“Não há nada no mundo a não ser a Realidade de Brahman, Existência-Conhecimento-Bem-Aventurança. Não há existência real para qualquer pessoa ou coisa que vemos”. Chandogya Upanishad.
Cada pessoa tem um conceito diferente de “bem”. Aquele que acredita que o ser-humano é uma entidade meramente física, busca para si e para seus entes queridos, conforto e segurança no plano físico. Aquele que dá mais importância a mente, tenta cultivá-la com a literatura, a filosofia, a arte e o estudo da ciência.
Por outro lado, aquele que se sente como uma alma imortal, busca o conhecimento supremo, ou a comunhão com Deus. Há um estágio evolutivo em que o homem sente saudade do infinito, então os laços que o prendem começam a se afrouxar. As limitações físicas e mentais diminuem, até que desapareçam completamente.
O que antes era considerado concreto torna-se abstrato, inexistente. Em vez disso, o que parecia abstrato é revelado como a realidade única, a existência infinita, na qual vivemos, nos movemos e temos o nosso Ser. As três doutrinas: do não-dualismo (Advaita), dualismo não-qualificado (Visishtadvaita) e dualismo (Dvaita) são aceitas pela mente de acordo com o estágio de seu progresso.
O homem quando atinge o limite supremo do progresso espiritual com a ajuda da Sadhana (a prática espiritual), experimenta a natureza Nirguna da Mãe Divina e permanece uno com Ela. Todas as ideias, como eu e tu, sujeito e objeto, escravidão e liberação, vício e virtude, mérito e demérito, são fundidas no Uno. Advaita-Jnana - O Conhecimento da Não-Dualidade.
Ramakrishna. Apenas dois tipos de pessoas podem atingir o autoconhecimento: aqueles que não estão absolutamente sobrecarregadas com o aprendizado, isto é, cujas mentes não estão superlotadas com pensamentos emprestados de outros; e aqueles que, depois de estudar todas as escrituras e ciências, perceberam que nada sabem. O que é ignorância?
Ignorância é o conceito de “Eu” e “Meu”. Imagine uma extensão ilimitada de água: acima e abaixo, antes e atrás, direita e esquerda, em todo lugar há água. Nessa água é colocada uma jarra cheia de água.
Há água dentro da jarra e água fora, mas a jarra ainda está lá. O “eu” é o jarro. Espírito ou Consciência significa o Ser, que é da natureza do Puro Conhecimento.
E matéria, significa o corpo, os sentidos similares O egoísmo ligou os dois e criou na mente humana a ilusão: “Sou um indivíduo (Jiva) possuído de corpo, sentidos e etc. ”. Ninguém pode fazer qualquer progresso se não cortar esse laço em pedaços.
“Eu não sou o corpo, nem a mente, nem o intelecto, nem o corpo grosseiro nem o sutil”. Pegue uma fruta e tente determinar qual das três, casta, semente ou polpa é a fruta. Primeiro rejeite a casca, como não sendo a substância; façam o mesmo com as sementes, e então ao isolar a polpa, diga que ela é a verdadeira fruta.
Chega-se à conclusão de que tanto a casca, como as sementes, pertencem à mesma substância de que a polpa é feita - são a casca, as sementes e a polpa que, juntas, constituem a fruta. De maneira semelhante, depois de conhecer diretamente o Absoluto, chega-se à conclusão de que o Absoluto está jogando como Relativo. Ao remover as envolturas do tronco da bananeira, atingem a resina que consideram a essência.
Compreendem que a resina pertence às envolturas e que as envolturas pertencem à resina - ambas constituem o tronco. Assim como, quando alguém remove, uma a uma, as camadas de uma cebola nada sobra, a fim de determinar o Ser, vai-se eliminando o corpo, a mente, o intelecto, e etc. .
Verifica-se que nenhum desses é o Ser e que nada há separado, chamado eu, mas tudo é Ele, nada, a não ser Ele. Os seguidores do Vedanta não-dualista repetem: “Isso não, aquilo não”. Eles meditam desse modo.
De acordo com esse entendimento, o eu é irreal. O mundo é falso. É tudo um sonho.
Tais pessoas acreditam somente na Divindade Suprema além das relações. Brahman está além da mente e da palavra, além da concentração e meditação, além do conhecedor, do conhecido e do conhecimento, além mesmo da concepção do real e do irreal. Em suma, está além de toda relatividade.
Discriminem sempre entre o real e o irreal, entre o eterno e o transitório. Abandonem então o que é transitório e fixem a mente no Eterno. Quando o arroz está fervendo numa panela, se tirarem um grão e apertá-lo entre seus dedos, saberão se todos os outros grãos estão cozidos ou não.
Certamente não apertaram todos os grãos um por um. Como então chegaram a essa conclusão? Da mesma maneira ao examinarem uma ou duas coisas do mundo, compreenderão se todo o universo é eterno ou transitório, real ou irreal.
Um homem nasce, vive por algum tempo e depois morre; o mesmo ocorre com uma vaca e uma árvore. Ao examinarem as coisas dessa maneira concluem que o que tem nome e forma segue essa lei. A terra, o sol, a lua e etc.
, têm nomes e formas; portanto, são da mesma natureza. Dessa maneira sabem que todas as coisas deste universo são parecidas. Conhecem a natureza de todas as coisas do mundo, não é?
Assim, logo que souberem que o mundo é transitório e irreal, deixarão de amá-lo; o tirarão de suas mentes e ficarão livres de desejos. Realizarão Deus, a causa do universo, logo que se desapegarem do mundo. O Caminho do Conhecimento (Jnana-yoga), consiste em: Shravana (ouvir as instruções de um professor).
Manana (refletir sobre o que é ouvido). E nididhyasana (meditar na Verdade com devoção obstinada). Ouvir, pensar e meditar.
Primeiro ouvir - primeiro você ouve que Brahman é real, e o universo irreal. Depois pensar - pela razão e discriminação (Viveka) você tem a ideia profunda e corretamente impressa em sua mente. Em seguida, meditar - você aplica a mente em Brahman, a entidade Real.
Então, através de Vairagya (renúncia a tudo o que é irreal), há renuncia ao universo, a falsa entidade. De que adianta ouvir e compreender, mas não abandonar o irreal? É como o conhecimento das pessoas mundanas.
Não se pode atingir a Realidade por meio desse conhecimento. É necessário convicção, a renúncia é imperativa. É somente assim que se pode ser bem sucedido.
Caso contrário, você pode repetir: “Não há espinho, nem picada”, mas no momento em que toca o espinho, sente a picada e grita de dor. Simplesmente diz: “Não há universo, ele é irreal; somente Brahman existe”, mas logo que os objetos do mundo - visão, paladar etc. vierem, você os tomará como reais e ficará envolvido.
O barco pode estar na água, mas a água não deve entrar no barco. O aspirante pode viver no mundo, mas o mundo não deve viver dentro dele. Quanto menor seu apego pelos sentidos, maior será o seu amor por Deus.
Amor puro por Deus é o essencial. Tudo o mais é irreal. Medite sobre o Conhecimento e a Bem-aventurança Eterna, e você também terá Bem-aventurança.
A bem-aventurança de fato é eterna, só que é coberta e obscurecida pela ignorância. Prenda o Conhecimento da Não-dualidade no canto de sua roupa e então, faça o que quiser. A respeito do estado não-dual ou o estado além de todos os estados: Esta é a última palavra.
Sabe como? Suponhamos que haja um velho empregado. Seu patrão está satisfeito com ele devido às suas boas qualidades, acredita em suas palavras e consulta-o sobre todos os assuntos.
Um dia, como sinal de apreço, o patrão segura sua mão e o faz sentar-se em seu próprio lugar (o lugar do patrão). O empregado, envergonhado hesita. Ainda assim o patrão puxa-o e mandando-o sentar-se e diz: “Sente-se.
Você e eu somos um só”. É assim. Meus filhos, essa é a Verdade suprema a ser realizada.
Esta Verdade está além da mente humana e intelecto; como pode ser falado ou explicado por palavras? Assim que alguém tenta dizer algo, o dualismo torna-se inevitável. Enquanto houver pensamento, imaginação, também há dualismo na mente.
Não-dualismo não é assunto para ser descrito. Aquele que realizou o estado não-dual torna-se silencioso! Brahman mantém-se intocado.
O que Brahman é, não pode ser descrito. Nunca ninguém foi capaz de dizer o que Brahman é. O que mais vou dizer a vocês?
Que todos sejam espiritualmente despertos!