Humanização em Saúde

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Ana Claudia Quintana Arantes
Construindo uma cultura de humanização em saúde. Evento realizado pelo Sesc São Paulo. Vídeo comple...
Video Transcript:
eu vou tentar não te dar muito trabalho vou pô um cronômetro aqui assim a gente fica menos estressado bom eu tinha eh me programado para conversar com vocês acho que eu vou ficar em pé por causa da luz aqui eu tinha me programado para conversar com vocês eh de um outro caminho para chegar onde a gente tem que chegar hoje né para falar de humanização mas aí a vida trouxe um uma outra proposta paraa última semana e eu penso que foi um pouco milagroso tudo que eu tive de experiência nessa última semana eu vou sair
mais cedo hoje porque eu vou encarar uma missa de sétimo dia hoje eh a minha mãe morreu no dia 19 de Março no sábado passado ela era uma senhora muito corajosa muito batalhadora era uma pessoa muito doce mas ao mesmo tempo muito rígida com ela mesma às vezes com os outros também com com os filhos né comigo sempre foi muito exigente e ao longo dos últimos meses ela encarou uma doença muito difícil talvez na minha opinião como médica a doença Mais Cruel que existe que não é câncer Por incrível que pareça uma doença neurológica que
é muito conhecida como esclerose lateral otr uma doença neurológica de perdas progressivas e que tem uma característica bastante Cruel de preservar a cognição da pessoa a pessoa permanece consciente lúcida o tempo inteiro enquanto vai perdendo suas eh funções as suas capacidades de autocuidado e ao longo dos últimos meses ela foi desenvolvendo dessa doença não passo até que relativamente acelerado até que nas últimas semanas as coisas se complicaram bastante e eu tive a oportunidade de est com ela vivenciando isso quase todos os [Música] dias e aí quando a gente fala de humanização Eu trabalho com cuidado
paliativo acho que muita gente deve né acaba vendo pelos vídeos YouTube e entrevistas e tudo mais eu tô uma figura um pouco comum agora nesse meio né quando se fala de cuidado paliativo de cuidados e assistência ao paciente em final de vida e esse é meu dia a dia meu trabalho como geriatra como paliativista né eu trabalho eu falo que eu trabalho com as mortes a lacarte eu não não trabalho com mortes em massa eu trabalho uma de cada vez com assistência multidimensional paraas pessoas que estão no final da vida com doenças graves incuráveis progressivas
e que a medicina não tem o que oferecer para modificar o curso natural das doença das doenças que essas pessoas têm e a gente oferece esse trabalho esse cuidado de uma maneira profissional Tecnicamente qualificada não é só ter bom coração segurar na mão como todo mundo pensa que é né você tem que ter formação uma formação quase que é como fazer uma faculdade de novo Porque de fato na nenhum profissional de saúde aprende nada sobre morte e aí Me deparando com esse dia a dia dentro do meu sangue eu entendi Qual é a grande necessidade
que os profissionais de saúde apresentam nesse nesse momento nesse nesse pedaço da vida do Brasil em relação saúde profissional de saúde precisa se dar conta precisa tomar consciência de que ele precisa ser um profissional de saúde Nós somos profissionais de doença a gente vive respira pratica doença a gente transmite doença pela nossa fala pelo nosso olhar viciado Pelas nossas atitudes viciadas a gente se compromete muitas vezes em trazer o mal pras pessoas à nossa volta não porque a gente seja do mal a gente é do bem todo mundo quer quer fazer o bem mas nessa
ânsia de fazer o bem acaba ficando tão nublada a coisa que você tem que achar uma doença no paciente você tem que curar a doença do paciente você tem que fazer ele tomar remédio você tem que fazer ele fazer exame você tem que obrigar uma família a fazer os cuidados do jeito que você acha que tem que ser Cuidado você tem que obrigar o seus funcionários a fazerem determinados procedimentos segundo protocolos intermináveis de grandes instituições de qualidade cheios de regras e protocolos e a pessoa que tá sendo cuidada é só um osso do Ofício Sabe
aquela aquele termo que todo mundo fala assim ah ossos do ofício o paciente se tornou pro profissional de saúde um osso do Ofício porque ele se relaciona com a instituição ele se relaciona com o chefe ele se relaciona com os protocolos com os guidelines com as regras e ele não se relaciona com a única pessoa que importa na nossa escolha profissional que é o paciente é a única pessoa que importa e é a única pessoa com a qual a gente não se relaciona a gente colocou uma série de muros que entre o que a gente
quer fazer e o que o paciente precisa receber o resgate eu penso que o único Resgate possível é o profissional de saúde se D conta que ele é humano e a humanização não é uma maquiagem né você não se fantasia de humano você passa põe sai um sorriso eh escova os dentes põe uma roupinha Clarinha uma vaso de flor na entrada pinta a parede de verde planta uma árvore na entrada da da da intuição e fala somos humanizados isso é maquiagem para você falar de humanização você tem que ter atitudes humanas pensamentos humanos comportamento humano
e eu vejo que o comportamento humano ele acaba aparecendo no profissional de saúde na hora do sofrimento então é a hora que o profissional de saúde se depara com uma situação de grande sofrimento do paciente de um paciente com o qual ele estabeleceu um vínculo E aí esse profissional de saúde se percebe humano porque ele se percebe sofrendo por estar ao lado daquela pessoa que tá sofrendo E aí É nesse momento que o profissional de saúde pode perder o seu dom de cuidar é quando ele espana né quando tem o Bernard quando tem a fadiga
de empatia né Chama fadiga de compaixão mas tá errado fadiga de empatia Você se cansa de se importar com o sofrimento do outro você não aguenta mais ver o outro sofrer e aí a hora que você começa a sofrer porque o outro TR sofrendo é a única é o único momento em que o profissional de saúde se percebe humano então eu pensei que talvez pra gente acelerar um pouco nessa nossa conversa nessa nossa reflexão sobre o que vai nos humanizar como Profissionais de Saúde eu vou propor para vocês um pensamento bastante lógico e claro que
segue a linha da estatística linha prática da estatística então não tem discussão né não é uma filosofia que eu vou trazer aqui no Brasil no data sus no último senso que apareceu morreram 1 milhão 100.000 pessoas no Brasil Milhão 100 180.000 brasileiros destes 870.000 morreram de doenças crônicas degenerativas ou câncer isso traduzindo para o português real acessível ao nosso dia a dia de cada 10 pessoas desta sala aqui nove vão morrer de morte anunciada pressão a doença do coração doença renal doença hepática câncer não é o seu paciente que vai morrer você vai morrer disso
ah não é a criança oncológica que você morre de pena você vai morrer disso você tem nove chances em 10 de morrer desse jeito para piorar um pouco mais a realidade pensa em 10 pessoas que você goste você se importe 10 é bastante né Pode ser que você não tenha Nem cinco que você se importe de verdade porque a gente pensa né que Facebook Você tem 700 amigos você tem muita gente né mas não não é você conseguir 10 pessoas que você se importe dessas 10 nove vão morrer desse jeito e vão cair na mão
de profissionais de saúde médicos enfermeiros assistentes sociais psicólogos terapeutas acionais fisioterapeutas que não receberam preparo algum a respeito do que é cuidar de uma pessoa em grande sofrimento Estas pessoas todas que fazem área da saúde treinam como cuidar de doenças a gente não recebe nenhum tipo de orientação de capacitação como cuidar de pessoas e nós seremos cuidados por essas esses profissionais são são absolutamente inocentes e ignorantes no sofrimento que a gente vai est experimentando não bastasse isso nesse tempo que a gente fica doente então só uma pessoa vai ter aquela morte romântica que acha lindo
né morreu dormindo né bala perdida grips suína né ninguém quer morrer de grips suína né louco isso todo mundo quer quero morrer rápido então e tá todo mundo desesperado para tomar vacina morre rápido grip suína uma semana de ute tá resolvido num instantinho não tem sofrimento imagina meses de cama assim um AVC né você não se importa de comer porcaria beber fumar você não se importa agora pegar gripe você tem medo faz sentido né a nossa humanidade é um traço é um traço de personalidade bastante assim contraditório E aí essas nove pessoas eu eu eu
acho que eu vou acabar nessas nove também né porque sempre que tinha quando tinha que sortear um plantão a mais era eu que pegava Então se era para um plantão a menos e tinha nove chances de pegar um plantão a menos não era eu que era sorteada então eu Provavelmente vou ficar com a morte anunciada também que que vai acontecer com a gente na morte anunciada se não for um câncer de pâncreas que a gente morre em 3 meses a gente vai demorar em média de 2 a 4 anos em estado de alta dependência do
a 4 anos que a gente vai precisar de ajuda para tomar banho que a gente vai precisar de ajuda para abotoar a calça para pôr a meia do a 4 anos que a gente vai ter que usar fralda e aí a gente vai usar fralda e a gente vai conhecer uma simpática técnica de enfermagem uma adorável enfermeira que quando a gente amar dizer que quer ir no banheiro ela vai dizer pode fazer na fralda dout Ana você tá de fralda querida e vai tá meu genro assim do meu lado fazendo visita no hospital e ela
vai dizer para eu fazer cocô na frente dele porque vocês sabem né os humanos fazem cocô na frente um dos outros essas atitudes humanas de fazerem de evacuar né a gente evacua na frente das pessoas assim na fralda coisa super comum que a gente faz né essa atitude da enfermagem do médico médico fala isso também psicólogo fala psicólogo tá fazendo atendimento vê que paciente quer fazer cocô ele fala pode fazer tá de fralda é isso que nos aguarda a gente vai ter que se deparar com uma situação muito difícil pra qual a gente não se
preparou para enfrentar mas que vai acontecer a gente se prepara para tudo na vida menos para coisa que vai acontecer não é a gente se prepara para casar para ter filhos para fazer 10 faculdades 20 para graduação um monte de curso atravessa a cidade pega avião pega a chuva vend da a a gente não se prepara para morrer a gente não se prepara pro processo ativo de morte que todos nós vamos enfrentar nesses do a 4 anos onde a gente vai experimentar o que é a fragilidade O que é a vulnerabilidade a gente vai ter
uma chance ímpar de ensinar os profissionais de saúde que vão cuidar da gente porque pessoa que mais ensina um profissional de saúde a ser humano é o seu paciente então vocês que estão na prática não precisa gastar fortunas em cursos de humanização conversa com alguém que tá doente que tá acamado que tá dependente e você vai ter aula de pós-graduação e humanização a gente tem uma disponibilidade de mestres que nenhum outro profissional tem na vida inteira o profissional de saúde é um ser privilegiado que não tem a menor noção do privilégio que tem todos os
dias esse privilégio não é reconhecido nem pelo profissional de saúde muito menos pelos pares né porque quando fala assim ai é quando as pessoas eh perguntam meu trabalho eu digo fal assim nossa que difícil Nossa como deve ser difícil seu trabalho né ou falou ou então as pessoas fal Nossa que lindo que seu trabalho ninguém chegou para mim até hoje e falou assim nossa que legal na Cláudia que você é médica Você trabalha com saúde a sua vida deve ser muito boa porque é seu dia a dia trabalhar com saúde que coisa incrível se você
né os os enfermeiros Os fisioterapeutas que trabalham com movimento os psicos trabalham com saúde mental que gente incrível quer ser profissional de saúde não As pessoas olham pra gente com pena né você não tem essa impressão quando você fala que você trabalha no Hospital né coitado dá plantão que difícil nós somos uns coitados perante a sociedade Por que que a gente é um coitado perante a sociedade porque a gente se comporta como uns coitados se comporta assim a gente não se apropria da Incrível possibilidade de ser humano de altíssimo nível diante do nosso dia a
dia não é fazer congresso eh fazer simpósio pós--graduação não é isso gente é cada plantão plantão nosso de cada dia você chega no hospital e fala assim quem quem será que eu vou concer hoje chegava paciente novo para mim lá no hospice hospice é uma unidade de cuidados paliativos exclusivos eu trabalhei durante 4 anos no hospice do Hospital das Clínicas é uma unidade que recebe os pacientes em fase final de vida absoluto 10 leitos cuidei de 600 pacientes lá cada vez que chegava um paciente novo que eu tava com residente assim vamos ver como é
que funciona eu tenho uma versão inédita de um ser humano hoje para conhecer saber quem é o que gosta do que que tem medo que que quer fazer com o tempo dele tem pouco tempo de vida entre eu falar muito prazer e eu assinar o atestado de óbito corria 15 dias por que que eu sou tão legal porque que a minha equipe é tão legal que aquela pessoa que tá naquele quarto Ali vai oferecer para nós o tempo dela que é tão escasso por que que eu tô valendo a pena esse esse tem que ser
o pensamento do profissional de saúde eu acho sabe se por que que você é tão legal que você merece ser enfermeiro você tem que ser alguma coisa muito boa porque é o tipo de profissão que oferece para esse ser humano que escolhe a profissão a profissão da área da saúde um um benefício que existencialmente a maior parte da população mundial não tem acesso que é aprender O que é a vulnerabilidade humana o que que é a fragilidade humana O que é a grandeza humana diante de todo o seu fim é um absurdo que a gente
vê de ensinamento de generosidade de transformação de superação no final da vida então se vocês se acham assim penso se alguém aqui botou a carapuça eu sou um lixo fica tranquilo quando você esver morrendo a coisa reverte todo mundo tem sua chance não pelo menos nos últimos 15 dias dá um a gente acelera o processo acelera você evolui é o absurdo que você evolui no final da vida então fica tranquilo tenta se esforçar antes um pouco né porque aí dá para aproveitar melhor o tempo mas se não conseguir paciência o final Chegará e vai ser
De grande valia para todos nós ainda nessa questão de ser profissional da Saúde eh e uma outra coisa que eu vejo também com uma certa frequência é as pessoas começarem a reclamar de Ah não sei lidar com a morte eu não sei lidar com o sofrimento das pessoas eu falei assim é e onde você trabalha Ah eu trabalho no na unidade de Oncologia pediátrica sei você fez eh faculdade eh você fez essa especialização fiz fiz residência de Oncologia pediátrica falei puxa Então você escolheu ser médico você escolheu a Oncologia você escolheu a Oncologia pediátrica e
você não sabe lidar com o sofrimento das crianças tem alguma coisa muito errada com a sua vida não é com o sofrimento das crianças não tem que fazer mimimi porque você dá plantão num hospital que as pessoas morrem e sofrem porque você escolheu essa profissão caramba se você queria lidar com crianças saudáveis trabalha na brinquedoteca do shopping vai trabalhar numa creche Ah eu adoro criança aí você vai trabalhar numa unidade de Pediatria de Oncologia e fica no mimimi porque as crianças morrem ai mas era só uma criança era um grande mestre que você perdeu a
chance de aprender que a pessoa morre com 12 anos e deixa todo mundo pós-graduado em amor eu estudei 12 anos para ser considerada uma super especialista então uma criança de 12 anos quando ensina ensina super especialista Você concorda Ah mas morreu com 12 anos acontece as crianças não deveriam morrer mas elas morrem e se você é o privilegiado que escolheu trabalhar com isso então sinta o grande privilégio que é trabalhar com isso a gente não se acostuma com a morte eu trabalho com isso há quase 20 anos essa semana foi na no domingo de Páscoa
depois minha mãe faleceu no sábado dia 19 aí domingo ante-ontem encontrei uma uma moça que conheci faz pouco tempo ela me perguntou Ana eu tenho uma dúvida Posso fazer uma pergunta eu falei claro assim ah você tá tão Abatida eh achei estranho isso porque você não tá acostumada com a morte não é seu dia a dia e falei é meu dia a dia eu trabalho com pessoas que morrem realmente mas é que foi a primeira vez que a minha mãe morreu não me lembro dela ter morrido antes não deu tempo de eu treinar sabe E
aí hoje eu pensando nessa nessa na na expressão dela ela não perguntou isso por mal ela não é cruel ela só representou o o que a grande maioria das pessoas que me viu chorando deve ter pensado eu f assim como que ela né fica assim ela não entendeu né que era uma doença grave incurável sem perspectiva de controle eu só preciso de um tempo para conseguir lidar com o tamanho que eu fiquei agora porque agora minha mãe é ficou em mim né Eu sou o dobro agora meu pai morreu ele ficou em mim agora minha
mãe ficou em mim eu não me sinto falta agora tô maior E aí eu não tô meio cabendo em mim ainda eu preciso me acostumar com a ideiaa del Ser Invisível dela morar dentro de mim é estranho Ela acabou de entrar ela tá ainda se localizando dentro de mim que lugar que ela vai ficar trouxe os móveis né trouxe a História Dela trouxe a minha nãoé que nós vamos dividir esse espaço aqui dentro como que vai ser isso E aí eu fiquei pensando Nossa a gente como profissional de saúde as pessoas pensam que a gente
tá acostumado E aí a gente também pensa que tá acostumado porque busca se distanciar do sofrimento do outro a melhor forma de lidar com o sofrimento é através da compaixão responsável não é uma compaixão eh melancólica mimimi piedosa Coitado dele isso não é compaixão compaixão é você respeitar o sofrimento do outro a altura do tamanho que aquela pessoa tem para enfrentar aquilo quanto maior a pena que você sente do outro menor é a sua capacidade de trocar de lugar na cama então quando você olha para alguém que você sente muita pena é porque você jamais
daria conta de tá naquele lugar então Então na verdade o a pena tem que ser de você porque aquela pessoa ela é muito maior do que você e aí é você que tá aprendendo no final de um dia de plantão quem tem que falar muito obrigado não é o paciente é quem trabalhou para ele porque o paciente nos dá oportunidade da gente mostrar pro mundo aquilo que dá sentido na nossa vida como seres humanos não como Profissionais de Saúde então eu vejo que o processo eh viceral de humanização precisa se dar a partir desse movimento
de do profissional de saúde se conscientizar que ele vai ele passa pelo mundo humano até que ele não exista Mais e aí não dá para disfarçarem do profissional de saúde Nós Somos privilegiados por trabalharmos com pessoas que sofrem que estão doentes que estão morrendo porque neste momento que o ser humano se dá conta da sua humanidade E aí é que ele ensina quem tiver por perto que aproveite para aprender Acho que tô no meu tempo era isso que eu tinha para falar muito obrigada Muito obrigado D Ana Cláudia Arantes Muito obrigado [Música] ah hoje a
gente tá aqui nessa mesa falando justamente sobre a construção né de a um pensamento uma política uma ação sobre a humanização e a pergunta vem sempre eu me lembro que quando eu comecei a trabalhar nos hospitais a gente vi essa palavra Ah isso aqui humaniza o hospital da mesma forma ah como você tava dando para nós essa oportunidade de pensar como a gente raramente se coloca neste lugar né de pensar sobre a morte e que a gente vai morrer e se colocar no lugar do outro justamente sem o o sofrimento sem achar que ele é
um Coitadinho né Ah então a gente ficava pensando o que que é o que que é a tal da humanização Isso é uma regra é uma coisa que você aprende como é que você aprende e justamente quando a gente vê ah a complexidade desse tema que onde a gente que a gente tá tocando ah e o que você trouxe para nós eu me trazia muito a arte do encontro a grande oportunidade que a gente tem ao trabalhar na área da saúde justamente de viver encontros potentes encontros que tem como diz o Espinoza o filósofo A
vida é feita de encontros e quando a gente se abre justamente para poder viver esse encontro e ser afetado e afetar o outro como que a gente vê a vida de uma outra forma eh como você falou uma pósgraduação não tem nada mais eh não existe nada mais humano e eu quero agradecer muito por você nesse momento que você tá vivendo da tua vida e a gente estava conversando antes a morte é uma coisa que a gente só vive uma vez na vida e a gente não não para para pensar nisso né e a Ana
eu quero te agradecer muito por ter vindo aqui eh na sua Total vulnerabilidade compartilhar com a gente teu conhecimento tua emoção tua experiência e por ter promovido pra gente essa oportunidade de reflexão eh muito muito muito muito muito obrigado Ah eu quero convidar ag eu só Pris prava esclarecer para vocês porque que eu consigo estar aqui hoje a minha mãe ela recebeu cuidados paliativos nas últimas últimos 10 dias de vida dela ela recebeu o cuidado paliativo na integralidade e como agora já tô vivendo no momento que eu achei que eu não ia estar viva para
para presenciar onde tem médicos formados em residência médica de cuidado paliativo da qual eu fiz parte então eu formei dois médicos que cuidaram da minha mãe ela recebeu assim tudo o que eu sempre ofereci para todos os meus pacientes ela recebeu tudo e a família dela recebeu tudo eu também recebi E aí eu posso dizer que nesse momento eu só tenho que me ocupar de abrir espaço para mudança que ela fez para que não que ela ela veio morar aqui dentro não tem cul não tem medo não tem e si se eu tivesse feito não
tenho e poderia não tenho e deveria não teve nada diante do Cuidado que ela recebeu que eu pudesse manchar o que eu tô vivendo agora a enfermeira que cuidou dela as cuidadoras as técnicas que estavam com ela honraram a escolha de cada um de ser profissional de saúde a minha mãe ela soube ser cuidada essa é uma outra coisa que eu acho que era era bom comentar a gente vai dar trabalho né então lembra que a gente vai ficar de dois a 4 anos então a gente vai dar trabalho às vezes chega no consultório para
mim Eh pessoas né um idoso uma idosa chega para mim e fala assim ah Doutor Ana não queria dar esse trabalho que eu tô dando pros meus filhos eu falei assim bom então vamos pra página dois porque você tá dando trabalho e deixa eu te avisar você vai dar mais trabalho então já que você vai ser uma mala seja uma mala de rodinhas né porque vai dar trabalho então não fica nessa de novo não vai pro mimimi ai não queria dar trabalho vai dar se programa para dar trabalho mas deu um trabalho que as pessoas
gostem de fazer isso foi o que aconteceu com a minha mãe ela era muito gostosa de cuidar as pessoas Iam dar dar banho nela arrumar ela na cadeira tal chegava qualquer um que chegasse com o rosto perto do rosto dela ela dava um beijo você arrumar dava comida para ela assim ela pegava a mão da pessoa assim e dava um beijo e agradecia e falava tá uma delícia tudo ela pedia por favor ela agradecia ela falava que perguntava para ela assim mãe tá tudo bem aqui ela falou tá tudo ótimo filha Ô muito bem que
bom que você veio hoje também eu não cobrava F assim ontem você não veio ela falava que bom que você veio hoje também então ela soube dar trabalho aí fica fácil você cuidar de uma pessoa que sabe dar trabalho então vocês já podem pensar nisso também você vai dar trabalho seja uma pessoa gostosa de cuidar porque aí todo mundo vai ter prazer de cuidar você não vai ficar reclamando que ninguém cuida de você direito e aí nesse tempo que ela recebeu esses cuidados eu pude ver o o como essas pessoas se realizavam cuidando da minha
mãe e as pessoas diziam Nossa é tão gostoso vir trabalhar que cuidar da sua mãe eu pensei nossa quantas pessoas a minha mãe curou né que tavam tão infelizes no dia a dia tal de de fazer um trabalho né meio mecanicista e tal e de repente você pega uma velhinha que tá no final da vida que traz sentido paraa sua vida na sua escolha profissional né E então eu posso estar aqui porque ela recebeu esses cuidados mas eu sei que a minha mãe fez parte de um grupo muito pequeno de privilegiados no país que tem
acesso a isso então eu espero que a gente consiga mudar um pouco essa história para que todo mundo tenha acesso E aí ou no no velório dela o médico foi no velório e a hora que eu vi o Sérgio lá eu entendi o que que as famílias sentem quando eu vou no velório quando eu fui abraçar ele para agradecer eu entendi o que que as famílias sentem quando abraçam os médicos e querem agradecer no dia seguinte que ela morreu eu quis ligar pra Laura Que era a neurologista dela a Laura não tava em São Paulo
quando teve o velório eu tava muito aflita para dar logo 8 horas da manhã porque eu queria ligar pra Laura para agradecer E aí eu entendi por que que as famílias me ligavam logo no dia seguinte que o paciente tinha morrido para agradecer porque eu vivi a ansiedade de querer ligar logo cedo e é muito grande o que eles sentem pela gente quando a gente faz o melhor que a gente pode fazer então é por isso que eu consigo estar aqui hoje meio embargando a voz assim mas Graças aos profissionais de saúde [Aplausos]
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