Oi, eu sou Gustavo Cunha, e hoje é dia de falar de *Coringa: Delírio a Dois* sem spoilers! Esse é mais um daqueles vídeos estilo "Kobayashi Maru" — não tem como vencer. Não importa o que eu disser, eu vou ser espinafrado nos comentários.
Eu me lembro claramente de quando fui assistir ao primeiro filme do *Coringa*. Estava com meu amigão Vini, lá do canal Dois Quadrinhos, que, aliás, eu recomendo demais porque é muito bom. Quando o filme acabou, o Vini virou pra mim e disse: “Velho, que filme sensacional!
Espero sinceramente que não façam uma continuação. " Pois bem, gafanhoto, eles fizeram a continuação! E ela traz uma mensagem tão importante quanto a do primeiro filme, mas que, infelizmente, se perde em meio a toda a arte que essa segunda produção acabou trazendo.
Obviamente, como esse é um vídeo sem spoilers, eu vou me concentrar numa abordagem mais geral, sem me deter em elementos específicos da história. Agora, um dia depois de ter assistido ao filme, eu finalmente consegui processar aquela mistura de sentimentos conflitantes que tive ao longo do filme e, principalmente, no final, com a resolução que foi apresentada. *Coringa: Delírio a Dois* é um filme que não tem meio-termo: muitas pessoas vão amar e muitas pessoas vão odiar.
Provavelmente, vai ser difícil encontrar alguém que ache o filme "bacaninha", por assim dizer, como um filme de fim de semana e era isso. . .
Porque, basicamente, ele é um filme de arte. Um filme no qual o diretor não teve absolutamente nenhuma amarra imposta pelo estúdio. O primeiro filme rendeu um caminhão de dinheiro, com um orçamento inicial pífio, e ainda arrecadou um Oscar de Melhor Ator para o Joaquin Phoenix.
Quando esse tipo de coisa acontece, não existe a menor possibilidade de não pensar em uma sequência, afinal de contas, tudo isso é um negócio. O grande lance é que toda essa liberdade fez com que o diretor, Todd Phillips, trouxesse para *Delírio a Dois* elementos que não necessariamente se combinam entre si, por mais que ele tenha uma visão artística para eles. Temos um mergulho na mente de um psicopata brutal, com uma história pregressa terrível, misturado com um musical, além de um grande julgamento, onde a mensagem do filme é passada.
E tudo isso acontecendo em um filme de um personagem icônico dos quadrinhos, provavelmente o maior vilão das histórias de super-heróis de todos os tempos: o Coringa. É muito difícil equilibrar tudo isso e trazer uma história que seja coesa, fluida e igualmente brutal como foi o primeiro filme. Então, quando você observa todos esses elementos separadamente, está tudo certo.
Todos eles são peças artísticas produzidas com muita qualidade. Mas, no momento em que você junta esses elementos e tenta construir uma história usando todos eles, o que você tem é uma narrativa extremamente travada, onde o valor estético parece ser muito mais importante do que a mensagem que o filme quer passar. Então, é realmente triste dizer isso, porque eu acredito sinceramente que o objetivo do cinema, além de nos divertir, é contornar as barreiras e os conceitos que temos estabelecidos nas nossas mentes para nos tocar como seres humanos e nos fazer pensar.
Foi exatamente isso que o primeiro filme fez. E eu tenho certeza absoluta de que esse também foi o objetivo do Todd Phillips quando ele concebeu essa história, misturando todos esses elementos. O problema é que simplesmente não funcionou.
Por exemplo, eu sei que parece meio estranho dizer isso, principalmente depois de ter passado 20 anos da minha vida trabalhando profissionalmente como músico, mas eu realmente não gosto de musicais. Não é a minha praia. Não me entenda mal, eu adoro ver os clipes dos musicais, com os arranjos fantásticos que os caras fazem e tudo mais, mas depois, no YouTube.
Dentro de um filme, principalmente dentro desse filme em particular, embora eu entenda que esses momentos mostram o que está se passando na mente dos personagens, todas as vezes que uma música começa, parece que temos que esperar essa pausa para que a história possa continuar. E esse efeito é tão gritante que toda vez que uma música começava eu sentia que estava assistindo aos comerciais. .
. Talvez seja até por isso que esse filme não está sendo vendido como um musical, porque no musical você aguarda ansiosamente pelas músicas e elas servem para desenvolver a narrativa. Mas aqui elas só servem pra interromper a história.
Preciso dizer que, como acontece na maioria dos musicais por aí, esses momentos de dança e música são extremamente bem feitos. No caso de *Delírio a Dois*, temos a Lady Gaga, que é uma cantora espetacular, e ela compôs um disco inteiro para servir de trilha sonora dessa produção. Como se tudo isso não bastasse, ela ainda se mantém à altura da interpretação do Joaquin Phoenix.
Mas eu fico me perguntando se era realmente necessário que esse filme fosse um musical, o que acredito que só aconteceu porque contrataram a Lady Gaga para ser a Harley Quinn. Tenho certeza absoluta de que ela tem talento suficiente para segurar um filme inteiro só atuando, sem precisar cantar. Sem contar que a participação total dela no filme é absurdamente menor do que o marketing de *Delírio a Dois* prometeu.
Me corrija nos comentários se eu estiver errado, mas acho que em nenhum momento no filme ela é sequer chamada de Harley Quinn ou Harleen Quinzel. A personagem é chamada o tempo todo de “Lee”. Aliás, é justamente aí que está o sentimento esquisito que tenho em relação a esse filme.
Ele é uma produção muito bem feita, não apenas em termos de música, mas também em termos de direção e atuação. Joaquin Phoenix continua espetacular na frente das câmeras, o cara é simplesmente brilhante. Lady Gaga é igualmente sensacional, assim como alguns coadjuvantes que aparecem ao longo da história.
Personagens como o Gary, do primeiro filme, e o guarda do Asilo Arkham, vivido pelo Brendan Gleeson, têm participações pequenas, mas são muito legais. O visual do filme é excepcional, alternando aquela crueza sem saturação da realidade de Gotham com as explosões visuais das partes musicais. Então, está tudo certo.
O filme tem uma boa direção, excelentes interpretações, uma produção visual fantástica, e músicas muito bem arranjadas. Eu só não consegui gostar. E aí vai do gosto pessoal de cada um.
Ele não é ruim de forma alguma, não é mal feito em nenhum aspecto. Só não é um filme feito para mim. Como eu disse antes, tenho certeza absoluta de que muitas pessoas vão amar esse filme justamente por conta de todas essas coisas que acabei de citar.
Mas é provável que a grande maioria das pessoas que realmente vai adorar esse filme sejam aquelas que não têm uma grande relação com histórias em quadrinhos e que talvez só conheçam o Coringa dos filmes do Batman. Talvez quem tenha um mergulho mais profundo na mitologia do personagem certamente vai ficar decepcionado. Apesar de o filme trazer alguns easter eggs e referências aos quadrinhos, ele não se aprofunda em nenhum desses elementos.
O que realmente me frustrou em *Delírio a Dois* é que esse filme tem uma mensagem extremamente importante e brutal, principalmente nos dias de hoje, sobre a adoração a falsos ídolos, para usar uma linguagem bíblica. E, antes que você me pergunte, não tem nada de religioso nisso, é só uma expressão, certo? Ele fala sobre o perigo de permitirmos que nossa sociedade continue idolatrando pessoas que, de uma forma ou de outra, aprenderam a atingir alguns pontos sensíveis em determinadas parcelas da população, mas que, no fim das contas, não passam de meros charlatões, e muitas vezes também criminosos.
Esse não é o primeiro filme que aborda esse tema. Não se esqueça do excelente *Assassinos por Natureza*, do Oliver Stone, que também traz uma história sobre como a mídia transforma monstros em ídolos. Essa é uma mensagem muito necessária nos dias de hoje, mas ela acaba sendo diluída num roteiro com várias idas e vindas desnecessárias e que, na prática, não levam a lugar nenhum, além, é claro, dos números musicais, que foram me tirando da imersão o tempo todo.
Se o filme tivesse se concentrado na mensagem que ele se propôs a passar, como fez no primeiro filme, ele provavelmente estaria à altura da joia preciosa que é o primeiro *Coringa*. Mas todas essas acrobacias estéticas que o filme propõe, infelizmente, diluem o que poderia ter sido um filme realmente impactante. E o final.
. . eu nem sei como classificar.
Dá pra dizer que é inesperado, mas, infelizmente, nada satisfatório. No fim das contas, acho que é isso, cara. *Coringa: Delírio a Dois* é um filme onde a mensagem e a história são atropeladas pela estética.
É um filme que você entende, mas não sente. Mas, claro, como sempre, quero saber o que você achou do filme. Deixa aí nos comentários se você achou ele fantástico ou terrível, para termos uma ideia do que a maioria achou.
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Mais uma vez, muito obrigado e até a próxima!