou o momento para perguntar senhor Francisco Posso fazer uma pergunta o senhor tem família alguém que esteja
esperando pelo senhor Francisco parou segurando a xícara com as duas mã seus olhos marejaram enquanto ele pensava na resposta finalmente com a voz trêmula começou a falar eu tinha uma esposa Jandira uma filha que chama Ana faz mais de 20 anos elas ficaram no Maranhão numa cidadezinha pequena do interior eu vim para São Paulo tentar a vida trabalhar e mandar dinheiro para elas no começo deu certo consegui um emprego pagava o aluguel e mandava o que podia ele fez uma pausa respirando fundo Eduardo e Leandro mantinham o silêncio permitindo que ele continuasse Mas aí As
coisas mudaram perdi o emprego não tinha nada assinado sabe era tudo por baixo do pano eu fiquei sem chão sem dinheiro para pagar o aluguel fui despejado tentei arrumar outro trabalho mas ninguém queria dar oportunidade para um homem sem estudo tinha dias que nem eu sabia como ia comer as lágrimas começaram a escorrer enquanto ele continuava eu escrevia para elas dizia que tava tudo bem mesmo quando não tava mas aí o tempo passou e eu perdi o contato não tinha dinheiro para mandar carta não tinha telefone faz mais de 20 anos que não vejo minha
Ana ela tinha 10 anos quando eu saí deve ter uns 30 agora talvez mais nem sei como ela tá nem se ela tá Sebastião que geralmente era mais descontraído baixou o olhar mexendo nas mãos como se tentasse conter a emoção Eduardo limpou a garganta claramente tocado enquanto Leandro colocou a mão no ombro de Francisco e a sua esposa senhor Francisco Jandira certo o senhor acha que ela Francisco Balançou a cabeça não sei talvez tenha se casado de novo não culpo ela sabe como culpar alguém que só tentou seguir em frente eu só queria voltar voltar
pro Maranhão pra cidadezinha onde deixei elas mas a passagem é cara só consigo juntar o suficiente para sobreviver mais um dia voltar é Um Sonho Distante Leandro apertou o ombro dele com mais firmeza o senhor não está mais sozinho Francisco vamos encontrar um jeito de ajudar o senhor eu prometo Francisco não respondeu apenas a baixou a cabeça segurando a xícara como se fosse um Porto Seguro uma lágrima solitária caiu em silêncio enquanto ele pensava nas duas mulheres que ainda habitavam seu coração após terminar o café Francisco se acomodou em uma cadeira no escritório do médico
Sebastião sentou-se ao lado ainda admirando a sensação de estar limpo e vestido com roupas confortáveis Eduardo olhou para os dois o rosto Sereno mas carregado e determina Senor Francisco começou o médico com um tom calmo quantos anos o senhor tem Francisco pensou por um momento os olhos vagando como se buscasse a resposta em um lugar distante acho que T com uns 68 Perdi as contas direito mas devo est perto disso Eduardo assentiu entendi com essa idade o senhor deveria estar aposentado recebendo pelo menos algum auxílio Leandro talvez possamos ajudar com isso ele pode ter direito
a uma aposentadoria principalmente por causa da situação dele Leandro que ouvia atentamente abriu um sorriso acho uma ótima ideia Doutor eu conheço alguém que pode ajudar com isso alguém que entende de Previdência Social vou falar com ela amanhã mesmo Francisco olhou para eles com descrença franzindo a testa aposentadoria isso aí não é pra gente como eu nunca trabalhei registrado sempre foi tudo na base do bico quem vai me dar dinheiro agora Eduardo sorriu gentilmente senhor Francisco Não custa tentar existem programas para quem está em situação de vulnerabilidade com a ajuda certa podemos conseguir algo para
você mas enquanto isso tenho outra ideia Francisco e Sebastião se entreolharam curiosos Eduardo cruzou as mãos sobre a mesa e continuou Eu tenho um sítio nos arredores da cidade não é muito grande mas precisa de cuidados o Jardim tá precisando de um bom trato e eu tenho certeza de que vocês dois fariam um ótimo trabalho O que acham de trabalharem lá comigo O silêncio que se seguiu foi quebrado por Sebastião que deixou escapar uma risada incrédula trabalhar no seu sítio o senhor tá falando sério Doutor Seríssimo eu vou pagar um salário justo e se vocês
precisarem também posso ajudar com transporte não vai ser nada luxuoso Mas é uma oportunidade de trabalho honesta respondeu Eduardo com firmeza Francisco piscou algumas vezes como se tentasse processar as palavras o senhor tá mesmo oferecendo trabalho pra gente isso não é brincadeira né Eduardo Balançou a cabeça sorrindo Não é brincadeira Senor Francisco é uma oportunidade O que me diz Francisco olhou para Sebastião que tinha um sorriso largo no rosto e depois voltou para Eduardo eu eu não sei nem o que dizer acho que vou precisar de alguém para me beliscar porque isso só pode ser
um sonho Sebastião riu alto e estendeu a mão para dar um leve beliscão no braço de Francisco pronto Chicão tá acordado agora isso aqui é real Francisco começou a rir também mas logo as risadas se misturaram com lágrimas ele passou as mãos trêmulas pelo rosto balançando a cabeça como se ainda não acreditasse eu só eu só quero dizer obrigado não sei nem como agradecer isso é mais do que eu podia sonhar Leandro sorriu e colocou a mão no ombro de Francisco O senhor merece Francisco e tem mais se o senhor quiser eu posso tentar procurar
pela sua interet talvez a gente consiga algum contato um nome qualquer coisa Francisco arregalou os olhos como se tivesse acabado de ouvir algo impossível você tá dizendo que pode que pode achar minha Jandira minha Ana eu posso tentar hoje em dia dá para encontrar muitas coisas na internet não custa nada tentar o que me diz Francisco respondeu de imediato levantou devagar os olhos brilhando com lágrimas então num gesto que pegou todos de surpresa ele se ajoelhou no chão do escritório levantou as mãos para o céu e com a voz trêmula disse obrigado meu Deus obrigado
por tudo isso obrigado por ter mandado esses homens para cruzar o meu caminho eu achei que a vida tinha acabado para mim mas o senhor não esqueceu de mim Eduardo e Leandro observavam em silêncio claramente emocionados Sebastião que geralmente era mais brincalhão abaixou a cabeça tentando esconder os olhos marejados Francisco olhou para eles e acrescentou obrigado a vocês também Dr Leandro o que você estão fazendo por mim eu nunca vou esquecer nunca Eduardo se abaixou colocando a mão no ombro de Francisco levante-se senhor Francisco a vida ainda tem muito a oferecer ao Senhor estamos aqui
para ajudar Francisco se levantou lentamente ainda tremendo mas com o semblante carregado de algo que há muito tempo não sentia Esperança ainda na clínica após os atendimentos e os momentos emocionantes Leandro teve uma ideia que poderia acelerar o reencontro de Francisco com sua família ele tirou o celular do bolso e virou-se para os demais Senor Francisco Sebastião Dr Eduardo O que acham de gravarmos um vídeo vou explicar a sua história Senor Francisco e falar sobre a sua família pode ser que alguém veja e saiba onde elas estão Francisco olhou para Leandro surpreso você acha que
pode dar certo que alguém lá do Maranhão pode ver isso Leandro sorriu Hoje em Dia com a internet tudo é possível se esse vídeo chegar às pessoas certas pode ser o começo do reencontro Sebastião deu um tapinha no ombro de Francisco vai Chicão não tem nada a perder esse rapaz tá cheio de ideia boa Francisco assentiu ainda hesitante tá bom filho pode fazer o vídeo eu só só quero que minha Jandira e minha Ana saibam que eu nunca deixei de pensar nelas Leandro abriu a câmera do celular e ajustou o ângulo para que todos pudessem
aparecer Francisco estava ao centro ainda vestido com as roupas limpas que Eduardo havia dado enquanto Sebastião e Eduardo estavam ao lado Leandro iniciou a gravação falando com clareza e emoção Olá pessoal eu sou Leandro e hoje quero compartilhar uma história que precisa da sua atenção Este é o senhor Francisco conhecido como Chicão aqui nas ruas de São Paulo Ele viveu anos em situação de rua enfrentando desafios inimagináveis mas nunca perdeu a esperança de reencontrar sua família Francisco veio para São Paulo há mais de 20 anos para trabalhar e mandar dinheiro para sua esposa Jandira e
sua filha Ana que ficaram no interior do Maranhão infelizmente ele perdeu o contato com elas depois de enfrentar grandes dificuldades Leandro apontou para Francisco que olhava para a câmera com olhos marejados o Senor Francisco quer apenas uma chance de dizer a elas que nunca as esqueceu então pedimos a ajuda de todos vocês se alguém souber de uma Jandira Silva ou uma Ana Silva que ficar no Maranhão que Talvez tenham perdido contato com um homem chamado Francisco Oliveira Silva por favor entrem em contato vamos fazer esse reencontro acontecer Leandro encerrou o vídeo com uma mensagem poderosa
compartilhem essa história vamos usar a internet para algo bom vamos unir uma família que o tempo e as dificuldades separaram ele mostrou o vídeo para Francisco que o assistiu em silêncio ao final o idoso apenas murmurou Obrigado filho Deus abençoe você por isso depois de gravar Leandro os levou até uma casa simples que possuía e usava para aluguel de temporada mas que estava desocupada ao abrir a porta mostrou um espaço pequeno mais aconchegante com um quarto uma cozinha funcional e um banheiro vocês podem passar a noite aqui não é muito mas tem tudo o que
vocês precisam amanhã a gente conversa mais sobre o sítio e as próximas etapas Francisco e Sebastião entraram com passos cautelosos como se não acreditassem que aquilo era real Francisco passou a mão na cama simples e olhou para Leandro com os olhos cheios de gratidão cama filho eu nem lembro qual foi a última vez que dormi em uma cama de verdade Sebastião sempre mais descontraído caiu sentado na poltrona da sala e Sorriu Rapaz isso aqui é um Palácio pra gente valeu mesmo Leandro Leandro deu um sorriso discreto vocês merecem descansem Amanhã vai ser um dia cheio
depois de acomodar os dois Leandro foi para casa e postou o vídeo nas redes sociais a resposta foi rápida em poucas horas os compartilhamentos começaram a crescer comentários surgiam de todos os lados alguns apenas de apoio outros oferecendo informações ou contatos no Maranhão no dia seguinte Leandro entrou em contato com as Assistência Social explicando a situação de Francisco e Sebastião a assistente uma mulher chamada Juliana ficou comovida com a história e se comprometeu a ajudar Leandro vou fazer o que for necessário para que eles consigam documentos e quem sabe algum benefício a história deles É
de partir o coração vou começar pelos registros e com sorte vamos conseguir Obrigado Juliana qualquer coisa que você conseguir já Será uma grande ajuda Juliana continuou o Sebastião também tem direito a ser assistido Então vamos incluí-lo no processo vou precisar da colaboração deles para reunir informações Mas prometo que vamos fazer tudo o que pudermos Leandro desligou o telefone com a sensação de que as coisas estavam finalmente caminhando ele sabia que a jornada ainda seria longa mas sentia que com a mobilização das pessoas certas Francisco teria uma chance real de Reconstruir sua vida e quem sabe
reunir sua família novamente Francisco e Sebastião estavam sentados na mesa da cozinha da casa temporária quando Eduardo entrou carregando dois envelopes ele colocou os envelopes sobre a mesa e os olhou com um sorriso leve Eu sei que vocês estão recomeçando e que isso não é fácil aqui tem um pouco de dinheiro para ajudar vocês a se manterem enquanto tudo se resolve comprem o o que precisarem e se faltar algo não hesitem em me procurar Francisco pegou o envelope com mãos trêmulas olhando para Eduardo com um misto de gratidão e incredulidade Doutor O senhor já fez
tanto nem sei como agradecer vocês já agradeceram o suficiente Francisco respondeu Eduardo ele virou-se para Sebastião e você Sebastião gaste com responsabilidade viu sem exageros Sebastião deu um sorriso Largo pode deixar Doutor prometo que não vou gastar tudo com churrasco e cerveja Eduardo riu e acrescentou agora vamos ao sítio Quero mostrar o lugar onde vocês vão trabalhar e viver enquanto ajustamos tudo o carro seguia pela estrada de terra batida cercada por árvores e plantações até que o portão do sítio apareceu Sebastião sentado no banco do passageiro deixou escapar um aobo caramba Doutor isso aqui é
lindo Francisco no banco de trás olhava pela janela com olhos arregalados havia uma grande casa de madeira cercada por um quintal amplo com árvores frutíferas plantas exóticas e um pequeno galinheiro ao longe algumas vacas e cabras pastavam tranquilamente Esse lugar é um pedaço do céu Doutor disse Francisco quase sussurrando Eduardo parou o carro e saiu conduzindo os dois homens para um tour pelo local não tem muito trabalho aqui na verdade vocês vão cuidar do jardim podar as plantas e ajudar com os animais mas é algo simples para ser sincero isso é mais para ajudar vocês
do que uma necessidade minha Francisco abaixou a cabeça emocionado mesmo assim Doutor é mais do que eu podia imaginar Obrigado Eduardo sorriu nos primeiros dias Francisco evite ficar muito tempo no sol suas costas ainda estão sensíveis Então trabalhe nas áreas de sombra e Não se preocupem vocês terão ajuda o João que já trabalha aqui comigo vai acompanhar vocês em tudo João um homem simpático de meia idade apareceu no quintal e acompanhou os dois mostrando-lhes o que iriam fazer Sebastião bateu nas costas de Francisco que logo recuou com um gemido por causa das feridas Eita Chicão
desculpa aí eu até esqueci que tá machucado mas tá vendo agora a gente tem até colega de trabalho Francisco riu baixinho sentindo-se mais leve do que em muito tempo enquanto isso na cidade Leandro mal podia acreditar no que via o vídeo que gravara com Francisco Sebastião e Eduardo estava tomando proporções inesperadas em menos de 48 Horas havia ultrapassado 1 milhão de visualizações e mais de 100.000 compartilhamentos comentários chegavam de todas as partes do Brasil com pessoas oferecendo apoio doações e até informações sobre possíveis parentes de Francisco Leandro Estava sentado em frente ao computador acompanhando as
notificações quando viu algo que fez seu coração acelerar uma mensagem direta em sua caixa de entrada o remetente era uma mulher chamada Ana boa tarde meu nome é Ana e sou do Maranhão vi o vídeo do e pela descrição ele pode ser meu pai ele saiu de casa há muitos anos e nunca mais tivemos notícias minha mãe Jandira e eu sempre esperávamos por ele por favor me diga se é ele estamos desesperadas para saber Leandro leu a mensagem várias vezes tentando processar a possibilidade seria mesmo Ana a filha de Francisco Ele respondeu rapidamente pedindo mais
informações e dizendo que faria de tudo para confirmar pode ser Ela pensou Leandro com o coração disparado pode ser a filha do Francisco sem perder tempo Leandro dirigiu-se ao sítio no mesmo dia com uma mistura de ansiedade e alegria o caminho parecia mais longo do que de costume enquanto ele pensava em como dar a notícia a Francisco a mensagem que recebera Diana estava gravada em sua mente e ele mal podia esperar para ver reação do Idoso ao chegar estacionou o carro perto do galinheiro onde Sebastião e Francisco estavam com João ajudando a podar as árvores
próximas Francisco estava trabalhando nas áreas sombreadas como Eduardo recomendara e parecia mais disposto do que nunca ao ver Leandro descer do carro ele limpou as mãos na calça e caminhou até ele com um sorriso no rosto Leandro você por aqui alguma novidade Leandro colocou a mão no ombro de Francisco e respondeu com um tom cheio de emoção senhor Francisco eu acho que encontramos sua família Francisco parou de respirar por um momento os olhos arregalados de surpresa o quê você você tá falando sério encontrou minha Jandira minha Ana Recebi uma mensagem de uma mulher chamada Ana
dizendo que pode ser sua filha ela me mandou o número dela vamos ligar agora Francisco começou a tremer as mãos ansiosas tentando conter a emoção meu Deus é verdade Vamos filho vamos logo Leandro pegou o celular e ajustou a câmera para que Francisco ficasse no enquadramento ele discou o número e colocou em chamada de vídeo quando a tela conectou e o rosto de uma mulher apareceu Francisco travou Oi aunt ququ coisa sim sou eu você é o Leandro onde está o senhor Francisco Leandro virou o celular para Francisco ao ver o rosto da mulher na
tela Francisco levou as mãos ao rosto e começou a chorar Seus olhos eram inconfundíveis exatamente como ele se lembrava com a voz embargada ele conseguiu dizer Ana minha Ana é você mesmo meu amor você não imagina o quanto eu senti saudades o quanto eu orei por você e pela sua mãe você cresceu tanto agora já é uma linda mulher me desculpe minha filha desculpe por eu ter sumido as coisas estavam complicadas por aqui pai também senti muita falta sua é muito bom saber que o senhor está bem Estávamos tão preocupadas você nem imagina passou tanto
tempo Francisco tentou falar mas as lágrimas o impediam ele apenas balançava a cabeça confirmando Leandro pegou o celular por um momento permitindo que Francisco se recompe Oi Ana sou o Leandro estou ajudando o Senor Francisco aqui em São Paulo Ele está sem documentos mas está bem agora graças a algumas pessoas que o apoiaram ele fala muito de você e da Dona Jandira ela também está aí sim está aqui na cama vou passar o celular para ela a imag na tela mudou e o rosto de uma mulher idosa apareceu Jandira estava deitada em uma cama seus
olhos cansados e marejados quando conseguiu focar na imagem de Francisco ela começou a tremer Chico é você Chico perguntou a voz fraca mas cheia de emoção Francisco caiu de joelho segurando as mãos sobre o peito Jandira é você meu Deus Jandira é você Jandira começou a chorar eu sabia que você não tinha me abandonado Chico Eu sabia que alguma coisa tinha acontecido meu Deus Olha você você tá tão diferente mas é você não tem como eu não reconhecer é você os dois choravam enquanto trocavam palavras entrecortadas pela emoção Sebastião que observava a distância não conseguiu
conter as lágrimas também e murmurou caramba que coisa linda Segurou o celular para facilitar a conversa enquanto Francisco e Jandira relembrava Ana voltou à tela com os olhos vermelhos de tanto chorar Pai a gente tá tão feliz de falar com você a mãe nunca perdeu a esperança sempre dizia que se você estivesse vivo ia tentar voltar pra gente Francisco enxugou os olhos e perguntou com cuidado e vocês minha filha como estão tá tudo bem com vocês Ana suspirou olhando para o lado Estamos bem sim dentro do possível a mãe tá com alguns problemas de saúde
mas eu cuido dela eu me casei recentemente meu marido é um bom homem ele ajuda muito a gente a vida não é fácil mas estamos juntos e eu também já tenho um filho de 3 anos um menininho muito meigo agora você é avô pai Francisco sorriu com lágrimas ainda escorrendo um netinho eu sou avô Jandira eu sou avô Jandira sorriu assentindo na tela e você vai conhecer ele Chico assim que a gente conseguir mas a gente está sem condições de viajar não dá para ir até você Francisco Balançou a cabeça Não se preocupem eu vou
até vocês eu consegui um trabalho e pessoas boas estão me ajudando vou juntar dinheiro e vou voltar para casa eu prometo eicar Ana falou com a voz trêmula a gente vai esperar por você pai não importa o tempo que leve Só de saber que você tá vivo e bem já é uma alegria imensa a conversa continuou por horas relembraram memórias antigas compartilharam histórias dos últimos anos e Prometeram nunca mais perder contato Leandro observava em silêncio com um sorriso discreto feliz por ter sido O Elo que uniu a família novamente ao final da chamada Francisco olhou
para o céu com lágrimas nos olhos e disse obrigado meu Deus obrigado por não me abandonar quando desligaram ele se levantou com uma expressão tão aliviada que parecia outra pessoa ele comeou a rir a saltitar pelo sítio levantando as mãos E agradecendo a Deus em voz alta Sebastião obsa rindo também elece um feliz Leandro riu cruzando os braços enquanto observava Francisco e não é para menos hoje ele recuperou o que achava que tinha perdido para sempre Francisco parou por um momento olhou para eles e gritou obrigado meus amigos obrigado vocês mudaram minha vida enquanto Francisco
desfrutava da Alegria e do alívio de estar reconectado com sua família uma mobilização paralela continuava ganhando força fora do sítio a história emocionante de sua recuperação e reencontro tocava milhares de pessoas mas também despertava indignação e revolta as redes sociais fervilhavam não apenas com mensagens de apoio mas também com um objetivo Claro identificar e responsabilizar o agressor com as imagens Claras e o rosto do homem bem visível internautas não demoraram a identificá-lo era um empresário conhecido na região com reputação de de arrogância e histórico de comportamentos abusivos a informação espalhou-se rapidamente e um grupo de
jovens adultos indignados com a brutalidade e a humilhação que Francisco havia sofrido decidiu que não podiam esperar pela justiça convencional naquela noite o homem saiu de um restaurante caro falando ao telefone enquanto caminhava em direção ao carro estava distraído sem perceber as figuras encapuzadas que se aproximavam pelas sombras antes que pudesse reagir foi cercado por cinco jovens que seguravam cintos em mãos firmes Ei calma aí o que vocês querem dinheiro eu pago mas não me toquem gritou ele assustado um dos jovens deu um passo à frente e apontou para ele não queremos dinheiro queremos que
você sinta na pele o que fez com aquele idoso você acha bonito o milhar e machucar quem já tá no chão agora você vai pagar o homem tentou correr mas foi foi segurado e empurrado contra a parede o primeiro golpe de cinto caiu com um estalo seco seguido por outro e outro ele gritou tentando proteger a cabeça mas os jovens o mantinham no chão Isso é para você sentir seu verme o jovem gritou enquanto a cinta cortava o ar novamente você gosta de bater nos outros não gosta agora aguenta o homem implorava chorando de dor
parem por favor parem eu errei eu sei mas parem os jovens porém não recuaram cada cintada era um grito de indignação de revolta pela crueldade que ele havia infligido a Francisco as costas do homem começaram a sangrar marcadas pelas tiras do cinto finalmente depois de minutos que pareceram horas eles pararam agora você sabe o que é ser tratado como lixo mas não vamos acabar por aqui eles amarraram as mãos e pernas do homem com cordas deixando jogado na calçada o jovem então pegou o telefone e ligou para a polícia tem um homem aqui que precisa
ser preso é o agressor do vídeo do Idoso chicoteado ele tá amarrado e esperando por vocês antes que a polícia chegasse o grupo se dispersou sumindo pelas ruas escuras eles haviam feito o que consideravam justiça mas sabiam que o sistema deveria cuidar do resto pouco tempo depois uma viatura chegou ao local dois policiais saíram do carro e olharam para o homem no chão Ainda chorando e com as costas marcadas um deles o reconheceu imediatamente então é você disse o policial com um tom de desprezo O Valentão do vídeo humilhar um idoso parecia fácil né agora
tá aí chorando no chão me tirem daqui olhem o que fizeram comigo implorou o homem o policial cruzou os braços pena que você não teve esse remorso quando estava rindo e chicoteando um idoso faminto você vai pagar pelos seus atos eles o algemaram ignorando seus gemidos e Protestos e o colocaram na viatura o caminho até a delegacia foi silencioso exceto pelos soluços do homem ao chegar ele foi levado para uma cela onde seria processado e responderia por sua violência racismo e humilhação contra Francisco naquele momento ele não era mais o agressor arrogante do vídeo mas
apenas mais um criminoso enfrentando as consequências de seus atos a notícia da prisão chegou rapidamente ao sítio através de Leandro que fez questão de informar pessoalmente Francisco estava morando na casa de serviços do sítio um espaço simples mas confortável onde ele e Sebastião tinham tudo de que precisavam para viver com dignidade João o trabalhador do sítio era uma companhia constante e ensinava tudo o que podia sobre as tarefas da Fazenda Leandro chegou ao final de uma tarde quente enquanto Francisco e Sebastião descansavam Embaixo de uma árvore após um dia de trabalho ele saiu do carro
com um sorriso discreto e chamou os dois Francisco Sebastião venham aqui tenho uma notícia para vocês os dois se aproximaram intrigados Sebastião sempre brincalhão foi o primeiro a perguntar é coisa boa ou coisa ruim Leandro Depende de como vocês olham respondeu Leandro cruzando os braços o homem que machucou você Francisco foi preso Francisco franziu o senho absorvendo a informação preso Como assim depois de tudo o que aconteceu as pessoas identificaram ele e antes que a polícia chegasse um grupo de jovens resolveu dar uma lição nele Leandro explicou os detalhes sem entrar em muitos pormenores para
não Mas agora ele está na cadeia vai responder por tudo o que fez Francisco ficou em silêncio por um momento quando finalmente falou sua voz estava calma mas carregada de reflexão ele teve o que mereceu Mas para ser sincero Leandro eu não guardo ódio dele já passei tempo demais sofrendo quero gastar o resto dos meus dias com coisas boas com as pessoas que realmente importam assentiu admirado com a o senhor tem razão Francisco O importante agora é que o senhor está recomeçando Sebastião por outro lado não se conteve Ah como eu queria ter visto aquele
verme chorando Isso aí foi pouco para ele Francisco deu uma risada baixa balançando a cabeça Ah Deixa isso para lá a vida tem mais para oferecer do que rancor os dias seguintes tram consigo um novo ritmo e a calmaria do sítio começou a fazer parte de suas vidas longe do Caos e da hostilidade das ruas Francisco e Sebastião experimentavam algo que há muito tempo lhes era negado a oportunidade de respirar com tranquilidade e recomeçar com dignidade com o passar das semanas Francisco e Sebastião se adaptaram completamente à rotina do sítio o trabalho de jardinagem era
leve e o contato com a natureza trouxe uma paz que Francisco não stia há décadas ele cuidava das plantas com atenção regando os canteiros e podando árvores João sempre paciente ensinava os dois como cuidar dos animais e até os deixava alimentar as galinhas e vacas a ferida nas costas de Francisco cicatrizava bem E com o tempo ele começou a trabalhar mais livremente Sob o Sol Sebastião que sempre mantinha o bom humor fazia questão de lembrar a Francisco como a vida deles havia mudado Olha só pra gente Chicão quem diria hein aqui no meio da natureza
comendo comida boa e dormindo em cama macia Francisco sorria sem conseguir conter a gratidão é Tião nunca imaginei que um dia estaria tão perto da Paz de novo o Dr Eduardo visitava o sítio regularmente para verificar como Francisco estava ele acompanhava a recuperação e trazia palavras de incentivo você está cada dia melhor e com o que você está juntando aqui mais a aposentadoria que estamos encaminhando não vai demorar muito para você realizar o que deseja as palavras de Eduardo traziam Esperança Renovada a Francisco que começava a acreditar que um futuro diferente estava ao seu alcance
enquanto ele seguia com a rotina no sítio trabalhando no jardim e cuidando dos animais Leandro e a assistente social ji Av incessantemente para resolver a questão de seus documentos e benefício Leandro e Juliana não mediram esforços cruzando informações nos registros antigos e preenchendo a papelada necessária no início do segundo mês seus esforços finalmente deram frutos quando Leandro chegou ao sítio para contar a novidade ele encontrou Francisco sentado em um banco Sob a Sombra de Uma Árvore podando pequenos Galhos Sebastião estava por perto empilhando algumas ferramentas após o trabalho Francisco Sebastião Tenho boas notícias anunciou Leandro
com um sorriso animado Francisco olhou para ele com curiosidade O que foi filho o que aconteceu conseguimos Francisco sua aposentadoria foi aprovada Já está tudo certo e daqui a pouco o senhor vai receber o primeiro pagamento Francisco quase não acreditou tá dizendo que eu vou receber uma aposentadoria É sério [Música] senis rindo da incredulidade do Idoso sebão ouvindo a conversa não conseguiu segurar o riso Olha só Chicão agora você rico he Francisco deu uma risada emocionada não rico não mas me sentindo como se estivesse agora dá pensar em voltar Maranhão [Música] consegui um benefício assistencial
para você também vai ajudar bastante Enquanto vocês continuam aqui Sebastião ficou boc aberto mentira Leandro um benefício para mim nunca pensei que ia ouvir uma coisa boa dessas É verdade Sebastião não é muito mas vai garantir que você tenha uma renda fixa para ajudar com as despesas Sebastião levantou os braços em um gesto exagerado de celebração rapaz agora eu e o Chicão estamos feito quem diria que a vida ia dar uma virada assim Francisco sorriu balançando a cabeça com gratidão e se virando para agradecer Leandro você e o Dr Eduardo são mesmo uns anjos filho
a vida da gente mudou completamente por causa da ajuda de vocês nem sei como agradecer Leandro colocou a mão no ombro de Francisco e respondeu com um sorriso sincero o Senor já agradeceu ver o senhor e o Sebastião feliz e planejando o futuro já valeu a pena essa é a melhor forma de retribuir Francisco assentiu emocionado enquanto Sebastião mais brincalhão completava Tá certo Chicão mas se quiser agradecer mais pode fazer meu turno no galinheiro as risadas preencheram o ar trazendo uma leveza que há muito tempo não sentiam com o salário do trabalho no sítio e
o primeiro pagamento da aposentadoria de ele finalmente conseguiu juntar o suficiente para comprar uma passagem no início do terceiro mês Leandro trouxe os bilhetes e ajudou Francisco a preparar os últimos detalhes da viagem no dia da partida Todos estavam reunidos na varanda do sítio para se despedir de Francisco Sebastião João Leandro o Dr Eduardo e sua esposa estavam lá com rostos emocionados mas felizes pelo novo capítulo da vida de Francisco antes de Francisco sair Leandro Entregou um envelope senhor Francisco tem mais uma coisa antes de o senhor ir Francisco abriu o envelope e encontrou um
comprovante de transferência bancária no valor de R 50.000 Ele olhou para Leandro surpreso O que é isso filho isso é muito dinheiro é o dinheiro das doações que conseguimos na internet Francisco todo mundo que viu sua história quis ajudar esse valor é todo seu tenho certeza de que vai fazer uma grande diferença na sua vida Francisco começou a chorar tremendo de emoção eu nem sei o que dizer vocês são anjos na minha vida Deus abençoe vocês todos Sebastião abraçou Francisco com lágrimas escorrendo pelo rosto vou sentir sua falta Chicão você é como um irmão para
mim Francisco retribuiu o abraço a voz embargada Eu também te amo mas a gente vai se falar prometo Eduardo apertou a mão de Francisco sorrindo Essa é só uma despedida temporária Francisco O senhor sempre terá um lugar aqui Francisco olhou ao redor absorvendo cada rosto e cada gesto de carinho ele levantou as mãos para o céu e murmurou obrigado Deus obrigado por me dar uma nova chance Muito obrigado a todos vocês com os abraços e os últimos acenos Francisco entrou no táxi que Leandro havia chamado para levá-lo até a rodoviária da Cidade enquanto o veículo
seguia pelas estradas de terra que levavam à zona urbana ele olhava pela janela vendo as paisagens do sítio ficarem para Trás uma mistura de ansiedade e esperança preenchia seu coração no caminho ele segurava o extrato do valor depositado em sua conta enquanto olhava para os números pensava no que que faria com aquele dinheiro uma ideia começava a se formar em sua mente ajudar Jandira com o tratamento de saúde que ela tanto precisava ele sabia que a vida dela não estava fácil e parte desse dinheiro poderia trazer algum alívio a viagem era longa mas Francisco sentia
que cada quilômetro o aproximava de seu sonho o ônibus balançava suavemente pela estrada mas sua mente estava agitada ele havia visto e Jandira pela chamada de vídeo mas o encontro físico seria diferente ele sonhava com o abraço apertado com o cheiro de casa e com o calor humano que tanto lhe faltou durante todos esses anos quando o ônibus finalmente parou na rodoviária de sua cidade natal Francisco desceu com o coração acelerado o calor da tarde o envolveu mas ele mal sentia seus olhos percorreram o pequeno terminal até que finalmente ele viu Ana estava ali de
pé sorrindo enquanto segurava Samuel pela mão ver a filha em carne e osso fez o coração de Francisco saltar ela era uma mulher forte com os mesmos olhos brilhantes de quando era criança e ao seu lado Samuel olhava curioso segurando um pequeno carrinho de brinquedo Francisco deu alguns passos hesitantes até que Ana finalmente se moveu pai gritou ela correndo em sua direção ele abriu os braços e impacto do abraço quase o fez cambalear minha Ana minha menina como eu senti sua falta meu amor nós também sentimos muito a sua falta Pai ela disse as lágrimas
rolando enquanto apertava o rosto contra o peito dele Samuel vendo o abraço caminhou até eles mamãe ele que é o vovô Francisco se abaixou sentindo os joelhos vacilarem pela emoção e olhou para o menino meu pequeno eu sou o vovô vem me dar um abraço o menino deu um sorriso tímido e se jogou nos braços de Francisco que o segurou com força sentindo o calor daquele pequeno corpo meu netinho você é o presente que Deus me deu Ana enxugou os olhos observando a cena com um sorriso pai ele estava ansioso para te conhecer desde que
fizemos a chamada de vídeo não parava de falar do vovô Francisco sorriu ainda abraçando Samuel o momento era de Pura Emoção e Francisco sentiu algo dentro de si se alinhar como se o vazio que carregava há décadas finalmente fosse preenchido vamos pai a mãe está esperando ansiosa ela queria vir mas você sabe com a saúde dela seria muito cansativo Francisco assentiu ainda processando Tudo Claro minha filha vamos não quero que ela espere mais nemhum minuto eles saíram da rodoviária e entraram no táxi que Ana havia chamado o motorista um senhor simpático de cabelos grisalhos olhou
para Francisco pelo retrovisor com curiosidade tá de visita amigo Francisco sorriu com os olhos marejados é mais do que isso meu senhor Tô voltando para casa depois de muitos anos o táxi seguia devagar desviando dos buracos que pontuavam a estrada de chão batido cone se aproximavam do bairro Francisco começou a reconhecer os traços da comunidade onde havia deixado parte do coração as casinhas de paredes gastas e telhados simples ainda estavam ali com varais coloridos cheios de roupas balançando ao vento quente crianças descalças corriam entre as casas e algumas pessoas descansavam a sombra de árvores pequenas
e resilientes com o vidro do táxi aberto Francisco percebeu os olhares curiosos voltados para ele um homem sentado na calçada parou de conversar e olhou fixamente uma mulher com uma bacia na cabeça voltando do Rio apertou os olhos como se tentasse acreditar no que via Chico é você perguntou ela com surpresa na voz ele acenou de dentro do carro sorrindo Sou eu mesmo Dona Dalva Voltei minha nossa Jandira vai ter uma alegria tão grande seja bem-vindo homem de Deus Francisco sentiu o coração apertar com as reações das pessoas cada aceno cada sorriso parecia uma pequena
celebração de seu retorno ele voltou o olhar para Ana que Sorria com lágrimas contidas nos olhos todo mundo lembra do senhor pai eles sabem o quanto a mãe sofreu esperando por esse dia o táxi finalmente Parou em frente à casa uma construção simples de paredes desbotadas carregava anos de História o quintal cercado por uma cerca de madeira rústica tinha plantas secas pelo calor e uma cadeira de balanço Sob a Sombra de um pé de tamarindo Francisco desceu do carro devagar sentindo o calor intenso sob seus pés e olhou ao redor nada Parecia ter mudado tanto
mas havia um peso de nostalgia e saudade em cada detalhe Samuel desceu apressado e correu até uma mesinha no quintal onde pegou algo que está escondido vovô fiz isso para você era um desenho com traços simples e coloridos mostrando Francisco e Jandira Ana e seu marido e junto dele Samuel de mãos dadas em frente à casa no céu um grande sol sorridente irradiava sobre eles Francisco pegou o desenho com mãos trêmulas e olhou para o Neto meu pequeno é lindo vou guardar isso para sempre você sabe disso né Samuel sorriu subindo no colo do avô
eu te amo vovô Francisco apertou o menino contra o peito Eu também te amo muito meu menino muito Ana sorriu e abriu a porta da casa deixando Francisco entrar o cheiro quente e familiar o envolveu imediatamente as paredes tinham marcas do tempo mas ainda exibiam fotos antigas da família Pai a mamãe tá no quarto ela tá tão ansiosa não fala de outra coisa desde que a gente soube que o senhor vinha Francisco assentiu guardando o desenho de Samuel no bolso ele caminhou pelo corredor Estreito cada passo trazendo mais emoção ao chegar à porta do quarto
viu Jandira deitada na cama com travesseiros altos apoiando suas costas apesar da fragilidade seus olhos brilhavam com a mesma intensidade de quando eram jovens quando ela viu Francisco levou as mãos ao rosto começando a chorar baixinho Chico meu amor Graças a Deus você voltou Francisco entrou no quarto devagar e sentou-se ao lado da cama segurando as mãos de Jandira Com ternura voltei jandirinha voltei para ficar nunca mais vou sair do lado de vocês eu prometo Jandira acariciou o rosto dele as lágrimas correndo livremente eu sabia Chico sabia que você ia voltar rezei por você todos
os dias nunca deixei de acreditar Francisco abaixou a cabeça emocionado me perdoa Jandira por todo o tempo que te deixei sozinha por ter sumido Jandira Segurou o rosto dele com delicadeza não tenho o que perdoar Chico você voltou é isso que importa Deus me ouviu Ana apareceu na porta segurando Samuel pela mão mamãe tá todo mundo aqui agora a nossa família tá completa Samuel correu até a cama e subiu com a ajuda de Francisco os quatro se abraçaram enquanto o calor do dia parecia dar lugar a uma paz que preenchia a casa Francisco sentiu que
pela primeira vez Em décadas o vazio que carregava havia desaparecido mais tarde já na varanda Francisco observava o sol se pô sobre o bairro com Ana ao seu lado e Samuel brincando com uma no qu ele respirou fundo sentindo o cheiro do ar seco e murmurou obrigado Deus obrigado por me trazer de volta e se ainda não viu a história anterior Veja uma prévia do que aconteceu Caçador encontra bebê abandonado em Floresta e fica em choque ao ver uma cobra gigante enrolada nele Clique na tela a seguir e acompanhe essa reviravolta impressionante Obrigado por assistir
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