[Música] olá tudo bem essa é a terceira etapa de uma imperdível entrevista com o professor durval muniz albuquerque junior professor titular de história das universidades federais do rio grande do norte e de pernambuco autor de nove livros e fonte de inspiração da peça a invenção do nordeste que foi tema de uma entrevista que não conversa afiada na tv afiada e ele autor deste livro a invenção do nordeste e outras artes é da fundação joaquim nabuco de pernambuco é na primeira etapa dessa conversa nós falamos sobre por que o professor dorival quer dissolver o nordeste e
ele explica com aqui no nordeste ele se refere na segunda etapa nós conversamos sobre tudo sobre o papel preponderante de gilberto freyre na formação desse conceito de nordeste agora nós vamos falar um pouco sobre outros personagens é é que segundo o professor do vau confirmam essa mitologia nordestina e eu lhe perguntaram em primeiro lugar qual é a crítica que o senhor faz a euclides da cunha os sertões na verdade eu crise quando escreveu os sertões do nordeste que já existia os sertões vai ser na verdade fonte de inspiração para toda uma literatura sobre o nordeste
que vai se apropriar de imagens depreciativos do sertão e do sertanejo e vai convertê la para a idéia de nordeste por exemplo a frase de euclides mais conhecido o sertanejo é antes de tudo um forte é transformado em um nordestino é antes de tudo um forte com o seu crise algum dia tivesse dito isso então você vai escutar dezenas centenas de texto dizendo que o pires falou que o nordeste eo nordeste nem antes de tudo um forte quando nem nordeste existia nem nordestina existia ele jamais falou do nordeste nordeste nissan sentra da fase a gente
lê a frase até o fim o que tem no fim da frase ele precisou de mim em é preciso sertanejo certa mesmo é preciso de um quase mudo azinho sim sim aquele trecho que é utilizado dele na peça é mostra mostra muito bem na invenção a peça invenção do nordeste é aquela escolha é fantástica é pra gente pensar o que seria esse corpo do sertanejo que vai ser levado em grana pra se pensar o corpo nordestino porque o nordestino essa figura nordestino ela inventará depois nordeste né há um momento em que inclusive existe a palavra
nordestão ano a gente poderia ter sido chamados de nova besta anos não é então a figura há a ideia de nordestino é do final dos anos 20 não é e ela é uma espécie de fusão de várias figuras anteriores como praieiro brejeiro sertanejo o cangaceiro jagunços um som e dessas figuras elas são amalgamadas na figura do nordeste no que antes de tudo um macho não é é a invenção do cabra macho que eu trato em outro livro meu segundo livro que se chama justamente nordestino uma invenção do falo do falo falo é justamente essa figura
masculina do cabra macho que é um mito compensatório se à medida que as elites da região estão cada vez mais impotentes não é no ponto de vista político do ponto de vista econômico você tem um mito compensatórios o mussum disso desenvolvidos não temos poder mas somos march tá né esse uma outra entrevista tão euclides é usado por exemplo o o ozéia mérico que é o primeiro com esse número chamado de américo de almeida mãe a bagaceira que em grande medida as imagens são euclidianas eo a peça a invenção do nordeste lembra que o cliente jamais
esteve em canudos jamais teve como nunca pisou em campo nunca o meu avô piso em canudos meu cliente num agora professor do val o senhor não poupa na sua crítica aguda e inteligente profunda nem o graça' nem o brasileiro ramos de vida c mas aquele filme maravilhoso não sofrerá dos santos com fotografia de luís carlos barreiros 1 em um livro da história do cinema brasileiro porque não graça qual é o problema do graça o grande problema é justamente que é toda a produção literária e artística das esquerdas é que giram em torno nordeste ela termina
reforçando a versão conservadora que foi construído na região sem que se perceba isso quer dizer é evidentemente graciliano quando escreve vidas secas é tem a pretensão de denunciar a miséria desigualdade social e denunciar a alienação não é dizer mas o que ele faz para denunciar a alienação ele praticamente animaliza o camponês nordestino é a figura mais humana e vidas secas é baleia a cadela a cabeça quer dizer é vicente não é capaz de sequer nomear os seus filhos ele se chama menino pequenino grande porque ele não dispõe praticamente linguagem o grande sonho da personagem feminina
da trama não é é ter uma cama uma cama de couro não há cama de várias então assim é essa denúncia não é importante ela é importante mas a questão é que como os discursos são lidos então a questão você produz um discurso com um determinado sentido mas ele repercute com outro sentido entende né ele reforça uma determinada imagem né da de subalternidade de alienação de incapacidade para o trabalho intelectual que a ideia de que os nordestinos são absolutamente quase animalizados sem capacidade de pensar que até hoje não é se é a ideia que não
se vota se vota com o bucho não se volta com a cabeça o nome messi não é porque não se tem hoje a razão disso é que o nordestino um vota com o dinheiro do bolso ou na bolsa família vota com a barriga a banana não vota com a cabeça quer dizer o óbvio o empresário do itaú defender seus interesses votar conforme seu interesse a consciência mas o cara que está recebendo o bolsa família votar defende o que ele conquistou um pouco que ele conquistou os filhos não é consciência e por que o senhor não
gosta do glauber rocha deus eo diabo na terra do sol de glauber vai justamente levar para o cinema essa mitologia álbum de vitória da conquista exatamente vai levar essa mitologia do romance de 30 né ele vai repousar de 14 entre o santo e o cangaceiro como mitos como mitos regionais vai reafirmar a ideia da alienação é do camponês quase um animaliza sim camponês exemplo essa idéia de que a consciência está no litoral na 'mão sertão vai virar mar sertão vai daí porque a cena final de deus o diabo ele correndo na direção do litoral já
na então é onde estava a consciência na cidade onde estava a libertação onde estava aquela sanca de dodô e do religioso aquela coisa meio dissimula subindo aquela ganha o deus o diabo é justamente dizer nem o santo nem o cangaceiro sãos a saída porque são formas alienadas de resposta ea resposta está com a com a revolução com o partido tão litoral então você corre no litoral no final você abandona o sertão você sai do sertão e então nesse campo de análise onde fica jorge amado jorge amado é outro a outra figura muito interessante porque o
homem existe um bom comunista de esquerda que jamais nos seus livros fez aquelas operária aparecer ele não gosta da classe operária não fez qualquer coisa dele é o zezé escrever uma biografia do prédio do cavaleiro da esperança cavaleiro da esperança não era um operário é militar é e grande parte das lideranças da esquerda para o cirurgião ele valeu eu não fosse só eu vou fazer jorge amado tratava da dos homens as pessoas ligadas ao artesanato ligada à vida meio marginal da cidade para jorge amado são paulo era ou não um exemplo é o que a
bahia não deveria se tornar sim em gabriela o paulista e chega lá e destroçado ele tem uma visão é muito característica daquele período que é uma visão populista não quer dizer essa visão da idealização de um dado o povo há todo um discurso de esquerda idealizando um dado o povo né esse povo que não se define em termos de classe algo claramente mas ele também faz uma denúncia por exemplo é das condições sociais dos pobres o capitães de areia em dúvida sem dúvida quer dizer anotou eu não tira a importância da obra de ninguém que
aparece nesse livro não sei o que eu mostro justamente as conseqüências muitas vezes que eles próprios não previram entre seus discursos quando a gente lançou um discurso a gente nunca sabe qual vai ser a sua recepção e armadilhas nos discursos e ambigüidade dos discursos gente não pode esquecer a origem social de jorge amado na chamada era filho de um grande proprietário de cacau dos jurados no sul da bahia né os amado em sergipe seja importante politicamente em sergipe professor do val eu gostaria de encerrar a nossa conversa que poderia durar o nordeste inteiro com a
análise de uma frase sua que é esse nordeste que olha para dentro de si é uma forma de apagar o caráter disruptivo da história o que significa isso justamente dizer o nordeste é toda a sentar na memória né é todo o discurso sobre o nordeste é um discurso apoiado na memória a memória continuidade à memória é a tentativa de evitar rupturas entre os tempos se nós temos uma dificuldade em lidar com a mudança com a transformação todo ser humano tem dificuldade em lidar com a mudança tem medo da mudança minha mudança significa finitude ea finitude
tem proximidade com a morte que a nossa grande questão antológica lá ea história por isso é muito incômoda porque a história mostra que todas as coisas morrem todas as coisas acabam não inclusive os golpes as nominações todas um dia se acaba os grandes impérios dia morre a construção nordeste é toda ela ela toda voltada pra ênfase na memória que constrói continuidades e tenta evitar as rupturas tenta evitar as transformações se o seu intento for atingido e esse nordeste dissolvido o que é essa região do brasil que fica entre o sul eo norte teremos que dar
novas definições e novas imagens a ela z quando eu chamei meu livro de noé inversão neste outras artes na grande mídia eu estava querendo que aconteça o que está acontecendo a partir do grupo carminho espero que outras coisas que é às artes e à cultura reformular o imaginário em torno nordeste nós necessariamente não precisamos que o nordeste desapareça é preciso que nos apareça este-nordeste se tal como ele foi pensado ele foi construído na cultura brasileira é preciso que a gente reformule para o benefício do próprio os próprios nordestinos esse imaginário em torno da região que
é pejorativo que reserva para um lugar de segunda categoria e no país que dá a ele um lugar né e subalterno nas relações de poder inclusive no mundo intelectual e das artes no país eu gosto de manuel bandeira gosto muito e é da poesia de manuel bandeira embora também seja saudosista e joão cabral é o meu poeta preferido ao lado de manoel de barros são manoel de barros são meus dois poetas preferidos são josé mas joão cabral não deixa de alimentar um determinado imaginário sobre a região quando faz por exemplo a obra como morte e
vida severina o senhor disse no primeiro bloco que é o o oberto feito chegou ao extremo de escolher a árvore nordestina por excelência e que essa árvore foi a já cá eu voltaria como filho de baiano casa baiana e faltaria na mangueira o professor mencionou o cachoeiro mas se eu não sou de natal do boj boas ele é o primeiro natal [Risadas] então eu vou perguntar finalmente é o professor do vau muniz de albuquerque junior o seu gosto de jaca adoro sá principalmente dura já que dá o melhor doce muito obrigado lembra que muito obrigado
prazer enorme [Música]