e quem é rut Guimarães rut Guimarães é autora nascida em 1920 em Cachoeira Paulista que fica no Vale do Paraíba mesma região onde se passa a história se identificava como mulher negra pobre e Caipira uma pesquisadora alguém completamente empenhada em preservar essa memória eh popular da cultura popular ela usava bastante a palavra folclore para ah libertar a palavra de qualquer preconceito rut Guimarães nesse livro erda um pouco do primeiro modernismo por essa característica de fragmentação E claro também porque aqui a gente tem um Tributo à cultura [Música] popular por outro lado 1946 nós estamos aqui
vivendo saindo do auge do romance regionalista da segunda fase Modernista e é o livro também tem alguma coisa Claro de regionalismo não é um livro e que se parece com os demais romances regionalistas das décadas de 30 e 40 é um livro em que na verdade a autora se vale muito mais da memória de alguma coisa mais da Ordem da subjetividade né do que propriamente da objetividade ou desse caráter de documentário ela se Vale das histórias ouvidas na infância para compor o livro tanto é que essa estrutura de fragmentação que existe aqui tem muito a
ver com a imagem que ela mesma usou para se referir à estrutura do livro quando ela usa a imagem do gigantesco brinquedo de armá como se fosse alguma coisa composta justamente e de peças o vestibulando ele tem que tá muito atento para o fato de que são duas as histórias contadas nesse livro e a primeira história Então mostra essa siná como uma proprietária de escravos proprietária de fazenda o período é o período do final do século XIX em que ainda era vigente a escravidão e siná é uma moça que se casa não por amor e
que depois vai sofrer no casamento por um marido que tem amantes e que não para em casa ou que é tudo sempre justificado por essa cultura machista e patriarcal que ela representa aqui no livro e que vai se tornando a Marga e muito cruel e essa Sinhá vai acabar sucumbindo vai acabar se submetendo por amor aí vem a outra história já século XX já abolida a escravidão eh temos ali a mesma Fazenda só que a chegada de uma companhia para administrar a fazenda e cuidar de toda a produção ali can na viieira E aí nós
vamos ter a história de Joca e curiango e vai ser uma história um tanto conturbada porque Joca é um homem muito conturbado mas ele eh começa a ter cada vez mais frequentemente aquilo que no Livro se chama de surto né Isso não é explicitamente chamado de loucura né Será loucura será uma maldição será a praga que parece Existir nesse lugar ele se diz chamado por essa Mãe do Ouro acaba virando um Andarilho no final é decisivo para o aluno que ele se atente para o foco narrativo nesse sentido rut Guimarães encontrou aqui uma solução ou
até um recurso acho que é melhor melhor dizendo para narrar essa história que é um tanto ambíguo por quê é alguém que não fala de si não conta a própria história conta a história dessas personagens a que eu me referi portanto predomina a terceira pessoa dá às vezes até mostras de onisciência do que elas estariam pensando por outro lado eh parece ser alguém muito próximo dos fatos alguém que estaria de certa maneira ali e alguém que até faria parte daquela comunidade este narrador ou narradora tem o interlocutor nessa interlocução ela se dirige a um moço
um anônimo Esse sim é alguém de fora em relação à aquela comunidade nesses vocativos nessa interlocução de função conativa ou apelativa da linguagem acho que esse é um aspecto importante quem tem coisas para contar e até para ensinar é quem pertence a essas culturas que não são as culturas urbanas adas essas pessoas que vêm de fora se limitam a ouvir em nenhum momento a gente ouve a voz desses interlocutores uma coisa continua triste dizem que essa casa é assombrada por causa do Terreirão Onde os negros morriam debaixo de açoite muitos não acreditam são abuses pode
ser e pode não ser é Então essa referência a violência do sistema escravocrata talvez todo esse esse ar a que esse narrador se refere essa praga essa maldição pode ter a ver com tudo isso que se fazia e se via acontecer nesse lugar Estamos também diante de uma linguagem muito descomplicada uma linguagem que quer captar esse universo sem cair na caricatura foi o mesmo que ass Ah Nunca tivesse existido a gente passa nesta vida como Canoa em Água Funda passa a água bolle um pouco e depois não fica mais nada a nossa existência acaba sendo
um tanto indiferente para esse mundo para esse universo numa outra camada numa outra clave de leitura a gente pode entender como os próprios até mesmo os movimentos sociais nesse caso o fim da escravidão a escravidão termina mas as questões de deterioração do trabalho de exploração permanecem né de desigualdades sociais elas continuam parece que existe alguma coisa que resiste a mudar que permanece igual [Música] [Música]