Olá, boa tarde, meu amor. Quando eu vi meu sobrinho com aquela ferramenta enorme, não consegui me aguentar. Eu sou Juliana, tenho 28 anos e minha vida sempre foi marcada por uma rotina previsível e tranquila.
Trabalho como designer gráfica, algo que me permite ficar bastante tempo em casa, o que sempre achei confortável. Sou casada com Mauro há seis anos. Ele é um caminhoneiro dedicado, daqueles que colocam o trabalho acima de tudo, buscando sempre garantir que não falte.
Em Nopolis, localizada em um tranquilo, sempre foi um refúgio de paz para mim, um lugar onde eu podia me esconder do mundo, cercada pelo verde das montanhas e pelo som distante das ondas do mar. Mas, com Mauro constantemente viajando a trabalho, a casa também se tornava um espaço de solidão. Por mais que eu tentasse preencher o tempo com hobbies e trabalho, havia algo que me faltava, algo que eu não sabia explicar.
Até aquele momento, tudo mudou quando meu sobrinho Mateus veio se hospedar conosco. Ele tem 24 anos, está se preparando para o concurso do exército e precisava de um lugar tranquilo para estudar. Sempre fomos próximos; eu o via quase como um irmão mais novo, e a ideia de tê-lo por perto parecia boa.
No início, o que eu não esperava era o quanto sua presença mudaria minha vida. Nos primeiros dias, tudo parou. Mateus passava a maior parte do tempo trancado no quarto, imerso em seus livros e anotações.
Às vezes eu o encontrava na cozinha, preparando um café ou um lanche rápido, e trocávamos algumas palavras sobre os estudos e a vida. Ele sempre foi educado e tranquilo, mas algo em seu comportamento começou a me intrigar. Seu olhar, a forma como ele me observava quando pensava que eu não estava vendo, me deixava inquieta.
Inicialmente, atribuí essa sensação à solidão que eu sentia com a ausência de Mauro, mas com o passar do tempo percebi que não era apenas isso. Havia uma energia diferente pairando no ar, um subtexto nas nossas conversas que ambos fingíamos não perceber, como se estivéssemos constantemente dançando em volta de algo que ainda não sabíamos como nomear. Conforme as semanas passavam, aquela sensação de inquietação se tornava mais difícil de ignorar.
Mateus continuava imerso nos estudos, mas os pequenos momentos de interação entre nós estavam carregados de uma tensão que eu nunca havia experimentado. Cada vez que cruzávamos nossos olhares, parecia que o ar ao nosso redor mudava. Não era algo escancarado, mas sutil, como uma corrente de eletricidade que percorre o corpo sem aviso.
Mateus tinha um jeito discreto de me observar; eu percebia seus olhos me seguindo quando eu andava pela casa, especialmente quando achava que eu não estava atenta. No começo, aquilo me incomodava, mas, aos poucos, comecei a sentir algo diferente. Uma parte de mim gostava de ser o centro daquela atenção silenciosa e, logo sem perceber, comecei a buscar seus olhares.
Eu me pegava vestindo roupas mais ousadas, escolhendo blusas que mostravam um pouco mais dos ombros ou saias que deixavam minhas pernas mais à vista. Eu tentava justificar para mim mesma que não estava fazendo nada de errado, mas no fundo sabia que estava sendo provocada. Certa noite, enquanto assistíamos a um filme na sala, a tensão que vinha se acumulando atingiu um novo patamar.
Estávamos sentados no sofá, lado a lado, quando nossos braços se tocaram de leve. Aquele toque tão simples e casual enviou uma onda de calor pelo meu corpo. Meu coração acelerou e eu me afastei, fingindo ajustar minha posição, mas o impacto daquele contato permaneceu.
Olhei para Mateus de relance e vi que ele também estava sentindo algo; seu olhar estava fixo em mim, como se perguntasse se eu havia percebido o mesmo. A partir daquele momento, as provocações entre nós se tornaram mais frequentes. Mateus começou a deixar bilhetes pela casa, mensagens simples e engraçadas, mas sempre com um toque de charme que me fazia sorrir.
Era algo tão juvenil, mas ao mesmo tempo tão intoxicante. Em troca, eu respondia com pequenos gestos de carinho, como preparar seu prato favorito ou deixar chocolates em sua mesa de estudos. Tudo isso se desenrolava em silêncio, sem que uma palavra fosse dita sobre o que realmente estava acontecendo entre nós.
Aquela tensão era uma espécie de jogo secreto, um flerte silencioso que testava os limites do que era permitido. Eu saía, pisando em terreno excitante, como por mais que eu estivesse ignorando, eu via que aquela barreira invisível que nos separava começava a se desgastar. O que aconteceu naquela noite foi inevitável.
Já havia semanas que estávamos dançando em torno de algo que nenhum de nós queria admitir. A tensão que antes era sutil agora era quase palpável. Tudo culminou em um jantar comum, que de comum não tinha nada.
Mauro estava viajando, como de costume, e eu preparei uma refeição simples para mim e Mateus. Conversamos sobre assuntos triviais, mas o subtexto emocional não podia mais ser ignorado. Em algum ponto, nossos olhares se encontraram e, naquele instante, o tempo pareceu parar.
Não houve hesitação, como se uma força invisível nos atraísse. Quando finalmente nos separamos, nossas respirações estavam pesadas, e a realidade começou a se infiltrar. "Juliana, isso é loucura," ele sussurrou, seu rosto ainda próximo do meu.
Mas não havia arrependimento em sua voz, apenas uma incerteza que refletia o que eu também sentia. "Eu sei," respondi, sentindo meu coração martelar no peito, mas não consigo evitar. Minha voz saiu quase como um pedido de desculpas, mas o desejo que tomava conta de mim era inegável.
A partir daquele momento, tudo mudou. O que antes era uma tensão não verbal se transformou em algo muito mais tangível. Cada oportunidade que tínhamos, nos entregávamos àquilo que não podíamos mais controlar.
Quando Mauro estava. . .
Fora, nós nos pertencíamos, ainda que por breves momentos. Cada encontro era repleto de uma mistura de culpa e excitação, uma adrenalina que me fazia sentir viva de uma forma que eu não sentia há muito tempo. Eu amava Mauro, não havia dúvidas disso, mas o que eu sentia por Mateus era diferente, quase impossível de descrever.
Era algo mais físico, mais visceral, uma atração que desafiava a lógica e a moralidade. Por mais que eu tentasse lutar contra, não conseguia parar. Os encontros se tornaram frequentes, sempre que Mauro estava fora.
Cada novo momento juntos parecia ser ainda mais intenso que o anterior. O medo de sermos descobertos apenas aumentava a excitação, tornando tudo ainda mais perigoso e irresistível. O tempo, no entanto, não perdoa; ele avança mesmo quando desejamos que tudo permaneça como está.
Mateus, se aproximando do fim de seus estudos, a prova do concurso se aproximava, e logo ele deixaria a nossa casa. Aquilo pesava sobre nós; sabíamos que eventualmente tudo acabaria e, por mais que não tivéssemos discutido isso diretamente, ambos sentíamos o peso da despedida que se aproximava. Nosso último encontro foi agridoce; havia um misto de paixão e tristeza no ar, como se soubéssemos que estávamos vivendo nossos últimos momentos juntos.
O olhar de Mateus, que antes era carregado de desejo, agora tinha uma sombra de melancolia. "Prometa que isso não é um adeus", ele pediu, sua voz rouca enquanto segurava minhas mãos com força. Eu queria prometer, queria dizer que aquele não era o fim, que de alguma forma encontraríamos um jeito de continuar, mas no fundo eu sabia que nossas vidas estavam destinadas a seguir caminhos diferentes.
"Não é", eu assegurei, mesmo que uma parte de mim não acreditasse nisso. Mateus partiu, e com ele a energia vibrante que ele trazia à casa. A ausência dele deixou um vazio que eu não sabia como preencher.
Mauro voltou logo depois, e a casa retornou ao silêncio habitual, mas agora o silêncio parecia mais pesado, como se ecoasse todas as coisas que ficaram por dizer. Depois daquele primeiro beijo, os dias que se seguiram foram como uma explosão de sentimentos contidos que não podíamos mais evitar. Sempre que Mauro estava fora em suas longas viagens, Mateus e eu encontrávamos um jeito de ficar juntos.
Éramos mestres na arte da dissimulação, usando a rotina previsível da casa para encobrir nossos encontros proibidos. No entanto, dentro das quatro paredes, o desejo era incontrolável. Nossas tardes juntos eram uma fuga da realidade; quando a casa estava vazia, era como se o mundo parasse, permitindo que nos rendêssemos ao que sentíamos.
Lembro-me de uma tarde em particular, quando a chuva caía pesadamente lá fora, como se tentasse silenciar o caos que se desenrolava dentro de mim. Estávamos na sala onde tudo tinha começado, e mais uma vez o toque de seus dedos na minha pele trouxe à tona um turbilhão de emoções. "Eu não consigo parar de pensar em você", Mateus disse, enquanto seus olhos percorriam minha face.
Seus dedos leves como uma brisa traçavam linhas invisíveis pelo meu braço, e a intensidade de sua confissão me fez sentir um arrepio. Eu fechei os olhos por um segundo, tentando processar tudo aquilo. "Nem eu", confessei, com a voz embargada.
"Mas precisamos ser cuidadosos; isso não pode durar para sempre. " As palavras saíram com dificuldade, pois, no fundo, eu não queria que terminasse. Mateus sorriu, um sorriso que misturava tristeza e desejo.
Ele me puxou para mais perto, e eu me perdi novamente nos braços dele. Cada encontro era uma mistura de paixão desesperada e medo de sermos descobertos. Isso tornava tudo mais excitante; não estávamos apenas desafiando a moralidade, estávamos desafiando o próprio destino.
Em cada canto da casa, nossa história clandestina se desenrolava como uma narrativa proibida. Encontrávamo-nos na cozinha, às vezes com o cheiro de café fresco no ar, ou no quarto de hóspedes, onde Mateus dormia, até o jardim à noite, sob o céu estrelado, que se tornaram palco para nossos encontros furtivos. Cada lugar tinha seu próprio significado, uma lembrança de momentos que nunca poderiam ser esquecidos.
E o perigo de sermos pegos só aumentava a adrenalina. Mas, por mais intensa que fosse nossa conexão, a culpa começava a pesar sobre mim. Eu não conseguia evitar os sentimentos que surgiam sempre que estava com Mateus, mas o rosto de Mauro pairava em meus pensamentos.
A traição não era apenas física, era emocional, e isso me corroía por dentro. A cada dia que passava, eu me sentia mais dividida. Por um lado, havia Mauro, o homem com quem eu havia construído uma vida, o marido que me amava e fazia de tudo para que eu estivesse bem.
Por outro lado, havia Mateus, uma chama intensa que queimava dentro de mim, um desejo incontrolável que me levava a fazer coisas que jamais imaginei. As noites em que Mauro estava em casa eram as piores. Deitada ao lado dele na cama, eu me sentia sufocada pela culpa.
Ele, sempre tão carinhoso, me perguntava como havia sido o meu dia, e eu respondia automaticamente, escondendo a verdade. Cada vez que ele me tocava, eu sentia a urgência de fugir, como se o peso da minha traição fosse insuportável. Em uma dessas noites, enquanto ele dormia ao meu lado, eu não conseguia parar de pensar em Mateus.
As memórias dos nossos encontros vinham à tona como ondas que eu não conseguia conter. Fechei os olhos, tentando afastar os pensamentos, mas a atração por Mateus era forte demais. Virei de lado, sentindo meu corpo estremecer, consumida por uma mistura de culpa e desejo.
"Você está bem, amor? ", Mauro perguntou, a voz ainda sonolenta. "Sim, só pensando em algumas coisas", respondi, tentando soar casual, mas por dentro eu estava em pedaços.
Como poderia continuar vivendo essa vida dupla sem me perder completamente? A verdade é que eu amava Mauro; ele era um bom homem, e parte de mim desejava que as coisas fossem diferentes, que eu pudesse me contentar com a. .
. Vida que tínhamos. Mas o que eu sentia por Mateus era algo que eu nunca havia experimentado antes: uma paixão avassaladora que me tirava o fôlego e me fazia questionar tudo o que eu sabia sobre o amor e o casamento.
O pior de tudo era que, embora eu soubesse que estava cometendo um erro, eu não conseguia parar. Cada vez que olhava para Mateus, sentia uma atração magnética que me puxava de volta para ele, como se nossas almas estivessem ligadas de uma maneira que eu não conseguia explicar. A noite antes da partida foi diferente de todas as outras.
O ar estava carregado de melancolia; uma tristeza latente permeava o ambiente. Saíamos aqui a timidez de saber que estaríamos juntos, e isso que ambos já sabíamos era inevitável: não havia mais como fugir. Nos encontramos no quarto de Mateus, onde as malas já estavam prontas.
A luz suave das velas iluminava o espaço de forma quase poética, lançando sombras nas paredes como testemunhas silenciosas da despedida que se aproximava. Quando ele me puxou para perto, não houve urgência desta vez. Apenas um toque carregado de emoção.
“Eu vou sentir sua falta”, Mateus sussurrou, com os olhos fixos nos meus. Seu olhar estava diferente, mais como se ele estivesse tentando memorizar cada detalhe do meu rosto. Eu também respondi, segurando sua mão com força.
“Mas sei que isso é o melhor para nós agora. ” As palavras saíram com dificuldade, porque, na verdade, eu não tinha certeza de nada. Parte de mim queria que ele ficasse, que tudo isso pudesse continuar de alguma forma, mas outra parte sabia que não era possível.
Passamos aquela noite juntos como se fosse a última. Cada toque, cada beijo, cada sussurro parecia carregado de uma intensidade que eu nunca havia experimentado antes. Não era apenas desejo; era algo mais profundo, uma conexão emocional que transcendia a física.
Era uma despedida, sim, mas também era uma promessa de que, de alguma forma, nossos caminhos se cruzariam novamente. Quando a manhã chegou, o inevitável se concretizou: Mateus partiu. E eu fiquei ali, observando-o ir embora, com o coração dividido entre o alívio e o vazio.
A casa, que antes era um santuário de nossos encontros, agora parecia fria e desprovida de vida. Eu estava de volta à minha realidade, mas nada parecia o mesmo. Com a partida de Mateus, a vida começou a retornar ao que costumava ser, mas nada dentro de mim era como antes.
Eu tentava me convencer de que tudo aquilo havia sido uma fase, algo passageiro que logo seria deixado para trás, mas a verdade é que o impacto de tudo o que aconteceu continuava a ressoar dentro de mim. Mauro e eu seguimos com nossa rotina. Ele voltava às viagens e eu continuava com meu trabalho, tentando encontrar normalidade nos pequenos detalhes do dia a dia.
Mas agora havia uma nova camada em mim: uma consciência diferente de quem eu era e do que eu desejava. Mateus, por outro lado, mergulhou de cabeça nos estudos e na nova fase da vida; ele seguia seu caminho, mas nunca deixou de ocupar meus pensamentos. Embora estivéssemos separados, havia algo entre nós que não podia ser apagado tão facilmente.
O que vivemos foi intenso e verdadeiro, e de algum modo eu sabia que, em algum ponto no futuro, nossos caminhos se cruzariam novamente.