Olá pessoal! Estamos, aqui, para mais um episódio do nosso estudo do livro Gênesis de Moisés. Nós tínhamos finalizado essa primeira metade do capítulo 4 do livro genesis e, hoje, nós caminhamos para o final deste capítulo, que descreve a descendência de Caim.
E, é exatamente esse o tema da nossa reflexão de hoje: descendência. Por que o livro de Gênesis tem essa predileção? Com outros livros também (Êxodo, Números - aliás, o próprio nome indica uma contagem de gerações), por que os livros do Velho Testamento têm essa predileção por descendências, por genealogia?
Por que o Evangelho de Mateus (ou Levi) se inicia por uma genealogia? O que está por trás desse interesse do escritor bíblico pelas genealogias? Este é um ponto interessante para a nossa reflexão, por que nos remete à estrutura da obra.
a estrutura do livro Gênesis - já comentamos isto aqui – com capítulo, versículos e títulos. Se você pegar a sua Bíblia, vai perceber que os capítulos estão separados, os blocos de versículos nos capítulos estão separados por títulos. Isto tem um nome técnico, um nome grego, que se chama perícope.
Perícope é, então, um pedaço, um trecho, como se fosse um mini capítulo, um item dentro de um capítulo. Mas, essa divisão só surgiu, só se estabilizou, se estabeleceu (encontra pequenas divisões, antes, em manuscritos), se concretizou somente no séc. XVII, após a invenção da imprensa.
Antes de Johannes Gutenberg, isto não era um procedimento comum. Toda essa divisão só é do séc. XVII em diante.
Na época de Jesus e em períodos anteriores, não há divisão não há divisão em capítulos, em versículos e não há título de nada. Mas, não nos enganemos: isto não significa que não há estrutura. É como você ouvir uma música clássica.
Nós sabemos que a música clássica também apresenta essas divisões estruturais. Quando você ouve uma sonata, esta tem partes. Uma suíte, uma sinfonia, é dividida em partes.
Embora, a partitura seja contínua, ou mesmo que ela fosse contínua, você identificaria essas partes por elementos estruturais da música em si. Aqui, no livro de Gênesis ocorre a mesma coisa: o livro é dividido por genealogias. Isto mesmo!
Nós poderíamos dividir todo o livro de Gênesis, precisamente cinquenta capítulos, em dez genealogias. Esta é uma macroestrutura do livro Gênesis. Por que isto?
Qual a primeira genealogia? Vou dar um exemplo, aqui, dessa divisão em genealogias antes de falar qual a primeira delas. O capítulo 5 começa assim: "eis o livro da descendência de Adão".
Descendência, aqui, é genealogia. Aliás, uma tradução melhor, aqui, seria genealogia. O texto no hebraico usa uma expressão muito importante: o toledot.
Toledot é gerações. Então, é o livro das gerações que, depois traduzido para o grego, vira o livro das genealogias, o histórico das genealogias. Nós percebemos que o capítulo 5 começa com genealogia.
Mas, é curioso que, no final do capítulo 4, nós temos também uma genealogia e é o que vamos estudar hoje. A partir de Gen 17:4, até o versículo 24, temos a genealogia de Caim e depois, temos os versículos 25 e 26 que mostram a continuidade da genealogia de Adão e Eva. Por quê?
Adão e Eva geraram Abel e Caim mais velho. Abel. Caim mata Abel.
Mas, depois, Adão e Eva geram outro filho chamado Set. Set, por sua vez, terá sua genealogia. É como se nós tivéssemos Adão e Eva, os grandes patriarcas eles geram, Caim, que teve a sua genealogia, e Set, de outro lado que, vai continuar sua genealogia, porque Abel foi assassinado.
Então, sua descendência foi interrompida. Este é o ponto importante: matar alguém é destruir uma semente. Você corta o processo de continuidade que aquele ser traz ao encarnar.
Agora, vamos tentar entender esse universo de genealogias. O mundo antigo era repleto de mitologias sobre origem: a origem da Terra, a origem dos Céus, das estrelas, em suma, a origem de tudo aquilo que o ser humano poderia observar com os seus olhos, tudo o que ele podia ver: as montanhas, o ar, as aves, o fogo, as estrelas, o sol, a lua, e assim por diante. Nessas tradições, os elementos da natureza eram vistos como uma família.
Então, na mitologia grega, por exemplo, você tem Uranos e Gaia - a Terra. Daí, tem os filhos e os filhos de Uranos cortam o falo do pai e, daí, cai na água, no mar. Então, é uma família e você vai explicando, também por um processo de genealogia, a origem das coisas, porque preocupação aqui é remontar às causas: quem veio primeiro e o que gerou o quê.
O livro de Gênesis é um esforço da cultura hebraica, dos detentores da primeira revelação, daquele povo que foi escolhido para ser o guardião da primeira revelação. Então é um esforço deles para construir também uma mitologia entre aspas, entre aspas, só que, agora, vinculando tudo a um único Deus. Não tenho mais uma pluralidade de deuses, uma multidão de deuses, uma família de deuses; agora, eu tenho um Deus e sua família.
Então, a primeira genealogia que são o capítulo 1 e parte do capítulo 2 de Gênesis trata da genealogia da natureza. Céus e Terra ("No princípio criou Deus os Céus e a Terra"): é assim que começa, como na Mitologia Grega. Tinha as águas que não falam como foram criadas.
Também na Mitologia Grega, você tem o mar. É interessante, só que, aqui [na Bíblia], é como se fosse uma releitura, é como se a tradição hebraica relesse esses mitos do entorno mitos da Mesopotâmia, do Oriente próximo, do Egito, é como se fizesse uma releitura de todos esses mitos a partir do monoteísmo. Então, a primeira genealogia das dez é a dos Céus e da Terra, das coisas onde o palco é montado, com uma sequência em seis dias, sendo que Deus, o Criador, (porque, agora, há um Criador incriado, é um Criador que não foi criado) dá a origem a tudo, dispõe todos os elementos da natureza para se iniciar a segunda genealogia que é a de Adão e Eva.
O homem, sua mulher e os três filhos: a primeira família de Gênesis e segunda genealogia. Nós vamos perceber isto aqui. Depois, nós vamos entrar em uma terceira narrativa genealógica, que ainda está ligada a Adão e Eva (dentro da segunda), que é a descrição da genealogia de Caim, e da genealogia de Set.
Vai explicando as origens como se fosse remontando as causas. Mas, olha que interessante: quando eu apresento o livro de gerações - as descendências (a família: bisavô, avô, pai, neto, bisneto, tataraneto) eu dou as características desse grupo familiar. Qual é o dom dessa família?
Olha que interessante isto. Aqui, por exemplo, na genealogia que vamos entrar, agora, no final do capítulo 4: 17 em diante, concentra-se em Caim. Caim, que é o primeiro assassino, aquele que matou seu irmão, era um agricultor.
Caim instaura, com a sua conduta, na sua família, o regime ‘olho por olho, dente por dente’. Não é nem ‘olho por olho, dente por dente’ (é importante entender isto aqui). ‘Olho por olho, dente por dente’ é lá na frente.
A descendência de Caim estabelece a vingança de sangue. vingança de sangue. Olha que interessante isto: o grande patriarca - Caim - mata o irmão é essa mancha espiritual e é como que essa marca espiritual fosse compartilhada por todos os seus descendentes, todos os seus descendentes tem uma afinidade com esse homicídio perpetrado por Caim.
Então, é uma família violenta, é uma família que vinga através do sangue. Como era a vingança? A vingança era assim: se alguém me machucava, eu ia lá e matava a família inteira.
Como? ! Isto: se alguém me machucava, eu matava pai, mãe filhos, nora, genros, matava todo mundo.
Era desproporcional É uma violência sem medida, desproporcional, porque ela não visava apenas compensação. Se é que há. .
. imagina! Se alguém mata um membro de sua família, tem compensação?
Qual a compensação, não é? Ela era desproporcional: matava um membro da família, ia lá e matava vinte, trinta pessoas, que não tinham nenhuma relação com o fato, porque as características das famílias eram compartilhadas, as famílias viviam juntas, geralmente, em uma mesma tenda, uma pequena aldeia. Eles compartilhavam, em um grupo familiar muito unido, com relações de cumplicidade, com uma mistura de personalidades, não havia esse sentido de individualidade, de liberdade que nós temos no séc.
XXI. Isto é uma caraterística do nosso tempo. Nesta época, aqui, não há isto.
Nesse tempo, aqui, nós não temos isto. As pessoas são como se fossem uma amálgama, mescladas, misturadas, elas formam um todo e se comportam mais como grupo, do que como indivíduos. É interessante perceber isto, esta característica do mundo primitivo, desses primeiros momentos da civilização humana.
Isto está claro quando Caim, na sua fala, diz: aquele que me encontrar me matará. " (Gen 4:14). aquele que me encontrar me matará.
" (Gen 4:14). Mas, daí, Deus diz assim: "Quem matar Caim, será vingado sete vezes" (Gen 4:15). Olha só: toma cuidado, aqui, para não achar que isto é uma ordem que vem de Deus, porque fica parecendo como se Deus estivesse determinando.
Toma muito cuidado com isto! O Senhor lhe respondeu: “quem matar Caim será vingado sete vezes”. Isto não é uma proposição de Deus, isto não é uma ordem do Criador.
Isto é uma descrição da característica psicológica da família de Caim, quer dizer, Caim introduziria na Terra a vingança de sangue desproporcional. Formaria um grupo e se alguém matasse Caim, a família dele iria matar sete: olha que desproporção! É um crescimento exponencial!
Então, para evitar isto, na sequência, Deus diz assim: "(. . .
) colocou um sinal sobre Caim, a fim de que não fosse morto por quem o encontrasse" (Gen 4:15). Deus marcou Caim com um sinal para que o processo de vingança, não desse início. Por quê?
Porque se desse início o processo de vingança, ele seria desproporcional. Deu para entender? Primeiro Deus descreve: nós estamos em um mundo primitivo, é um psiquismo primitivo.
Se for aplicar causa e efeito, aqui (matou tem que morrer), eles não conseguem ainda. Se alguém mata Caim, ele resgata o homicídio, mas daí a família vai lá e mata mais sete. Daí, sete resgates?
Percebeu? Então, nós estamos em uma situação complexa. Por isso, é posto um sinal em Caim para que não dê início a um processo de resgaste como ele desejaria (‘eu matei, agora vou morrer’), é colocado um sinal para que não aconteça isto e o resgate dele se dê de outro modo que não sendo assassinado.
Isto é muito importante, porque nós vamos perceber que lá na frente também não há ordem de Deus para "olho por olho, dente por dente". Isto não é revelação divina! Isto é lei humana e lei benéfica: é como nós examinarmos a lei Aurea.
Imagina! Foi preciso uma lei para proibir a escravidão. Precisaria dessa lei: a escravidão não está na lei divina?
Não precisaria de uma lei para libertar escravos, porque na lei divina não se permite escravidão, não pode haver escravidão na lei divina. Então, na lei divina não há vingança. Na lei que o Criador estabeleceu não há espaço para vingança.
A vingança é uma criação humana. E, ela surge como? Ela surge desproporcional, ela surge sem limite.
Querem ver? Caim disse isto: ‘quem me encontrar vai me matar’. Como ele está pensando?
Em vingança. Matei meu irmão, agora, alguém tem que vingar o meu irmão. É curioso porque muitos de nós, Espíritas, fazemos uma interpretação de lei de causa e efeito como se fosse lei de vingança.
Precisa tomar muito cuidado com isto. Lei de ação e reação significa que quando eu gero um mal, eu sofro uma consequência desse mal que se expressa em três elementos: arrependimento, reparação Arrependimento porque é um processo interior, um processo de renovação íntima, que pode ocorrer e pode não ocorrer. Se ocorrer, melhor.
É uma bênção, porque significa que eu não vou cometer o erro de novo. Mas, às vezes, não ocorre: eu tenho um arrependimento superficial e, daí, volto a cometer o erro e, em vinte, trinta encarnações, vou cometendo o mesmo erro, eu vou repetindo o erro. E, o que vai acontecendo?
As consequências vão ficando cada vez mais complexas, cada vez mais intrincadas. Então, o arrependimento é o processo de renovação: eu cometi o erro, mas eu aprendi com ele. É um processo interior de autoeducação.
Agora, não pode ficar só na esfera íntima. E o mal que eu causei? O mal tem que ser reparado.
Reparado não significa vingança. Imaginemos: no passado sombrio, eu assassinei alguém, agora eu vou ser morto? Isto é lei de causa e efeito?
Não! Pode significar receber como filho aquele a quem eu matei. Por quê?
Eu tirei a vida e, agora, eu dou a vida. Eu tirei todas as possibilidades, todo o futuro que aquela pessoa tinha e, agora, eu recebo como filho e dou tudo para ele e pela lei divina eu tenho que restituir tudo o que eu tirei: reparação. Lei de causa e efeito é lei de reparação.
Não é de vingança, porque a vingança perpetua mal: onde tem um criminoso, alguém tem que assumir o papel do criminoso. É como se fosse uma tocha: vai passando de um para outro e sempre tem um criminoso que vai pegando a tocha do criminoso anterior. Imagina se a lei divina iria estabelecer isto?
! Não é isto! Agora, a estrutura psíquica de Caim é a estrutura do mal.
O Caim simboliza, aqui, a mentalidade do mal, a mentalidade da vingança, a mentalidade do assassinato, do homicídio, da violência, do egoísmo, do orgulho. Então, ele só entende isto: ‘matei, agora morro’. Daí, Deus adverte: ‘Você está enganado Caim, quem dera se fosse: você matou e só você morre.
Porque o sistema que você vai instaurar é tão primitivo que é assim: você mata, alguém te mata e, daí, matam sete para te vingar,. . daí quatorze,.
. . depois.
. . .
’, é uma progressão! Sete, setenta vezes sete: Sete, setenta vezes sete: uma progressão! Vira uma violência feroz, desproporcional!
Esta é a lei humana. Então, o Criador diz: 'olha o que vocês estão instaurando! ' Por isso que, lá na frente, a legislação humana vai estabelecer: 'olho por olho, dente por dente'.
Sofreu uma ferida? Eu tenho o direito de fazer uma ferida. Cortaram o meu dedo?
Eu vou lá e corto o dedo da pessoa que cortou o meu dedo. Isto foi um progresso: acreditem se quiser! Por que foi um progresso?
Por que foi um progresso? Olha o que vai dizer um dos descendentes de Caim: lá no versiculo 23 "Lamec disse às suas mulheres? ‘Ada e Sela, ouvi minha voz, mulheres de Lamec, escutai minha palavra: Eu matei um homem por uma ferida, Aqui, a tradução da Bíblia de Jerusalém está errada: não é por "uma" ferida, é por "minha" ferida.
Não houve artigo indefinido, aqui, não! É por "minha" ferida, é um pronome da primeira pessoa, ou seja, alguém fez uma ferida nele, ele matou a pessoa. É desproporcional!
"Uma criança por uma contusão", quer dizer, ele matou uma criança por ela causou uma contusão nele. É desproporcional. "É que Caim é vingado sete, mas Lamec, setenta e sete vezes" (Gen 4: 24).
Outro erro de tradução da Bíblia de Jerusalém: "setenta e sete vezes" É setenta vezes sete. É um multiplicador porque está mostrando uma progressão. Olha que desproporcionalidade que criou!
Com Caim, Deus já tinha advertido: 'Caim, cuidado! Se for aplicar, aqui, lei de vingança, você será vingado sete vezes. ' Agora, com Lamec, multiplicou o mal, multiplicou o mal que é um descendente longe de Caim e, aqui, já está setenta vezes sete.
Isto ocorria mesmo! Aliás, há uma série no NetFlix muito interessante que eu recomendo para nós entendermos este fataqui. o histórico Chama-se A Tenda Vermelha, onde conta a história dos filhos de Jacó, da perspectiva das mulheres.
É uma série pequena, com dois episódios, muito interessante, muito legal. É uma história bacana. Mas, o que eu quero chamar a atenção lá, é um fato que vai ocorrer lá e vai demonstrar isto aqui.
A desproporcionalidade da vingança: por um fato que ocorre, uma multidão de pessoas é exterminada, assassinada a sangue frio. Era assim! Então, quando surge o 'olho por olho, dente por dente', foi um progresso na legislação humana.
humana Não vamos confundir: o Direito Penal que nós temos, hoje, no século XXI, é muito imperfeito, porque é legislação humana, ainda não está próximo da legislação divina, está longe da lei divina de justiça. A lei de justiça divina é infinitamente superior à nossa legislação penal. infinitamente superior Temos que ter calma aqui: o que é lei humana e o que é lei divina.
Aqui está dizendo que a genealogia de Caim é uma genealogia de vingança, é a origem da vingança, a origem do homicídio, a origem da violência, da maldade, do egoísmo. É uma geração. Nós podemos estender o raciocínio para entender 'geração de Caim'.
Pensa em Caim não como uma pessoa, pensa em Caim não como uma geração de pessoas, mas como uma genealogia psicológica. Daí, fica mais interessante. fica mais interessante.
O curioso é que o texto começa falando assim: "Caim se retirou da presença de Deus" (Gen 4: 16). Então, ele se afastou de Deus. Retirar da presença de Deus significa afastamento da alma do Criador, desconexão com Deus.
Se eu me desconecto de Deus, o que acontece? Eu começo a ter ação humana: é lei humana, é iniciativa humana, é empreendimento humano afastado de Deus. É o homem desconectado de Deus.
Caim foi morar em uma terra ao leste: a terra de Nod, ele foi ser errante. Ele, que era agricultor, agora se torna nômade, errante, não tem terra, não tem raiz, perdeu a conexão com Deus. Lá, "Caim conheceu sua mulher, que concebeu e deu à luz Henoc" (Gen 4: 17).
É interessante porque se ele encontrou a mulher dele, ela tem pai e mãe. Não é? Eles estavam lá na terra de Nod.
Daí, o erro de se interpretar, literalmente, o livro de Gênesis, porque tinha Adão e Eva, nasceu Caim e Abel, Caim matou Abel. Quem são os pais dos sogros de Caim? Não está aqui.
Isto é um sinal de que não pode ser interpretado literalmente o texto bíblico. Este é o primeiro xeque mate que o texto dá, é o primeiro alerta: cuidado, fica esperto! E, Caim "tornou-se um construtor de cidade” (Gen 4:17) Aqui, é interessante porque na psicologia de Caim - que é muito interessante esse estudo - o homicida, uma pessoa violenta, praticou uma violência imensa contra o próprio irmão, vai fundar uma cidade, uma vida urbana e deu à cidade o filho do seu pai Henoc.
Daí, "A Henoc nasceu Irad, e Irad gerou Maviel, e Maviel gerou Matusael, e Matusael gerou Lamec" (Gen 4: 18). Então, Lamec está lá na ponta. Por isso que quando chega em Lamec, que é o tataratataratataraneto de Caim, já está um progressão do mal onde a vingança já é setenta vezes sete.
não é mais sete vezes, é setenta vezes sete. Agora, é interessante, aqui, porque Jesus, quando está no Evangelho, Simão Pedro pergunta assim: "Até quantas vezes eu deverei perdoar? Até sete vezes?
" Está remetendo a quê? A Caim. Daí, Jesus diz: "não te digo que sete, mas setenta vezes sete".
Fechou: foi lá no Lamec. Ele falou: 'Simão, vamos acabar com isto! Vamos acabar com essa psicologia de vingança.
Perdoar quantas vezes for necessário. ' Agora, perdoar é o quê? Esquecer o mal?
perdoar é tirar a mão do pescoço. Perdoar não é deixar de ter raiva, perdoar não é esquecer o mal, perdoar é você tirar a mão do pescoço do seu agressor e deixar a justiça divina fazer o trabalho dela. Isto é profundo!
Caim foi lá e matou o irmão e daí, está esperando o quê? Que alguém põe a mão no pescoço dele e mate-o. Mas, daí, Deus adverte: ‘você está enganado Caim.
A violência de vocês é uma violência desequilibrada. Alguém vai por a mão no seu pescoço e, daí, seus descendentes vão matar sete. ’ Chega lá em Lamec, que é o último da descendência dele citado no texto, para cada um que morre, setenta vezes sete são assassinados.
Nós vamos ver isto, neste seriado A Tenda Vermelha. Isto acontecia: alguém entrava lá na tribo, matava um membro. Eles, da tribo de cá, iam à outra tribo e matava todo mundo.
Matavam cem pessoas! Matavam cem pessoas! Pessoas que não tinham a ver com o fato, pessoas que estavam na aldeia, estavam lá com a família, mas nem sabiam que alguém de lá matou o outro.
O que Jesus, quando é falado perdão, estabelece? A contrapartida. Para a vingança desmedida, setenta vezes sete, um perdão imensurável, um perdão sem limites, incondicional, um amor que cobre a multidão dos pecados.
É bonito o texto: nós percebemos, aqui, uma nova proposta. Algo importante também: o livro de Mateus (ou Levi) começa com a genealogia de Jesus. É interessante!
É algo que iremos falar com mais profundidade, mais adiante. Se nós examinarmos todos os antecessores de Jesus, nós vamos descobrir que todos os erros que você pode cometer na Terra como encarnado, cada personalidade mencionada na genealogia de Jesus corresponde a um tipo de erro que você pode cometer encarnado. Não é um erro, é um conjunto de erros.
Erro na área sexual, erro na área do uso de dinheiro, erro na área do poder, erro na área da violência, tudo! É como se Jesus abraçasse todos os erros humanos para redimir, para purificar, para ensinar como purificar de todos os erros que um encarnado pode cometer. Este é o sentido da genealogia.
Jesus fecha um ciclo. Por isso que Paulo, muito inteligentemente, disse assim: "Jesus é o segundo Adão". A história fechou com ele.
Esta história de erro de Adão, que nós vamos ver, aqui, é só tragédia; a partir daquele primeiro erro de Adão e Eva, em que eles adotaram o projeto da serpente, só tragédia! O mal só se multiplicando, só tragédia, tragédia, tragédia, tragédia. Chega em Jesus, finda e começa uma nova humanidade e o primeiro tipo, o primeiro modelo da nova humanidade é Jesus.
Por isso, que Jesus é o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido à humanidade para servir à humanidade de guia e de modelo. É um tipo para servir de modelo. Se nós perguntarmos assim: qual ser humano que Deus deseja?
É um ser humano como Jesus. Este é o projeto original que falhou com Adão. Não por causa de Deus, mas pela escolha de Adão, porque nesse projeto não tem escravos, só podem ter livres.
Deus não obriga ninguém a seguir o projeto. O projeto Dele é o excelente, é o melhor, mas você segue se quiser: livre arbítrio. Lembrando que para cada escolha, para cada ato, para cada pensamento, há uma consequência.
Quando Deus apresenta um projeto excelente, Ele sabe que as consequências de quem adota aquele projeto são a felicidade, o amor, a paz, tudo de bom. O outro projeto - da serpente - a consequência é o alastramento do mal, a multiplicação do mal, a violência, o egoísmo, o orgulho e todas as tragédias que marcam o nosso planeta e que nós estamos assistindo todos os dias no noticiário. Essa é a história!
Por isto uma genealogia. É interessante que, quando estudamos os descendentes de Caim, este se torna um ferreiro: Ferro. Interessante não é?
Daí a sabedoria de Jesus, quando ele diz lá no horto: ‘aquele que com ferro fere, com ferro será ferido’. É mais uma referência à Caim: o ferreiro. Caim se tona um ferreiro e ele gera o quê?
Os descendentes dele são pastores, músicos, ferreiros e meretrizes: todos os elementos de uma cidade, de uma construção urbana, todos os elementos que vão gerar, que a partir desses elementos geram uma decadência, os elementos são degenerados. Não é um musico alinhado com Deus, não é um ferreiro alinhado com Deus, não é um pastor alinhado com Deus, não é a mulher alinhada às suas energias. Não!
É isto tudo desalinhado e a primeira cidade gerada por Caim vai progredir e vai chegar aonde? Vai chegar em Sodoma e Gomorra, porque tudo, aqui, do livro de Gênesis é para mostrar a progressão do mal. Então, a primeira semente de uma cidade pervertida foi construída por Caim.
Depois, nós vamos ter o auge disto lá em Sodoma e Gomorra: a Babilônia. É interessante porque esses primeiros capítulos do livro Gênesis estão descrevendo as sementes do mal. Tudo começou em uma semente: um irmão matando outro irmão e isto vai gerar o quê?
Assassinato, crimes, isto vai gerar as páginas, hoje, criminais dos jornais. Isto tudo começou como? Um irmão matando outro irmão.
É assim que começa. A violência que nós vemos (de assalto, de assassinato) começa na família. A pessoa assumindo um compromisso e abandonando esse compromisso, filhos sendo abandonados, não tendo estrutura, não tendo educação, não tendo orientação, famílias desestruturadas e, daí, vai desestruturando e o mal vai crescendo exponencialmente.
Mas, começou lá na semente. É importante isto: o livro de Gênesis chama-se Gênesis não é à toa, porque o que está tentado explicar não é a origem do mundo, é a origem do mal, as sementes do mal que geram florestas de perversidade, as causas do mal. Vai falando, aqui, dos descendentes dele, para fixar esses pontos e mostrar essa geração pervertida que é a geração de Caim, que traz a herança psicológica de Caim.
Mas, o capítulo 4 termina com uma esperança. "Adão conheceu sua mulher. " ‘Conhecer', no sentido que eles tiveram o ato sexual.
"Ela deu à luz um filho e lhe pôs o nome de Set 'porque' disse ela, 'Deus me concedeu outra descendência no lugar de Abel, que Caim matou'. " (Gen 4:25) Este, aqui, agora, vem substituir o Abel. Ou seja, ele não tem vínculo psicológico, psíquico-espiritual com Caim.
O vínculo dele é outro. "Também a Set nasceu um filho, e ele lhe deu o nome de Enós, que foi o primeiro a invocar o nome do Senhor" (Gen 4:26) . Aqui é uma nova geração – Set/ Enós - e daí vai gerar uma genealogia.
Onde vai parar esta genealogia? Em Jesus. Começa com Set, vem por Enós e segue até chegar em Jesus.
É bonito porque eu tinha as duas propostas: você pode escolher o bem e o mal. O mal foi escolhido, o bem foi eliminado, mas a misericórdia divina trouxe o bem de novo. Tem sempre opção e dessa genealogia do bem surge Jesus como a grande opção da humanidade.
Acontece que quando Jesus é apresentado para que a humanidade faça a escolha: o que colocam lá? Barrabás e Jesus. Um descendente de Caim - Barrabás - Um descendente psicológico, psíquico que representa a psicologia da descendência de Caim e Jesus.
A humanidade escolhe Barrabás e, agora, está sofrendo as consequências dessa escolha. Por isso que a pergunta de O Livro dos Espíritos feita por Kardec é muito inteligente: qual é o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido, que Deus está oferecendo, porque não foi aceito ainda. Deus está oferecendo, mas a humanidade não aceitou ainda.
Jesus está sendo ofertado como um modelo, como um tipo para a humanidade, mas ele ainda não foi aceito. Até quando? Quanto que o mal terá que crescer, quanto que a maldade terá que crescer, quanto que o sofrimento terá que crescer para que a humanidade escolha Jesus?
Isto depende de todos nós. Depende de mim, mas não depende só de mim; depende de você, mas não depende só de você; depende da humanidade como um todo fazer essa escolha. Por isso, que percebemos que a narrativa, aqui é coletiva, não está descrevendo apenas uma questão individual, está focada em um global, na humanidade como um todo.
No próximo episódio. nós vamos dar sequência a essas reflexões detalhando um pouco mais. Espero que você tenha compreendido essa visão panorâmica, esse eixo central da passagem.
Mas, nós vamos voltar muitas vezes nestes pontos no próximo episódio. .