Todo mundo já andou de automóvel algum dia. Muita gente já dirigiu um. Não é tão complicado.
Da mesma forma que muita gente sabe dirigir um carro, muita gente sabe também usar a Internet. Quase todo mundo sabe que existe um software chamado navegador, que permite usar a Web. Essa é a parte da Internet em que há diversos lugares virtuais diferentes, os sites, ou sítios.
Muita gente sabe usar o email que, como a Web, é uma outra aplicação da Internet. É como enviar cartas, mas usando o computador. Outras pessoas sabem usar aplicações que permitem conversas instantâneas, os chats, videoconferências e audioconferências, jogos online, entre muitas outras.
Mas e quando o carro para? Você chama o mecânico? Calma.
. . Pode ter apenas acabado o combustível.
Quem tem um carro, além de saber dirigir, tem de ter um mínimo de noção de como ele funciona. Isso permite um uso melhor do veículo. Da mesma forma que a informação sobre como o carro funciona é útil para o motorista, assim também pode ser útil pra você entender como a Internet funciona.
Ao menos o básico, para poder cuidar dela e utilizá-la melhor. Esta é a primeira parte do vídeo "Como funciona a Internet", feito pelo NIC. br.
Apresentaremos aqui o protocolo IP, que é a principal base tecnológica da rede. Esta é a Patrícia. Ela tem acesso à Internet na sua casa.
Contratou pra isso o serviço de um provedor local. Na verdade, além da Internet, o mesmo provedor fornece a ela TV por assinatura e telefonia. Tudo isso chega em sua casa em um único cabo e isso a deixa bastante intrigada.
Como pode a Internet usar o mesmo cabo do telefone, e da TV, e ainda assim ser tão diferente? Tão melhor, em muitos aspectos? Patrícia sabe que consegue em alguns casos fazer ligações telefônicas mais baratas via Skype, ou outro provedor VoIP, do que via seu próprio telefone.
Ela sabe também que consegue ver muitos vídeos no Youtube, e mesmo filmes e séries usando serviços como Netflix e Crackle, na hora que quer, e com um custo menor do que sua TV por assinatura. . .
Como serviços tão diferentes podem chegar na sua casa usando o mesmo fio? A verdade é que a Internet faz uso basicamente da mesma infraestrutura de telecomunicações usada pelas TVs e Telefonia tradicionais. Mas usa essa infraestrutura de uma forma muito mais inteligente.
Pra começar, é preciso entender que a Internet é bem mais complexa que a TV ou o telefone. E quando vamos criar algo muito complicado, todo mundo sabe, devemos dividir em pedaços menores, mais simples, e depois juntar tudo. O primeiro componente da Internet para o qual vamos olhar, talvez o mais importante, é o chamado protocolo IP.
Um protocolo não é nada mais que um conjunto de regras para os computadores e outros dispositivos conversarem entre si. No caso do IP, essas regras dizem duas coisas principais: primeiro, dê um número, um identificador numérico, como um endereço, a cada dispositivo que fizer parte dessa rede. Segundo: divida a informação em pedaços pequenos, e etiquete-a com o endereço de origem e destino, pra que ela possa ser enviada de um lado para o outro.
IP quer dizer Internet Protocol. Internet quer dizer literalmente "entre redes". Uma propriedade muito interessante do IP é que ele funciona sobre praticamente qualquer tecnologia de telecomunicações.
Isso quer dizer que diferentes redes podem ser interligadas pelo IP. O IP é uma peça fundamental da Internet, porque todas as aplicações podem se basear nele, sem precisar se preocupar em como cada tipo de rede funciona. Tanto faz se estamos usando cabo, fios telefônicos, rádios ou fibras.
Basta usar o IP. Essa história de dividir a informação em pedacinhos pequenos é uma das grandes sacadas da Internet. O nome tecnico pra isso é comutação de pacotes.
Na telefonia convencional, por exemplo, quando vamos falar com alguém, as companhias telefônicas reservam o caminho de ponta a ponta. Todos os recursos tecnológicos necessários ficam exclusivamente à disposição de quem está conversando. Por isso é tão caro.
O modelo usado na telefonia se chama comutação de circuitos. Na Internet, como as informações são divididas em pacotes, cada um deles é enviado da origem para o destino de forma independente. Não há necessidade de reservar previamente recursos, e eles podem ser compartilhados, por isso há menos desperdício e o custo é menor.
É como comparar andar de carro e andar de ônibus. Normalmente as pessoas andam de carro sozinhas, ou no máximo dividem o espaço com mais duas ou três. O carro é um recurso exclusivo pra elas.
Isso é ineficiente e causa congestionamentos. Nos ônibus, muita gente compartilha o mesmo veículo. Muito mais gente pode ser transportada simultaneamente com ônibus, nas mesmas ruas e avenidas, do que com automóveis.
Independentemente de sua preferência, ninguém pode negar que os ônibus fazem um uso muito mais eficiente da malha viária de uma cidade, do que os automóveis. É isso que acontece na comutação de pacotes e na Internet. Além disso, na Internet, geralmente há diversas opções de caminho para um mesmo destino.
A informação, que foi dividida em pedaços pequenos, flui simultaneamente por vários deles. Se há algum problema em um desses caminhos, a informação apenas continua seguindo pelos demais. Isso significa que a rede, como um todo, é muito mais eficiente e resistente a falhas.
Mas não nos esqueçamos da Patrícia. Ela já entendeu que a Internet não depende só dos cabos que chegam à sua casa. Há uma camada lógica que a separa do mundo das telecomunicações.
Essa camada é o protocolo IP. Ela entendeu também que um endereço numérico é atribuído a seu computador, e que ele é único no mundo. E que as informações são divididas em pacotes que são etiquetados com esses endereços, permitindo que achem seu destino na rede.
O próximo passo, é entender onde o Google, o Facebook, o Twitter, o Netflix, e tudo mais que a Patrícia usa se encaixam nisso. Na segunda parte deste vídeo, entenderemos como a Internet é formada por milhares de redes independentes, os Sistemas Autônomos, como eles estão interligados, e como conseguem enviar os pacotes IP uns para os outros. Até lá!