Por que não conseguimos aprender matemática? Especialista comenta avaliação internacional

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TV Unicamp
Estudantes brasileiros de 15 anos de idade, avaliados pelo Pisa (sigla em inglês para Programa Inter...
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[Música] o programa Analisa de hoje discute a formação e o conhecimento dos professores de matemática estudantes brasileiros de 15 anos de idade avaliados pelo pisa o programa internacional de avaliação de alunos não conseguiram resolver questões básicas de matemática questões muito simples 73% registraram baixo desempenho na disciplina E o pior é que isso não é nenhuma novidade nós conversamos aqui no estúdio com o professor Miguel Ribeiro da faculdade de educação da Unicamp coordenador do ciesp Mat o grupo de pesquisa e formação de conhecimento interpretativo especializado do professor de matemática esse grupo existe desde 2017 e é
praticamente o único no Brasil que estuda o conhecimento do professor eu sou Patrícia lauret JN na lista da secretaria executiva de comunicação da Unicamp e Este programa tem direção de imagem de João Ricardo boi Professor muito bem-vindo obrigada pela sua participação aqui bom eu disse ali na abertura né que a gente vai mal em matemática isso não é nenhuma novidade né esses resultados recentes do Pisa Como que o grupo de pesquisa o grupo de pesquisa de vocês avalia ora Boa tarde Patrícia Obrigado em primeiro lugar pelo pelo convite para poder estar aqui a falar desse
tema tão importante que é o ensino da matemática e as dificuldades que os alunos têm a matemática e que essas dificuldades já vou falar um pouco sobre isso mas essas dificuldades estão muito a pesquisa mostra que estão muito baseadas sustentam-se nas próprias dificuldades que nós enquanto professores temos a a matemática Portanto o pisa o resultado do Pisa foi menos bom eu não gosto de chamar Ma foi menos bom mas eu acho que já era um pouco esperado eu confesso que pessoalmente Estava à espera que até fosse até pior porque não só pela pandemia eh mas
pelo pela falta de investimento efetivamente na formação de professores que nós temos que nós temos assistido Tem havido muito gasto de dinheiro mas pouco investimento em na formação de professores H Portanto o que nós o grupo que nós o que nós fazemos essencialmente é considerando que o conhecimento do professor é dentre os fatores que são controláveis aquele que mais impacta nos resultados dos alunos a nossa preocupação é que conhecimento é esse que nós enquanto professores necessitamos de ter para desenvolver uma prática diferente daquela que foi a que nós tivemos enquanto enquanto alunos porque uma expressão
que eu costumo usar é fazer o mesmo e esperar resultados diferentes não é científico e portanto se eu quero resultados melhores eu tenho que fazer diferente daquilo que que tem sido feito portanto a nossa o nosso foco de preocupação é o conhecimento do professor conhecimento matemático e conhecimento pedagógico que vai ajudar o professor efetivamente a desenvolver uma prática que é ou que venha a ser pedagogicamente emocionante portanto em que os alunos efetivamente gostam de matemática mas que seja essencialmente matematicamente inovadora em que os alunos efetivamente para além de gostarem vão entender o que o que
estão a fazer e vão desenvolver essas formas mas de pensar matematicamente que que os vão ajudar a entender a matemática ao longo do tempo não compartimentada como nós com nós próprios qualquer um de nós ou pelo menos a maioria de nós aprendeu primeiro faz isto depois faz isto depois faz isto e estuda para a prova e acabou e mas efetivamente entender as conexões entre as diferentes temas e tópicos matemáticos e de modo a fazer esse diferente de modo que os resultados possam depois ser diferentes formação do professor conhecimento do professor são coisas diferentes é formação
para desenvolver o conhecimento portanto nós podemos pensar na formação em dois contextos tanto na formação Inicial quanto na formação contínua eh a formação Inicial sabe--se que tem pouco Impacto efetivamente na mudança da da forma de entender o que é a prática do professor porque são é são poucas horas de de discussão e no contexto brasileiro se pensarmos na formação inicial dos pedagogos tem muitas horas de tudo e poucas horas da prática do professor ou seja tem poucas horas de matemática poucas horas de língua portuguesa de história e geografia de ciências poucas horas das áreas curriculares
que que os os futuros professores vão ter que que abordar e se pensarmos no ensino da panto no na licenciatura da Matemática tem muitas horas de matemática que é comum a todas as profissões que usam a matemática e tem pouca discussão da matemática que é específica que é esse conhecimento especializado que é específica da prática profissional do do professor para ensinar matemática eo Depois tem impactos na na forma como os os futuros professores quando vão para a prática eh vão implementar efetivamente as as suas aulas e por isso se nós queremos mudança efetivamente temos que
pensar no papel da formação continuada mas para pensar no no papel da formação contínua de professores há que pensar que nós temos que formar professores não tem formar pessoas que vão usar os recursos sem saber a matemática que vão discutir ou pessoas que vão abordar as formas de trabalho dos alunos trabalho em grupo ou sala de aula invertida mas que efetivamente a discussão matemática depois fica na mesma o centro da discussão matemática é o mesmo que é o professor dá a regra e e os alunos copiam ou resolvem um conjunto de de exercícios portanto aí
tem que haver uma mudança efetivamente na formação de professores para passar a formar professores de modo que o o próprio Professor entenda o que faz e porque faz para que possa depois passar aos seus alunos esse gosto e esse prazer por aprender os professores não entendem o que eles ensinam tipicamente nós sabemos fazer nós enquanto professores sabemos fazer porque foi assim que nós fomos ensinados e e mas quando nós colocamos no contexto da formação e desenhamos formação para formar para que a forma possibilite desenvolver o conhecimento do professor e se nós colocamos e propostas de
tarefas que são diferentes de resolva os professores têm dificuldade efetivamente em em em olhar para essas tarefas de uma forma diferente e essas dificuldades são naturais porque vem do todos os contextos culturais e das experiências anteriores e portanto se nós queremos que os professores não só saibam resolver mas efetivamente entendam como as coisas estão conectadas necessitam de Formação matemática e pedagógica que permita essa discussão articulada porque se eu não entendo se eu não sei de onde as coisas vêm eu não consigo explicar aos meus alunos e de forma a que os alunos entendam porque eu
não consigo explicar uma coisa que eu não que eu próprio não entendo e portanto essa mudança na forma de entender a a prática e a formação do professor leva Ou tem que passar a levar e que a prática do professor possibilite que os alunos efetivamente possam entender para que os resultados não só no pisa porque o pisa é um é uma prova internacional que que é vamos aproveitar e explicar um pouquinho o que que é o pisa não porque o pisa é uma prova internacional que compara muitas vezes coisas que são que não são comparáveis
eh porque não não não leva em consideração as especificidades dos países as especificidades dos contextos e considera todos que todos estão ao mesmo nível que tem todos têm as mesmas oportunidades e isso nós sabemos que isso não é não é verdade eh e portanto eh é algo que é bom e que é mau é mau porque leva a que quem é menos informado quem não tem essa até pode ser bem intencionado mas que não tenha e o background que a pesquisa especializada nos traz leva a fazer comparações que não se nós só podemos comparar o
que é comparável e só comparar os resultados não é eh sem se comparar os resultados sem comparar o que tem sido feito para que esses resultados ocorram eh é algo que vai enzar as as discussões mas também nos serve para quem desenha à políticas públicas possa se for efetivamente eh beber dos resultados que a pesquisa eh que foca as aprendizagens dos alunos os conhecimentos do professor e o conhecimento dos alunos eh se essa se o desenho dessas políticas públicas tiver essa essas essa fonte de de de ideia eh efetivamente pode levar a pensar que o
que é que se tem que fazer diferente para que os resultados dos alunos possam melhorar e pode aproveitar e o que tem sido feito noutros países efetivamente as mudanças que que foram efetuadas há 3 5 7 10 anos atrás noutros países para que os resultados hoje sejam efetivamente bastante melhores do que eram há 10 anos atrás uma coisa que você disse é que No Brasil existe uma prática de que por exemplo Ah eu passei pelos anos iniciais então eu sei eh aprendi ali essa matemática né E isso eu posso então dar saber um pouquinho mais
e dar aula de matemática da mesma forma passei pelo ensino médio enfim fundamental dois e e isso é uma prática que ocorre no Brasil e que vai se perpetuando e que não é um não é uma boa prática né é os os fos professores hoje eu sou professor na faculdade educação e dou na dou disciplinas tanto na na licenciatura para pedagogia como na licenciatura para matemática eh pensamos no caso dos futuros professores da pedagogia que são professores que vão ser professores de educação infantil e dos e dos anos iniciais Quem são e e na Unicamp
é presencial portanto No resto do ano 99 98% da formação no Brasil é online portanto é que é toda uma outra toda uma outra Disc outra questão outro problema néant tipicamente Quem são os futuros professores são alunos que fizeram toda a sua formação que muito uma uma pequena porcentagem gosta de matemática portanto fizeram formação e foram para pedagogia porque gostam de crianças mas que não gostam de matemática e muitos dizem explicitamente que eu só quero ser professor de Educação Infantil como se na educação infantil não houvesse essa matemática não precisasse aprofundar não prec como se
fosse brincar com as crianças Eu costumo dizer que para brincar com as crianças eu não preciso de formação de professores eu sei que é um pouco drástico mas eu só preciso de cuidadores Se for para cuidar eu preciso cuidador não é preciso um investimento na formação de professores enquanto se nós entendermos que é na educação infantil e por isso a educação infantil obrigatória é na educação infantil que tem que ser começadas a as discussões intencionais da matemática que vai e sustentar depois o entendimento formal nos anos iniciais e e por aí por aí adiante portanto
que nós uma das discussões que nós fazemos é brincar com a intencionalidade matemática na educação infantil e que podia ser brincar com intencionalidade de ciências ou de história ou de geografia que é por um lado aproveitar o que as crianças já fazem para para o professor ter um conhecimento lhe permita fazer boas perguntas para que porque já sabe o professor já conhece o que é que vai ser discutido depois nos anos iniciais ou portanto por um lado é brincar aproveitar esse brincar livre da das Crianças mas também propor brincadeiras intencionais para desenvolver algumas das ideias
centrais que as crianças necessitam de ir desenvolvendo para depois Quando chegarem aos anos iniciais não terem dificuldade na contagem nas operações nas frações que é um dos grandes problemas dos alunos em todos os lugares e portanto essa os nossos futuros professores tipicamente são os que os que não gostam de gostam de crianças e não gostam de matemática mas os futuros professores os professores que estão atualmente na na prática e portanto daí a importância depois da formação contínua que que possa desenvolver esse conhecimento especializado para que o professor possa ele próprio Como comentei há pouco gostar
dessa matemática para desenvolver essas práticas emocionantes porque ele próprio gosta e gosta só gosta se entende acho que estamos todos de acordo que se eu não entendo uma coisa eu não vou gostar dessa coisa eh e para que essas discussões para além dos das dos alunos e das as crianças gostarem porque os alunos e as Crianças hoje gostam Ah eu gostei muito da aula de matemática mas quando nós perguntamos O que é que aprenderam aprenderam a jogar aprenderam a brincar com o recurso perguntamos e de Matemática O que é que aprenderam não conseguem verbalizar não
conseguem dizer portanto isso váo para as crianças de educação infantil e dos anos iniciais porque o principal O que é o principal no aprendizado da da Matemática é entender que a matemática é uma linguagem é o principal da do aprendizado da Matemática tem que ser a matemática não pode ser o brincar não pode ser o recurso portanto H se nós pensarmos Eu quero aprender inglês Será que se eu se eu numa aula de inglês der aos meus alunos um conjunto de recursos para eles brincarem eles vão aprender inglês ou vão aprender os recursos eu chutaria
e chutaria porque a pesquisa mostra que eles vão aprender os recursos vão aprender a manusear os recursos não necessariamente vão aprender o inglês portanto e Na matemática passa-se o mesmo portanto se eu entender Qual é a estrutura da matemática e a estrutura da Matemática é diferente da estrutura do inglês é diferente da estrutura do português mas é uma estrutura que permite que se eu entender a estrutura vai permitir navegar pelo pelos Mares da do entendimento de modo a efetivamente desenvolver uma forma de pensar matematicamente e se eu consigo desenvolver uma forma de pensar matematicamente não
não vai acontecer o problema de mudam os números ou mudam as letras e os alunos já não sabem resolver Porque se mudar os números Se eu entender a estrutura eu consigo e pensar de que forma é que essas mudanças o o que se mantém e o que altera vai impactar depois no no resultado nos resultados que eu vou obter portanto a grande essência é e não é só na matemática para a vida uma uma das grandes dificuldades e nós vimos Temos visto recentemente uma das grandes dificuldades na na formação cidadã é a questão do pensar
de ter ser um indivíduo que efetivamente consegue pensar por si mesmo e se eu conseguir e a matemática assum o papel essencial que é pensar matematicamente porque se eu penso matematicamente eu vou conseguir entender a estrutura e não só a estrutura matemática mas a estrutura do contexto Em que em que vivemos portanto na Essência acaba por ser uma uma linguagem efetivamente mas não é há muo ou melhor há muita discussão da linguagem matemática das das diferentes linguagens matemáticas acho que o foco tem que ser entender a estrutura da linguagem para que nós possamos falar matematicamente
e isso é que isso é o difícil não tanto a questão da H pegando no exemplo do inglês não não tanto a questão da conjugação verbal da conjugação dos verbos da da estrutura correta mas no início o primeiro momento é que nós nos consigamos comunicar e depois logo vamos refinando essa esse entendimento da da língua então na matemática é o mesmo temos que nos conseguir comunicar o aluno tem que conseguir comunicar com o professor e o professor com o aluno e e e depois logo se vai refinando essa essa comunicação ou seja esse problema que
você relatou dos anos iniciais é gravíssimo porque é no justamente aí né nesses anos iniciais Onde estão os professores que eh você colocou que muitas vezes não gostam da Matemática é que tá o problema quer dizer o início dessa jornada né é eu costumo eu comecei pelos anos iniciais mas podia ter começado no outro extremo dos anos finais ou do ensino médio eh eu há muita muito Muitas muita gente apresenta o argumento de eh que os professores dos anos iniciais não sabem matemática e eu disse aqui que o normalmente quem vai para os anos iniciais
é porque não gosta de matemática mas Se nós formos para o outro extremo quem está no nos anos finais ou do ensino médio que fez licenciatura em matemática sabe matemática mas não tem um conhecimento que vá além desse saber fazer e portanto qualquer um dos dois extremos o problema existe são problemas diferentes mas se nós queremos melhorar os as aprendizagens os resultados dos alunos como consequência das da melhoria das aprendizagens nós temos que atacar os dois o problema nos dois extremos por se nós vamos para para para quem fez a licenciatura ou quem faz a
licenciatura que eu é o meu caso eu fiz a licenciatura e eu estou aqui hoje na Unicamp para trabalhar na área da formação de professores porque eu trabalhei num num programa de Formação contínua em Portugal em 2005 que começou em 2005 um programa nacional de formação de de professores e eu ia às escolas e já com parte do trabalho que fazia na universidade eu ia às escolas e apesar de estar a fazer mestrado em matemática estar a terminar um mestrado já ir fazer o doutorado em matemática eu não entendia o que as crianças da Educação
Infantil queriam dizer e não era um problema de falta de conhecimento matemático era um problema de conseguir colocar-me no lugar que hoje nós chamamos de conhecimento interpretativo portanto de conseguirme colocar-me no lugar do outro para eu entender o que o ponto de vista do outro o conhecimento que o outro tem para eu dar significado à matemática que estava ali e também não é portanto eu estou no Voltei para os anos iniciais já vou para os anos finais e também na educação nos anos iniciais e na educação infantil também não é baixar ao nível do aluno
porque se eu baixo ao nível do aluno normalmente é entendido como vou simplificar e eu só só posso simplificar a linguagem a matemática tem que ser a mesma porque o que é um triângulo nos anos iniciais tem que ser um triângulo na educação infantil e tem que ser um triângulo no ensino médio voltando para para o ensino médio portanto os nós como professores do ensino médio terminamos a licenciatura e achamos que sabemos muita matemática porque nós sabemos fazer aquelas coisas todas das das disciplinas da matemática que todos nós temos e que são as mesmas em
todo o mundo mas nós não temos um conhecimento efetivamente que nos permita olhar para os conteúdos que temos que discutir com os alunos e atribuir significado a esses a esses conteúdos falta uma discussão matemática que articule essa matemática avançada com a prática do do professor há quem discuta que há quem defenda que na formação de professores não é preciso essa matemática avançada basta discutir a matemática da que os professores vão ensinar eu pessoalmente acho que não acho que é preciso efetivamente essa matemática avançada porque nos ajuda a entender a estrutura da matemática mas é necessário
uma mudança de foco de a formação matemática do um professor tem que ser diferente da formação matemática do Engenheiro tem que ser diferente a formação matemática de um economista e se nós vamos aqui na Unicamp o IMEC presta serviço para as diferentes disciplinas às diferentes áreas de que tem a matemática as a discussão não pode ser a mesma enquanto isso não mudar na formação Inicial e p o exemplo aqui da Unicamp porque é o que está próximo mas em todas quase todas as outras universidades no contexto brasileiro é assim se nós não efetivamente não considerarmos
que ser professores é uma prof que necessita de um de uma formação específica e portanto a álgebra para o professor é diferente de álgebra para o engenheiro análise para o professor é diferente de análise para o engenheiro que são práticas profissionais diferentes as coisas não não vão mudar parece então parece que a gente tá tão atrasado nessa discussão quer dizer você tava dizendo que essa essa essa discussão da especificidade né do conhecimento do professor que é uma coisa que vocês fazem nesse grupo nesse grupo de pesquisa eh já é uma discussão que que houve em
outros países há muito tempo e e agora ela tá sendo feita no Brasil quer dizer existe existe eh eh repercussão dessas discussões essas discussões elas estão sendo feitas ou ainda muito pouco dentro da academia dentro da universidade é Tem havido muita aqui no contexto brasileiro há muita pesquisa que tem sido desenvolvida e a Unicamp é conhe a nível Nacional pela pela qualidade da pesquisa que faz e mas há muita pesquisa que é desenvolvida no âmbito da educação e educação é uma coisa e formação de propessoas é outra e aqui no contexto brasileiro o que eu
sinto é que tão que se considera que as duas coisas são a mesma e portanto e por isso o argumento sempre que eu uso de Temos que passar temos que fazer formação de professores para passar a formar professores para nos atentarmos a essas especificidades da prática profissional do professor eh nós nós trabalhamos o conhecimento especializado do professor e o conhecimento interpretativo do professor que são duas ideias diferentes mas complementares portanto que quando Nós pensamos no conhecimento interpretativo do professor é essa ideia que vai da minha experiência como eu comentei há pouco da minha experiência de
não entender o que o outro dizia e que é uma abordagem que não é só para a matemática é se eu se eu me conseguir se eu conseguir que na formação e dos dos alunos eles se passem a colocar no lugar do outro nós efetivamente estamos a fazer uma formação pessoal social e humana que vai efetivamente impactar na na qualidade de vida de todos nós e E se eu professor me conseguir colocar no lugar do outro em termos matemáticos eu vou conseguir ter como ponto de partida o que o aluno conhece e como conhece e
para que efetivamente todos tenham o direito de chegar ao nível mais elevado de de conhecimento independentemente do lugar de partida que do conhecimento que que tem quando focamos no conhecimento H especializado eh encaramos de forma eh articulada tanto o conhecimento matemático quanto o conhecimento pedagógico eh que é uma coisa bastante diferente do que é comum aqui no na formação no contexto brasileiro aqui na forma nas formações mais de larga escala que são feitas essencialmente por ONGs ou empresas privadas portanto esse também é uma crítica que eu passo bastante que o o poder público não olha
para as Universidades públicas como uma fonte de informação para as políticas públicas acaba por H dar privilegiar outras entidades que não as as entidades públicas eh portanto uma das dessa discussão que nós fazemos de articular o conhecimento matemático e o conhecimento pedagógico assume uma perspectiva bastante diferente do que tem sido feito porque nós consideramos que ao contrário do do usual conhecimento pedagógico não se ensina porque se eu ensino conhecimento pedagógico eu estou a ensinar algo que os professores não vão ensinar aos alunos os professores são professores de matemática eu faço a discussão no conhecimento especializado
matemático especializado do professor e o conhecimento pedagógico vai ser vivenciado no contexto da formação eu não vou ensinar o professor a usar determinado recurso o professor vai usar determinado recurso para discutir a matemática que os alun que os seus alunos têm o direito de entender para que o próprio Professor possa entender como a potencialidade ou limitação desse desse recurso ou dos exemplos que que fornece ou das do tipo de discussão que que vai ser que vai fazer essa discussão é bastante recente desde 2000 e começou em 2008 com o trabalho da da do de um
grupo da dos Estados Unidos da Débora Ball eh e eu a conceitualização que nós consideramos é de 2013 2014 e a referência mais forte é 2018 e que eu tive a sorte ou o azar ou o percurso de vida de fazer parte da do grupo que efetivamente conceitualizar essa conceitualização e mas já em 2004 2005 portanto não tem que ser com essa conceitualização é uma mudança da forma de entender o que é formar professores e o que é a prática do professor porque eu comentei há pouco em 2005 2004 2005 eh eu trabalhava numa universidade
pública em em Portugal e nós e houve um programa de Formação contínua que e e a partir daí os resultados do PIS efetivamente eh mudaram porque mudou a formação contínua e mudou a formação Inicial na simultaneamente na formação contínua nós tínhamos o desenho de tarefas para a sala de aula a implementação das eh das tarefas e a discussão matemática das tarefas com outra conceitualização teórica mas eh é sempre era a última que se conhecia eh e na formação Inicial mudou o facto de as 3600 horas que que os os fos professores tinham foram divididas igualmente
pelas áreas de conhecimento portanto 360 horas para matemática 360 horas para para língua portuguesa 360 horas para Ciências da Natureza eh deixou de ser a a prevalência do geral e passou a ser igualitário todas a formação de professor porque o professor quando quando vai para a sala de aa é professor dessas áreas de conhecimento não é professor de recursos nem de abordagens pedagógicas Gerais Professor O pisa revela uma desigualdade entre o ensino público e o ensino privado no Brasil né os alunos das redes privadas de ensino é que são 13,3 por dos alunos avaliados eles
ficaram com uma média global de 456 pontos que é próximo à nota de corte norte-americana enquanto os alunos das redes estaduais que são 2 ter dos Estudantes eles têm nota entre 360 pontos eh isso revela que são dois dois brasis bom o Brasil como um país Continental já só olhando para as são diversos paraos alunos para os alunos do público são são bastante diversos até pelas políticas públicas que os diferentes estados têm têm implementado mas há claramente uma diferença entre a escola pública e a escola privada no no contexto brasileiro h eu costumo dizer que
essa diferença essencialmente não é na questão da formação dos professores nem é na questão da prática do professor independentemente se usam material de determinada empresa ou não portanto a diferença é é essencialmente em termos do acompanhamento porque na escola pública na escola privada não falta professores Os alunos não estão uma semana sem professores na escola pública aqui em Campinas há vários casos de e só ficando aqui no na cidade de Campinas há vários casos turmas que têm uma duas TR semanas sem sem professor e obviamente que isso vai impactar na nas discussões os alunos da
Escola privada o professor tem que garantir que cobre toda a matéria na escola pública os alunos aqui agora a semana passada tiveram os alunos do primeiro ano tiveram prova eh que vai contar depois para para o acesso ao ensino superior e Há muitas escolas em que a matemática os professores não cobriram a matéria que tinha que que tinha que cobrir claro que eu tou a falar aqui em cobrir a matéria como se tivesse que correr para dar a a matéria toda porque esse é o contexto que nós temos não é o que eu defendo mas
é o contexto que nós temos que o professor tem que cobrir toda toda a matéria portanto eh e outra questão é a questão social obviamente porque a diferença entre 360 pontos dos 2/3 dos alunos da escola pública ouos 456 da da escola privada também vem das das experiências sociais que que os alunos têm Portanto o que nós temos que pensar também claro que h a formação do professor importa muito a prática matemática do professor importa muito mas também temos que pensar na na no tipo de oportunidades que nós damos aos nossos alunos da escola pública
porque o ponto de partida é muito são muito diferentes mas nós temos que garantir que todos chegam no mesmo lugar que os 456 pontos não é uma boa pontuação quem acha que há os alunos da Escola privada Estão melhores Ok Estão melhores mas não estão bem essa média norte-americana aqui também não é muito boa então também não é também não é muito boa Portanto o que nós temos que pensar é qual o que é que nós temos que fazer para que todos os alunos melhorem a sua aprendizagem matemática porque muitos se fala de Ah temos
que melhorar a escola pública Mas isso é discriminar porque se eu digo que tem que melhorar a escola pública não estou preocupado com os outros eu digo temos que melhorar a aprendizagem da Matemática de todos porque todos têm o direito de aprender mais e melhor matemática porque se nós focarmos só numa numa numa dimensão os da escola privada nós vemos agora no exemplo no contexto do novo ensino médio os da escola privada fazem o que se faz na escola pública mas depois complementam com aulas de matemática com aulas de filosofia com aulas todas as outras
coisas que foram retiradas aos alunos da da escola pública e portanto é esse acompanhamento que faz a diferença entre o aluno da da pública e o aluno da da privada então professor para finalizar e assim de uma forma bem eh bem eh objetiva eh Quais são as políticas que tem que ser tem que ser implementadas o que que precisa ser feito para que o Brasil melhore essas posições eh no pisa e principalmente que melhore o aprendizado da Matemática bom dizer qual é quais são as políticas É sempre difícil porque tem ser um conjunto de de
abordagens tem que ser um conjunto de abordagens porque só uma coisa isolada não não funciona mas há elementos que a pesquisa nos mostra e pesquisa que está preocupada com as aprendizagens dos alunos com os resultados dos alunos com a prática matemática do professor com o conhecimento do professor portanto há pesquisas que nos mostram efetivamente que há elementos que são centrais serem discutidos na formação de professores para que os professores possam transformar a sua prática e que essa transformação da prática vai ajudar os alunos a entender porque como eu disse há há há pouco várias vezes
até os alunos vão entender porque o professor vai vai passar a entender portanto se eu pensar numa num conjunto de políticas públicas da necessidade de mudar as políticas públicas ou de implementar algumas políticas públicas para a formação de professores é muito mais fácil atualmente mudar a formação contínua do que a formação Inicial por um mo conjunto de motivos históricos portanto para a formação contínua de professores é importante é é fundamental considerar quem os professores que fazem pedagogia que educação infantil e anos iniciais T que ter uma formação específica de matemática que não são não podem
ser formações Gerais generalistas de recursos de abordagens pedagógicas de tecnologia sem a essa discussão matemática eh tem que tem que haver uma política pública de transição entre a educação infantil e os anos iniciais porque o brincar na educação infantil se não houver esse se não houver um brincar com intencionalidade matemática na educação infantil os alunos quando chegam aos anos iniciais o choque é demasiado Grande grande porque é outra realidade e tanto Tem que haver essa essa preocupação para que a a transição dessas contextos não Não mude as as realidades dos alunos e o mesmo depois
do do 5to para o sexto ano acontece a mesma a mesma discussão e para os para os anos finais e ensino médio pensando na na formação contínua também é importante que os professores tenham experiências de preparar tarefas para a sala de aula discutir a matemática que os que os alunos têm o direito de entender eh e e fazer fazer discussões de implementar as tarefas para na sala de aula e trazer para a formação efetivamente para haver essa retroalimentação para que o feedback que os professores recebem e que vão dar aos seus alunos seja um feedback
construtivo que não é a coisa de avaliar Tá certo ou tá errado mas efetivamente ajudar a desenvolver no Professor o o conhecimento lhe permite ajudar o aluno a entender a a matemática portanto pensando num leque de políticas públicas se eu pudesse escolher eu focaria a atenção efetivamente no conhecimento do professor na prática do do professor e efetuando avaliações desse conhecimento do professor mas não e avaliações do típicas do que é mais usual avaliação de como o conhecimento vai evoluindo e vai sendo alterado pelo impacto da da formação porque se Nós pensamos em política pública tem
que haver avaliação como é que nós mudamos essa a prática do professor há que avaliar e claro que é difícil no contexto brasileiro porque são país Continental com muitas realidades Mas é uma Ainda bem que fizeste essa pergunta porque é uma uma proposta que nós estamos a preparar neste momento para ver se efetivamente o ministério H aceita em Campa exato em Campa a formação dos professores dos anos finais e do e do ensino médio com essa visão especializada incluindo todos os estados incluindo professores de todos os estados de modo a que efetivamente possamos fazer uma
avaliação depois de se essa formação como é que essa formação e vai impactar a nível Global Porque já já temos pesquisa que mostra que Impacta mas não não há essa essa eh perspectiva de larga escala que é o que é difícil efetivamente no âmbito da educação eh garantir que o que funciona aem 3 4 5 10 escolas vai funcionar com com as 500.000 professores que nós temos no Brasil e uma coisa que a gente não falou mas que também eh a gente não pode deixar de dizer é a questão de ser mais Atrativa a licenciatura
também né de assim o ensino da de todas as disciplinas ser ser professor que seja uma profissão mais Atrativa né É que esse é um problema recorrente É porque quando falamos em atratividade pode ser visto de diferentes formas pode ser visto atratividade económica económica pode ser visto atratividade em termos do reconhecimento da da população porque Se nós formos para a Suécia eu tenho vários projetos com colegas da Suécia se nós foros para a Suécia o salário do professor não é muito diferente do salário do médico mas ganham não ganham a não ganham tanto quanto ganham
o médico aqui no Brasil mas o reconhecimento do professor é maior que o reconhecimento do médico a nível da da sociedade porque e portanto é esse essa valorização que nós também temos que procurar mas para nós podermos ter essa valorização nós próprios professores temos que nos entender como profissionais que efetivamente somos especializados para a atividade que que desenvolvemos isso leva-nos também mais uma vez a a necessidade da formação ser eh especializada não é se for só a valorização económica não vai ajudar um pouquinho mas em larga escala não vai ajudar muito porque há vários exemplos
de prefeituras que têm um salário que os professores T um salário muito alto comparativamente não muito alto no geral Mas comparativamente aos demais e os resultados dos alunos não são não acompanham essa essa valorização salarial Portanto acho que é mais claro que o salário é importante Todos nós temos contas para pagar sim e e e num primeiro momento pode ser um atrativo para termos mais alunos a a quererem do ensino médio a quererem ser professores mas é mais é também uma for só isso não chega tem que ser uma formação também mais da sociedade da
valorização do papel do professor para que mais gente queira ser professor tá bom bom eu agradeço muito a participação do professor Miguel Ribeiro da faculdade de educação da Unicamp professor é coordenador do cespm é o grupo de pesquisa e formação de conhecimento interpretativo especializado do professor de matemática professor muito obrigada pelos seus esclarecimentos aqui eh por essa conversa obrigado eu e estou à disposição para qualquer outra pergunta qualquer contacto que queiram fazer tá bom obrig Obrigada e Obrigada a você também que nos assistiu que nos acompanha não se esqueça de se inscrever no nosso canal
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