Unknown

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Video Transcript:
Boa noite a todas Boa noite a todos boa noite a todes sejam todos bem-vindos ao nosso evento em comemoração ao dia nacional do surdo ao Setembro azul que a gente comemora várias datas especiais e importantes né com relação ao surdos tá então sejam todos bem-vindos né inicialmente a gente agradece a todos que estão aqui eh pela participação aqui nessa Live junto com a gente hoje à noite né muito obrigada a todos que estão presentes obrigada a todos que fizeram a inscrição que estão aqui com a gente numa sexta-feira à noite né Eu imagino aí a
semana bem acalorada a semana com bastante afazeres então gratidão desde já a todos que reservaram um tempinho de vocês para estarem aqui conosco tá então eu vou me apresentar tá meu nome é Raquel meu sinal é este na libras na língua de sinais tá então é um prazer estar com vocês aqui eu sou professora de libras e de português como segunda língua para surdos aqui na Universidade Federal dos Vales de Deon em Mucuri no Campus de Diamantina né então para abrilhantar essa noite eh nesse evento nessa Live né a gente vai ter a professora Bárbara
Silveira a professora Bárbara ela é graduada em letras libras pelo Instituto Federal do norte de Minas Gerais a professora Bárbara ela é especialista em Libras pela fav Norte Ela é professora de libras com bastante experiência no ensino de ouvintes e de surdos né Ela é professora de libras no cas de Diamantina e atualmente professora de libras também na Universidade Federal dos ves Detinho e Mucuri aqui em Diamantina professora substituta tá com a gente aí nessa empreitada trabalhando aí aceitou essa Essa nova experiência trabalhando com a gente aí no ensino superior né é uma enorme satisfação
estar aqui apresentando a Bárbara como uma referência da comunidade surda de Diamantina região né A Bárbara é uma uma referência aí para todo mundo né para os surdos na comunidade surda para o povo surdo então uma satisfação imensa ter a Bárbara trabalhando com a gente e ouvir ver a Bárbara contar um pouquinho da história da experiência dela né Eh como surda na sociedade não só de Diamantina mas por onde ela passou né e pensando nisso dessa troca de experiência né dessa dessa contação aí pra gente é que a gente eh trouxe esse tema para vocês
dessa Live de inclusão do surdo na sociedade realidade ou Utopia a inclusão do surdos realmente acontece realmente está mudando com a legislação ou é mentira e aí como é que tá essa inclusão como é que tá essa acessibilidade comunicacional para tanto para que tenhamos então uma noite especial com acessibilidade a gente queria agradecer então o apoio e a parceria da Dead né que tá aí transmitindo pelo canal da Dead né ao vivo para vocês acompanharem a gente gostaria de agradecer o apoio da Dace o apoio das intérpretes de libras das tradutoras intérpretes de libras Josilene
Duarte e Laí que estão aqui né com toda a boa vontade do mundo tá que estão aqui nos ajudando nessa acessibilidade hoje nessa Live então a gente agradece a todos os que estão aqui aos intérpretes de libras aos simpatizantes a causa dos surdos aos alunos aos colegas e a todos que se inscreveram para participar aqui com a gente tá então gratidão a todos a proex também a pró-reitoria de extensão tá eh e a todos que se dispuseram a nos ajudar nesse evento tá gratidão desde sempre tá Por estarem com essa parceria com a gente Então
pessoal vamos receber a Bárbara de toda a nossa alegria de todo o nosso coração lembrando que a gente já parabeniza a todos surdos que estão presentes também por ontem que foi o dia nacional do surdo dia 26 de setembro então parabéns a todos os surdos que estão presentes tá e parabéns a Bárbara novamente Tá bom então a gente vai fazer o seguinte A Bárbara vai contar pra gente um pouquinho dessa história um pouquinho dessa experiência sobre como que é como ela vê como ela percebe como ela sente ela como surda como que ela sente esse
processo né de inclusão do surdo na sociedade realmente tá acontecendo né É uma verdade ou não então a gente vai perceber Então essas essa troca de experiência Tá bom seja bem-vinda Bárbara fique à vontade a palavra é sua E aí depois a gente vai ter um tempinho PR as perguntas tá e as dúvidas aí logo a gente vai colocar mais pro final a o link da lista de frequência tá bom pessoal para que todos consigam depois retirar os certificados de vocês então boa noite a todos Muito obrigada então vamos começar eu quero agradecer a professora
Raquel e a Lene intérprete de libras também a Laí muito obrigada né a toda a equipe pelo convite e por eu estar aqui hoje participando desse [Música] evento e é muito importante né que a universidade possa acompanhar essa Live né boa noite a todos tudo bem com vocês então hoje eu vim aqui primeiro para vou me apresentar né Eh esse é o meu sinal e ele é assim por causa do meu cabelo cacheado né Então ele me representa eu sou uma uma mulher surda e eu eu nossa e eu nasci aqui em Diamantina então Eh
eu vou explicar um pouquinho né como foi a minha experiência com a minha família eu a minha família é ouvinte e eu sou a única [Música] surda então a minha mãe [Música] ela morava na cidade de Planalto de Minas Ela morava lá né e e se casou com meu pai lá e aí ela engravidou e quando ela já tava eh alguns meses de gravidez ela começou a aparecer opções na pele eh parecendo alergia e lá na cidade ela não no Planalto de Minas não tinha hospital e aí a o meu a minha mãe e o
meu pai vieram aqui pra Diamantina né procurando assistência médica né foram no hospital para avaliar o que que era que tava acontecendo e não teve um diagnóstico fechado então eles acharam melhor Ir para Belo Horizonte né procurar um médico foram para hospital em Belo onte para poder ter essa assistência médica e eles foram para Belo Horizonte avaliaram o médico avaliou a minha mãe e descobriu que eh ela estava com rubela que era possível que ela estivesse com rubela e que eh a o filho né que ela tava gestando poderia ter várias deficiência podia ser cega
surda cega deficiência física podia poderia ter autismo várias várias deficiências era possível e o médico lá em em em Belo Horizonte perguntou se ela queria abortar e a minha mãe falou que não era para para deixar que ela queria continuar com a gravidez e o médico falou que tudo bem aí minha mãe voltou né para para paraa cidade de Planalto e quando já estava quase ganhando ela veio pra [Música] Diamantina e o meu pai e aí ela teve o filho dela aqui em Diamantina né e a a o meu meu meu pai tava bem Ansioso
né E todos viram que a criança nasceu normal saúde tava saudável não tinha nada e ficaram bem aliviados e tranquilos com a situação né e aí o tempo foi passando né a criança foi crescendo e quando tinha um ano de idade a minha mãe Eh me chamava né Bárbara Bárbara e me chamava e eu não escutava e eu tinha uma irmã mais nova né que era ouvinte E aí a minha mãe ficava comparando né como que era eh o desenvolvimento das duas e percebeu que tinha uma diferença e aqui em Diamantina não tinha fonodiólogo não
tinha e equipamentos para fazer esses testes de audiometria E aí a minha mãe resolveu ir para BH novamente e o médico para que o médico pudesse fazer uma avaliação E aí foi detectado que eu era surda e aí até isso tudo bem né E aí eh ficou pensando como que poderia ser feita a partir de agora e o médico informou que era importante frequentar fonodiólogo né particular e a minha mãe aceitou voltou para a Diamantina depois foi para Planalto de Minas novamente e ficou preoc com essa questão da acessibilidade da assistência médica né para mim
E aí voltou pra Diamantina e quando eu tinha um ano eu e eu precisava ir né frequentar e fonodiólogo em Belo Horizonte e isso durou mais ou menos até 5 anos de idade ia sempre frequentemente fazer esse tratamento com fonodiólogo e eh Comecei a usar o aparelho auditivo mas eu não me sentia muito bem e aí eu parei de usar o aparelho auditivo né e com 6 anos eu comecei a frequentar escola né a escola eh Belita da Meirão uma escola da prefeitura municipal aqui de Diamantina escola infantil e eu fui junto com a minha
irmã que ela tinha 5 anos e eu tinha seis e aí a gente foi estudar juntas E era uma escola de ouvintes né escola inclusiva né onde eu eu pude estudar nessa sala inclusiva e eu fui estudar né Eh eu fui percebendo as crianças se comunicando eh com a boca né Falando Em Línguas orais e tudo bem mas eu não entendia muito bem o que que tava acontecendo e eh a professora começou a contar uma historinha da Chapeuzinho Vermelho mostrara os livrinhos a gente sentava em em círculo e eh as crianças Riam né e a
professora me mostrou o livrinho e eu fui vendo essa esse livrinho de tava com o texto escrito a historinha escrita em língua portuguesa e eu não entendia muito bem o contexto mas continuei ali e a professora continuou contar a historinha um dia né Eh a gente tava brincando normalmente e tinha grupinhos né de de criança e aí depois eh eu era pequena não entendia so inclusão e eu e eu e tinha uma sala era uma uma escola inclusiva né só que eu não entendia muito bem Como que isso acontecia quando eu fiz 7 anos eu
fui fui para outra escola né pra escola especial era para fazer eh acompanhamento com fonodiólogo isso aí eu tinha 7 anos de idade E aí Eu frequentei a escola especial não era todo dia era mais ou menos na quarta-feira né no meio turno e eu ia sempre né Eh fazer esse esse treinamento com fonodiólogo e eu não sabia né como que era eh isso né E que era próprio paraos né e e depois né quando eu tinha de sete para 8 anos mais ou menos oito oito para nove na verdade eh o que que aconteceu
a minha familha ela frequentava a Igreja Católica né é o meu avô minha tia eh sempre ia na igreja católica né e eu acompanhava e quando terminava né a missa eh íamos todos né e tinha uma mulher que que amiga da família né que me cumprimentava assim com falando bom dia com língua língua de sinais e aí eu vi eu lembro eu lembro bem disso né ela ela sinalizava para mim e eu não entendia muito bem o que que era esse é o sinal dela ela é a Bernadete e ela falou sobre isso né contou
paraa minha família eh sobre a língua de sinais né aí tá depois eu fui embora e de mais ou menos depois quando eu tinha 8 anos né Eu fui para a a a Bernadete foi na minha casa né e eu não sabia quem que era e a minha mãe foi junto sentou junto com comigo e com ela e ela começou a se comunicar comigo né me falou boa noite e começou a se comunicar com as com as mãos e a minha mãe me mostrava né ela se comunicando só que eu não entendia ainda o que
que tava acontecendo E aí elas se elas ficaram conversando né E aí um dia a minha família eh me chamou né para ir para ir lá na igreja né eu fui com com eles lá na igreja na igreja Batista e eh eu fui lá e tinha pessoas surdas sentadas lá na igreja que eu não conhecia né todo mundo com a família eu sentei Fiquei assistindo e tinha uma aula de livras ensinando sinais básicos e eu fiquei vendo aquilo né achando diferente e essa pessoa ensinando o alfabeto eh manual né começou por aí e e eu
não entendia ainda o que que era isso aí um dia eu voltei fiquei pensando sobre isso né e no outro dia que eu fui lá na igreja batista né outra vez para aprender a el ela me mostrou um livro eu vi esse livro e eu vi que tava com a configuração de mão do da do alfabeto manual desenhado e eu vi que tava fazendo ela tava fazendo igual aí depois eu vi um sinal de casa desenhado nesse caderno e eu vi que ela tava fazendo esses sinais e eu vi também o desenho né e eu
entendi o significado E aí que eu comecei a entender o que que tava acontecendo e eu comecei a aprender com esse livro A língua de sinais com as aulas né Isso foi mais ou menos 8 anos de idade e tinha várias pessoas lá juntas né crianças que for a gente foi para uma escola inclusiva uma escola estadual Mata Machado que era uma escola inclusiva também e eu comecei aí nessa escola e a minha irmã ela sempre estudou junto comigo né e ela tava junto comigo lá eh eh a maioria das pessoas eram ouvintes se comunicava
em línguas orais e não tinha libras lá dentro da escola e eu fiquei sem entender né porque eu eu sabia eu já tinha começado a ver a língua de sinais no no no no livro né E tinha e a a professora eh me elogiava porque a minha letra era muito bonita eh Ela viu o meu caderno né e ficava elogiando e eu não entendia muito bem só só só só ia pra professora e eu não entendia a significado das palavras eu só copiava o que eu via não Não tinha eh eu eu não conseguia entender
e compreender de verdade o que que tava acontecendo Eu só copiava e copiava muito bem né E a minha irmã sentava junto comigo me ajudava E eu aí um dia tudo mudou a minha irmã não estudou mais comigo ela foi para uma outra turma e eu ela foi para ela passou né para uma uma outra série eu continuei na primeira e ela foi pra segunda e eu continuei estudando só que sem ela dessa vez né e eu sentei lá na minha na minha sala numa aula de de eh para ouvintes né a professora falava uma
língua oral mas eu tava ali na sala mais ou menos com de 8 para 9 anos anos né aí olha só o que que aconteceu no intervalo né da da aula Bateu o sinal e as Crianças foram né pro intervalo né pra parte de baixo lá da escola e eu sozinha né Eh lanchei normal tava lá convivendo com as crianças normalmente E aí a professora uma professora chamou todo mundo né e a gente sentou em círculo pra gente fazer uma bricar né fazer uma dinâmica E aí a professora eh pediu atenção de todos né e
eu fiquei sem entender muito bem mas eu tava ali junto com as crianças e aí a professora começou a brincar de telefone sem fio e a e foi falando né a a a mensagem ali foi passando de criança para criança e quando chegou em mim né eu fiquei sem entender porque Como assim passei direto né porque não não passa não teve como passar por mim porque e eles não se importaram Eles simplesmente passaram direto né me desconsiderando ali na filinha na no círculo de crianças e aí depois né fez de novo pela segunda vez foi
passando a mensagem foi passando foi passando e aí a a criança ficou sem saber o que que ia fazer comigo e aí chamou a professora né e me chamou para sentar lá no outro lugar sozinha me tirando desse círculo de amigos né dessa dessa dinâmica e todo mundo feliz brincando e pediu que eu ficasse lá separada né e deu me deu um um uma atividade Zinha para eu ficar fazendo separada e eu fiquei me sentindo muito sozinha com isso eu percebi que nesse momento que eu era diferente e eu me senti muito mal com essa
situação né mas era a professora que fez isso tudo bem né Eu só aceitei E aí no outro dia aconteceu novamente né era uma festa que tava acontecendo e olha só o que que aconteceu eh eu já contei né isso que aconteceu antes né E aí depois eh eu eu lembro que que na escola especial né tinha eu frequentava lá e tinha e uma pessoa surda que eu não conhecia né mas eu sabia que ela era surda Mas eu só havia né mas eu nunca tinha conversado assim muito bem com ela aí um dia né
Essa eh nessa mesma escola inclusiva né eu vi essa pessoa nessa escola e reconhe lá da escola na escola especial da fonodiólogo E aí as crianças el foi uma festa de família né onde que tinha muitas crianças lá muitas pessoas e tinha uma uma uma pessoa surda tinha filas né de pessoas e uma pessoa surta Né tava lá também e foi passando um papel para todo mundo passou para para para mim e para várias eh crianças e começaram a cantar o coral um coral de música que começou a se apresentar né eu fui vendo essas
pessoas né e eu não tava entendendo eu tava com a partitura a música ali na na frente mas eu não tava eh eh compreendendo aí eu vi aí eu comecei a olhar para essa minha colega surda né que tinha dado início a estudos lá na minha mesa escola a gente se olhava olhava pro papel olhava pras pessoas e pensava ali né como como é isso né ficava imaginando sobre essa diferença de ser né de ser surdo as outras pessoas ouvintes como que é isso Ah eu será que eu sou louca Será que eu não sou
Qual que é a diferença de verdade fiquei bem confusa com isso E aí ao terminar a apresentação as pessoas aplaudiram foi uma alegria eu permaneci com o meu papel calada após a apresentação né passado algum uns dias eu tinha 9 anos [Música] e a minha mãe falou comigo olha essa questão de escola inclusiva não não não tá dando muito certo eu vou te mudar de escola e e eu não entendi muito bem perguntei para ela onde que era ela falou ah Aguarda um pouco vou te mostrar foi junto comigo e e e ia todos os
dias falou que ia todos os dias comigo para para pra nova escola e nessa escola que é a escola especial tinha uma nessa escola tinha uma sala especial com pessoas com mais pessoas surdas presentes conversando com as mãos conversando em língua de sinais eu sentei calada fiquei observando o que tava acontecendo e comecei a ver né do igual igual as pessoas ali que se assemelhavam comigo mas não entendia como era aquilo como como era aquela forma de comunicar Mas me senti bem naquele lugar tinha algumas delas que eu conhecia outras não aos poucos comecei a
fazer troca com elas afinal de contas conversar com as mãos tá dentro da naturalidade da pessoa surda o meu pensamento nesse nessa época era o seguinte lá na escola inclusiva a professora ela ela não tinha uma experiência de de vida uma uma relação que pudesse lidar comigo de maneira de maneira adequada e já nesse outro espaço sim nesse outro espaço eh havia o reconhecimento da língua de sinais no entanto dentro da sala de aula dessa escola dentro dessa sala especial vinha também professoras ouvintes que davam a aula em português e escrevendo tentavam se comunicar Algumas
conseguiam outras não eh eu lembro de un uns três quatro professores dessa escola alguns falavam alguns entravam falavam só em português outros tentavam se comunicar com o passar dos dias e essas tentativas desses professores de se comunicar ã eu tive esse contato de de de com o aprendizado da língua de sinais junto com a pessoa surda o o diretor observando aquilo eh existia né uma proibição do uso da língua de sinais naquele momento a não era autorizado utilizar tinha que se aprender a ler e a escrever então a oralização era obrigatória então o diretor chegou
e deu Essa ordem pra gente pra turma né pros professores e aí essa turma foi fechada a gente usava ali né da do alfabeto manual e tentava aprender oralizar com o passar do tempo né eu continuei estudando lá naquele espaço continuei frequentando a fonodiólogo sendo oralizada [Música] Hã mas ainda não existia um pensamento abstrato do entendimento do que que significa palavra o que que é a palavra o que que é o termo Então você havia uma repetição mas uma repetição falha de falta de entendimento mesmo do do do que que significa aquilo enquanto conceito era
só uma cópia então por exemplo a bola O que que significa bola O que que significa o conceito bola isso isso não existia dentro do meu do meu pensar e nessa sala nesse nesse processo de escola Foi algo demorado o meu aprendizado Foi algo demorado mas essa né permaneci ali junto com essa turma e com o passar tempo com o passar dos anos fui aos poucos né adquirindo conhecimento aprendendo alguns sinais começando a compreender sobre significados no entanto eh a escola especial ela não tinha uma qualidade de ensino Para para que eu pudesse compreender e
ganhar eh habilidade influência na língua de sinais infelizmente não não existia né não existia um professor apto um professor surdo que pudesse realmente ensinar e trazer fluência pros alunos ali presentes Inclusive eu não existia essa pessoa não existia uma estratégia Isso é um problema isso era um problema bom os anos foram passando E à medida que eu fui crescendo e refletindo sobre a minha história né Assim isso sempre me gerou Muita ansiedade eu já no quarto ano né concluindo ali o quto ano feliz por isso eu pensei que talvez aquele espaço não fosse o Melhor
Para Mim comecei a idealizar que mudar de escola seria o melhor caminho então eu passei a frequentar né bom pensava o seguinte tô me formando aqui no quto ano e perguntei pra minha mãe mãe no no quinto ano na quinta série né na quinta série minha ela não tinha feito a minha matrícula ainda né aí a minha mãe falou não vou vou vou com você vou te matricular não preocupa não eh combinei com a minha mãe eu queria muito dar início aos estudos na quinta série lá na escola normal Fui com ela eu junto com
a minha mãe lá na secretaria da escola e minha mãe perguntou pra secretária Olha é o seguinte aqui na escola tem minha filha é surda e eu quero matricular ela aqui na escola a secretária respondeu aqui não não tem que não tem inclusão não aí a minha mãe como é que é que não tem inclusão a secretária respondeu não a gente não não tem eh alunos deficientes aqui na escola você tem certeza disso né questionou pra secretária e a secretária afirmou que não só que tinha um papel a fixado lá na escola com a lei
de inclusão dizendo que era direito dizendo dessas coisas né de que era direito de que de que tinha que ter a vaga E aí a minha mãe foi most secretária Olha tá fixado aqui ó você chama seu superior por favor que que eu quero conversar com ele a mulher foi localizou lá o superior e a minha mãe conversou com ele ó minha filha aqui minha filha é surda e tão dizendo que não tem vaga mas olha aqui a Leia fixada na parede Cadê a vaga dela aí o diretor né o responsável lá falou não vai
dar assim tem a gente esquece Às vezes tem certas coisas e deu aquelas desculpas e organizou e e fez a minha minha matrícula resolveu que tinha que ser resolvido em relação a isso e eu fiquei muito curiosa com o que tava acontecendo perguntei pra minha mãe o que que tava acontecendo ela me mandando esperar que depois ela me explicaria fez a minha matrícula E eu insisti em perguntar paraa minha mãe para entender e ela não não se preocupa não já fiz sua inscrição e eu aí eu perguntava para ela eu tô na quinta série e
tal e ela afirmou que sim e eu me lembro disso né eu me lembro dessa história da dessa falta de inclusão sendo dita como uma verdade né no momento em que minha mãe né Pode me contar essa história assim isso isso me trouxe uma clareza muito grande daquilo que eu tinha visto ao começar a frequentar a quinta série era uma escola com muitos ouvintes e tinham em torno de cinco surdos lá naquela escola E aí eu os encontrava né Eh procurava para ver se tinha o nome do pessoal que eu conhecia e a gente começou
a identificar isso né qual que era o nome de cada um E qual sala que tava eh começou a sentar junto na mesma sala éramos cinco na mesma sala e começamos a bater papo saia junto se sentava junto a professora de inglês um dia chegou e eu observei aquilo falei nossa Vocês estão entendendo o que que ela tá falando perguntei pros meus colegas e todo mundo igual a mim olhando para aquilo sem entender nada do que tava sendo dito né oralizado Essa professora foi embora e entrou a professora de história também falando e eu com
os meus colegas surdos Vocês estão entendendo não tem língua de sinais como é que como é que é isso vai ser oralizada a aula e a gente se observando na sala né Isso me trouxe Memórias da minha vivência anterior na escola inclusiva quando eu era pequena lembra que eu contei a mesma situação Professor entrando e falando e da situação da sala especial em que eu estudei Aquilo me trouxe essa memória assim de modo comparativo me trouxe esse gatilho afetivo essa barreira sempre me acompanha na vida acabou a aula de história e foi uma semana duas
entrava um professor e outro todos falando em português e uma dificuldade imensa da a nossa parte em compreender né na verdade não existia compreensão e a gente sem sem entender como como que seria isso E aí eu falei com a minha mãe olha mãe você disse você como é que você você resolveu isso aí a professora ela não não utiliza língua de sinais eu não tô compreendendo a aula eu vou perder nas provas eu vou perder nos exames eu tô com medo disso é só eu e mais somos só cinco surdos e aí isso tá
igual o que acontece comigo na escola especial eu vou crescer vai ser a vida inteira assim isso é muito sofrimento isso é muito triste e a minha mãe não calma filha você você é capaz você é inteligente eu vou te te dar o suporte que precisa tá vai fica tranquila me dê uma força para eu continuar eu acolhi aquilo e permaneci na escola a minha mãe enquanto isso começou a conversar com outras pessoas na Superintendência Regional de ensino para para tentar resolver a situação e nós surdos eh esperando eh o objetivo era ter intérprete né
E aí chegou uma pessoa enquanto a outra falava essa pessoa ela não dava conta de fazer a tradução era como se ela fizesse sinal palavra tinha uma pausa ali e eu insistindo para tentar compreender eu eu era oralizada e tava curiosa eu era criança eu queria aprender mas existia ali uma limitação daquele profissional a metodologia naquele momento era diferente naquele momento só né naquela época o papel do professor o papel das pessoas envolvidas o papel da própria sala de aula inclusiva era outro então a gente precisa compreender isso né que que a conjuntura era outra
a gente né Tava sempre ali em diálogo né tentando compreender aquele aquela situação não existia não existia o profissional intérprete tradutor de libras naquele momento pedagogo bilíngue não existia o curso de letras libras naquele momento isso Não era uma realidade tinha a lei a lei já existia essa lei né é de 2002 mas não existia os profissionais né Isso foi um passo a passo mesmo os cursos foram surgindo com o passar dos anos né foi uma conquista que se deu ano a ano então as barreiras enfrentadas por nos surdos vem ao longo desses anos às
ve a gente pensa que a inclusão Ah o ouvinte at o aluno ouv junto com aluno surdo já é suficiente não mesmo né Não mesmo isso isso é só um detalhe mesmo que haja um interesse por parte dos colegas não não adianta não é só est presente todo mundo ainda que tem um suporte um apoio um coleguismo isso é muito pouco perto do todo né da necessidade de ter funcionários de ter diretor de ter outros profissionais que se comuniquem E no caso não existia o que existia el era uma barreira comunicacional alguns tentavam escrevendo mostrando
pra gente Papel com português e eu fui aprendendo aquilo com mu ade era o recurso que tinha a gente não é visto né como surdo e com a nossa língua Isso é uma barreira com passados anos né fui crescendo eh quinta série sexta série sétima oitava e eu né permaneci estudando ali com alguns surtos mas os colegas surtos come começar abandonar os motivos com seus motivos né respectivos motivos e tal eu permaneci estudando [Música] ahã não permanecia os profissionais que eles tentavam né colocar nas salas para acompanhar que tinha ali algum conhecimento de libras né
o que veio a ser depois o intérprete de libras oficialmente faltava informação né os próprios professores tinham seus limites de comunicação E aí nesse contexto eu acabei reprovando ali na s8ª série isso me gerou uma angústia uma sensação uma frustração muito grande e aí eu pensei que que talvez fosse fosse necessário mudar de escola e foi quando eu me mudei paraa escola mand cararu latim intérprete de libras então né olhando né Relembrando aqui primeiro segundo ano do ensino médio eu fui para Belo Horizonte estudei lá aprendi muitas muitas coisas Fiz alguns cursos básicos de libras
particulares estudei bastante [Música] retornei pra Diamantina Depois dessa vivência e no terceiro ano do ensino médio na escola já com a presença de do intérprete eh teve um convite né foi feito um convite perguntando quem tinha interesse em participar de um curso de teatro que ia ter inscrições e deu os detalhes do curso e eu falei ah tem interesse nisso daí hein fiquei com vontade fui atrás né do do das informações que foram dadas sozinha já já tinha essa autonomia nessa época Me inscrevi falei ó sou surda eles disseram não não tem problema aceitaram a
minha inscrição e eu fui lá participar desse desse primeiro dessa primeira reunião do grupo de teado aí avisei pra mulher né que eu era surda aí ela ó não sabia me pediu desculpas por isso usou também o recurso da escrita eh usei um pouquinho ele de gestos para me comunicar com [Música] ela a gente foi criando estratégias para se comunicar e eu fui observando as pessoas interagindo ali naquela aula e aí né não confirmei se era isso mesmo se eu poderia realmente participar E aí me chamaram para para minha vez paraa minha participação E aí
não não era em língua de sinais a minha participação né É uma aula de teatro eu fiz fiz mímicas fiz gestos atuei né de alguma maneira E aí nessa nesse curso né com o passar dos dias desse curso eles avisaram que [Música] que que a l que tinha uma lista oficial dos selecionados para compor o grupo né E aí o meu grupo e meu nome tava lá nessa lista dos selecionados e eu não acreditei que eu tinha passado que eu tinha sido aprovada fiquei lisongeada com com isso muito feliz ai passei a saber onde que
ia ser onde que iam acontecer os encontros realmente não não acreditei sendo surda Ser aprovada né num processo seletivo para compor o grupo lá e muito feliz comecei a frequentar o grupo de teatro era aos sábados os colegas eram ouvintes a professora de teatro mediava ali as informações em português eu relembrava ela sempre Ó sou surda não tô entendendo tudo ela não vai vai acompanhando vai dar certo incentivava pessoal me aplaudia e nem sempre eu compreendia aquilo às vezes eram dados textos né paraa gente poder estudar e apresentar e me faltava né o a compreensão
e às vezes por vezes Tinha encontro nos fins de semana durante o dia inteiro e aí eh eu tava ali naquele espaço e procurei uma intérprete de libras para fazer parte comigo né né cheguei cheguei para um profissional que eu conhecia e falei ó tem tem um curso que eu tô fazendo eu tô precisando de um intérprete de libras e aí chamei essa pessoa para participar comigo e ela me respondeu que não iria porque não era o perfil profissional dela e porque é da área artística e E aí ela me disse né Essa essa intérprete
de libras me disse que que ela era da área educacional que ela não não era o perfil dela na á na área artística né já já existia nessa época como a gente entende hoje a diferença das áreas jurídicas artística Educacional e mas eu permaneci lá no grupo de teatro mesmo sem o intérprete de livas fui também seguindo outros caminhos outros cursos de Libras a soci edade ela tem muita barreira de inclusão não é fácil pra gente um dia né Eu fui no hospital eu tava me sentindo com dores né e tudo e eu fui lá
eh me tentar me comunicar eu sentei né na sala de espera aí todo mundo foi entrando né e eu fiquei lá esperando avisei que eu era sua e eu percebi que por tinha a senha né Ia Chamando por senha e aí as pessoas iam entrando né sozinhas elas não precisava de ninguém chamar e e eu não sabia disso né achei que iam me chamar e eu percebi essa falta de acessibilidade dentro do hospital né isso aconteceu comigo eh também né Eh na prefeitura né cheguei lá para para para resolver uma a coisa e pediram que
eu sentasse e Esperasse e eu fiquei assim angustiada com essa falta de acessibilidade com as barreiras que existiam nesses ambientes né parecia uma falta de respeito né Eu acho importante ter acessibilidade na prefeitura né e também uma vez né uma amiga minha combinou comigo de num num na numa na casa dela né que era longe e eu fiquei pensando de de e de mototaxi né e mandei o aplic eh uma mensagem né eh e aí me respondeu rápido chegou rápido eu fui de mototaxi Aí uma outra vez eh que eu fui em outro local eu
chamei o mototaxi né mandei a mensagem e demorou me responder ficou demorando muito tempo e aí eu mandei para uma outra pessoa né para um outro mototaxi tentei para três mototaxi e ninguém me respondia e aí eu fui pedi a minha irmã para ligar né para poder chamar o mototaxi para mim e e falar né e conversou e na hora na hora foi a minha mã minha irmã ligar na hora conseguiu o mototax E aí eu percebi como que era diferente né que para ouvinte era super fácil e as coisas e eu tava com aquela
dificuldade que eu sentia que faltou respeito comigo né são Barreiras que eu fico refletindo né e eu pago normalmente igual qualquer outra pessoa igual os ouvintes né eu deveria ter o direito igual a todos mas isso é um problema não existe esse direito igual para todos eu fico refletindo muito sobre isso essas questões que acontecem comigo né em vários ambientes E aí teve uma outra situação também naonde num restaurante né eu fui encontrar com os suos no restaurante nós sentamos né o garçom veio servir pra gente e não tinha comunicação né ele até tentou fazer
gestos né eu aí eu falei qual qual serveja que eu queria de 600 ml Ele me trouxe uma menor né Por quê pela falta de comunicação né eu fiquei pensando sobre Essas barreiras que a gente tem em vários ambientes né são reflexões Será né que que existe essa essa inclusão de verdade né Essa acessibilidade uma vez também né Eh no [Música] tablet que tem o cardápio né e e a gente escolhe Ali pela aquele aquela tecnologia né fui passando Fi selecionando que eu queria esperei o Gar chegar aí trouxe e foi perfeito eu acho eu
me senti super satisfeita com essa possibilidade né fiquei super tranquilo a gente conseguiu fazer os nossos pedidos de forma independente e eu acho que os lugares poderiam eh usar essas essa essa técnica né vários lugares está respeitando a nossa Nossa [Música] acessibilidade que são eh locais né que que que percebe a diferença das culturas né que conhece sabe eh uma cidade turística né tinha que pensar em todas essas estratégias né que tem pessoas de culturas e experiências diversas e eu acho que falta muito acessibilidade em vários ambientes eu sinto isso no mercado no museu né
E falta acessibilidade em shows alguns tá começando até agora né mas ainda falta muito a inclusão ela ela é para todos mas só na lei né porque a verdade é que a gente fica eh prejudicado porque a gente não encontra essa sensibilidade de verdade e aí a gente fica né refletindo sobre essas questões então tem muitas coisas né muitas coisas Muitas histórias que já aconteceram comigo eh e eu eu acho que os ouvintes eles não percebem eh essas questões que são próprias da comunidade surda eu acho que que não tem essa sensação né de de
reconhecimento de de perceber o que é importante para a gente essa sensibilidade das pessoas com a nossa causa né E aí eh foram foram muitas lutas né minha experiência foi muito muitas lutas que eu passei muita dificuldade né e eu tô lembrando aqui também de uma vez né na escola inclusiv eh que eu passei por muitas dificuldades muitas barreiras a contratação de intérprete que faltava tinha que lutar e por isso né E quando eu fui fazer o Enem né fui fazer o vestibular a primeira vez eu não consegui a segunda vez eu não consegui a
terceira vez eu não consegui a quarta eu não consegui e na quinta vez né que eu fui tentar o vestibular eu eu eu tentei a passar né fazer a prova de redação para eh estudar na Unopar E aí um dia me me disseram que eu passei que eu consegui fui aprovada e que eu poderia estudar fazer faculdade né eu fiz a minha matrícula eu informei que eu precisava de intérprete para estar presente na aula né que era uma uma questão legal né era um direito meu e aí eu fui toda feliz paraa sala de aula
né A primeira vez mas eu fiquei pensando que aqui seria diferente nesse espaço de ensino superior normalmente sentei na sala de aula como todas as pessoas e eu vi que a a videoaula né Tem tinha uma videoaula e tinha a janelinha do intérprete falei assim Ah bacana só que a janelinha era bem pequenininha Já começou o problema por aí e eu via né aquela janelinha super pequena difícil de compreender né E aí teve um dia que nem tinha que teve problema na tecnologia e e nem teve O Interprete E aí eu questionei né Com tutor
falei como que eu vou fazer eh sem possibilidade em Libras que era era um problema aí eles ela me falou que era um problema da tecnologia que era para eu ler o conteúdo né E se comunicando em línguas orais né E eu chamei o o o supervisor né o diretor lá né e eles falaram que ia procurar resolver a questão passou um mês e nada dois meses e nada TRS meses e nada e já estava chegando o dia da prova e eu falei como que eu vou fazer uma prova eu vou ficar super prejudicada eu
não tive o o aprendizado e o conhecimento com as outras pessoas e aí eu fui procurar um intérprete voluntário para me ajudar nessa acessibilidade dentro do ensino superior que era meu direito aí a gente foi falando né que é da importância de ter o intérprete para poder eh aprender e estar ali inserido naquele espaço Educacional foi muito difícil né e o tempo foi passando eu fiquei super angustiada não me sentia segura e eu queria fazer o curso de pedagogia né mas eu ficava pensando né dessa de todos esses problemas que aconteceram e eu me interessei
em fazer o curso aqui na universidade na ufvjm né que que eu eu eu pensei que aqui é uma universidade federal né uma universidade grande que eu teria o meu direito garantido fiz inscrição eh vim com o intérprete voluntário conversei na secretaria e Eh tava tudo certo né que eu poderia estudar aqui fazer o curso de pedagogia aqui aí aí ele me falaram que eu tinha o direito de ter intérprete né e eu eu fiquei até tranquila com isso aliviada né aí quando chegou o dia né de de aula entrei dentro da sala de aula
sala de ouvintes né no auditório o professor falando em língua portuguesa e não tinha um intérprete e eu fiquei Relembrando toda a minha história a minha trajetória né eu respirei fundo e fiquei pensando Fiquei vendo aquela situação gente como que pode falaram comigo que eu ia ter o intérprete né eu não tenho nenhum tipo de segurança eh de de D da da minha acessibilidade do meu direito Garantido e passou um mês 2 M três meses e nada e aí eu chamei um intérprete voluntário para me comunicar né e eu fui no nas que era o
núcleo de acessibilidade que era responsável pela inclusão né da Universidade fui até o nas conversei né cheguei lá conversei e me apresentei enquanto aluna sudda e ela falou que sabia né que que que eu tava ali presente a gente conversou e eu perguntei não vai ter intérprete E aí eles pediram para eu esperar porque não tavam conseguindo eh porque era e só que eu falei gente mas eu tô eu já tô em aula tô tô já tô tendo prejuízo como é que eu vou fazer aí eles falaram que ia tentar resolver né eles falaram que
já sabia de tudo que eu eu eu expliquei sobre a legislação e tudo os artigos tudo tudo que meer Antia né na nas questões legais e demorou demorou muito tempo para para conseguir resolver né já tinha passado um mês de novo dessa conversa eu voltei lá e novamente falou que era para eu esperar que eles iam resolver essa questão né e eu falei assim não eu vou no Ministério Público Eu vou denunciar isso no Ministério Público porque não tem como eu eu eu eu precisava do meu direito garantido dentro da universidade e aí eu eu
contei né de tudo que estava acontecendo que já tinha acontecido várias vezes e e a gente tinha que resolver essa situação que eu decidi ir no Ministério Público eu achava que isso era era importante eu fiz toda a documentação e eu já tava quase indo lá aí eu resolvi avisar que eu tava indo no Ministério Público E aí Pediram para eu esperar um pouquinho e me marcar uma reunião aí eu avisei que eu ia no ministério público né E eles pediram uma reunião para conversar comigo e falaram né que que que tava difícil de resolver
a minha situação mas que precisava sim de ter o intérprete na universidade né E eles organizaram lá o o processo né para poder ter só que passou ainda muito tempo e aí depois conseguiram cont atar um intérprete mas era um intérprete contratado no início foi foi uma contratação né e com passado do tempo eu me senti mais satisfeita mas eh eu percebia que o quê que os professores davam muitas atividades era muito pesado as aulas né eu entendia né o contexto a situação tinha muitos textos para ler né muita muitas eh livros né Foi bem
desafiador e não tinha dois intérpretes também para fazer interpretação em Sal em sala de aula né E aí chamou uma intérprete voluntária para para poder fazer eh esse esse revezamento né só que não é a mesma coisa precisa de um profissional né com perfil profissional e que saiba língua de sinais suficiente que consegue lidar com o conteúdo que entende a identidade e a cultura surda que tem a esse esse direito linguístico que vai me proporcionar esse direito linguístico que vai me garantir isso e eu só que a a pessoa que foi lá era sabia uma
libras muito básica né E era um quebra galho mesmo ali né só que aqui dentro da Universidade no nível superior né um a a a em outro lugar tudo bem a gente até entende ter um um um intérprete eh com nível básico mas aqui dentro da Universidade eu acho que não tava certo acho que falta informação as pessoas precisam entender a complexidade das coisas né eu eu entendo né que nas necessidades tinha que que passar por isso só que eu fico muito preocupada com a minha vida com o meu futuro n com a qualidade do
meu ensino Eu vou ser um profissional ruim eu não quero isso eu não quero isso para mim né todas as pessoas estão tendo o ensino de qualidade tão estão se desenvolvendo e tendo sucesso e eu né como é que como é que eu fico nessa situação isso não é justo né Eu acho que isso isso não tá certo e aí né a que teria vestibular de letras libras aqui em Minas Gerais né E aí eu vi essa divulgação e me interessei muito e eu decidi fazer a inscrição né eu fiz a inscrição fiz todos os
procedimentos né e eu e era um curso de licenciatura em letras libras e eu me identifiquei totalmente com aquele curso né e ele ia estudar justamente o a minha a minha língua a história dos surdos a educação dos surdos eu me interessei e optei por fazer esse curso e aí né eu percebi que o caminho da inclusão ela é é muito diferente né os conteúdos né É tudo tudo é muito diferente Parece um universo paralelo e eu decidi fazer o letras libras no Polo de tamariba e eu fui eh frequentar né era lá era o
if de montes clavos e tinha um polo em TAM marandiba e eu i frequentava as aulas né E lá tinha pessoas surdas juntas com ouvintes também né e a gente interagia e tudo mas as aulas eram em Libras né E aí eu sentia que eu estava no ambiente correto né que eu tava no curso de formação que eh que eu precisava que eu ia aprender de verdade e eu fiquei muito satisfeita com essa escolha que eu fiz que é a minha língua né a língua de sinais a língua brasileira de sinais que eu tava ali
estudando e aí só para vocês perceberem essas diferenças né ess nesses nesses ambientes e eu fiquei pensando muito sobre isso né sobre a inclusão né que tem várias questões que me me remetem a minha história coisas mostra muito uma uma inclusão ótima que tem acessibilidade mas a verdade não é essa não é essa a gente a gente não vê eh essa inclusão acontecer de verdade as pessoas com deficiências várias deficiências elas não têm acessibilidade né isso isso tá muito separado tá muito diverso sabe eu sei que tem eh problemas né que ASO tem várias questões
diferenciadas mas eh o que a gente vê de verdade é uma lei que não funciona na realidade né E aí tem detalhes de cada situação né que que são muito diferentes né e a cultura surda ela não não não consegue estar ali eh incluída existe uma especificidade da cultura surda e da libras que não que não é a mesma das de outras deficiências sensoriais e físicas esse grupo ele precisa de um de um outro tipo de especificação em suas conquistas né para suas estratégias de comunicação nos ambientes né na rua nos ambientes que são frequentados
eh a compreensão de qual que é o papel do tradutor intérprete de libras o profissionalismo eh da escola inclusiva Qual que é o papel desse profissional não é o mesmo em todos os espaços você pensa atualmente né quinto ao nono ano o ensino médio nesse espaço existe um papel do profissional intérprete de libras já para crianças surdas Qual que é a reflexão que fica é necessário intérprete seria o caso de ter um professor de libras o objetivo é o outro né não combina pensar algo adaptado né existe ali uma necessidade de ensino da língua como
primeira língua para criança surda para que ela eh adquira afluência na sua língua adquira uma língua e tenha e tenha solidez nessa língua paraa sua compreensão de mundo então cada espaço cada grupo cada idade tem sua especificidade e necessidade profissional bom é um tema extremamente extenso né a gente vem observando aí que falta a acessibilidade é um um um lugar de de falta ainda tem a lei 10.000 [Música] 90 10.098 que já tá aí a muitos anos e atualmente a gente pensa assim ai já já desiste a inclusão já tá aí pronto Brasil tem de
verdade não tem são poucos os espaços que realmente ofertam são pouquíssimas cidades que conseguem ofertar a acessibilidade linguística o o grupo de deficientes não não não permanece abandonado é uma luta contínua né que nós deficientes físicos sensoriais temos para sermos vistos e reconhecidos na sociedade infelizmente isso acontece não só paraos surdos né como eu disse mas para outros grupos também é muito importante que profissionais tradutores interpretes libras tenham infuência competência no seu papel profissional faça uma autoanálise profissional adquiram qualidade profissional não basta só entender e gostar da pessoa surda não é uma mediação simples precisa
precisa ter compreensão desse profissionalismo da importância disso o professor bilingue né que é outro outro antigamente isso não existia essa profissão não existia e hoje em dia a gente fala sobre ela né ou letras libras vem aí através né do tanto do seu bacharelado como da licenciatura capacitando profissionais hoje em dia tem antigamente não tinha essa essa formação então a gente vê que vem surgindo profissões aí correlatas com as nossas necessidades eh bom falei bastante e eu queria dizer é um pouco disso assim é um pouco da minha vida eu sou surda na minha relação
com os ouvintes na sociedade a gente vê que que existe sempre uma uma ideação de que de incapacidade por parte do surdo isso não é realidade o surdo Ele tem sua própria vida sua própria língua é um ser humano que tá aí tá presente e que é é ser humano como como os ouvintes estamos aí em par de de de Equidade e falei bastante vim aqui hoje para conversar com vocês esse tema que me é muito caro né nesse contexto aí do Setembro azul e nesse momento agora é um momento um momento muito relevante em
que eu pessoa surda não quero eh tratar com de forma individual o meu eu na sociedade eu quero que a gente eh reflita sobre esse esse nós na sociedade né eu hoje eu não não não não posso insistir nessa reflexão única a gente vive agora um mês que é o Setembro que é forte na nossa identidade e cultura que é o Setembro azul que rememora toda a história de luta do Povo surdo da nossa vida do ser surdo da dos enfrentamentos das reivindicações do mostrar paraa sociedade né da da tentativa de sermos vistos e reconhecidos
então né o tema dessa essa palestra de pensar o Setembro azul é isso é rememorar isso lá em outros países na Alemanha por exemplo as pessoas ã por exemplo né quando houve um movimento contra o Hitler [Música] hum entendendo né que o Hitler é quando quando o hitle entendia que o grupo de deficientes deveria ser exterminado eh a gente olha para essa história e ver a importância de uma reflexão sobre o que que é o ser surdo e as mudanças que que vem ocorrendo né lá na Alemanha Eles colocaram ti eh fitas azuis nos braços
dos surdos para identificar no braço das pessoas deficientes para identificar eh para que elas fossem exterminadas Essa foi a estratégia do Hitler na Alemanha para exterminar esses grupos E aí daí vem essa representatividade que a gente usa aqui da cor azul as pessoas eram colocadas na câmara de gás para serem exterminadas naquele contexto do holocausto na Alemanha ficavam sem ar e morriam eram exterminadas o objetivo eraa que deixasse de existir pessoas surdas e isso é muito sério é É uma história muito pesada próprio de de outros países Assim muitos fugiram né com medo com receio
era um contexto de guerra era um contexto um histórico muito pesado a gente a gente reconhece essa conjuntura mas é preciso né compreender que o o PED LED que é o que que foi um homem surdo que viveu naquela época ele ele fez um doutorado uma pesquisa ele o PED LED foi um pesquisador que né passado um tempo ele ele retomou essa história e fez uma pesquisa sobre esse tema e e identificou [Música] essa essa imposição né do do do esse ouvintismo ele recolheu esses dados né e fez essa retomada histórica e isso traz traz
uma força pro movimento surdo Esse reconhecimento da história do Povo surdo de entender que infelizmente aconteceu mas que a a gente não pode esquecer a gente precisa relembrar que isso aconteceu para que que a luta permaneça forte e sólida e assim eh que a gente nunca deixe de de levantar a nossa bandeira de luta pelo povo surdo Então a gente tem aí o dia nacional do surdo que é comemorado eh ontem né a gente já celebrou o dia do surdo Dia Nacional do surdo e mas não basta só desejar Ai que alegria feliz da do
surdo é importante a gente refletir e compreender o porquê da existência de um da criação de um dia de uma celebração de uma data celebrativa né que nela que nela contém cultura linguística língua né a própria língua de sinais e que essa é a nossa força essa é a nossa solidez para permanecer na luta essa é a nossa bandeira a comunidade surda do mundo inteiro agradece quando quando é reconhecida e respeitada muito obrigada pela presença de todos vocês é isso que eu tinha para dizer espero que tenham gostado que carinho Cadê Meninas vou aguardar vocês
abrirem a câmera isso então que carinho que eu não sei nem o que nem nem que palavras né nesse momento né gratidão gratidão gratidão gratidão Bárbara por ter eh compartilhado sua vida sua história né com a gente De Tantas lutas de tantas Barreiras né e ainda assim não desistiu tá aqui com certeza rumo a um mestrado rumo a um doutorado né isso daí a gente com certeza tem como como base né Essa sua luta e eh repassar compartilhar essa sua experiência de vida é maravilhoso porque ao mesmo tempo em que algumas pessoas sofrem com você
outras te tem como exemplo como uma referência né Foi o que eu falei no início aqui de de quando eu comecei você é uma referência tá pro povo surdo você é uma referência pra comunidade surda Você é uma referência de luta e de resistência né E é assim que a gente tem que continuar né tirar eh as pedras doam caminho e continuar a caminhar né então gratidão assim por ter compartilhado um pedacinho de você com a gente né a gente tem visto aqui no chat desde o início eh muitas discussões tá sua mãe está presente
aqui com a gente e aí assim as discussões estão muito emotivas né ela ela falando um pouquinho da experiência dela com você de ter sido a primeira intérprete sua dentro da Universidade ela foi voluntariamente interpretar para você né não tinha acessibilidade e ela se dispôs E aí a gente vê a importância do apoio da família né que nunca te abandonou que sempre esteve com você né em todos os momentos e a gente vê vários depoimentos aqui é professora Rosana frz surda também de Montes Claros e o sinal dela é esse e o sinal da Rosana
E aí ela né dando depoimentos também da dificuldade das experiências que ela teve né como como surda hoje mestre em em Literatura né ela fez seu mestrado em em em Literatura surda com o professor Márcio Jean que hoje é nosso professor aqui da UFV JN então assim a gente tem várias possibilidades a Gabriela lelli também intérprete de libros da ufvjm várias pessoas dando depoimentos né Eh falando que eh a sua história de vida serve de exemplo para várias outras pessoas né e além de surdos ouvintes também que às vezes estão nesse caminho e que querem
prosseguir não sabe por onde E aí encontram às vezes eh essas pessoas começam a encontrar força vem seu exemplo E você também demonstra essa força para elas tá eu queria ver eh a gente ainda não tem perguntas aqui né mas aí eu tenho uma pergunta para você a gente não tem eh nenhuma pergunta aqui no momento no chat mas aí eu tenho uma pergunta para você eh como que você tem percebido ao longo do tempo eh esse processo de inclusão de acessibilidade comunicacional pro surdo tem melhorado né com essas políticas com essas leis né Essas
leis elas estão aí mas tem melhorado a acessibilidade pro surdo na sociedade é uma pergunta muito interessante a gente avaliar se a cidade é boa de qualidade é preciso Um olhar mais amplo com relação aos lugares onde onde tá acontecendo e como né então não é só opinar em relação ao que tá na lei ou não é preciso que os debates permaneçam né com relação ao conteúdo que estão aí nos documentos e que a gente participe a gente participe desse conteúdo então a gente pensa aí a presença do intérprete do tradutor intérprete de Libras a
importância disso no espaço no hospital importância de teresse profissional esse hospital então acaba que que ainda é um sonho né que tenha esse profissional então assim por exemplo estratégias que seriam possíveis de de reunir o grupo de enfermeiras de um hospital e dar cursos oferecer cursos E aí ela começa a compreender e e e adquirir estratégias para poder se comunicar então assim não não não é só ficar eh focado no profissional tradutor interprete de libras como como recurso como estratégia o papel dele é mediador mas a comunicação né cursos básicos de libras pros grupos das
pessoas envolvidas nos Espaços que a gente frequenta essa aquisição da possibilidade de comunicação é muito importante então uma enfermeira que no tratamento ele junto ao seu paciente conserve desenvolver né uma forma de comunicar né ela vai adquirindo ali uma experiência no seu dia a dia eh ela tem o seu conhecimento da sua profissão e aprende a língua de sinais isso cria uma riqueza muito grande no trato com paciente Eh vamos pensar que um outro espaço um restaurante por exemplo né as pessoas ah eu quero um intérprete de libras eu preciso de um curso específico para
com foco nesse espaço bom a gente vê que o curso de libras é é é algo possível para que a pessoa que trabalha nesse espaço também eh se relacione e consiga comunicar a pessoa que fica no caixa do restaurante por exemplo então Eh esse reconhecimento mais amplo dos espaços é muito importante então é isso isso né assim gratidão novamente né Por por estar conosco e estamos a passos de formiguinha de tartaruga muito vagarosamente né mas conseguiremos sim chegar a uma inclusão de Fato né o nosso desejo eh Pera aí só um minutinho porque os surdos
que estão participando estão perguntando cadê a câmera do intérprete quanto eu falo pode até me tirar Pode me tirar e colocar as meninas ou então eu vou sinalizar para mim tranquilo posso sinalizar Então pode Ah então tá bom eu vou sinalizar então Em respeito aos surdos que estão perguntando Cadê o intérprete de libras que não tá aparecendo Tá bom então agradeço muitíssimo né vou vou repetir aqui agradeço reiteradamente aí a Bárbara que compartilhou né a vida dela parte né do seu percurso da sua história das suas vivências negativas como que foram elas suas dificuldades e
também nos nos mostrando né exemplos de como como vem ocorrendo essa acessibilidade na sociedade seus anseios pelo futuro e como que tem sido né passo de formiguinha mesmo para que a gente conquiste eh conquiste tenha novas conquistas né mas a gente reconhece que no histórico de lutas já conseguimos muitas coisas mas atualmente Ainda tem muito Para para lutar eh tem a legislação já mas falta uma implementação de fato dessa legislação né E quais seriam possibilidades né para cobrar que essa legislação ocorra né quem são as pessoas que devem ser procuradas para isso tem que começar
por nós mesmos né isso envolve surdos isso envolve ouvintes é uma luta de todos é uma luta diária então é necessário que a cobrança ela seja contínua né Por exemplo pela presença do intérprete para que tenha essa cessibilidade e na ausência dela tentar compreender o por que não tem né dizendo que que falta ali a comunicação na ausência dessa desse profissional é dar cara tapapa mesmo nessa luta é necessário compor essa luta a gente vive hoje aí um momento muito relevante né dentro da universidade e na cidade Diamantina e região porque o nós temos aí
né a Bárbara que é uma referência aqui na cidade uma referência pro povo surdo ela tá aí hoje se apresentando pra gente né apresentando sua história apresentando sobre o ser surdo então mais uma vez né Muito obrigada vocês obrigada E as intérpretes também pela presença muito obgada mesmo a Bárbara a equipe da Dead Muitíssimo obrigada a Muitíssimo obrigada a todas as pessoas que que fizeram essas trocas aí que participaram da organização desse momento então agradeço muito boa noite né para cada pessoa aqui presente que sou obrigada por por por estarem presentes aqui na Live eh
São muitos os assuntos que nós temos né para tratar Mas é isso estão liberado se a Bárbara quiser dizer mais alguma coisa para finalizar então muito obrigada Eu agradeço muito a todos vocês que assistiram a esse momento a essa Live e agradeço muito também a ao convite que me foi feito e toda a equipe e é muito importante né que vocês percebam né tudo isso que eu falei né E quando vocês se encontrarem com uma pessoa surda seja um vizinho ou tem uma pessoa na família eu encontro com uma pessoa surda na rua por exemplo
né que por exemplo pode estudar junto né Qualquer contexto da sociedade né que vocês conheçam essas pessoas né e e lembrem né de toda toda que que essas pessoas tiveram experiências e ter contato com essas pessoas é muito importante Tá bom então agora eu só tenho a agradecer a todos aqui a equipe da ufvjm a a da Diretoria de acessibilidade a proesc também eu agradeço [Música] muito ao pessoal da da tecnologia né da Dead aí que ajudou nessa na transmissão Boa noite a todos bom descanso para vocês muitas bênçãos e luz muita paz para todos
vocês tchauzinho um abraço ciao
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