Literatura Fundamental 53 - A Ilustre casa de Ramirez - Helder Garmes

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O professor do departamento de letras clássicas e vernáculas da Helder Garmes fala sobe a vida do es...
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[Música] para nos orientar sobre a vida de essa de quero sobre a ilustre casa de Ramírez nós convidamos o professor da faculdade de Filosofia letras e ciências humanas da USP Helder gares Professor muito bem-vindo obrigado por aceitar nosso convite para participar aqui nos orientar um pouquinho sobre esse livro e sobre a vida do de Queiroz né um escritor português mu a gente considera assim o maior escritor ali do século XIX ou daquele daquele quartel um dos maiores é pelo menoso Castelo Branco concorre um pouco com essa de Queiros é bom entre outros né Alexandre culan
e tudo mais mas o Essa é a figura importante a maior expressão do do Realismo português né e assim para falar um pouco da vida do ESA o que é interessante a vida do eh ele teve uma vida muito interessante né uma vida invejável para quem morou que quem seu no século XIX porque bom o começo da vida dele não é tão interessante assim porque ele é ah eu costumo dizer que ele é filho bastardo dos próprios pais ele foi filho bastardo dos próprios pais porque ele nasceu antes do casamento pris sei aí tinha naquela
época aquilo era ficou é e o pai dele era Juiz de Direito então ficou um certo constrangimento de assumir aquela paternidade naquele momento e ele acabou sendo criado pelos avós por muitos anos e foi só reconhecido mesmo como filho já adulto Mas ele teve todo o aparato né material e de estudou é estudou em Coimbra é na na na universidade de Coimbra que todo mundo fazia isso tal então ele teve toda a estrutura mas ele teve essa condição um pouco lateral na família e isso tem muita gente que vai especular fazer toda uma psicanálise em
cima do de querosa acho que não é o caso mas é o caso de observar que é óbvio que uma pessoa que tá fora do seu do núcleo familiar vai vai poder ter uma crítica diferenciada em relação ao que seria uma família burguesa no século XIX e não é à toa que depois na obra dele isso vai aparecer ostensivamente toda a crítica que ele vai fazer à família burguesa né então de algum modo o ele apesar de ser um lugar Marginal foi privilegiado para alguém que pretendia fazer esse tipo de crítica né como vai vai
ser o caso dele eh mas também é interessante a vida dele na no aspecto quase que no percurso geográfico que ele tem né porque ele nasce pova do Varzim que é um interior de no no norte de Portugal no interior H mas depois vai estudar em Coimbra de Coimbra em Coimbra ele já começa a mandar textos para serem publicados na Gazeta de Portugal de Lisboa ele escreve desde só para inter desde desde da faculdade desde o período da faculdade ele já tá começando a publicar folhetins o que eles chamavam de folhetins que são crônicas né
uma crônicas mais estendidas tal eh depois ele volta para ele vai para Lisboa de Lisboa o pai dele e o manda o sugere que ele vá publicar um um jornal é o distrito de Évora que é uma pequena cidade tipo sei lá um Ouro Preto assim de Portugal né uma cidade histórica e ele vai para lá para publicar um jornal mais político mas ali também ele já se revela um autor porque ele ele faz todas as sessões dos jornais e faz uma dinâmica né ele cria a dinâmica do jornal como se fossem várias pessoas escrevendo
não só ele né então ele vai mostrando já um talento literário aí eh dali ele volta para Portugal para para Lisboa viaja pro Oriente Médio faz uma viagem que ele vai acompanhar a abertura do canal de sues em 1869 viaja Ali pela Palestina então que isso vai ser depois isso bancado pelo pai ou ele tava trabalhando Man isso com o dinheiro que ele conseguiu na distrito de Évora é daí ele consegue fazer essa viagem ele vai pro desculpa Ele vai pro pro Oriente Médio e isso depois vai aparecer na obra dele com um livro ja
póstumo que eu acho que foi publicado em 1926 que se chama o Egito o Egito é mas isso aparece na obra ficcional dele também que o Mandarim ele vai escrever inspirado um pouco nessa viagem quer dizer né a partir desse contato com essa ideia do do do oriente exótico e que ele vai desconstruir muito nessa nessa viagem ele vai vendo que não é bem assim eh e também no Como é que chama no na relíquia na relíquia ele vai usar muito disso né ele vai usar grandes partes dessa viagem para fazer o roteiro da Relíquia
eh e ele e depois na verdade oa tem uma série de reflexões sobre o Oriente tem artigos muito interessantes geopolíticos fazendo análise geopolítica sobre os chineses isso mais na maturidade né Eh mas que são informados lá por já por essa viagem Inicial que ele conhece então só dizer ele tinha ele era um pouco prodígio porque ele era jovem nisso aí nesse momento ele era jovem an 20 não aí ele já tinha uns 20 e Poucos Anos Ele entrou na faculdade com 16 saiu com 19 viajou com 21 22 anos is Exatamente é e daí na
é um pouquinho mais eu acho viu porque ele nasce ele vai fazer essa viagem em 69 né Ele nasceu em 45 eu não sou bom de matemática mas deve ser já uns 24 então ah ele vai é e e depois ele volta para Portugal cria umas conferências do Cassino que é quando eles de fato lançam a geração que eu volto a falar da geração aí depois da geração de 70 eh ele sai dali ele quer um na verdade depois ele ainda vai pra Leiria que é o cenário da do do Crime do Padre Amaro do
padre amar eh ele vai se administrador de Leiria tal mas na verdade ele quer a carreira diplomática ele tenta o Brasil para vir pro Brasil não consegue e acaba indo para para ah Cuba né Eh é que é um percurso que pouca gente conhece mas ele fica pouco tempo em Cuba mas é curioso que em Cuba também ele vai se deparar de novo com o Oriente porque ah Macau que é uma colônia portuguesa na China enviava uma etnia de chineses que são os cules para trabalhar na lavoura de Cuba e eles chegavam com passaporte português
então ele como né Diplomata português ele tinha que defender os direitos trabalhistas dos H chineses que eram portugueses né com passaporte portugueses ali de Macau que estavam em Cuba ali ele conhece uma americana assim namora com Americana e daí ele é ele é designado para ocupar um outro Cargo em Newcastle na Inglaterra mas antes de ir pra Inglaterra ele faz essa viagem para os Estados Unidos um pouco atrás da americana Mas um pouco para conhecer também os Estados Unidos ele passa por Chicago por Nova York então é um sujeito que vai conhecendo esses essas cidades
que estavam se industrializando no século XIX né fortemente e ele vai podendo conhecer isso em loco né depois vai para New Castle que é uma cidade de Operários com muita greve de operário e tal ele vai acompanhar tudo isso muito de perto de New Castle ele muda para Bristol eh e ele vai ficar acho que 14 15 anos na Inglaterra o que significa ficar no centro de todo o movimento operário né de toda o movimento trabalhista que que estava ocorrendo no século XIX de conquistas de direitos trabalhistas e tudo mais ele acompanha isso muito de
perto né E no final da vida dele nos últimos 10 anos ele consegue o cargo que era visado por todo o Diplomata português que era ficar em Paris como cons Paris née daí ele vai ficar em 10 anos ainda na capital cultural do mundo no século XIX ali na entre Inglaterra e França que era assim o centro sei lá sim não é você tem o pamento europeu sentro pensamento e o próprio centro da do da produção né da da modernidade que é a Inglaterra né que é esse ícon da modernidade da industrialização e a França
que era o o ícone da da da Cultura né da alta cultura do século XIX então ele Tá circulando em espaços extremamente privilegiado Mas você tinha falado da geração de 1870 o que que foi essa geração de 1870 É porque quando ele ele tá em Portugal né ainda como eu falei né quando ele volta dessa viagem eles criam um grupo que eles chamam de Cenáculo em Lisboa ele o Ramalho urtigão o antério de Quental o Jaime batalha Reis que é um grupo que já se conhecia eh o ramá tigão é mais velho né eles vão
conhecer ali e tal mas o era amiga do pai dele na verdade mas os outros vinham já da eles se conheciam na universidade eh de Coimbra e ali eles vão começar a estudar o socialismo anarquismo e vão tentar eh chacoalhar o meio intelectual portuguê eles acham que tá tudo um grande Marasmo né Eh e vão Constru criar uma um conjunto de conferências que eles chamam de conferências do Cassino de 1871 E essas conferências vão ser proibidas essa vai fazer uma dessas conferênci sobre o realismo né a literatura realista e a arte realista mas logo em
seguida elas vão ser proibidas pelo governo porque elas estavam atrapalhando de fato então eles conseguem fazer e e ao mesmo tempo Além disso ele publica junto com o ramá Ortigão um um panfleto que ele saía assim semanalmente quinzenalmente que se chamava as farpas que era realmente para cutucar todo mundo toda a a a intelectualidade portuguesa naquele momento eh e de fato são muito ácidos são críticas muito ácidas ao meio intelectual e cultural português dizendo que era necessário reformular tudo aquilo eles batem muito forte nos românticos nem sempre de forma justa porque os românticos tiveram também
o seu papel tal mas é óbvio que eles têm uma perspectiva Realista e portanto é muito diferente da dos românticos Mas por outro lado Eles são um eles funcionam como uma autocrítica eh o Eduardo Lourenço que é um filósofo e e crítico literário português contemporâneo eh num ensaio que psicanálise mítica do destino português ele vai que ele faz um percurso bem longo sobre a cultura portuguesa tentando entender a cultura portuguesa ele vai qualificar a geração de 70 como a primeira autocrítica a autoimagem portuguesa né a a identidade portuguesa é a primeira autocrítica consistente a identidade
portugues então eles têm um papel fulcral assim né na própria Constituição do que é ser português né não é à toa que ele sempre vai escrever sobre Portugal só mais uma coisa sobre isso que eu acho que é importante mencionar é que é nesse momento em 78 que ele também concebe um projeto para sua obra como um todo inspirado um pouco no zolá na França no balac que fizeram e dos seus romances uma a história da contemporaneidade né uma crítica uma história crítica da contemporaneidade né da da da do momento em que eles viviam ele
também vai tentar fazer isso com Portugal o projeto dele é fazer isso com Portugal eh o Portugal que a gente chama de Portugal constitucional que é depois da quando se instaura a Monarquia Constitucional quando nosso Dom Pedro né sai daqui vai para lá consegue vemu irmão em 34 quando isso acaba em 1834 a partir D você tem a Monarquia Constitucional em Portugal e ele o projeto dele era retratar esse momento o Portugal constitucional né em várias perspectivas críticas e de fato ele vai fazer isso na sua obra né agora não sei se projeto que ele
que ele realiza que ele é que ele realiza não com o Rigor que os zolá faz o que o bak faz mas ele realiza isso do mesmo modo agora a a obra dele tem uma fases né porque a gente falou quer dizer a gente vai falar sobre a ilustre casa de Ramires que é sim sim que é a última fase que é a última fase mas antes disso ele foi mais ácido menos ácido como é que você classifica mais realista Olha tem tem uma tem uma tradição aí já meio sedimentada se a gente olhar para
os manuais de cursinho tal muitas vezes a obra dele é dividida entre romântica Realista e eh nem acho que eu tenho até designação aqui agora nem me lembro mas assim mais uma última fase mais mais nacionalista ou mais eh de recu né para a esse a esse Realismo mais militante mais ácido eh e eu acho complicado Isso é verdade que os primeiros textos lá eh e e eu poderia dizer só para para para mencionar grosso modo alguns textos eh em geral a aqueles textos que ele publicou que eu falava que ele quando era ainda estudante
mandava para Gazeta de Portugal que depois ele vai publicar como prosas bárbaras até o título é engraçado que é justamente porque ele se considerava ainda um Bárbaro como um escritor eh eh as prosas bárbaros seriam românticas né Depois o que é o primeiro romance dele o Crime do Padre Amaro O Primo Basílio esses seriam romances eh dessa desse momento naturalista realista dele e a partir dos Maias que é de 1888 ele estaria já dando uma guinada para essa para amenizar esse essa crítica e fazer um um trabalho mais cordato vamos dizer assim em relação a
Portugal mas não mesmo menos eh crítica n menos não não de menor qualidade não de menor qualidade nessa crítica quando se divide isso ainda crítico ainda crítico mas já não feroz vamos dizer assim alguma coisa assim eh e aonde entra daí a cidade as serras e a ilustre casa de Ramirez que são a e muitas vezes esses romances são vistos como conservadores até tanto é que eh o Salazar né que vem depois O Ditador né Salazar que vai assumir em 1926 a partir de 1926 eh ele vai fazer uso desses romances como mostrando o quanto
essa de guiros era apaixonado por Portugal ele vai usar a ilustre casa de Ramírez e vai usar a cidade das Serras na fazendo esse tipo de leitura né o que para mim é um disparate né mas como os textos esses últimos textos eles não são tão eh explícitos na sua crítica eles trabalham com uma crítica mais sofisticada mais ambígua é ó é possível ler assim mas obviamente é uma leitura extremamente ingênua da minha perspectiva né porque você eh porque ali estão todas as dicas para você ler esse texto de uma forma muito mais contundente muito
mais crítica é isso a casa de Ramires a ilustre casa de Ramires professor é é que o senhor falou foi o dos últimos né is foi escrito junto com a cidade da Serra é os dois mais ou menos né a cidade as serras e ele primeiro escreveu um conto chamado civilização que Ele publicou no final do Sé do no início da década de 1890 que depois ele foi reescrevendo reescrevendo reescrevendo e virou a cidade de Serras né é a mesma história inclusive se você lê o conto lê a cidade de S só que é é
o mesmo argumento mas a cois ganha uma outra dimensão de Fato muito diferente depois e ele também tinha um conto que ele tinha projetado né Eh eh o a torre de Ramires o castelo de Ramires agora não me lembro e que eh ele vai transformar esse que não vai ser publicado mas ele vai refazendo refazendo refazendo nesse mesmo período né ah não na verdade isso começa lá num num num no projeto dele que ele lá naquele projeto 78 eh que ele chamava de cenas da vida portuguesa ele já tinha a ilustre família estarreja essa ilustre
familista reja seria a Gênese do que viria a ser depois a ilustre casa de Ramires né mas essa a referência mais remota mas os textos mesmos que aparecem o conto que começa a aparecer é já da década de 90 né de 1890 e ele vai reformulando reformulando e vai virar um romance né esse romance os dois romances TM Um Destino curioso porque muito tem um paralelismo muito grande entre os dois primeiro nessa origem num conto tal depois no fato de eles ambos terem ficado incompletos começaram a ser publicados né ou concluídos E no caso específico
eh e a gente chama de obra semipa porque Ele terminou praticamente a obra mas ele não reviu o final de nenhum dos dois tá E isso pro essa de queiro faz grande diferença porque um sujeito que transforma conto em romance é porque ele tá o tempo todo reescrevendo a obra Então você publicar um final de romance que ele não pôde fazer a revisão não provavelmente não é o final que ele escolheria porque ele faria qualquer mudança ainda ali né seria alguma coisa assim então esses dois textos né foram publicados com auxílio né eu no caso
da ilustre casa de Ramires o Júlio Brandão um amigo da família tal que vai eh como o texto tinha sido publicado na revista moderna até o finalzinho mas não tinha sido concluído ele vai pegar as versões que o essa tinha desse final vai selecionar o que ele quer e vai publicar bom então vamos lá aí Luci cas Ramirez o conta a história de um Nobre de um português que que cuja família é mais antiga que o próprio Portugal ex é exatamente então o quanto fala um pouquinho da história e do que ele quer dizer com
essa história história o argumento da história é relativamente simples né É o eh o Gonçalo Ramirez que eh ele é um aristocrata né tem muito dinheiro já mas ele não tem mais prestígio né porque é um aristocrata provinciano tá lá ele não frequenta Lisboa não tem nada disso a história se passa já no século final do século XIX Óbvio que não dá para falar a Rigor em aristocracia Porque daí a aristocracia já virou uma burguesia uma alta burguesia mas ele é um homem de muitas Posses é muito rico mas ele quer o prestígio e e
talvez mais que isso ele quer continuar enriquecendo né tem mais dinheiro é que é mais dinheiro eh e para como ele foi um estudante Medíocre ele não sabia fazer nada muito bom também estudou na na universidade de Coimbra tal mas sempre foi Medíocre não tinha nada para não tinha muito bem o que fazer ele resolve para promover o sua própria ascendência e conseguir galgar algum capital simbólico ele vai eh eh projetar escrever uma história né A Torre dos Ramires né de Dom Ramires a torre de Dom Ramires que é uma novela histórica que um amigo
dele já insistia muito que ele eh escrevesse Porque ele pensou assim bom eu escrevo essa história eu fico um pouco famoso isso me dá capital simbólico para me candidatar a deputado e daí eu né viro ganho prestígio novamente né e posso conseguir né mais coisas a partir daí eh ele de fato vai fazer isso né e é muito engraçado modo que isso é feito que você lê o livro você sabe é muito engraçado porque ele vai tentar enaltecer os feitos da família só que isso tá totalmente em contradição com os atos dele toda vez que
ele narra um um ato heróico na história em que ele tá narrando Ele comete um ato extremamente baixo na sua vida cotidiana e exatamente o aquele aquilo ele é covarde ele é salafrário ele é né desonesto tal então há um descompasso entre essas duas histórias e mesmo a história que ele narra da família que acho que não vai ser o caso de tomar que vai ser um pouco complicado eh é uma história extremamente violenta e truculenta né se é para enaltecer é Chei de mortes e acaba com um crime de ondo né com o cara
ving V o cara morrer numa possa de sangue sugga sendo sugado né lentamente por sangue e sugas então é de uma atrocidade de uma ferocidade incrível para você enaltecer né os brios de uma família é alguma coisa bastante ambígua Fora as questões políticas que estão envolvidas ali na história de Portugal mas que não dá para falar agora Ah então Eh você vê ali um descompasso né Eh muito grande entre o que ele se imagina né o quanto ele imagina que é e o que de fato ele é mas ao final das contas ele envolve a
própria irmã ele tenta né Eh envolve a própria dignidade moral da irmã retomando eh relações com um ex-namorado dela que a tinha rejeitado colocando em situação de adultério até justamente para conseguir galgar essa posição de de eh conseguir esse Capital simbólico Mas eh e depois ele vai descobrir que ele não precisava de nada disso que ele tinha esse Capital simbólico já né porque ele não tinha ele na verdade é óbvio né Um um Um nobre em Portugal no interior ele sempre vai ter um capital simbólico já instituído Ele só não conhecia as suas prerrogativas de
Classe A hora que ele toma consciência das suas prerrogativas de classe ele fala Ah tá então eu posso me candidatar o que eu quiser se candidata e ganha né porque é isso ele é um Nobre ele é né Você tem uma sociedade né tradicional que referenda esse tipo de de figura de valor até hoje no Brasil se a gente quiser a coisa funciona exatamente igual na política também né então ele tomando consciência disso ele vai para Lisboa ele não primeiro ele vai para Lisboa vira Deputado publica sua obra mas daí ele nem precisava mais dessa
obra né ele mas aumenta se já ainda aumenta mais o seu prestígio ele fica um pouco ali na esbórnia de Lisboa tal mas depois ele descobre que aquilo ali não vai tirar nada daquilo né não tem grande mérito daí ele descobre que não se ele for fazer o neocolonialismo se ele for paraa África e conquistar terras e n e e cultivar ou sei lá né e trabalhar com com trabalho escravo na verdade que na prática era tudo tudo mais ele vai conseguir ganhar muito mais e é o que ele vai fazer então ele vai para
Moçambique fica 4 anos e o romance acaba com ele retornando de Moçambique cheio de PR cheio de prestígio com com a fortuna multiplicada né casando com a menina mais bonita da da Car exatamente e ainda né comparado ele vai ser comparado pelo seu administrador João Golveia que é um dos uma das figuras que eh importantes ali do romance ele vai ser comparado a a a própria nação portuguesa o per a personalidade dele que é uma personalidade muito eh ambíguo né ora ele é cordial ora ele é eh violento ora Ele é simpático ol ora ele
é antipático né ora ele é seguro olha ora ele é inseguro quer dizer isso tudo que de alguma forma humaniza esse personagem e de fato humaniza o Antônio Cândido no seu ensaio entre campo e cidade vai dizer que é o personagem mais Redondo do esto de Queiroz e redondo no sentido de psicologicamente mais complexo né e de fato ele é ã mas ele não deixa de ser um crápula na minha avaliação né É muita gente diz que isso é alguns inclusive Antônio cantos citou antnio diz que é ele isso esse romance é uma reconciliação do
esta de Queiroz com Portugal você não pensa dessa maneira não não penso mesmo não acho acho que enfim quando o Antônio câ leu isso isso esse ensaio dele é de 1945 quando tinha sido 100 anos de nascimento né doena então já é um ensaio mais antigo mas hoje depois de várias leituras que foram feitas a ilustre casa no meu entendimento não dá para pensar assim porque primeiro que esse narrador né a gente não pode confiar no narrador que que conta essa história apesar de ser um narrador em terceira pessoa né um narrador em terceira pessoa
Funda a realidade não é porque ele é o narrador ele é Deus né Deus mas ele é Deus e o Carlos Reis que é um grande crítico que que faz a que hoje Edita que faz a edição crítica da obra do est de queiro coordena a edição crítica ele vai eh demonstrar isso que enquanto no crime do padre amário de fato o narrador lá é um Deus ele faz tudo ele julga o personagem ele tá ali Néa ou não coordenando tudo na ilustre casa de Ramirez já não é assim o narrador eh ele rebaixa sua
consciência a do personagem e eles vão usar um um uma terminologia de um crítico eh francês Gerard genet que genet que vai dizer que ele eh eh ele vai usar a a a noção de focalização interna quer dizer o narrador localiza Ele conta a história mas da cabeça da personagem ele continua sendo um narrador onisciente mas ele é como se tivesse dentro da cabeça do personagem artifício de linguagem para fazer isso inclusive né Exatamente exatamente e é por isso que tem grandes digressões do narrador que você não sabe se é do narrador ou é do
personagem porque fica numa confusão ali que é o discurso indireto livre né também designado assim então Eh você eh nesse aspecto não dá para dizer que tudo que diz o narrador quando o narrador enaltece por Portugal quem tá enaltecendo Portugal é o narrador ou é o o Gonçalo né Entendeu se o Gonçalo é um pouco narrador entendeu E então não dá para você separar uma coisa e outra então o narrador já tá desautorizado e o próprio o próprio Gonçalo o próprio Soares né o o oh meu Deus João Golveia desculpa que vai fazer essa comparação
é um funcionário dele né é um sujeito que tá eh submetido à ideologia do estado e o estado de fato faz a na minha leitura o Estado faz a sobreposição entre eh identidade nacional e Elite né quando ele faz essa sobreposição e que é o que tá sendo feito aqui os valores nobres são os valores de Portugal ã o o Golveia que é um subordinado incorpora a ideologia de estado e vai reproduzir vai ver isso ali na na figura do Gonçalo com a com Portugal né na verdade é um pouco Pou porque se a gente
for ler exatamente se a gente for ler Portugal pelo pelo gonçal personalidade do gonçal é você tem um um Car né Você tem um país bastante complicado eticamente falando né de em todos os aspectos né e em termos de exploração porque vai lá explora as colônias não sei que então tudo inclusive é curioso que a a a a África entra no romance depois no final quando ele vai transformar a isso em livro não no folhetinho quando ele publica folhetinho não existe a África depois ele inclui ele inclui justamente porque é importante incluir esse projeto estatal
que era do neocolonialismo português ele vai colocar intencionalmente ali para mostrar que aquilo ali tudo é ideologia né estatal né Professor nosso tempo se esgotou aqui mas acho que cumpriu cumprimos o papel de dizer que veio o livro e falar sobre de quer nos ajudou a entender entender mesmo entender o que que ele quis dizer com essa obra e de que forma que ele construiu seu trabalho muito obrigado Sena presença aqui literatura fundamental [Música] 2 [Música]
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