Eh, boa tarde a todos! Então, vamos dar continuidade à nossa série sobre a Guerra Fria. Lembrando que o livro está na promoção até o dia 18 ou 19 deste mês.
Em um livro sobre a Guerra Fria, não perca a oportunidade de comprar o livro com desconto. E quem comprava ganhou o curso de Primeira Guerra, Segunda Guerra e Guerra Fria, então não perca a oportunidade. Bom, então hoje nós vamos ver a África no contexto da Guerra Fria.
Não é a história da África desde os princípios, mas sim a história, ou melhor, a África no contexto da Guerra Fria. Os Estados Unidos e a União Soviética se voltaram para a África com olhos gordos, com a vontade de tentar ter os seus aliados na região. Tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética implementaram políticas desastrosas para a África.
Do lado soviético, a União Soviética queria estabelecer nações aliadas e nações socialistas aliadas, melhor dizendo. Dessa forma, apoiou regimes criminosos lá na África. Lembrando que o socialismo sempre é criminoso, não há um socialismo bonzinho na história.
Desde Cuba, Nicarágua, Camboja, Vietnã, onde quer que a gente olho, o socialismo é sinônimo de regime criminoso; só os números é que se alteram. Desde a China até a Nicarágua, onde os números foram menores, mas sempre houve massacre, abuso, perseguição e intolerância. É impressionante a sujeira do socialismo marxista, uma coisa assombrosa.
Do lado dos Estados Unidos, eles não estavam nem aí; não tinham interesse nenhum em patrocinar democracias, como às vezes dizem os que gostam dos Estados Unidos. Para eles, tudo é bom, tudo é maravilhoso. E, de forma inacreditável, contra os fatos, esses fanáticos ainda afirmam que os Estados Unidos só tinham interesse em fomentar democracias.
É tudo mentira! Desde que houvesse um regime que os apoiasse ou que, na pior das hipóteses, não se aliasse à União Soviética, estava tudo bem. Se houvesse massacre, tudo bem, não havia problema nenhum, desde que não fosse aliado da União Soviética.
Essa era a regra: não estabelecer democracia e não se preocupar com o povo africano. Isso nunca aconteceu, essa bondade nunca aconteceu, nem de um lado nem do outro. Estou rindo para não chorar.
O fato é que, até a Segunda Guerra Mundial, a maioria esmagadora dos países da África ainda eram colônias. Havia então colônias inglesas, colônias francesas, colônias portuguesas, colônias belgas, e até uma colônia espanhola, que era a Guiné Equatorial, e uma região do Marrocos e do Saara Ocidental que também eram espanhóis. A Alemanha chegou a ter colônias na África, mas perdeu essas colônias na Primeira Guerra Mundial.
Inclusive, na Primeira Guerra Mundial, houve uma campanha militar na África, pouco comentada. Acredito que esses episódios na história são tão ruins que ficam mal contados ou incompletos. Houve várias campanhas militares no continente africano na Primeira Guerra Mundial, causando muitas mortes.
Muita gente morreu lá na África na Primeira Guerra, e isso é totalmente esquecido. Na Segunda Guerra, os combates se concentraram mais no norte, claro, com as famosas campanhas alemãs no deserto, lideradas pela Raposa do Deserto, um grande estrategista alemão, e depois as defesas dos ingleses, americanos, e tal, no deserto. Não vou voltar aqui.
No meu curso de Segunda Guerra, comento sobre isso. Houve outros locais, como Dakar, onde tiveram algumas operações de guerra, mas a maioria foi no norte da África. Na Primeira Guerra, tiveram combates em outros locais como na região dos Camarões e na Tanzânia, e foi uma coisa assombrosa.
Mas o fato é que, até a Segunda Guerra Mundial, a maioria esmagadora dos países ainda eram colônias. Com o enfraquecimento da Inglaterra e da França, embora ambas tenham ganho uma guerra, saíram muito enfraquecidas, inclusive do ponto de vista geopolítico. A Inglaterra não era mais aquela potência que tinha sido no século XIX e no começo do século XX, e a França também estava muito longe de ser uma potência.
Assim, as duas nações não conseguiram segurar seus impérios coloniais, e houve uma forte campanha contra isso, tanto na ONU quanto em políticas internas dos próprios países. Lembrando que os Estados Unidos e a União Soviética apoiaram os movimentos independentistas. Os Estados Unidos, em um outro momento, alteraram a visão conforme seus interesses geopolíticos, mas no tempo do Kennedy, no comecinho dos anos 1960, os Estados Unidos penderam para apoiar totalmente o processo de descolonização.
Temos, então, a França e a Inglaterra, que eram as duas principais potências colonizadoras na África, bem enfraquecidas. Com uma campanha contra, aos poucos, eles foram cedendo. Onde havia guerra, foram perdendo as guerras coloniais.
Assim, começaram a surgir muitos países na África, surgindo desse processo de independência que começou logo após o fim da Segunda Guerra e se estendeu até os anos 1980. Mas, infelizmente, esse processo de descolonização não foi bom; gerou muitas guerras civis e muitos ditadores sanguinários, como por exemplo Bokassa, do império centro-africano, que tinha mania com Napoleão, e que depois se provou ser canibal, e Amin, de Uganda, que era outro ditador brutal. Depois, o muto cessou seco.
Depois de um episódio conturbado, que daqui a pouco eu vou comentar, também se tornou um ditador cruel. Então, a África inteira, infelizmente, não se acertou no pós-guerra com esse processo de descolonização, né? O país mais desenvolvido e independente da África nessa época era a África do Sul, né?
Mas, infelizmente, a África do Sul também não era um bom exemplo por causa do apartheid, né? Então, o apartheid foi criado por lei logo depois do. .
. eu não lembro direito a data exata do apartheid, mas lembrando que o apartheid, embora tenha sido criado por lei na África do Sul, independente, havia um apartheid não com esse nome quando a África do Sul era colônia holandesa e quando a África do Sul era colônia inglesa. Isso é importante reconhecer e saber, então, esse apadrinhamento era uma herança de uma colonização holandesa e de uma colonização inglesa lá na África do Sul, né?
Os holandeses chegaram; na realidade, os primeiros europeus a chegarem na África do Sul foram os portugueses. Só que eles não estabeleceram uma colônia, chegaram a estabelecer alguns assentamentos. Alguns nomes ficaram, como por exemplo a Província de Natal, que tem esse nome por causa dos portugueses e que, segundo consta a história, chegaram a construir uma capela.
Então, ficou um assentamento lá e tal, sem falar do Cabo, né? Que era o Cabo da Boa Esperança e tal, mas foi uma coisa muito tímida, muito pontual. Quem efetivamente começou a colonização lá foi a Holanda, né?
E depois, com as guerras com a Inglaterra e também com os assentamentos ingleses lá em volta dos domínios holandeses, a Inglaterra acabou controlando a região da África do Sul. A região da África do Sul viveu uma guerra feia lá, né? A Guerra dos Bôers, que opôs, então, os colonos holandeses contra os ingleses, né?
Um massacre brutal, aliás. Quem relatou isso foi o Church, né? O Church estava lá, então foi um episódio brutal.
Bom, o fato é que depois a África do Sul ficou independente, mas ela herdou esse ranço racista, infelizmente. Então, embora a África do Sul tenha sido a nação mais desenvolvida da África, não é um bom exemplo de uma segregação horrorosa, né? O apartheid só foi acabar em 1990, já depois da Guerra Fria.
E como é que era a África do Sul no contexto da Guerra Fria? Era aliada do Ocidente. A África do Sul chegou a estudar a entrada na OTAN.
Aí, quando teve, nos anos 1960, com os movimentos civis nos Estados Unidos, houve um afastamento relativo, mas não total entre a África do Sul e os Estados Unidos. Mas eles voltaram a se aproximar no tempo do Reagan, né? Por causa das hostilidades com a União Soviética.
Então, em linhas gerais, a África do Sul era o país mais organizado, mais desenvolvido, só que tinha, porém, o câncer do apartheid. E a África do Sul era aliada dos Estados Unidos nessa história. Lembrando que a África do Sul chegou a ter bomba nuclear, né?
Bomba atômica em parceria com Israel. Israel tem bomba atômica, acho que desde. .
. ninguém sabe a data lá, é tudo muito misterioso, mas provavelmente desde 1967. E a África do Sul começou lá os seus projetos um pouco depois.
Conseguiram fazer parceria com Israel, testes com sucesso. Então, ela chegou a ter bomba atômica, mas aí, por pressão dos Estados Unidos e outras nações, eles desarmaram e desmontaram o programa nuclear. Mas chegou a ter bomba nuclear, a África do Sul, sim, né?
Então, chegou a ser uma nação com um forte poder bélico, né? E a África do Sul era uma potência na chamada região da África Austral, né? Para não confundir o termo África do Sul e Sul da África.
Então, se usa o termo África Austral, que seria uma longa faixa lá do Sul, que envolve desde Angola, né, no Oceano Atlântico até Moçambique, no Oceano Índico, na qual a África do Sul teve sempre uma grande zona de influência, não só influência econômica, mas também influência política e militar, né? Já que a África do Sul teve ações em Moçambique, teve ações em Angola, na própria Namíbia, né? Então, a África do Sul era uma grande potência lá nessa região.
Agora, as outras nações, conforme eu falei, infelizmente se perderam nesse processo político-econômico. E o que normalmente é omitido é que a grande desgraça da África foi o socialismo. Para se ter uma ideia, 35 países de 53 adotaram, né, o socialismo lá na África.
Então, não é pouca coisa. Vamos pegar aqui algumas citações, né? Segundo Ait, depois eu ponho o nome lá, Ait é um historiador africano, né?
Então, ele comenta: "O fascínio pelo socialismo surgiu durante a luta pela independência política e liberdade do domínio colonial. Na década de 1950, muitos nacionalistas africanos nutriam uma profunda desconfiança e aversão pelo capitalismo. " Outro autor comenta: "Taiwan, Coreia do Sul e Singapura, que eram muito pobres, acreditaram no livre mercado.
A África escolheu o caminho errado. " Após a independência, com o fim do período colonial, quase todos os países africanos adotaram uma forma de socialismo. Outra citação: "O socialismo na África foi um instrumento para mobilizar e disciplinar o povo e foi utilizado em grande medida para garantir as autoridades das elites que abusaram do poder para difamar qualquer oposição como antissocialista e submeter à repressão brutal.
" A maioria esmagadora dos locais teve várias indústrias estatizadas. Ait também comenta que poucos locais na África tinham a propriedade privada protegida, né, por lei ou na prática. Infelizmente, a maioria adotou.
É por que havia esse liame, uma ou outra razão para ver se lembram entre o socialismo e o processo independentista, né, com as nações começando a ficar livres. É, segundo Bizerzinski, eram quatro fatores, né: os africanos concordavam com os soviéticos sobre a conexão entre capitalismo e imperialismo. Eles acreditavam que os dois estavam ligados e ambos mereceriam ser eliminados.
Esse aí foi um grande erro, né? Então, os africanos, infelizmente, associaram um regime econômico, como o capitalismo, com uma política colonial, já que eles quiseram ficar livres da política colonial. Eles, então, na cabeça deles, né, acharam que tinham que ficar livres do capitalismo também, e esse foi um grande erro, que é justamente a análise do Bizerzinski.
Ponto dois: africanos e soviéticos tinham um inimigo comum: as antigas potências coloniais, que também eram anticomunistas. Ponto três: nenhuma nação comunista jamais foi uma potência colonial na África, né? A União Soviética, na prática, se tornou, mas isso foi depois, claro, né?
Ponto quatro: os africanos admiravam o rápido desenvolvimento da União Soviética e a viam como modelo para o seu próprio desenvolvimento, né? Então, agora vamos ver aqui alguns exemplos. Vamos começar com Angola, né?
Então, Angola era uma colônia portuguesa. Lembrando que era uma colônia muito antiga. É bem antiga, desde o século 16, já havia portugueses lá em Angola.
Acho que o primeiro navegador português que chegou ainda foi no finalzinho do século XV, né? Já que Diogo Cão havia chegado no Rio do Cuanza em 1482, logo depois chegando em Angola. Estabeleceram lá uma colônia, né?
Luanda, o nome completo de Luanda, era São Paulo da Assunção de Luanda, né? E o que aconteceu? Portugal queria segurar suas colônias a todo custo.
Sofreu muita oposição na ONU, pressões internacionais, etc. E aí, quando o governo Salazar morreu, assumiu Marcelo Caetano e o governo acabou se desmoronando na chamada Revolução dos Cravos, né? Que era o regime comunista lá em Portugal.
Inclusive, teve lá um início, né, princípio, melhor dizendo, de estatização, de realmente expropriação de propriedades privadas, mas isso acabou não indo para a frente, né? E aí, com essa fragilidade portuguesa, equacionada com comunistas, tanto em Portugal como nas colônias, nas então colônias portuguesas, né? Então começou um forte movimento guerrilheiro de combate à presença portuguesa em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau.
Ainda tinha lá nas ilhas, né? Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, né? E lá em Angola, então, começou, já nos anos 1960, uma forte guerrilha contra a presença portuguesa.
Portugal enviou tropas para combater essa guerrilha, né? E aí, quando veio a Revolução dos Cravos, Portugal acabou saindo. Só que em Angola estabeleceu uma guerra civil.
No início, haviam três. . .
quem era essa guerrilha? No começo era o MPA. Depois, o MPA sai de cena e entra, então, o sucessor dela, né?
O MPLA, a UNITA e a FNLA. A FNLA depois fica enfraquecida, e ficam lutando o MPLA e a UNITA. A UNITA era apoiada justamente pela África do Sul e pelos Estados Unidos, e a UNITA era radicalmente comunista, né?
Era apoiada pela União Soviética e foi apoiada por tropas cubanas, né? A força expedicionária cubana chegou a contar com cerca de 40 a 50 mil soldados em Angola. Não foi pouca coisa, não.
Não é que mandou lá meia dúzia de gatos pingados. Cuba teve uma forte presença lá em Angola, atuando do lado da UNITA. Como a UNITA assumiu a capital, Luanda, então muitos países do mundo acabaram reconhecendo o regime da UNITA, inclusive o Brasil, né?
Então, o Brasil, na época do presidente Geisel, reconheceu o governo comunista lá de Angola. Mas lembrando que esse governo comunista da UNITA não tinha o domínio completo de Angola. Tinha o domínio da capital e de outras áreas.
A UNITA era forte em outros locais, né? Então, a guerra civil angolana foi um desastre. Muita gente morreu, né?
Foi uma coisa assim horripilante. Só foi acabar no final, depois da Guerra Fria. Acabou lá em 1992, se não me falha a memória.
Então, foi um desastre, né? O processo lá em Angola foi um desastre. A UNITA comunista foi um desastre, e uma curiosidade é que os chineses, depois com ódio dos soviéticos, se aliaram aos Estados Unidos lá em Angola, né?
Angola é muito rica em petróleo, né? Então, por isso que havia também olho gordo dos Estados Unidos, da União Soviética e depois da China em cima de Angola, né? Aí, pegando na sequência, né, vamos já comentar então sobre Moçambique.
Moçambique foi trágico também. Também entrou numa guerra e foi liderado pela FRELIMO, né? Liderada por Samora Machel.
Samora Machel era um comunista fanático que, inclusive, queria criar o "homem novo", né? Liga os marxistas, né? O socialismo.
Vários movimentos socialistas falavam de criar um homem novo. Ia nascer um homem novo diferente, sem vista. Essa era a ilusão.
Che Guevara falava em "homem novo", Trotsky falou em "homem novo". Lá na origem, Engels falou em "homem novo". Todo mundo ligado ao socialismo é uma ideia muito ligada ao socialismo: é criar, então, um novo homem.
Você vê a experiência no kibutz, que era socialista também. Também se queria criar um novo homem. E lá em Moçambique se criaram campos de concentração e o objetivo do regime era criar um novo homem, né?
Sem dúvida nenhuma, isso aí tá nos textos. Então, vamos pegar aqui alguns exemplos. Aqui é um texto de uma pessoa comentando sobre Moçambique, né?
Na medida em que a. . .
A guerra de libertação avançou em território nacional. A FRELIMO se alinhou à tradição das revoluções socialistas, de discurso marxista-leninista, e elaborou, nas zonas libertadas, os experimentos militares, comunitários, sociais e ideológicos, que foram considerados como laboratórios da futura nação, tendo como modelo as estratégias políticas de regime de feições socialistas. A FRELIMO construiu um treinamento militar na Tanzânia, o experimento para a subjetivação de homens e mulheres moçambicanos em treinamentos revolucionários.
Lá, definiu sua luta como socialista, como imperialista, contra o imperialismo e contra o colonialismo. Agora, a parte mais triste: houve, de fato, uma tentativa de limpeza da sociedade moçambicana nos primeiros anos da Independência. Os sujeitos eram capturados e encaminhados para campos de concentração, nos quais deveriam passar por um processo de educação — ou melhor, de subjetivação — que os transformasse no novo homem moçambicano.
Isso se dava através da experiência coletiva de trabalho rural e da internalização ideológica de perspectivas anticoloniais e de tendências marxistas-leninistas. Espécies de gulags tropicais, os campos de reeducação eram parte da política de regulação da população pelo partido. Sabe-se que, de 1975 até meados de 1980, existiram mais de uma dezena de campos de reeducação, os gulags tropicais, espalhados por diferentes regiões de Moçambique.
Assim, Moçambique viveu uma tragédia socialista com esses campos de reeducação, que visavam criar esse misterioso homem socialista moçambicano. Houve tentativas contra a FRELIMO, uma guerra para lá e para cá, mas, infelizmente, a FRELIMO acabou mandando no país. A Tanzânia chegou a apoiar a FRELIMO, pois, na África, podemos dividir o socialismo em três categorias, assim, grosso modo: o socialismo soviético, que realmente se declarava socialista e marxista, e que realmente queria apoio da União Soviética para fazer esse socialismo; um segundo grupo, de nações que não se declaravam socialistas marxistas, mas que tinham políticas socialistas — esse é o chamado socialismo africano; e, por fim, o socialismo árabe, que nós vimos com o Egito, com a Líbia e, depois, com a Argélia, que implementaram essas variações socialistas tentando harmonizar com o mundo árabe.
Exemplos de países que adotaram o socialismo de inspiração soviética são Angola, Moçambique, Etiópia e Somália. Já os que adotaram o socialismo africano incluem, por exemplo, o Zimbábue; um verdadeiro desastre sob Mugabe. O Sudão e a Tanzânia apoiavam o regime socialista de Moçambique, que, por sua vez, era um socialismo de estilo africano, não do estilo marxista.
Os que eram do socialismo árabe, por sua vez, incluem Angola, Líbia, Egito, Tunísia e Mauritânia. Esses três tipos de socialismo coexistiam por lá. Os conflitos em Moçambique terminaram apenas em 1992, e estima-se que 600.
000 pessoas foram mortas em consequência da guerra civil e do controle da FRELIMO. A FRELIMO ocupava boa parte da nação, mas não a ocupava integralmente; no resto que não era ocupado, havia guerra civil. Eles ocupavam a capital e algumas regiões, de forma semelhante ao que aconteceu em Angola.
Do ponto de vista socialista, a FRELIMO era mais fanática do que o socialismo de Angola. Já o Zimbábue, liderado por Mugabe, fez reformas completamente socialistas, e ele aparecia em fotos com outros elementos socialistas. Entretanto, Mugabe mandou massacrar algumas tribos opositoras, os Matabele, e matou mais de 20.
000 pessoas — um assassino brutal. Agora vamos abordar outro lado. Um africano que ficou muito famoso na Guerra Fria foi Kwame Nkrumah, que é um nome difícil de pronunciar.
Este Kame se tornou um pop star no começo da Guerra Fria, aparecendo em público e discursando bem. Ele estava entre a União Soviética e os Estados Unidos, fazendo um jogo duplo. Mas, na essência, ele era claramente um socialista e defendia um pan-africanismo, muito comum entre líderes africanos que queriam unificar as nações do continente.
Isso nunca aconteceu. Ele chegou a se encontrar com Brejnev na Guiné, colônia francesa, e também era um grande centro de atividades da Guerra Fria — o Zaire, que era o Congo Belga, e hoje é o Congo. Aliás, o Congo é o lugar da África onde mais pessoas morreram devido à guerra civil que nunca para.
É uma verdadeira tragédia, e sua independência da Bélgica foi seguida por atividades comunistas no local. O Che Guevara, né? Então, o Che Guevara tentou fazer ações lá no Zaire, mas não deu certo, e aí teve que ir embora, né?
Quem era o líder comunista era o Lumumba, né? O Lumumba, depois, foi assassinado em nome da CIA. E aí, depois houve um golpe de Estado que foi apoiado pelos Estados Unidos, né?
Que foi o Mobutu. Esse Mobutu era um ditador, horrível, né? E foi o que eu falei: os Estados Unidos apoiaram o Mobutu porque achavam que lá era melhor ter ele do que alguma experiência socialista.
Quem também teve? O Mobutu chegou a vir para o Brasil e chegou a assinar acordos comerciais aqui para o Brasil nos anos 80, se eu não me engano. Ele encontrou com o presidente Figueiredo.
Foi com o presidente Figueiredo que se encontrou aqui no Brasil, né? O Congo é muito rico, o Congo-Zaire, né? É muito rico em matérias-primas, minerais, etc.
, né? E aí, então, foi, tristemente, um lugar onde morreu muita gente durante a Guerra Fria. O Congo é o lugar que mais teve mortes na África, desde a independência até agora.
Mas, durante a Guerra Fria, eu acho que o lugar que mais morreu gente foi na Nigéria, teve a guerra civil da Nigéria, chamada guerra do Biafra, que é uma região da Nigéria. A Biafra queria ficar independente e essa independência foi reconhecida por alguns países, mas não por todos, né? E houve massacres e mortes brutais lá, muitos pela fome; a maioria morreu de fome, e se estima que quase 2 milhões de nigerianos morreram nisso, né?
Uma coisa assim, né? A Nigéria era, teoricamente, aliada dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, né? Tinham outro momento que a Nigéria tentou ir para lá e para cá, mas, durante a Guerra Fria, a Nigéria era mais aliada dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.
Mas nem um nem outro ajudaram a Nigéria a evitar esse massacre lá, né? Em Biafra, assim, foi uma coisa horrível, né? Assustadora.
A guerra da B também foi um regime socialista, uma coisa horrível, também, com Quere ou Quere, não sei como é que pronuncia, acho que é Quere, que também instalou lá um regime. Lembrando que o Benin tem uma curiosa história, né? Lá no passado, os brasileiros, né, escravos, saíram do Brasil e foram lá para Benin, né?
Uma má lá de Gana, passando pela Nigéria e Benin. Que brasileiros foram morar lá, né? E, nesses lugares da costa, você falava português a ponto de que uma das primeiras escolas que os franceses, que eram os colonizadores, de Benin montaram lá, na região, a escola tinha que falar português, porque boa parte das crianças falava português.
Essa história de brasileiros que foram morar lá na costa africana, infelizmente, é bem esquecida, e é uma história bem interessante. O nome de um dos grupos, mas eu acho que não era o grupo de Benin. O grupo de Benin chamava Judá.
Da Nigéria, eu não lembro o nome. Eles chegaram a fazer igreja, né? Chegaram a morar em Lagos, fazer igrejas lá, né?
Porque eles eram católicos, eram do Brasil, católicos, né? E lá no Gabão, eles eram conhecidos como Tabom, porque os brasileiros falavam: "Ah, tá bom, ah, tá bom. " Então, eles eram conhecidos como "tons", né?
E, no Benin, eram conhecidos como os Z Judá. Então, é uma história curiosa, tão interessante, que liga o Brasil à costa ocidental da África e que é muito pouco comentado, né? O Benin também se tornou uma experiência socialista, né?
Ex-colônia portuguesa. Ela, uma curiosidade, né? O Paulo Freire foi para lá, né?
Fazer reforma educacional, aplicar o método dele. Foi um fracasso o trabalho do Paulo Freire lá na Guiné-Bissau, né? Um fracasso completo lá.
O líder lá resolveu a fazer uma. . .
O Cabral, né? Que era o líder resolveu fazer umas reformas socialistas com inspiração na China. Depois, ele se viu que ele era, na realidade, um criminoso e acabou sendo expulso do país e foi preso em Cuba.
E, se não me engano, ele terminou a vida em Portugal mesmo. Bom, então agora vamos para a África: o socialismo árabe, né? O grande nome desse socialismo árabe, né?
A grande figura da Guerra Fria tinha umas figuras que ficaram muito populares, né? Esse da deana, da P. Lumumba ficou popular uma época, mas, de outro lado, não do lado bom.
Idi Amin Dada se tornou uma pessoa popular, principalmente por causa do caso dele. Depois, outro que ficou muito popular foi o Nasser, né? Que era o líder lá do Egito.
Então, o Egito era colônia inglesa ou, pelo menos, um protetorado inglês. Aí se livrou das amarras da Inglaterra, e aí surgiu o Nasser, que nacionalizou empresas e tudo. Inclusive, estudei com o neto do avô de um colega meu que era do Egito e era muito rico lá no Egito.
Aí, da noite para o dia, ele perdeu todos os bens, que o Nasser fez estatização de todas, da maioria das empresas; tinha um limite de empregados que você podia ter. Acima desse limite, o estado ia e tomava sua empresa. Então, nenhum empresário lá no Egito podia crescer, porque ele sabia que, se ele crescesse, o estado ia lá e roubava a sua empresa.
Foi o que aconteceu com o avô desse meu amigo; o avô dele perdeu tudo e teve que vir para o Brasil e reconstruir a vida aqui. Então, esse. .
. Estatizou, né? Eh, as coisas no Egito e começou a fazer um grande jogo geopolítico porque o Egito faz fronteira com Israel, né?
E o Egito é populoso, então o Egito é um lugar muito importante do ponto de vista geopolítico. Ele é um país africano, porém, que consegue fazer um jogo no Oriente Médio, né? Olha, o termo "Oriente Médio" também tem um sentido de Oriente Médio expandido, que inclui o Egito, que, embora não pertença à África, né?
Não pertença à Ásia, né? Ele é africano, eh, mas ele faz parte do jogo geopolítico lá da Ásia, né? Do Extremo Ocidental eh da Ásia.
Então, o Egito era muito importante tanto para os Estados Unidos quanto para a União Soviética. Eh, a França e a Inglaterra, com interesse no canal do Suez, fizeram uma operação fracassada lá, né? A operação da crise de Suez, em 1956, aí perderam o prestígio que tinham, né?
E o Nasser acabou saindo com grande prestígio e tal. O Nasser odiava Israel, né? Aí, as campanhas do Egito e de outros países árabes contra Israel não participaram dessas campanhas.
Depois, eu posso comentar isso quando falar de Israel, né? Mas também fazia jogos querendo financiamento para a represa de Assuan, né? Mas, no geral, ele tinha hostilidade ao grande capital, tinha uma linha socialista e depois foi para o terceiro-mundismo, né?
O terceiro-mundismo foi um movimento que se dizia não-alinhado, nem com a União Soviética, nem com os Estados Unidos. Mas todos esses terceiros-mundistas, na prática, eram socialistas. Então, Nasser era socialista, Nehru era socialista, o chefe de Estado da Birmânia, uma figura hoje esquecida, era socialista, né?
O Sukarno, lá da Indonésia, que também era terceiro-mundista, era socialista. O Tito, lá da Iugoslávia, também era. Cuba pertenceu a esse movimento, também era socialista.
Então, essa terceira via, o terceiro-mundismo, na realidade, era tudo socialista, de fato, ou mesmo declarado, como era Cuba, né? A Líbia foi liderada pelo Muammar Gaddafi, né? Um ditador que se julgava um intelectual, né?
Então, ele escreveu livros. Ele escreveu uma tese socialista chamada Jamahiriya, chamada Estado das Massas, né? Então, ele escreveu um livro; o livro dele era chamado Livro Verde, que tinha três partes: Autoridade do Povo, Socialismo e Terceira Teoria Universal.
Então, ele transformou a Líbia no que ele chamou de socialismo Jamahiri, né? Estado das Massas, em 1977. Então, estabeleceu uma revolução cultural, criou congressos populares de base, etc.
Então, o Gaddafi criou um socialismo de uma moda árabe, na visão dele, né? Na Argélia, a Argélia teve uma guerra civil brutal, né? Eh, contra a França, né?
No tempo do De Gaulle. Depois, a França acabou aceitando a independência da Argélia, e a Argélia se tornou também uma nação estatista socialista. E agora, por fim, vamos comentar sobre um dos que foi mais trágicos também, né?
Eh, da Guerra Fria, que foi a Etiópia. Então, a Etiópia, na Segunda Guerra, ela tinha sido, eh, a Etiópia, uma parte da. .
. A Etiópia e a Eritreia, né? Já foram a mesma nação, depois separaram e tal.
A Itália, então, conseguiu transformar a Eritreia em sua colônia. Tanto é que até hoje, lá na Eritreia, as pessoas têm o hábito de tomar cappuccino, comer massa, comer panetone, etc. Tem muitos prédios de origem italiana lá na Eritreia.
E só nos anos 30, no tempo do Mussolini, a Itália conseguiu conquistar a Etiópia. A Itália tinha perdido vergonhosamente a Guerra da Abissínia no final do século XIX, né? Então, a Líbia também era colônia italiana, também a Itália tinha como colônias a Somália, né?
A Líbia, a Etiópia e a Eritreia. E a Etiópia, então, depois e durante a Segunda Guerra, o governo italiano lá caiu e voltou a ser administrado pelos etíopes, né? Essa foi a única nação que não foi colônia europeia, né?
Não sei, com esse pequeno período dominado pela Itália, né? A Libéria também não, né? A Libéria tem uma história curiosa, né?
Porque é feita por ex-escravos americanos dos Estados Unidos, né? Então, o que aconteceu lá? Depois do fim da escravidão, teve um movimento de querer mandar os ex-escravos embora dos Estados Unidos, que lá era tudo racista.
Os Estados Unidos tinham leis raciais, né? Saiu a escravidão, mas manteve leis racistas, no mesmo estilo do apartheid; só muda o nome, né? Que ficou conhecido popularmente como as leis Jim Crow, né?
E aí, teve um grupo de americanos que queriam, então, expulsar esses escravos de volta para a África, e aí criaram uma companhia e levaram eles para onde hoje é a Libéria, né? Por isso que a capital da Libéria, Monróvia, é em homenagem ao presidente Monroe, né? Então, daí a estranha história da Libéria, né?
Bom, voltando lá para a Etiópia, então, a Etiópia voltou a ficar independente, era liderada, então, pelo Haile Selassie, né? A Etiópia era razoavelmente desenvolvida até que veio um golpe de Estado, né? O Derg, que era o Partido Comunista lá da Etiópia, conseguiu dar um golpe e o líder dele, o Mengistu Haile Mariam, né?
Instalou um regime de terror lá na Etiópia, né? Uma coisa assim brutal. O que ele fez?
Perseguições, massacres, tudo foi nacionalizado; tudo foi estatizado. Quem não concordasse era morto. Aí, foi feita uma grande obrigatoriedade, os proprietários tinham que ingressar em fazendas coletivas.
Os produtos agrícolas não foram mais oferecidos no mercado livre, mas sim controlados e distribuídos pelo governo, né? E como. .
. O que Macau tem uma causa e efeito, aí sempre. .
. Todo lugar, quando começa. .
. Coletivização forçada no campo: o que acontece? Fome, né?
E foi o que aconteceu lá. Então, com a coletivização forçada, começou a causar uma fome violenta na Etiópia. Foi uma das maiores do século XX, né?
O socialismo, então, devastou completamente a Etiópia. Estima-se que essa fome brutal de 1983-1985 tenha matado mais de 500. 000 pessoas.
As imagens dos tristes etíopes magros passando fome correram o mundo. Ficou famosa uma campanha musical para arrecadar fundos chamada "We Are the World," para arrecadar fundos para a Etiópia e tal, né? Então, eu me lembro desse tempo.
A Etiópia virou sinônimo de pobreza nos anos 80, em 1980, virou sinônimo de fome, né? Então, o socialismo causou uma desgraça na Etiópia de modo impressionante, né? E, para piorar, o regime etíope confiscou grande parte dos grãos e do gado dos camponeses para alimentar o seu exército.
Essa política também serviu para fazer com que as minorias étnicas que não apoiavam o governo parassem de apoiar os grupos rebeldes e se submetessem ao regime. Houve uma grande mobilização internacional, conforme eu falei, só que o regime não permitiu o transporte de alimentos para determinadas áreas as que não concordavam com o regime, as áreas rebeldes, piorando, então, a fome. A Etiópia foi um socialismo clássico, né?
Moscou se aliou com a Etiópia, né? Houve, então, uma parceria deles. Tem fotos do Mariam com o Brezhnev, etc.
, né? E, se não bastasse, a Etiópia entrou em guerra com a Somália, né? Por disputas territoriais aí na Somália.
Ao contrário do que é pouco divulgado, a história da Somália pós-independência também se tornou um regime socialista, né? Com uma figura, talvez, meio doente, tal fanatismo e as visões completamente delirantes que ele tinha, que era Mohamed Siad Barre, que adotou rapidamente o socialismo científico. E aí fez uma longa campanha lá.
Então, ele mandou fazer cartazes dele ao lado de Lenin e Marx, né? Então, havia cartazes que exaltavam a figura dele. Havia cartazes com a tríade: camarada Marx, camarada Lenin e camarada Siad, espalhados por todo lugar.
Ele se autodeclarou pai do povo e, com disputas com a Etiópia, acabaram travando uma guerra curta. Dois países miseráveis entraram em guerra, chamada a Guerra do Ogaden. Cubanos também atuaram lá nessa região, né?
A Somália hoje é um país que não existe, né? Está nas mãos de piratas, de guerrilhas e tal. A causa da Somália, assim, é por causa do socialismo.
Então, as pessoas não colocam as verdadeiras causas da miséria, que ficou maior parte dos países que foi causada pelo socialismo. Então, o Moçambique se tornou boa parte própria por causa do socialismo. Angola também, né?
As mortes lá na Etiópia, os 500. 000 mortos, foram causados pelo socialismo. Na Somália, a desagregação da nação foi causada pelo socialismo.
Então, a África, infelizmente, foi um teatro sombrio da Guerra Fria, né? Onde Estados Unidos e União Soviética buscavam as nações para serem suas aliadas e não estavam nem um pouco preocupados com o bem-estar africano. Então, onde a África não sofreu com o socialismo, acabou sofrendo ou em guerras civis ou em ditadores brutais, como já citados, Bokassa, Mobutu e Idi Amin, né?
Entre outros. Bom, vamos agora então para as perguntas. Aí, André.
Sim, pode começar. Boa tarde, professor. Sobre a guerra civil angolana, nós entendemos que ele não foi um conflito puramente interno, quase como uma guerra de procuração, né?
Porque a MPLA era representada pela União Soviética e a UNITA tinha ali os Estados Unidos e a África do Sul. É isso mesmo? Isso mesmo, foi uma guerra de procuração na África da Guerra Fria.
Era como a União Soviética e os Estados Unidos se encontraram diretamente em guerras. Eles tinham as guerras para procuração, chamadas de guerras de procuração, né? E, então, para tudo quanto é lugar, né?
Foi isso, e a África não foi exceção, foi a regra, aliás. Os Estados Unidos financiaram determinados grupos e a União Soviética financiou os inimigos desses grupos. Então, infelizmente, essa foi a realidade da África e boa parte desse conflito da Guerra Fria, né?
Entendido sobre o posicionamento do Egito, é isso mesmo? PR? Estive correto aí?
Eu já li alguma coisa que ele era pragmático, né? Porque tinha interesses ali capitalistas, enfim. Mas como era essa posição do Egito?
Ele realmente era neutro? Como era a posição? O Nasser era socialista.
Ele era socialista, só que defendia um socialismo não alinhado. Ele era pan-africanista. Queria ter muita influência no Oriente Médio, odiava Israel e foi um dos principais líderes do chamado movimento terceiro mundista, que supostamente não seria aliado nem da União Soviética nem dos Estados Unidos, porém ele tendia mais para a linha soviética por ele ser socialista.
Ok, tá muito obrigado, professor. Bom, parece que senão vou pegar alguns aqui do chat. Se Cuba foi o satélite mais importante contra os americanos no Atlântico, qual foi o principal país satélite na África contra os americanos?
Eu acho que não teve um principal. A África estava muito metida em guerras internas, não tinha como fazer algo com grande alcance no estilo cubano, né? Porque Cuba ficou pacificada pelo socialismo, né?
Pacificada na base da baioneta, ou seja, quem não me seguir, morre. Nesse sentido que estou falando, que foi pacificado. Então, ela teve ampla liberdade para atuar.
Agora se. . .
A gente vê nos países africanos, na Angola perdida em guerra civil, não tinha como os comunistas lá fazer operações de grande alcance, né? Eh, o Egito acabou tentando fazer operações de grande alcance com o terceiro mundismo e ações contra Israel, né? Eh, a Etiópia, no comecinho, tentou ser um exemplo para outras nações africanas e tentar estabelecer alguma influência política, inclusive.
Esse era o objetivo, né? Talvez da União Soviética projetar a Etiópia como um grande líder africano. Inclusive, o Marian chegou a formar o maior exército da África inteira, com 3 milhões de membros, se eu não me engano.
O número era 3 milhões, um dado impressionante pra época. Mas depois a Etiópia não cumpriu com o seu objetivo, porque ela simplesmente colapsou com fome, guerra civil e guerra contra a Somália. Então, acho que a União Soviética teve, na Etiópia, como um modelo inicialmente para projetar uma ação política, mas a Etiópia acabou colapsando, né?
O Moçambique também ficou perdido em seus problemas internos e não podia ter um grande arcan, e teve outras nações africanas socialistas que tentaram, né? Fazer a África do Sul projetava sua força na África Austral, né? Contra o comunismo, né?
Agora, por exemplo, a Tanzânia ajudou forças comunistas no Moçambique, o Zimbábue também, mas não teve, assim, uma Cuba no jeito que perguntou. Não teve uma Cuba africana, não é? Boa pergunta, o Márcio Melo aí.
. . Teriam que a Igreja Católica voltar a andar nos trilhos, né?
É, enviar missionários, né? E apesar de vários abusos durante o período colonial, a Igreja Católica fez um lento trabalho em várias regiões, né? Angola, Moçambique, eh, Camarões.
Camarões foi um. . .
até a Primeira Guerra Mundial. Camarões tinha as missões, né? No Burundi, que hoje foi destruído, né?
Pela guerra civil e pelo Ruanda, né? E Burundi foram destruídos pelas guerras e pelos massacres. Lá teve uma forte atuação da Igreja Católica, que infelizmente depois foi tudo posto a perder.
Em Uganda continuam as missões católicas muito fortes, mas a Igreja Católica, perto do que foi na África, está muito fraca, infelizmente. Não há nenhum empecilho de um líder africano dotar a moral católica. Sabe-se que, em Uganda, eu não lembro o nome dos líderes de Uganda depois do Idi Amin Dada, mas eles foram muito simpáticos, ou pelo menos algum deles, muito simpáticos à atuação da Igreja Católica.
E Uganda foi um dos muitos missionários para lá. Uganda é um exemplo, né? De um catolicismo ainda vivo lá, no coração da África.
Teve algumas experiências na África Ocidental, né? Mas nunca foi igual ao que foi no passado, né? Mas não havia nenhum.
. . Qual país africano mais rendia matéria-prima aos seus dominadores?
Olha, um dos principais foi o Zaire, com o governo belga, né? Eh, vários minérios lá importantes. Inclusive, a União Soviética, a Rússia, está de olho gordo, né?
Lá no continente africano. E agora, a China também, com óleo, urânio, petróleo, diamante, ouro, né? É, ouro é concentrado mais lá na África Austral, e era controlado pelas empresas holandesas e inglesas, né?
E o diamante, até hoje, é da De Beers, né? Controla o comércio de diamantes mundial, significando que 80% do diamante é controlado pela De Beers. E o número equivalente de todo diamante bruto passa por uma cidade da Bélgica, que é Antuérpia, né?
O número próximo disso passa. Então, lá é controlado pela De Beers, né? Então, eh, diamante, ouro, urânio, borracha, minério de ferro, todo tipo de minério que você pode imaginar, eh, tem lá na África, e as potências sempre ficaram com olho gordo nisso, né?
Sempre financiaram ditadores ou qualquer um que mantivesse o fluxo dessa matéria-prima para onde eles quisessem, né? Agora, atualmente, a China e a Rússia, né, estão fazendo forte atuação, nesse momento, por lá. Boa pergunta.
Aqui, Botsuana. Botsuana é uma exceção na África. Botsuana fez reformas capitalistas, né?
Eh, ela tá crescendo, é um exemplo de sucesso lá na África, justamente Botsuana, né? Marrocos. Marrocos é um caso interessante também, porque Marrocos também não foi socialista, né?
Então, eh, o Marrocos tinha uma forte ligação. Apesar de ele ter ficado dependente da França e da Espanha, não ficou com ranço, eh, pelo menos na aparência, né? Muito radical, como ficou Argélia, Tunísia, Líbia e Egito.
Então, o Marrocos sempre permitiu muito turismo, sempre permitiu empreendimentos europeus lá. Não teve reforma socialista em Marrocos, e por isso Marrocos é um lugar esquecido. Eu tinha esquecido de falar como um exemplo razoável de país que ficou razoavelmente organizado, né?
E razoavelmente próspero, eh, lá no norte da África, né? Então, Marrocos e Botsuana são exemplos aí de que não aderiram ao socialismo e se deram melhor, né, do que os outros. Ah, porque Cabo Verde aderiu, né?
À onda independentista, né? Que ficou lá do império português. Só foram Açores e Madeira, né?
Mais algum? Não? Pode encerrar?
Não? Tá bom. Então, agradeço a todos por nos acompanhar aqui em mais uma live.
Agradeço a todos pelas perguntas. Espero que tenha sido útil essa exposição que eu fiz hoje. E segunda-feira, eh, teremos.
. . Não, a segunda-feira eu acho que não vai dar.
Depois nós vamos agendar, então, eh, uma próxima aula sobre Guerra Fria. Agradeço a todos e obrigado.