1929: A Grande Crise

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No fim dos 'loucos anos 20', o crash da bolsa de valores americana deu início a maior crise da histó...
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O crash da bolsa de Nova York, em 1929, entrou  pra história como uma catástrofe que levou os Estados Unidos à pior recessão de sua história.  A crise econômica causada pela quebra da bolsa na assustadora quinta-feira negra, durou mais  de 10 anos e seus reflexos foram sentidos no mundo inteiro, atingindo em cheio a economia  de diversos países, além dos Estados Unidos. Os “loucos anos 20” foram uma época de  grandes mudanças e de muita prosperidade: o mundo acabava de sair da 1ª Guerra Mundial e  os Estados Unidos, principalmente, viviam seus anos de glória — num clima em que parecia  que absolutamente nada poderia dar errado.
Pela 1ª vez, as famílias americanas  podiam adquirir bens como carros, rádios e telefones — e a economia do país  teve um crescimento de mais de 40% na década, impulsionado pelo “boom da eletricidade”  e da tecnologia aplicada à indústria. Há quem diga que, ironicamente, teria sido  justamente toda essa “euforia” que levou a economia ao colapso — e a versão que a maioria  das pessoas conhece, sobre as causas do crash da bolsa, está associada às baixas taxas  de juros, aos empréstimos descontrolados e uma suposta superprodução de bens, que excedeu  até mesmo a capacidade de compra do americano. Então o que realmente levou a economia dos Estados  Unidos ao colapso?
E como ela se recuperou? Pros americanos, o começo da década de 1920 foi  um momento de ruptura: as tropas do exército finalmente voltavam pra casa, marcando  o início de uma nova era que deixava pra trás o cenário devastador da 1ª Guerra Mundial. Enquanto a Europa lutava pra se reerguer e superar as consequências nefastas do conflito, a sociedade  norte-americana embarcava numa onda de crescimento econômico nunca antes vista na história do país.
Os Estados Unidos já possuíam uma indústria que se tornava cada vez mais desenvolvida antes da 1ª  Guerra, mas foi com o término do confronto que ela se desenvolveu de verdade. A procura por alimentos  e matéria-prima pra socorrer a população europeia desencadeou um rápido crescimento da economia  americana, que já vinha numa onda de progresso. A indústria aérea, por exemplo, foi uma das que  mais cresceu: com o fim da guerra, muitos pilotos veteranos voltaram cheios de ideias e ansiosos  pra mostrar suas habilidades de voo.
Junto a isso, a criação de companhias aéreas comerciais elevou  o número de pessoas voando de avião e houve um incrível salto de 6 mil para mais de 170 mil  passageiros, entre os anos de 1926 e 1929. Nos lares de grande parte da população americana,  os bens de consumo também estavam presentes em peso: geladeiras, máquinas de lavar, aspiradores  de pó, entre outros utensílios domésticos que então passaram a fazer parte do dia a dia,  criando a imagem emblemática do “american way of life” — o estilo de vida americano. Outro símbolo próspero dos anos 20 foi o carro: o popular modelo T da Ford custava apenas  300 dólares — e além de ser muito barato, agora as famílias também contavam com  a possibilidade de comprar no crédito.
O governo então começou a investir em  infraestrutura, focando em estradas, rodovias e pontes. Em pouco tempo,  as pessoas puderam viajar longas distâncias em seus próprios carros,  o que levou a criação de uma série de negócios para atender aos viajantes,  como postos de gasolina e restaurantes. Mas esse crescimento desenfreado estava  lentamente criando um grande problema.
Esse crescimento em partes foi possível graças  ao Federal Reserve, uma espécie de banco central americano, que reduziu as taxas de juros dos  EUA. E os bancos estavam no meio disso tudo, emprestando dinheiro para as empresas. Elas  precisavam de empréstimos para crescer e fabricar novos produtos, e com isso manter a roda girando.
Na primeira metade da década de 1920, as empresas tiveram grande sucesso na  exportação para a Europa, que estava se reerguendo após a Primeira Guerra Mundial. O  crescimento econômico criou todo um movimento na população na década de 1920, e investir  no mercado de ações se tornou algo normal, todos faziam. Quem não tinha um capital  inicial pegava um empréstimo para financiar seus investimentos, e os bancos e corretoras não  faziam muitas perguntas.
Parecia uma baita ideia. Esses empréstimos eram conhecidos como  compra em margem, na prática significa comprar uma ação em que parte do dinheiro  usado na compra é emprestado por um banco ou uma corretora. Certamente era uma baita ideia.
O aumento dos preços das ações trouxe cada vez mais pessoas aos mercados, convencidas de  que era dinheiro fácil. As pessoas estavam comprando ações sem fundamento algum e ainda com  dinheiro emprestado, e todos achavam que a festa ia durar para sempre, o que foi um grande erro. Os ventos começaram a mudar e próximo ao final da década, as coisas começaram a dar errado —  especialmente quando a Europa deu os primeiros sinais de recuperação econômica, suspendendo  grande parte das importações dos Estados Unidos.
A economia americana dava os primeiros  sinais de desaceleração e como a indústria europeia já não demandava mais  tantas importações dos Estados Unidos, isso levou a um excesso de oferta, principalmente  de produtos agrícolas, que baixou os preços dos produtos na segunda metade da década. Na tentativa de conter as perdas dos agricultores, o governo alavancou uma série  de medidas legislativas pra aumentar a tarifa sobre importações de produtos agrícolas da  Europa. Logo, todas as outras indústrias queriam o mesmo.
Outros países fizeram o mesmo,  aumentando tarifas sobre importações americanas. Mesmo assim, as empresas continuaram tomando  empréstimos e gastando mesmo quando o giro de mercadoria não era mais o mesmo, e  os salários dos americanos estagnaram, e os bancos continuavam a emprestar dinheiro que  era colocado no mercado de ações. E a coisa só começou a desacelerar quando o Fed resolveu agir.
Segundo Benjamin Bernanke, o Federal Reserve há muito tempo fazia a distinção entre usos  "produtivos" e "especulativos" do crédito, e o mercado de ações em alta e os aumentos associados  nos empréstimos bancários e corretoras eram uma grande preocupação. O Fed alertou os bancos,  mas eles decidiram ignorar e continuaram com a festa. Em 1928 e 1929 o Fed então elevou a  taxa de juros para frear o mercado especulativo, e segundo Bernanke, essa foi uma manobra  errada.
Os líderes do Federal Reserve implementaram políticas que eles achavam que eram  de interesse público. Mas sem querer, algumas de suas decisões prejudicaram a economia. Outras  políticas que teriam ajudado não foram adotadas.
E as empresas — que antes lucravam com as  exportações pra Europa — já estavam vivendo outros tempos, e não exportavam mais tanto  produto. Muitas dessas empresas movimentavam ações na bolsa de Nova York, e a diminuição  drástica das exportações gerou um aumento dos estoques e obrigou as indústrias a vender  seus produtos muito abaixo do valor esperado, levando a uma queda no valor das ações. O resultado foi que muitos americanos começaram a retirar seu dinheiro dos bancos e vender suas  ações, que desvalorizaram rapidamente.
Muitas instituições financeiras já não tinham fundos  suficientes pra cobrir as quedas significativas. Uma das maneiras pelas quais os bancos contribuem  para o giro da economia é emprestando dinheiro. Isso quer dizer que os bancos ficam com  uma pequena porcentagem de todo o dinheiro dos clientes e emprestam o resto em busca de  lucro.
Em tempos normais nos Estados Unidos, os bancos podem tomar empréstimos de  outras instituições financeiras, ou do Fed, para cobrir qualquer déficit inesperado nas  reservas se seus clientes começarem a aparecer em massa e exigir seus depósitos de volta. Através de algumas manobras, alguns bancos não estavam seguindo essa recomendação  e o modelo de não manter as reservas suficientes se mostrou insustentável. Então, em 24 de outubro de 1929, numa quinta-feira que ficou conhecida como  “quinta-feira negra'', as ações da bolsa despencaram em nível alarmante e seguiram durante  vários dias.
Bancos, investidores e pessoas como eu e você, perderam tudo, literalmente.  Por muito tempo, inclusive, circularam várias histórias sobre ondas de suicídio que  tomaram conta do país, tamanho foi o desespero. Um dos principais índices do país, o Dow  Jones, registrou queda de mais de 10%, deixando acionistas no mundo inteiro em pânico.
A queda  foi tão severa que a General Eletric teve queda em suas ações de mais de 1600 dólares em 1929  para pouco mais de 150 dólares, 3 anos depois: era o início da Grande Depressão, que afetaria  não somente o mercado americano, mas o mundo todo. A festa havia acabado e os Estados Unidos  acordaram de ressaca em plena sexta feira. A Grande Depressão foi a maior crise econômica da  História dos Estados Unidos e durou toda a década de 30, terminando com o fim da 2ª Guerra — e ainda  que a economia dos Estados Unidos tenha, de fato, sido impactada com a recuperação econômica da  Europa e uma oferta que de certa forma acabou superando a demanda, esse não foi o estopim pra  que o estilo de vida americano fosse por água abaixo — e muito menos o único motivo: a crise  ocorreu por conta de uma série de acontecimentos.
O economista Hyman Minsky sugeriu que os eventos  que levam a uma crise começam com uma inovação e algum choque na economia. Se esse choque fosse  grande o suficiente, as oportunidades para lucrar aumentariam, logo, empresas e indivíduos  fariam empréstimos para tirar vantagem da elevação dos lucros previstos no setor. O choque varia de um boom especulativo para outro, e na grande depressão, foi a rápida expansão da  produção de automóveis, o desenvolvimento das rodovias em conjunto com a ampliação da rede  elétrica para boa parte do país e o grande aumento do número de telefones nas residências.
Se o choque for suficientemente grande e amplo, as oportunidades de lucro previstas aumentam  em pelo menos um setor importante da economia: a participação dos lucros no PIB.  Na grande depressão essa oportunidade de lucro estava no mercado de ações. O crescimento do mercado de ações levou a população em geral a querer investir: aqueles que  podiam pagar queriam um pedaço das ações, enquanto quem não podia tomava empréstimos com corretoras  de crédito pra financiar o investimento.
Esse alto movimento de ações gerou muito  endividamento, não somente das instituições financeiras, mas também da população que a todo  momento queria arriscar e investir. Mas essa bolha que surgiu no início da década só viria a  estourar anos depois, quando a economia americana estava passando por um momento de fragilidade. As baixas taxas de juros do Fed com a inconsequente festa dos empréstimos dos bancos,  se chocou com a desaceleração da indústria, que vivia os efeitos da recuperação econômica  da Europa.
Era literalmente impossível que os preços dos ativos continuassem a subir nas  condições em que a economia se encontrava. Em fevereiro de 1928, o FED resolveu agir a  respeito da febre especulativa e começou a subir a taxa de juros. Em pouco mais de 5 meses,  houve um aumento de mais de 40% na taxa de juros, o que contribuiu pro fim da febre especulativa. 
Com isso, fazer empréstimos se tornou muito mais caro e, consequentemente, os preços das ações  foram controlados. Mas era tarde demais. .
Após o crash da bolsa, diversos setores  da economia foram gravemente atingidos, em especial o comércio e a manufatura.  Empresas como a Ford entraram em desaceleração e dispensaram trabalhadores,  refletindo num aumento do desemprego. Direta ou indiretamente, vários países, incluindo  o Brasil, sofreram com os efeitos da crise vivida pelos americanos.
No nosso caso, os Estados  Unidos eram o maior comprador de café brasileiro, uma das nossas principais commodities  na época. Daí o episódio em que a gente foi obrigado a queimar café pra tentar  conter uma provável queda nos preços. Os efeitos da Grande Depressão continuaram  aumentando e afetando severamente a economia americana — até em 1933, o governo liderado por  Franklin Delano Roosevelt criou o “New Deal”, um plano que prometia salvar  o país de um grande problema.
A destruição do pós-primeira guerra e a crise  de 29 levaram a um novo posicionamento da ação do Governo na economia. Roosevelt foi  eleito no auge da crise, com o intuito de restaurar a economia norte-americana,  devolver empregos e reduzir a pobreza. O principal objetivo do New Deal era criar  condições para a diminuição do desemprego, através da articulação de investimentos  estatais e privados.
Obviamente a segunda guerra e a ascensão dos Estados Unidos como uma  potência de produção de maquinário e artefatos contribuíram para o crescimento e desenvolvimento  da economia americana. Sem a ajuda essencial dos Estados Unidos os resultados da Segunda  Guerra poderiam ter sido muito diferentes. Uma sucessão de fatos levaram ao que conhecemos  hoje como a grande crise e não existe somente um motivo para a queda, assim como não existe somente  um motivo para o crescimento econômico pós crise.
Ainda no pré-crise, Joe Kennedy, que era um  investidor ávido no período que antecedeu o crash da bolsa em 29, relatou muito bem o  cenário no qual os Estados Unidos se encontravam: ele resolveu vender suas ações quando até mesmo um  garoto que sempre engraxava seus sapatos resolveu lhe dar dicas sobre investimento. Ele conta que percebeu que, quando até mesmo o garoto que cuidava dos seus  sapatos tinha dicas sobre o mercado de ações, o mercado tinha se tornado popular demais  pro seu próprio bem: um sinal nada bom. E ai, o que você achou da história dessa que foi  uma das maiores crises da humanidade?
E, será que vem uma crise ainda maior? Comenta aqui em baixo  e da uma olhada no que o pessoal ta dizendo. Agora se você quiser descobrir como você  pode criar um negócio contando histórias aqui na internet, confere uma aula grátis  no primeiro link da descrição aqui em baixo.
Você sabia que existe uma cidade secreta  dentro de Londres que nem a Rainha Elisabete pode entrar? Pois é, e é exatamente o que  eu te conto nesse video aqui (APONTAR) na tela. Pra assistir é só apertar nele ai na  tela que eu te vejo lá em alguns segundos Por esse video é isso, um  grande abraço e até mais.
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