ímpio perverso associado do diabo blasfemo e ateu e são alguns qualificativos ali que os contemporâneos de Espinosa deram a esse filósofo do século 17 e de fato ele escreveu muitas coisas contrárias a compreensão tradicional de religião de milagres de profecia da sacralidade da Bíblia e de diversos outros assuntos que eram muito delicados ali no período e são em certa medida também bastante delicadas até hoje mas o Espinosa não aceitava nenhum desses adjetivos ele resistia fortemente a essa impressão que as pessoas tinham dele e inclusive devolvia todas essas maldições né de volta ali para as pessoas
que estavam lançando isso sobre ele e dizia que ele na verdade defendia verdadeira religião contra falsa religião que essas pessoas que eu acusavam defendiam e inclusive mesmo com atitude crítica de leitura da Bíblia que o Espinosa tinha ele dizia que a bíblia poderia sim perfeitamente ser chamada de a Bíblia Sagrada mas para entender isso e para entender o que que nós entendía com o verdadeiro religião a gente tem que antes entender a divergência que havia nessa compreensão dele e relação à da maioria dos seus contemporâneos e para iluminar esse ponto assim tem uma citação do
Espinosa que eu acho que é fantástica que está presente no Tratado teológico político na qual ele diz o seguinte inúmeras vezes fiquei espantado Por ver homens que se orgulham de professar a religião cristã ou seja o amor a alegria a paz a continência e a lealdade para com todos combaterem se contar ferocidade e manifestar em cotidianamente uns para com os outros um ódio tão exacerbado que é mais fácil reconhecer a sua fé por estes do que por aquele sentimentos de fato Há muitos Já que as coisas chegaram a um ponto tal que é quase impossível
saber se alguém é cristão turco judeu ou Pagão a não ser pelo aspecto exterior do corpo e pelo vest ou por frequentar esta ou aquela igreja ou finalmente Porque adepto desta ou daquela opinião e costuma jurar pelas palavras deste ou daquele mestre Quanto ao resto todos levam a mesma vida nessa passagem acho que é muito claro essa distinção que Espinosa faz entre uma religião que ele considera exterior e uma religião que ele considera interior uma religião que tem a ver com arquitetura dos prédios que você frequenta as roupas que você veste o vocabulário que você
usa e uma religião que tem a ver com a forma como você vive a forma como você trata as outras pessoas a forma como você trata a totalidade né ou Deus ou a natureza como Espinosa dizia e o que o Espinosa vai chamar de verdadeira religião é exatamente essa segunda coisa né Essa religião interior e o que ele vai chamar de religião vulgar são muitos aspectos dessa religião exterior das coisas da cerimônia associadas a piedade Mas que nada efetivamente transformam a vida da pessoa segundo o Espinosa via ali no comportamento das pessoas com as quais
ele vivia ali na Amsterdam do seu tempo que era de Fato muito diversa culturalmente mas que ele observava que essa diversidade cultural essa diversidade religiosa não implicava muito de fato no comportamento ali de cada uma dessas comunidades ou até pelo contrário poderia ser prejudicial como a gente vai ver na sequência aqui do vídeo então para elaborar um pouco como que a Espinosa via essa falsa religião essa religião vulgar a gente já fez um vídeo falando sobre a origem da religião segundo Espinosa no qual ele fala que muitas das características que essa religião externa tem são
decorrentes de ansiedade e de ignorância né e que cada povo de certa forma diante das dificuldades da vida e tentando exercer algum tipo de controle sobre o seu cotidiano sobre o seu destino acabaram inventando ali uma série superstições sacrifícios esse tipo de coisa que nada tem a ver com a causa real dos problemas delas né mas isso a gente já falou naquele vídeo aqui eu vou focar em outro aspecto que o Espinosa desenvolve bastante no Tratado teológico político que é o conflito ali a distinção entre a circunstancialidade e o excepcionalismo da falsa religião e do
outro lado a eternidade e a universalidade da verdadeira religião então o que que é essa circunstancialidade esse excepcionalismo Da falsa religião né Por Espinosa muitas as tradições religiosas por exemplo cristianismo ou judaísmo ele surge em contextos específicos e eles lidam Originalmente ele com problemas específicos daquelas condições geográficas políticas naquele momento de comunidades específicas Então essas religiões elas se desenvolvem de forma circunstancial elas criam regras criam crenças dogmas soluções para problemas que estão ligados a uma realidade imediata das populações que desenvolvem essas tradições e que portanto não podem ser aplicadas universalmente um exemplo que o Espinosa
oferece dessa questão é a tourar que para ele é Principalmente um código de Direito Civil ali forjado por Moisés é a partir do momento em que a população que o cercava entrega o seu direito pessoal ali no seguindo ali as teorias contratualistas é sobre a origem a legitimidade do Estado né mas isso aí a gente não vai entrar em muitos detalhes aqui mas basicamente o povo sai do Egito onde eles tinham soberano que era o faraó e a partir do momento em que eles saem do Egito eles têm que firmar um novo contrato social ali
mas novas regras sociais para comunidade não destrambelhar por causa e a expressão desse contrato social é justamente as leis que estão descritas ali nos cinco primeiros livros da Bíblia né então aquelas leis não deveriam ser tomadas como universais da humanidade inteira aplicáveis a qualquer momento da história não aquilo ali era uma Foi algo providenciado para dar conta da situação daquele contexto específico né Então as leis os mandamentos os rituais a cerimônias que procedem desse acordo são circunstanciais né não devem ser forçado sobre outros povos e outros contextos da história e assim para o Espinosa isso
aí não tem nenhum problema né moiséster promulgado Essas leis aí em nome de Deus é algo inclusive que ele considera bastante positivo Porque sem leis o povo viveria numa situação bem pior que seria o estado de natureza né Que deve ser remediado justamente pelo ordenamento ali que um contrato social traz o problema para o Espinosa é que muitas vezes as comunidades que estão submetidas essas leis a esses ritos é cerimônias não percebem a circunstancialidade da sua situação elas acreditam que aquilo é eterno necessário Universal né eles não reconhecem o caráter humano definições nas quais eles
vivem mas sim atribuem essas essa situação uma um caráter divino né de que essas leis esses ritos a cerimônias procedem de Deus e não poderiam ser diferentes e os povos que vivem de forma diferente estão errados o que vai entrar no ponto do excepcionalismo que o Espinosa acreditava que era uma das características mais negativas dessa religião vulgar né dessa falsa religião que a crença de que apenas o meu povo apenas as pessoas que praticam o que eu pratica o que pensam o que eu penso é que estão certas só um povo é que é santo
ou eleito de Deus ou seguem O Profeta verdadeiro e coisas desse tipo e esse excepcionalismo por Espinosa ele tá na raiz ali da intolerância religiosa nos conflitos que ele testemunhava durante a sua própria vida de perseguição religiosa de guerras religiosas E se esses elementos chamados de religião pelas pessoas que acusavam Espinosa levavam de vida violenta intolerante destrutiva é bélica o tempo inteiro né sem paz nem de espírito nem de corpo nem de nada isso não poderia ser a verdadeira religião por Espinosa a verdadeira religião Era exatamente o oposto disso né ele acreditava que verdadeira religião
era pura e simplesmente a vida justa e amorosa uma vida que seguia ali a justiça e que prezava pelos outros né ou seja caridosa é altruísta e para ele né esse núcleo bastante minimalista assim da verdadeira religião que é justiça e amor era algo que poderia encontrar em absolutamente todas essas diversas religiões esses diversos nomes né cristianismo islamismo judaísmo etc e portanto era algo Universal né todo e qualquer povo que já viveu na face da terra em qualquer momento histórico poderia chegar à conclusão de que a melhor uma forma de se viver né a verdadeira
forma de vida como Espinosa diz é a vida justa e caridosa é a melhor forma de participar de uma sociedade e que permite as pessoas florescerem né desenvolverem os seus potenciais alcançarem ali a beatitude como Espinosa diz que está relacionada Justamente a paz de espírito né que traz a vida justa e amorosa e aquela questão que eu disse que Espinosa considerava que a bíblia poderia sim ser chamada de Sagrada né tem a ver justamente com isso que apesar da beatitude da vida justa e caridosa né da verdadeira religião poder se alcançada única e exclusivamente pela
razão a pessoas se tiver o tempo necessário nas possibilidades necessárias vai chegar à conclusão de que a melhor forma de vida é essa ele considera também que nem todas as pessoas vão chegar a essa conclusão sozinhos né filosoficamente racionalmente então ele acredita que há atalhos de fato perfeitamente legítimos eu posso chegar essa conclusão que é na verdade você não chegar sozinho a ela mas você ser ensinado a respeito dela por exemplo por algum livro como a Bíblia e é exatamente nesse sentido que o Espinosa vai dizer que a bíblia Pode sim ser considerada Sagrada A
partir do momento em que ela pode pela leitura né a pessoa lendo a bíblia pode ser inspirada edificada né levada a viver uma vida mais justa e amorosa agora essa qualidade de sacralidade da bíblia nesse sentido depende da relação que as pessoas estabelecem com ela porque se uma pessoa ler a Bíblia e não se torna uma pessoa mais justa e amorosa então a Bíblia não foi Sagrada naquela situação né sacrilidade Ela depende da relação é o hipnose vai dizer que nada é sagrado ou Divino em si em sentido absoluto mas apenas em relação à mente
ou em outra citação também ele vai dizer o seguinte a divindade da escritura deve ser estabelecida unicamente por meio do fato de que ela ensina a verdadeira virtude E aí Claro né Não só a bíblia é um caminho para essa verdadeira virtude outros livros outras filosofias outras tradições também podem inspirar uma pessoa para que ela seja mais justa e amorosa e aí nesse sentido o Espinosa remove de fato excepcionalidade da Bíblia como o único livro sagrado e vai dizer por exemplo que livros que ensinam e falam das coisas mais elevadas são igualmente sagrados qualquer que
tenha sido o idioma e a nação em que foram escritos ou seja para ele a verdadeira religião não depende da sagradas escrituras ainda que a pessoa possa chegar a ela pelas ditas sagradas escrituras então em resumo né O que que a verdadeira religião para Espinosa é a vida justa e amorosa qualquer coisa que leve a pessoa isso é Sagrada e divina qualquer coisa que afaste a pessoa disso é profana e maldita né ímpia Então nesse sentido é que Espinosa vai dizer que aqueles ditos religiosos que ele via praticando perseguição torturando exilando pessoas né executando pessoas
por serem de crenças diferentes por exemplo não eram absolutamente religiosos enquanto que as pessoas que eram chamadas de ímpias de Malditas blasfemas etc como ele mesmo caso vivessem uma vida ética eram perfeitamente beatos mas assim né quem tá acompanhando a série já sabe que esses argumentos não vão convencer muito os seus adversários e os livros dele vão ser de fato banidos em toda a Europa ele vai ser maldito até o fim da vida por judeus cristãos E toda sorte de tradições religiosas que o cercavam mas apesar de tudo isso O Legado filosófico que ele deixaria
seria mo ao mesmo afetaria transformaria a história da filosofia de forma definitiva e a gente vai falar Então no próximo episódio né No próximo vídeo que da série exatamente sobre isso né sobre a morte e a vida após a morte de Espinosa né O Legado de Espinosa mas por enquanto é isso se você não é inscrito no canal ainda e se interessa por esse tipo de assunto clique aí para se inscrever e receber as notificações dos próximos vídeos e muito obrigado por assistir e até o próximo