Lúcia Dellagnelo fala sobre tecnologia e educação

[Música] Tem se tornado um mantra nos últimos anos que S nas últimas décadas a ideia da demanda por educação educação e educação isso é um velho conhecido a questão é que comumente costumamos tomar por base países muito bem sucedidos que investiram em educação mas por vezes esquecemos daqueles países em que a educação é algo significativamente presente na vida dos indivíduos e dos cidadãos em geral enfim mas esses países não se desenvolveram de forma tão expressiva devem existir uma série de variáveis que explicam o sucesso dos países com base obviamente na questão da educação mas a

gente teria que entender esses desafios não só em termos de implementação de políticas públicas mas também do ponto de vista cultural e de como as sociedades conseguem receber e desenvolver Tais habilidades sim Lúcia a gente consegue começar a nossa conversa entendendo o desafio da educação não apenas do ponto de vista da implementação de uma política mas como Algo Mais amplo sim a educação sempre foi um desafio é e ela sempre teve em busca de inovação é tão interessante eu fiz uma revisão dos manifestos de educação que são documentos que na realidade mostram o pensamento de

um grupo mais Progressista de educadores falando sobre educação e quando a gente mostra essas frases O que que a educação se propõe eh o primeiro Manifesto foi em 1932 o segundo em 1959 e o terceiro em 2013 e o texto é muito parecido e é interessante isso porque eh a educação sempre teve a quem da expectativa da sociedade porque ela o que que ela é Ela é a transmissão ou é a Constituição da nova geração né é a inclusão de uma nova geração a uma sociedade que está pré-determinada ou que está construída que está dada

então sempre teve essa defasagem dizendo assim olha a sociedade mudou e a educação eh a mudança na educação um pouco mais lenta e as pessoas então Eh reclamam e pedem que essa progressão e esse avanço da educação seja mais rápido então isso é um dado histórico agora o que você falou que talvez não haja uma correlação muito direta entre o nível Educacional e o nível de desenvolvimento dos países isso foi verdade até a Revolução Industrial onde a hora que a gente entra na sociedade de conhecimento essa correlação é direta é quase um para um né

porque enquanto você habilidades manuais poderiam ganhar o você tendo isso poderia ganhar uma posição na sociedade ou na na na economia hoje em dia eh tem habilidades do século XX que você precisa ter para viver em sociedade então ser analfabeto hoje em dia não é mais uma opção né você não consegue mais ganhar vida porque a nossa sociedade é uma sociedade com base em conhecimento e agora mais recentemente uma sociedade baseada na cultura de inovação na cultura de renovação constante de conceitos de plataformas de ferramentas de trabalho então mais do que nunca deixou de ser

algo que acontecia numa idade certa da vida e você tinha educação pro resto da sua vida para um ato que você vai ter que se engajar durante toda a sua vida você vai ter que estar constantemente aprendendo e se engajando em novas habilidades em novas competências isso vai obrigar que você esteja num processo educacional durante toda a sua vida né quando nós dizemos que é necessário quando a gente fala o você né quer dizer a gente se dirigindo ao indivíduo ao cidadão como que Eu convenço o cidadão disso né porque claro uma coisa é a

nossa capacidade de diagnosticar e de perceber né sobretudo estudando pesquisando se aprofundando demonstrando isso empiricamente fortemente cientificamente Mas como eu consigo convencer o cidadão de que efetivamente isso é absolutamente essencial eu digo isso porque alguns cidadãos por vezes desistem de estudar desistem das etapas básicas da educação formal como é que eu dialogo com a sociedade no sentido da construção desse desafio que você coloca como valor olha essa motivação tem elementos intrínsecos e externos extrínsecos né intrínsecos você tem que tornar a educação um processo relevante pro indivíduo então quanto mais próxima de solucionar problemas reais e

dele se sentir protagonista da sua vida mais eh possibilidade mais chance a gente tem que o jovens se engajem no seu processo de educação Então essa relevância intrínseca de educação é muito importante pra gente manter os as crianças e jovens motivados e a querer aprender sempre mais e depois tem a questão do mercado de trabalho também né que claro jovens com mais educação tem uma correlação já estabelecida entre o seu nível de escolaridade e a sua renda depois eh é interessante porque eh tem que ser eh São motivações complementares né o jovem tem que querer

estar na escola porque ele acha relevante e Porque ele acha que é o momento da vida dele para adquirir competências e tem que ter uma pressão da sociedade também dizendo Olha nós vamos valorizar E nós vamos pagar melhor aqueles indivíduos que tiverem uma educação melhor então é o conjunto dessas duas motivações a intrínseca e a externa extrínseca que fazem com que uma sociedade realmente tenha esse compromisso paraa educação outra coisa que tem tem sido lenta na sociedade brasileira é a construção da educação como um valor né durante muito tempo o trabalho era um valor então

tinham escolas do menor trabalhador eh eram coisas que hoje a gente acha absurdas mas havia uma ênfase muito grande na ética do trabalho como a coisa mais importante que um indivíduo poderia fazer né E a gente eh aos poucos isso tem sido lento na na na sociedade brasileira em algumas sociedades isso foi mais rápido esse valor da educação por si né valor do do do ser humano que investe na sua educação no seu desenvolvimento no seu avanço eu acho que a gente tem melhorado muito educação tá se tornando a pauta hoje pela manhã o ministro

falou olha bem ou mal educação virou Manchete isso é bom pro nosso país eh e eu não concordo com algumas das razões Mas é verdade né uma sociedade que discute educação discute Qual é a melhor forma da educação é uma sociedade agora no sentido de ser um valor não necessariamente nós estamos falando por exemplo apenas de ensino agora no sentido de ser um valor não necessariamente nós estamos falando por exemplo apenas de ensino né Estamos pensando em algo mais amplo em que medida eh isso se faz presente na vida das pessoas quer dizer a gente

estaria falando também dos meios de comunicação a gente estaria falando das pautas e da e das conversas e das atitudes e e dos gestos até mesmo de cidadania das pessoas como é como é que a gente eh converte essa ideia da educação por vezes entendida pelas pessoas quase que como uma política de Ensino em algo mais amplo quer dizer esse desafio também é algo com o qual nós devemos nos preocupar não é mas eh eu acho que que é super importante porque eu acho que a educação acontece em vários espaços em várias instâncias e não

só na escola mas um país que tá tão a quem da qualidade de educação como o Brasil ainda tem uma tarea de casa para fazer que é melhorar a escolaridade básica dos seus cidadãos porque ali vão ser construídos eh competências conhecimentos atitudes que serão importantes depois para esse cidadão poder buscar ele mesmo novas oportunidades educativas e é muito interessante a gente pensar que quando a gente pensa por exemplo eh como formar cidadãos inovadores né nessa nova cultura de inovação onde a Inovação é muito valorizada teve um estudo recente da ocd é que mostrou que para

você formar uma geração inovadora essa geração tem que ter pelo menos três atributos primeiro conhecimento específico competências básicas mesmo saber matemática saber física saber escrever saber múltiplas linguagens depois tem que ter uma eh Uma Geração com posicionamento crítico um questionamento crítico que diga bom isso sempre foi assim mas talvez possa ser diferente né e depois com atitudes como e e as chamadas eh capacidades não cognitivas eh ou competências não cognitivas que são aquelas de atitude de perseverança de de autoconfiança de protagonismo de saber que eu sou capaz de mudar a realidade que tá aí então

essas três Eh esses três elementos são importantes para formar uma geração inovadora conhecimento específico a questão eh das competências socioemocionais e do pensamento crítico do questionamento o Brasil ainda não conseguiu resolver a primeira dela né se a gente imaginar que 11% dos alunos que terminam eh o fundamental dois sabem o conhecimento matemático que eles deveriam saber só 11% sabem o que eles deveriam saber no último ano do fundamental dois a gente não tá dando o elemento mínimo fator mínimo para que a gente crie uma geração inovadora e que possa se inserir nessa sociedade de conhecimento

e inovação que hoje predomina em todo mundo tomar esses três aspectos e colocados por ti e vou adicionar uma questão anterior você observou associada à ideia de que o indivíduo esse aluno esse cidadão tá sendo formado precisa aprender a resolver pequenos problemas eh isso de uma certa maneira desafia a própria maneira como nós educamos dentro das escolas como é que eu como é que eu resolvo esse problema quer dizer a partir do que eu começo a resolver também um problema de um associado a um sentimento ou uma associação de que em muitos casos a escola

parece ainda estar no século XX na melhor das hipóteses que s no 19 ou para trás como como nós resolvemos esse primeiro ponto eh Essa é a questão que tá que nós todos eh que trabalhamos na educação temos nos perguntado e é interessante porque a tecnologia tem criado algumas disrupções na maneira de ensinar e aprender que que estão gerando questionamentos importantes sobre o modelo de escola né o fato de hoje o aluno poder acessar conhecimento acessar informações em qualquer momento em qualquer lugar ele não depender mais da transmissão do conhecimento do professor fez com que

eh desequilibrar essa equação de poder eu conheço eu sei você não sabe eh e muitos professores estão eh sabendo lidar bem com isso se transformando seu papel eh de só transmissor de conhecimento mas um mediador e um curador de informações e conhecimentos para aqueles jovens que estão ali eh e as tecnologias estão eh permitindo algo que é muito interessante que é personalização da experiência de aprendizagem né antigamente um professor chegava numa sala de 40 alunos ele dava a mesma aula esperava que todos os alunos aprendessem da mesma maneira né hoje com os estudos da neurociência

a gente sabe que cada um tem uma maneira de processar informação diferente um ritmo diferente uma velocidade diferente e a tecnologia permite que eu o mesmo Professor ofereça para uma turma de 40 alunos atividades personalizadas de ensino que que dizem a respeito ou que estimulam mais esse aluno a aprender então a tecnologia ela não é a Salvadora da educação muita gente pensa Ah mas então se a você acredita que a tecnologia vai salvar a educação vai conseguir Inovar a educação obviamente não mas quando pensado em quatro dimensões importantes a tecnologia tem um poder de transformar

a forma de ensinar e aprender a primeira é a visão para que que eu vou usar essa tecnologia Qual é a minha intencionalidade né muita gente acredita que a tecnologia é um bem em si mesmo que ela tem valor em si mesmo não o tem que ter uma intencionalidade humana assim eu vou usar essa ferramenta porque eu acredito que ela é mais adequada para ensinar esse meu aluno que tem essas necessidades né Então essa visão do uso da tecnologia é importantíssimo o segundo é a competência de usar o professor tem que sentir confortável e achar

que aquela tecnologia realmente ajuda ele na tarefa de ensinar melhor a tecnologia não pode ser nem superior ao professor mas também e ela não pode ser um um fardo pro professor uma coisa difícil pro professor mais uma barreira pro professor ela tem que ser uma aliada para a tarefa de ensinar a terceira dimensão que é muito importante é a qualidade do conteúdo digital e que você oferece pro seu aluno porque dizer que o aluno vai aprender pesquisando no Google é muito pobre é você é de novo colocar a educação numa coisa muito instrumental muito pobre

que provavelmente não vai gerar nenhuma diferença e a quarta dimensão é a infraestrutura você precisa ter conectividade porque hoje é é importantíssimo qualquer tecnologia exige requer muita conectividade mas também eh o tipo de equipamento certo para você não ser só consumidor das coisas da internet mas ser produtor e autor de materiais que você pode colocar na internet e aí vem uma questão muito interessante o último estudo do Tic educação feito pelo cetic que é um centro que pesquisa tecnologias eh de informação mostrou que quase 90% de todos os jovens brasileiros só acessam à internet por

meio do celular isso é muito interessante quer dizer ah então tá democratizando o acesso está mas por outro lado eh eh quando se separava entre escolas públicas e escolas particulares os alunos de escola particular tinham outras plataformas de acesso tinham notebook tinha desktop eh tinham outras maneiras de acessar a internet e de produzir conhecimento para fazer upload na internet e os de escola pública a única maneira que eles tinham de acessar a internet era o celular então se reduz muito o que você consegue fazer com tecnologia na internet se você tem uma plataforma que é

limitada que é a plataforma do celular agora nesse sentido eu não vou nem entrar no mérito do acesso em casa para que não fique uma sensação de que obviamente existe uma desigualdade Econômica muito expressiva vou olhar só pra escola em escolas públicas por vezes a ainda não fica a sensação de que esse acesso à tecnologia é algo muito reservado e às vezes quase guardado como um segredo a gente sabe que por vezes questões de segurança tem um impacto relacionado a isso mas as salas de computador são trancadas com grade com cadeado por vezes ficam quase

que isoladas para responder a Protocolos de secretarias que querem saber se a sala está lá e o aluno não acessa quer dizer a gente não precisa vencer também um pouco essa barreira né de dar oportunidade de as pessoas encontrarem esses instrumentos nas suas vidas e consequentemente utilizá-los da maneira como desejamos não Sem dúvida esse é um ponto importantíssimo eh é interessante porque os laboratórios de informática foram criados numa política chamada proinfo criada em 1997 no Brasil então há 20 anos eh ela era extremamente de Vanguarda era uma política muito interessante aliás é interessante Porque como

quando começou a ser discutido o uso de computadores para educação e o que que a tecnologia podia eh fazer Pela Educação na década de 70 o Brasil foi um dos países de Vanguarda nessa discussão vários eh professores de universidades fizeram doutorado no MIT com papert que era a pessoa que começou a a trabalhar com computadores e educação trouxeram esses conceitos pro Brasil eh E durante muito tempo o Brasil teve políticas muito interessantes de uso de comp eh de computadores na educação de Tecnologia em geral só que a última política eh feita elaborada como uma política

pública de tecnologia na educação é de 1997 e previa a criação dos laboratórios de informática que na época era um conceito de Vanguarda eh e que era o que dava para fazer com os recursos que a gente tinha naquela época o computador a tecnologia era muito cara então foi a maneira que se conseguiu de colocar em todas as escolas brasileiras pelo menos a presença do computador só que essa política não foi revista desde então ela teve uma revisão em 2007 mas aí só foram ações eh episódicas de distribuição de tablet para professor ou de um

laptop para um aluno em 500 cidades brasileiras não houve uma continuação e uma revisão dessa política Então hoje é verdade o que tá acontecendo nas escolas brasileiras é os computadores trancados num laboratório de informática o professor se quiser usar o computador tem que pegar a turma toda deslocar ter alguém que abra a chave do do do laboratório de informática assina o livro tem que ligar os computadores até aí até aí o professor já perdeu meia hora da aula dele aí ele tem mais 30 minutos para fazer qualquer coisinha no computador e sai então o que

a gente tem defendido muito é que o Brasil eh faça uma revisão dessa política Aprenda com tudo que a gente Já construiu né eu eu sou muito contra essa ideia joga tudo fora e cria uma nova política então aprenda o que deu certo o que não deu certo nas políticas anteriores mas lance uma nova política de tecnologia na educação dentro dessa nova agenda que tem sido discutido hoje aqui é de uma agenda digital pro Brasil vamos pensar e nesse desafio do uso da tecnologia na educação com base exatamente nesse nesse não jogar fora o que

foi feito quer dizer tentar se aproveitar algo e naturalmente observar o que está sendo feito que Muito provavelmente em alguns lugares existem boas iniciativas iniciativas a serem disseminadas é mais simples Inovar em termos de educação com uso da tecnologia do que se possa imaginar onde eu quero chegar com isso ah é muito caro Ah é impossível Ah o professor a isso pequenos exemplos podem ser dados para nos mostrar Lúcia que isso é mais simples do que a gente imagina sim e você tem toda razão sabe muitos secretários de educação com quem eu converso mas eu

não tenho dinheiro para fazer um grande investimento em tecnologia eh para fazer com que a tecnologia temha um impacto Positivo na na aprendizagem tem várias estratégias que podem ser usadas inclusive utilizando a infraestrutura que está aí com a limitação de internet com a limitação de número de computadores O que é preciso é a gente pensar na incorporação pedagógica dessas tecnologias e aí nós estamos num momento muito interessante no Brasil com a revisão da da base Nacional curricular comum eh que já prevê né inclusive o plano nacional de educação diz o seguinte que se o Brasil

não adotar novas tecnologias e abordagens inovadoras de aprendizagem nós não vamos conseguir atingir as metas previstas no plano nacional de educação então a gente precisa é uma necessidade tem uma urgência um senso de urgência porque a gente vai da maneira com com as melhorias incrementais que a educação tem tido nos últimos anos a gente não vai conseguir atingir as metas previstas no eh no plano nacional de educação então há muito a ser feito eh mas tem vários países que tem exemplos muito interessantes disso um foi a Austrália que quando ela fez a revolução Educacional eh

dela que fez uma revisão do currículo criou o currículo Nacional comum ela colocou dentro dessa política o que eles chamaram da revolução digital né então na revisão de todo o plano ano de educação Eles já colocaram tecnologia como um meio importante é interessante porque no currículo australiano no começo tecnologia era um tema transversal de ah em todas as matérias em todas as disciplinas você tem que trocar e depois da primeira revisão do currículo australiano além de tema transversal tecnologia design e tecnologia se tornaram uma disciplina específica trabalhada desde o primeiro ano da da da escola

até o último ano ano da escola então é noções como entender a lógica de algoritmos né eu tenho conversado muito com as pessoas não sei se você sabe mas a Angela Merkel Eh agora criou na Alemanha uma lei que qualquer grande plataforma de Tecnologia de mídia social que vá operar na alemanha tem que abrir o seu algoritmo E ela diz isso porque eh ela assim nós precisamos entender Qual é a lógica que tá por trás dos algoritmos para eu entender para onde eu tô sendo direcionado quando eu uso um Facebook com Twitter ou eu preciso

entender como é que vem essas recomendações como é que eles me com que pessoas eles me linkam e qual é a lógica que eles estão usando para fazer isso porque eh e e isso a Angela Merkel tá fazendo um ato político mas são muito muitos pesquisadores mostrando que hoje a gente é sugestionado pela tecnologia às vezes sem perceber isso e sem perceber que é uma lógica que que tá sendo usada que é a lógica de algoritmos que a gente não aprendeu isso na escola essa lógica que é uma nova linguagem que a gente deveria ensinar

desde o primeiro ano até o último ano Claro com níveis de complexidade diferente mas você pensar Qual é a lógica de algoritmo que tá por trás das tecnologias que você usa no dia a dia O Curioso é que existe uma crítica em relação a isso em termos históricos mais longevos né porque a tecnologia essa é mais recente redes sociais internet relacionada à questão do próprio papel da mídia e dos meios de comunicação né quer dizer exatamente escolhe as pautas como elas são organizadas que interesses estão por trás disso que são questões obviamente que a sociedade

deveria ter a maturidade para debater nesse sentido Lucia Em que em que medida que eu consigo diante dessa leitura de mundo eh dialogar com professores com diretores de escola né Posso até chegar obviamente aos pais desses jovens os jovens em si talvez sejam mais claramente tenham maior clareza a respeito desse tipo de demanda desse tipo de necessidade até porque é uma linguagem muito própria dessa geração mas como é que eu levo isso para professores e diretores de escolas por exemplo ou mesmo pros pais cobrarem isso da educação isso não tá um pouco distante da realidade

quer dizer a gente Não viveria numa sociedade em que os pais ainda estão em termos de políticas públicas achando bom que os filhos estejam na escola e ponto Olha eu acho que não e é interessante Porque mesmo pais e professores a pesquisa Tic AG agora mostrou eh quase 100% dos professores entrevistados são usuários de tecnologia eh os pais também são usam e eles também não receberam essa eh educação para tecnologia tanto quanto os jovens Então esse não entendimento eh dos algoritmos e Da Lógica das tecnologias na realidade perpassa todas as gerações não é uma coisa

geracional dizer assim os jovens entend a maioria dos jovens ele usa a tecnologia como usuário e não se pergunta e não entende a lógica um pequeno número se interessa para entender como é que aquela tecnologia funciona mas a maioria não eh Então eu acho que é uma questão de sociedade e você tem toda a razão foi era o mesmo questionamento que a gente fazia da educação para mídia eh hoje se faz paraa tecnologia com uma diferença com as mídias como havia uma concentração muito grande dos grupos que dirigiam as mídias pelo menos as mídias comerciais

você você sabia da onde estava vindo quem é você conseguia dizer quem era a pessoa e qual era a visão de mundo que ela tava tentando passar hoje o problema da tecnologia Paulo Freire já dizia que era uma ideologia sem Face parece que é Técnica parece que não tem ninguém por trás do Facebook me direcionando mas é um algoritmo que foi desenvolvido com por alguém que tem uma lógica de mundo né mas eh a medida que vai se distanciando de quem criou aquela tecnologia Parece que ela tem uma inteligência por si só e não é

verdade ela tem uma lógica por si só que todos nós deveríamos entender para poder optar ou não por utilizá-la ou saber exatamente para onde ela tá me guiando quando ela faz uma sugestão de um livro que eu tenho que ler de uma pessoa que eu tenho que conhecer de um lugar que eu tenho que viajar com base em todas essas novas linguagens a gente tem visto a sociologia por exemplo filosofia tem se ocupado muito da tarefa de mostrar que as novas gerações em ritmos cada vez mais acelerados pensam de formas diferentes das das demais gerações

e que isso pode criar verdadeiros abismos entre gerações que inclusive dificultem ou que poderiam dificultar a própria relação entre pais e filhos e questões entre professores e alunos e questões dessa natureza entre representantes e representados mais jovens né questões dessa natureza e em que medida a escola pode responder a esses desafios via utilização das tecnologias uma série de questões por exemplo questões religiosas questões relacionadas eh eh à sexualidade questões relacionadas à montagem figura composição das famílias tem como incorporar a tecnologia paraa disseminação desse tipo de conteúdo também nas escolas e respeitar essas novas gerações nas

suas diversidades Olha a resposta seria sim e não eh sim porque eu acho e eu vou depois citar alguns exemplos de eh de maneiras que o ser humano tem tratado eh algumas questões que são históricas são da condição humana e que a gente hoje com a tecnologia tem mudado um pouquinho mas também não adianta a gente achar que a tecnologia vai resolver todo o mundo que a gente vai revolucionar a a a civilização com a tecnologia tem uma autora que eu gosto muito que é a Chery turkle ela é uma professora do Mit eh já

uma pessoa com certo de idade e ela há 20 anos atrás publicou um livro dizendo a tecnologia vai mudar a sociedade os homens e mulheres nunca mais vão ser relacionar da maneira com que se relacionava e ela foi capa da revista Wi nos Estados Unidos ela era musa da tecnologia ela uma professora do Mit e agora 20 anos depois ela publica um livro dizendo o nome do livro é reclaiming conversation que ela diz que ficou com medo da direção que a tecnologia tava levando os relacionamentos humanos e que ela tá dando um passo para trás

e dizendo o seguinte eh Acho que menos tecnologia e mais conversa olho a olho é é muito mais importante pro desenvolvimento da pessoa do que o uso intensivo de tecnologia tem um argumento nas duas coisas que é um primeiro você superestimar essa capacidade da tecnologia de resolver algumas coisas Eu sempre gosto de pensar que a tecnologia é uma criação humana em qualquer momento eu tenho que pensar Qual é a lógica que tá dentro dela e que ela foi criada daquela forma por um ser humano portanto ela pode ser desfeita ou não utilizada por outro ser

humano que pense diferente né então eu não acredito que esse medo que as pessoas têm Ah mas o meu filho vai pra escola eu acho que ele não tem que ter contato com a tecnologia a verdade a tecnologia hoje é parte das nossas vidas cotidianas né em qualquer momento você tá usando a tecnologia a escola ela tem que reproduzir a vida em sociedade ela não pode nem criar uma redom e dizer assim não aqui eu faço diferente do do que é lá fora e nem ela precisa mimetizar tudo que é feito na sociedade para dentro

da escola né Então essa capacidade crítica de novo de pensar como é que a tecnologia me ajuda a fazer algo que eu queira fazer e e se torna uma extensão das minhas habilidades e competências é onde eu acho que a gente tem que caminhar agora não achar que ela vai resolver todos os problemas de eh relacionamento humano eu não sei se eu eu eu li uma reportagem sobre eh pais que perderam os filhos e como eles têm usado a tecnologia para nesse processo de luto eu falei gente nada a ver qual é a dor de

um pai perder o filho o que que isso tem a ver com a discussão de tecnologia ou enfim esses pais criaram uma rede onde eles compartilham e uma mãe disse uma coisa muito interessante falou a dor não ficou menor eh ainda foi a grande tragédia da minha vida mas tá me ajud ajudando a lidar com o meu luto então de novo cada geração na civilização eu acho que encontra as suas ferramentas para lidarem com os grandes dilemas humanos que são muitos deles os mesmos né não é que a condição humana fica diferente porque a gente

tá com a tecnologia mas eu acho que cada geração vai aprendendo e desenvolvendo ferramentas para lidar com esses dilemas e desafios da condição humana eh em cada geração quando gente fala em tecnologia desenvolvimento de ferramentas a gente costuma falar muito numa interação e numa aproximação sobretudo No que diz respeito à utilização de Tais tecnologias e ferramentas em políticas públicas e nesse caso específico da nossa conversa aqui em educação a gente tá falando numa aproximação muito forte eh eh do setor público com empresas com mercado com interesses econômicos Claro etc e em torno disso Lucia existe

sempre um debate ideológico muito forte sim faz sentido imaginar que esse debate seja necessário faz sentido dizer que ele não é necessário faz sentido dizer que ele ajuda ou que ele atrapalha é possível fazer uma reflexão acerca dessa situação dessa aproximação de mercado que é uma palavra que para muitos incomoda demais nessa temática sobre a qual nós estamos nos debruçando aqui acho que sem dúvida eu sempre digo que talvez um dos conceitos que o mundo da inova ação traz pra sociedade e que deve trazer pra educação é a noção de ecossistema que você precisa ter

em torno da educação um conjunto de atores que T visões diferentes que tem interesses diferentes mas que trabalham e interagem com a causa da educação a educação muito durante muito tempo achou que ela era de novo uma redoma uma área que deveria ser protegida da sociedade mas a própria constituição já diz que a que a responsabilidade do estado das famílias e da sociedade cuidar da educação e oferecer uma educação de qualidade para todas as crianças e jovens de um país então a gente essa noção de ecossistema e a interação desses atores gerando inovações e gerando

novas ideias é um conceito que a gente tem que trazer de uma maneira mais clara mais contundente paraa área de educação educação é um tema que não interessa só a educadores nem a famílias ela interessa a sociedade e di atores da sociedade T interesse em educação e portanto a gente tem que construir um processo de educação que reflita esse interesse da sociedade e que traga e é legítimo trazer vários atores para pensarem e interagirem junto da melhor maneira de fazer esse processo educativo então proteger a educação de alguns atores é algo que historicamente o Brasil

fez eh mas eu acho que cada vez mais a gente tem que se abrir para pensar em um ecossistema com atores diferentes mesmo com interesses diferentes mas que interajam para melhorar a educação eu me servi de algumas colocações suas para te agradecer e é a tecnologia quem vai disseminar essa nossa conversa né são as novas ferramentas são as redes sociais eh que vão permitir que essa nossa conversa se torne pública e e que as pessoas se apropriem dessa nossa conversa pela qual eu te agradeço muito mas realmente como você bem disse o Olho no Olho

é realmente fundamental examente Eu gostaria muito de agradecer Lúcia del anhelo por essa conversa com o canal 1 Brasil Obrigado Lúcia obrigada é um foi um prazer e a gente tem o site do nosso centro que é o centro de inovação para educação brasileira que tem conteúdos discussões e principalmente esse conceito de ecossistema convidando todos os atores da sociedade a conversar sobre inovação na educação muito bom obrigado bom obrigada também [Música] m