CORINGA - DELÍRIO A DOIS | REVIEW SEM SPOILERS | É EXCELENTE ou é uma BOMBA?

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Gustavo Cunha
ROTEIRO & APRESENTÇÃO: Gustavo Cunha EDIÇÃO: Cláudia Bastos - claudia.gantus@gmail.com INSTAGRAM: h...
Video Transcript:
Oi, eu sou Gustavo Cunha, e hoje é dia de falar  de *Coringa: Delírio a Dois* sem spoilers! Esse é mais um daqueles vídeos estilo "Kobayashi Maru" —  não tem como vencer. Não importa o que eu disser, eu vou ser espinafrado nos comentários.
Eu me lembro claramente de quando fui assistir ao primeiro filme do *Coringa*. Estava  com meu amigão Vini, lá do canal Dois Quadrinhos, que, aliás, eu recomendo demais porque  é muito bom. Quando o filme acabou, o Vini virou pra mim e disse: “Velho, que  filme sensacional!
Espero sinceramente que não façam uma continuação. " Pois bem, gafanhoto, eles fizeram a continuação! E ela traz uma mensagem  tão importante quanto a do primeiro filme, mas que, infelizmente, se perde em meio a toda a  arte que essa segunda produção acabou trazendo.
Obviamente, como esse é um vídeo sem spoilers,  eu vou me concentrar numa abordagem mais geral, sem me deter em elementos específicos da história.  Agora, um dia depois de ter assistido ao filme, eu finalmente consegui processar aquela  mistura de sentimentos conflitantes que tive ao longo do filme e, principalmente, no  final, com a resolução que foi apresentada. *Coringa: Delírio a Dois* é um filme que  não tem meio-termo: muitas pessoas vão amar e muitas pessoas vão odiar.
Provavelmente,  vai ser difícil encontrar alguém que ache o filme "bacaninha", por assim dizer, como  um filme de fim de semana e era isso. . .
Porque, basicamente, ele é um filme de  arte. Um filme no qual o diretor não teve absolutamente nenhuma amarra imposta pelo estúdio.  O primeiro filme rendeu um caminhão de dinheiro, com um orçamento inicial pífio, e ainda  arrecadou um Oscar de Melhor Ator para o Joaquin Phoenix.
Quando esse tipo de coisa  acontece, não existe a menor possibilidade de não pensar em uma sequência, afinal  de contas, tudo isso é um negócio. O grande lance é que toda essa liberdade fez  com que o diretor, Todd Phillips, trouxesse para *Delírio a Dois* elementos que não necessariamente  se combinam entre si, por mais que ele tenha uma visão artística para eles. Temos um mergulho na  mente de um psicopata brutal, com uma história pregressa terrível, misturado com um musical,  além de um grande julgamento, onde a mensagem do filme é passada.
E tudo isso acontecendo em  um filme de um personagem icônico dos quadrinhos, provavelmente o maior vilão das histórias de  super-heróis de todos os tempos: o Coringa. É muito difícil equilibrar tudo isso e trazer  uma história que seja coesa, fluida e igualmente brutal como foi o primeiro filme. Então, quando  você observa todos esses elementos separadamente, está tudo certo.
Todos eles são peças  artísticas produzidas com muita qualidade. Mas, no momento em que você junta esses elementos e  tenta construir uma história usando todos eles, o que você tem é uma narrativa  extremamente travada, onde o valor estético parece ser muito mais importante  do que a mensagem que o filme quer passar. Então, é realmente triste dizer isso, porque eu  acredito sinceramente que o objetivo do cinema, além de nos divertir, é contornar  as barreiras e os conceitos que temos estabelecidos nas nossas mentes para  nos tocar como seres humanos e nos fazer pensar.
Foi exatamente isso que o primeiro  filme fez. E eu tenho certeza absoluta de que esse também foi o objetivo do Todd  Phillips quando ele concebeu essa história, misturando todos esses elementos. O  problema é que simplesmente não funcionou.
Por exemplo, eu sei que parece meio estranho dizer  isso, principalmente depois de ter passado 20 anos da minha vida trabalhando profissionalmente  como músico, mas eu realmente não gosto de musicais. Não é a minha praia. Não me entenda  mal, eu adoro ver os clipes dos musicais, com os arranjos fantásticos que os caras fazem e tudo  mais, mas depois, no YouTube.
Dentro de um filme, principalmente dentro desse filme em particular,  embora eu entenda que esses momentos mostram o que está se passando na mente dos personagens,  todas as vezes que uma música começa, parece que temos que esperar essa pausa para que  a história possa continuar. E esse efeito é tão gritante que toda vez que uma música começava eu  sentia que estava assistindo aos comerciais. .
. Talvez seja até por isso que esse filme  não está sendo vendido como um musical, porque no musical você aguarda  ansiosamente pelas músicas e elas servem para desenvolver a narrativa. Mas aqui  elas só servem pra interromper a história.
Preciso dizer que, como acontece na maioria  dos musicais por aí, esses momentos de dança e música são extremamente bem feitos. No caso de  *Delírio a Dois*, temos a Lady Gaga, que é uma cantora espetacular, e ela compôs um disco inteiro  para servir de trilha sonora dessa produção. Como se tudo isso não bastasse, ela ainda se mantém  à altura da interpretação do Joaquin Phoenix.
Mas eu fico me perguntando se era realmente  necessário que esse filme fosse um musical, o que acredito que só aconteceu porque contrataram a Lady Gaga para ser a Harley Quinn.  Tenho certeza absoluta de que ela tem talento suficiente para segurar um filme  inteiro só atuando, sem precisar cantar. Sem contar que a participação total dela  no filme é absurdamente menor do que o marketing de *Delírio a Dois* prometeu.
Me  corrija nos comentários se eu estiver errado, mas acho que em nenhum momento no filme  ela é sequer chamada de Harley Quinn ou Harleen Quinzel. A personagem é  chamada o tempo todo de “Lee”. Aliás, é justamente aí que está o sentimento  esquisito que tenho em relação a esse filme.
Ele é uma produção muito bem feita, não apenas em  termos de música, mas também em termos de direção e atuação. Joaquin Phoenix continua espetacular  na frente das câmeras, o cara é simplesmente brilhante. Lady Gaga é igualmente sensacional,  assim como alguns coadjuvantes que aparecem ao longo da história.
Personagens como  o Gary, do primeiro filme, e o guarda do Asilo Arkham, vivido pelo Brendan Gleeson, têm  participações pequenas, mas são muito legais. O visual do filme é excepcional,  alternando aquela crueza sem saturação da realidade de Gotham com as  explosões visuais das partes musicais. Então, está tudo certo.
O filme tem uma  boa direção, excelentes interpretações, uma produção visual fantástica, e músicas  muito bem arranjadas. Eu só não consegui gostar. E aí vai do gosto pessoal de  cada um.
Ele não é ruim de forma alguma, não é mal feito em nenhum aspecto.  Só não é um filme feito para mim. Como eu disse antes, tenho certeza absoluta  de que muitas pessoas vão amar esse filme justamente por conta de todas essas coisas  que acabei de citar.
Mas é provável que a grande maioria das pessoas que realmente  vai adorar esse filme sejam aquelas que não têm uma grande relação com histórias em  quadrinhos e que talvez só conheçam o Coringa dos filmes do Batman. Talvez quem tenha  um mergulho mais profundo na mitologia do personagem certamente vai ficar decepcionado.  Apesar de o filme trazer alguns easter eggs e referências aos quadrinhos, ele não se  aprofunda em nenhum desses elementos.
O que realmente me frustrou em *Delírio a Dois*  é que esse filme tem uma mensagem extremamente importante e brutal, principalmente nos dias  de hoje, sobre a adoração a falsos ídolos, para usar uma linguagem bíblica. E, antes que  você me pergunte, não tem nada de religioso nisso, é só uma expressão, certo? Ele fala  sobre o perigo de permitirmos que nossa sociedade continue idolatrando  pessoas que, de uma forma ou de outra, aprenderam a atingir alguns pontos sensíveis  em determinadas parcelas da população, mas que, no fim das contas, não passam de meros  charlatões, e muitas vezes também criminosos.
Esse não é o primeiro filme  que aborda esse tema. Não se esqueça do excelente *Assassinos  por Natureza*, do Oliver Stone, que também traz uma história sobre como  a mídia transforma monstros em ídolos. Essa é uma mensagem muito necessária nos dias  de hoje, mas ela acaba sendo diluída num roteiro com várias idas e vindas desnecessárias e  que, na prática, não levam a lugar nenhum, além, é claro, dos números musicais, que  foram me tirando da imersão o tempo todo.
Se o filme tivesse se concentrado na  mensagem que ele se propôs a passar, como fez no primeiro filme, ele provavelmente  estaria à altura da joia preciosa que é o primeiro *Coringa*. Mas todas essas  acrobacias estéticas que o filme propõe, infelizmente, diluem o que poderia ter sido  um filme realmente impactante. E o final.
. . eu nem sei como classificar.
Dá pra dizer que é  inesperado, mas, infelizmente, nada satisfatório. No fim das contas, acho que é isso, cara. *Coringa: Delírio a Dois*  é um filme onde a mensagem e a história são atropeladas pela estética.
É  um filme que você entende, mas não sente. Mas, claro, como sempre, quero saber o que você  achou do filme. Deixa aí nos comentários se você achou ele fantástico ou terrível, para  termos uma ideia do que a maioria achou.
Não esquece de se inscrever no canal e deixar  aquele like bacanérrimo para encher o coração do Tata de alegria e contentamento. Eu vejo  você muito em breve! Até lá, fica com Deus, permaneça bem, permaneça seguro!
Mais  uma vez, muito obrigado e até a próxima!
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