Eu sempre acreditei que o amor era um porto seguro, um refúgio contra as tempestades da vida. Que ingênua eu fui! Meu nome é Nadir e esta é a história de como meu marido, Luiz, destruiu minha vida e como eu, por minha vez, destruí a dele.
Nosso casamento durou 15 anos, 15 longos anos de dedicação e sacrifício. E como descobri? Tarde demais!
Mentiras. Cresci em uma família modesta, onde o trabalho duro e a honestidade eram valores inegociáveis. Meus pais me ensinaram que o amor era construído com confiança e respeito mútuo.
Que piada amarga isso se tornou! Conheci Luiz na faculdade. Ele era charmoso, ambicioso e, aos meus olhos inexperientes, perfeito.
Nos casamos logo após a formatura, cheios de sonhos e planos para o futuro. Construímos nossa vida juntos, por tijolo. Eu abri mão de minha carreira para apoiar a dele, acreditando que estávamos construindo algo maior juntos.
Naquela fatídica noite de sexta-feira, eu estava preparando um jantar especial para comemorar o aniversário de Luiz. Tinha passado o dia inteiro na cozinha, querendo que tudo fosse perfeito. O aroma de especiarias preenchia a casa quando ouvi a porta da frente se abrir.
— Nadir! — a voz de Luiz ecoou pelo corredor, fria e distante. Limpei as mãos no avental e fui ao seu encontro, um sorriso nos lábios.
— Oi, amor! Feliz aniversário! — A alegria morreu na minha garganta quando vi sua expressão.
Seus olhos, geralmente calorosos, estavam frios como gelo. — Precisamos conversar — ele disse, sem sequer olhar para a mesa posta ou sentir o cheiro da comida. Sentei-me no sofá, meu coração acelerando.
Luiz permaneceu de pé, olhando pela janela por um momento, antes de se virar para mim. — Nosso negócio está falindo — ele começou, sua voz monótona. — Tenho tentado salvar a empresa há meses, mas não há mais o que fazer.
Fiquei chocada. Como eu não sabia disso? Por que ele não tinha compartilhado esse fardo comigo?
— Luiz, por que você não me contou? Poderíamos ter enfrentado isso juntos! — Não seja ridícula, Nadir!
Você não entende nada de negócios! Suas palavras me atingiram como um tapa. Respirei fundo, tentando manter a calma.
— OK, vamos pensar em soluções. Talvez eu possa voltar a trabalhar, podemos cortar despesas. .
. — Não há solução! — ele cortou, impaciente.
— Além disso, há mais. Meu estômago se contraiu. O que mais poderia haver?
Luiz me encarou, seus olhos frios e sem emoção. — Rebeca está grávida. O mundo parou.
"Rebeca? " O nome ecoou em minha mente como um sino fúnebre. "Rebeca, sua assistente?
Rebeca, 25 anos mais jovem que eu? " O quê? Minha voz saiu como um sussurro.
— Você me ouviu? Rebeca está grávida de quantos meses? — Quantos meses?
— minha mente girava enquanto eu planejava nossa viagem de aniversário de casamento. Ele estava engravidando outra mulher. Como?
Como você pôde? As lágrimas começaram a cair incontroláveis. Luiz deu de ombros, como se estivesse discutindo o tempo.
— Aconteceu. Ela me entende, Nadir. Entende meus sonhos, minhas ambições.
Não fica me sufocando com jantares e comemorações idiotas! Cada palavra era uma facada, anos de amor e dedicação reduzidos a nada. E agora.
. . consegui perguntar entre soluços.
— Ele checou o relógio impaciente. — Agora você faz as malas e sai. Esta casa está no nome da empresa e, com a falência, será vendida.
Rebeca e eu. . .
Vamos recomeçar em outro lugar. — Sair para onde? — Não é problema meu — ele respondeu friamente.
— Você tem até amanhã à noite. Deixei uma mala no quarto de hóspedes com algumas de suas coisas. O resto doarei ou jogarei fora.
Fiquei ali, paralisada, enquanto ele subia as escadas. Ouvi o chuveiro ligando, como se nada tivesse acontecido, como se ele não tivesse acabado de destruir minha vida. As horas seguintes passaram em um borrão.
Empacotei algumas roupas, fotos, lembranças. Cada objeto trazia uma memória, uma promessa quebrada. Quando terminei, já passava da meia-noite.
Desci as escadas silenciosamente. Luiz dormia no quarto principal, roncando suavemente. Por um momento, considerei entrar lá, gritar, exigir explicações, mas algo dentro de mim mudou.
A dor deu lugar a algo mais frio, mais calculado. Peguei minha mala e saí pela porta da frente, deixando para trás 15 anos de minha vida. A noite estava fria, o céu sem estrelas.
Caminhei até a esquina e me sentei no meio-fio, as lágrimas finalmente secando. Foi ali, naquela calçada fria, que tomei minha decisão. Luiz achava que tinha me derrotado, que eu desapareceria quietamente em minha miséria.
Ele não fazia ideia do que havia despertado. Peguei meu celular e disquei um número que não usava há anos. — Alô?
— uma voz sonolenta atendeu. — Marina, é a Nadir. Lembra quando você disse que me devia um favor?
Chegou a hora de cobrar. Desliguei o telefone, um plano já se formando em minha mente. Luiz queria me ver destruída.
Eu mostraria a ele o verdadeiro significado da destruição. A noite estava apenas começando e, com ela, minha vingança. O sol mal havia nascido quando cheguei à casa de Marina.
Ela abriu a porta, os olhos arregalados de preocupação. — Nadir, meu Deus! O que acontece?
Entrei sem cerimônia, largando minha mala no chão da sala. — Luiz me traiu e me expulsou de casa! Marina ofegou, me puxando para um abraço apertado.
— Aquele canalha! Vamos chamar um advogado! — Não!
— interrompi, me afastando. — Nada de advogados, nada de Justiça oficial! Ela me olhou confusa.
— Mas Nadir, seus direitos. . .
— O único direito que quero agora é o de destruir Luiz e sua amante. Zinha grávida! Marina empalideceu.
— Grávida? Quem? — Rebeca.
— Cuspi o nome como veneno. — Sua assistente. Aparentemente, ela o entende melhor do que eu.
Sentei-me no sofá, exausta. Marina trouxe café e se juntou a mim. — Me conte tudo — ela pediu suavemente.
E eu contei. Cada palavra cruel, cada olhar frio, cada momento de humilhação. Marina ouviu em silêncio, seus olhos se estreitando a cada nova revelação.
— O que você pretende fazer? — ela perguntou. Quando terminei, olhei para ela, meus olhos brilhando com uma determinação.
"Fria, vou destruí-los. Não fisicamente, claro, mas vou tirar deles tudo o que tiraram de mim: dignidade, segurança, futuro. " Marina assentiu lentamente.
"Como posso ajudar? " Sorri, um plano já se formando. "Primeiro, preciso de informações.
Você ainda trabalha naquela agência de detetives? " Ela confirmou com a cabeça. "Timo, quero saber tudo sobre Rebeca: sua família, seus amigos, suas fraquezas, e quero vigilância constante sobre Luiz.
" "Nadir, isso vai custar uma fortuna," Marina alertou. Tirei meu anel de casamento e o coloquei na mesa. "Comece com isso, vou arranjar mais.
" Marina pegou o anel, hesitante. "Tem certeza disso? Não há volta depois que começarmos.
" Levantei-me, minha voz firme. "Ele destruiu 15 anos da minha vida em 15 minutos. Não quero volta.
Quero vingança. " Nas semanas seguintes, transformei a casa de Marina em meu quartel-general. Mapas, fotos e documentos cobriam as paredes.
Cada movimento de Luiz e Rebeca era registrado, cada ligação monitorada. Um mês após minha expulsão, Marina chegou com uma pasta grossa. "Encontramos algo interessante sobre Rebeca.
" Abri a pasta, meus olhos percorrendo os documentos. Um sorriso frio se formou em meus lábios. "Então a santinha tem um passado obscuro.
Interessante. O que vai fazer com isso? " Marina perguntou, apreensiva.
"Vou usar cada pedacinho dessa informação para desmoronar o mundinho perfeito deles," respondi, minha voz gelada. Naquela noite, liguei para Luí pela primeira vez desde nossa separação. "Nadir?
" Sua voz soava surpresa e irritada. "O que você quer? " "Apenas informar que recebi os papéis do divórcio," respondi calmamente.
Ele suspirou impaciente. "Ótimo, assine e devolva o mais rápido possível. " "Claro, querido," disse minha voz doce como mel envenenado.
"Só queria saber se você contou para Rebeca sobre aquela viagem a Las Vegas há 3 anos. " O silêncio do outro lado da linha foi ensurdecedor. "Do que você está falando?
" Ele finalmente conseguiu dizer, sua voz trêmula. "Oh, nada importante. Apenas curiosidade.
Tenha uma boa noite, Luí. Mande lembranças a Rebeca. " Desliguei, saboreando o pânico em sua voz.
Era apenas o começo. Nos dias seguintes, intensifiquei meu plano. Enviei flores para Rebeca no escritório, com um cartão enigmático.
"Obrigada pelos momentos em Vegas. Saudades. " Já a confusão e o ciúme em seu rosto, capturados pelas câmeras de vigilância, eram impagáveis.
Para Luiz, comecei a enviar e-mails anônimos com detalhes de suas transações financeiras pessoais. Nada, mas o suficiente para fazê-lo se sentir exposto e vulnerável. Uma semana depois, recebi uma ligação furiosa de Luí.
"Que diabos você está fazendo? " Ele gritou. "Eu?
Nada," respondi inocentemente. "Estou apenas seguindo em frente com minha vida, como você sugeriu. " "Não se faça de idiota," ele rosnou.
"As flores, os e-mails, sei que é você. " "Ri suavemente, querido. Acho que a culpa está afetando sua mente.
Talvez você devesse ser mais honesto com sua nova família. " "Isso não acabou," ele ameaçou antes de desligar. Coloquei o telefone na mesa, um sorriso satisfeito no rosto.
"Não, meu amor," murmurei para mim mesma. "Isso está apenas começando. " À medida que os dias passavam, aumentei a pressão.
Anonimamente, informei os clientes de Luiz sobre a situação precária de seus negócios. Não era mentira; ele realmente estava à beira da falência, mas minha interferência acelerou o processo. Rebeca, por sua vez, começou a receber ligações misteriosas no meio da noite.
Sempre que atendia, ouvia apenas o som de uma criança chorando. O estresse começou a afetar o casal. Através das câmeras de vigilância, vi suas discussões se tornarem mais frequentes e intensas.
Rebeca questionava a fidelidade de Luí, enquanto ele a acusava de sabotar seus negócios. Uma noite, observando as imagens do casal brigando, Marina se aproximou. "Nadir, não acha que já foi longe demais?
" Virei-me para ela, meus olhos frios. "Longe demais? Eles destruíram minha vida, Marina.
Meu casamento, meu futuro, minha dignidade. Não há longe demais. " Ela suspirou, preocupada.
"E depois, quando tudo isso acabar, o que você vai fazer? " Voltei meu olhar para as telas, observando Luí gesticular furiosamente enquanto Rebeca chorava. "Depois, vou reconstruir minha vida.
Mas primeiro, vou garantir que eles nunca mais tenham paz. " A vingança estava apenas começando, e eu estava determinada a levá-la até o fim, não importava o custo. O outono chegou, pintando as árvores de vermelho e dourado, enquanto meu plano ganhava cores mais sombrias.
Três meses se passaram desde aquela noite fatídica, e cada dia era dedicado a aperfeiçoar minha vingança. Naquela manhã, Marina entrou no quarto que eu havia transformado em meu escritório improvisado. "Nadir, você precisa ver isso," disse ela, entregando-me um envelope.
Abri-o, revelando fotos de Luí saindo de um hotel barato nos arredores da cidade, sozinho. "Parece que o casamento perfeito já não é tão perfeito assim," comentei, um sorriso frio nos lábios. Marina hesitou antes de falar.
"Ah, mas Rebeca tem visitado uma clínica regularmente. " Erguer uma sobrancelha, perguntei: "Que tipo de clínica? " "O tipo que faz testes de paternidade pré-natal.
" A informação atingiu-me como um raio. Subitamente, todo um novo mundo de possibilidades se abriu. "Marina, preciso que você descubra tudo sobre essas datas, resultados, tudo.
" Ela assentiu, mas sua expressão era de preocupação. "Nadir, você não acha que está indo longe demais? Usar uma gravidez como arma?
" Levantei-me abruptamente, meus olhos faiscando. "Longe demais? Eles usaram 15 anos do meu casamento como se não fossem nada.
Destruíram meus sonhos, meu futuro. Não, Marina. Isso não é ir longe demais; é apenas o começo.
" Ela recuou um passo, surpresa com minha veemência. "Ok, ok, vou ver o que consigo descobrir. " Após sua saída, sentei-me novamente, minha mente trabalhando furiosamente.
Se Rebeca tinha dúvidas sobre a paternidade, isso poderia ser a chave para destruir completamente a relação deles. Naquela tarde, decidi dar o próximo passo. Liguei para Luí.
"O que você quer agora? " Sua voz soava cansada e irritada. "Apenas conversar, querido," respondi docemente.
"Como vão as coisas com Rebeca? O bebê está bem? " O silêncio do outro lado da linha foi revelador.
"Do que você sabe? " ele finalmente perguntou, a suspeita evidente em sua voz. Ri suavemente.
"Oh, Luiz, eu sei de tudo. " "As visitas ao hotel, as consultas de Rebeca, devem ser estressantes. Toda você.
. . Você está nos espionando!
" Ele gaguejou, a raiva substituindo a surpresa. "Espionando é uma palavra tão feia. " Retruquei: "Prefiro pensar que estou me mantendo informada.
Afinal, ainda sou sua esposa, legalmente falando. " "Não por muito tempo," ele rosnou, "os papéis do divórcio. .
. " "Ah, sim, os papéis," interrompi. "Sabe, estive pensando.
Talvez devêssemos reconsiderar os termos. Afinal, com toda essa incerteza em sua vida, talvez seja melhor garantir que eu fique bem cuidada. " "Está me chantageando?
" A incredulidade em sua voz era quase cômica. "Chantagem? Não, querido, estou apenas sugerindo uma renegociação amigável.
" "Pense nisso. " Desliguei antes que ele pudesse responder, saboreando a sensação de poder. Pela primeira vez em meses, eu estava no controle.
Nas semanas seguintes, intensifiquei minha campanha; enviei fotos anônimas para Rebeca: Luiz saindo do hotel, entrando em bares, sempre sozinho. Ao mesmo tempo, fiz chegar aos ouvidos de Luiz rumores sobre o passado de Rebeca, insinuações sobre outros homens em sua vida. O caos que se seguiu foi delicioso de assistir.
Através das câmeras de vigilância, vi suas discussões se tornarem cada vez mais acaloradas, enquanto ele questionava a paternidade do bebê. Uma noite, recebi uma ligação inesperada de Rebeca. "Por que está fazendo isso?
" Sua voz tremia de raiva e medo. "Fazendo o que, querida? " respondi, fingindo inocência.
"As fotos! Os rumores! Sei que é você!
" Suspirei dramaticamente. "Rebeca, você roubou meu marido, destruiu meu casamento e agora quer me acusar? Que irônico!
" "Eu. . .
eu não sabia," ela começou, mas a interrompi. "Não sabia? Não me faça rir!
Você sabia exatamente o que estava fazendo. Agora está colhendo o que plantou. " "O bebê.
. . " Ela hesitou.
"O bebê é de Luiz," ri amargamente. "Tem certeza? Porque, pelo que ouvi, nem você mesma tem essa certeza.
" O silêncio do outro lado da linha foi ensurdecedor. "Pense bem, Rebeca," continuei. "É esse o tipo de homem com quem você quer passar o resto da sua vida?
Um homem que trai, que mente, que abandona? " "Você não sabe de nada," ela sussurrou, mas pude ouvir a dúvida em sua voz. "Sei mais do que você imagina.
E se fosse você, começaria a pensar em um plano B. " Desliguei satisfeita; a semente da dúvida estava plantada. Dias depois, com mais notícias, Luiz estava desesperado.
"Rebeca está ameaçando deixá-lo, e ele não sabe o que fazer," ela relatou. Sorri, um plano se formando em minha mente. Ótimo, é hora do golpe final.
Naquela noite, preparei-me cuidadosamente, vesti-me com elegância, como nos velhos tempos, e dirigi até nosso antigo restaurante favorito. Como esperava, Lu estava lá, sozinho no bar. Aproximando-me silenciosamente, sentei ao seu lado.
"Olá, estranho. " Ele se virou, seus olhos arregalados de surpresa. "Nadir!
O que você está fazendo aqui? " Sorri. "Pedindo uma taça de vinho.
O mesmo que você, imagino," relembrando os velhos tempos. Luiz me observou com desconfiança. "O que você quer?
" Tomei um gole de vinho antes de responder: "Conversar. Sem acusações, sem ameaças, apenas conversar. " Ele hesitou por um momento antes de assentir.
"Tudo bem, fale. " "Vejo que as coisas não estão fáceis para você," comecei, minha voz suave. "Os negócios.
. . Rebeca, deve ser difícil.
" Luiz riu amargamente. "É isso? Veio esfregar minha miséria na minha cara?
" Balancei a cabeça. "Não vim oferecer uma saída. " Ele me olhou intrigado.
"Que tipo de saída? " "O tipo que resolve todos os seus problemas," respondi, inclinando-me para mais perto. "Eu posso fazer tudo isso desaparecer: os rumores, as dificuldades financeiras, até mesmo Rebeca.
" "Como? " Ele perguntou, a desconfiança misturada com um toque de esperança em sua voz. Sorri, saboreando o momento.
"Volte para mim. Abandone Rebeca, retome nosso casamento e eu farei tudo voltar ao normal. " Lu me encarou chocado.
"Você. . .
você faria isso? Depois de tudo? " Assenti lentamente.
"Por você, meu amor, eu faria qualquer coisa. " Vi a batalha em seus olhos, a tentação de uma saída fácil lutando contra seu orgulho e Rebeca. "E o bebê?
" Ele perguntou, hesitante. "Não é problema nosso. Você pode pagar pensão, ser um pai ausente.
Estaremos juntos novamente. " Lu ficou em silêncio por um longo momento, contemplando sua bebida. Finalmente, ele se virou para mim, seus olhos brilhando com uma decisão.
"Nadir. . .
" Naquele momento, meu celular tocou. Era Marina. "Desculpe, preciso atender," disse a Luiz, afastando-me um pouco.
"Nadir! " A voz de Marina soou urgente. "No hospital, compôs gravidez!
" Meu coração acelerou; era o momento perfeito. Voltei para Luiz, fingindo preocupação. "Luiz, é Rebeca!
Ela está no hospital. " Vi o pânico em seus olhos. "O que aconteceu?
" "Não sei os detalhes," menti, "mas parece sério. Você deveria ir. " Ele se levantou abruptamente, pegando seu casaco.
Antes de sair, virou-se para mim. "Nadir, sobre o que conversamos. .
. " Sorri gentilmente. "Vá, Luiz.
Cuidamos disso depois. Rebeca precisa de você agora. " Observei-o sair apressadamente do restaurante, um sorriso frio se formando em meus lábios.
O tabuleiro estava armado, as peças em posição. Agora era apenas questão de tempo até o cheque mate. Voltei para a casa de Marina, minha mente fervilhando com os próximos passos.
A noite havia sido um sucesso, além das minhas expectativas. Luiz estava exatamente onde eu queria: dividido, vulnerável, desesperado por uma saída. "Como foi?
" Marina perguntou assim que entrei. Relatei os eventos da noite, observando sua expressão mudar de preocupação para incredulidade. "Nadir, você está brincando com fogo," ela advertiu.
"Usar a gravidez de Rebeca e oferecer voltar para Luiz? Isso pode sair terrivelmente errado. " Sentei-me, removendo meus sapatos com um suspiro de alívio.
"Pelo contrário, Marina, está tudo saindo exatamente como planejado. " Ela me olhou confusa. "Você não está realmente considerando voltar para ele?
" "Está? " Ri, um som de pura frieza. "Claro que não.
Mas Luiz não sabe disso. Ele está exatamente onde eu quero: dividido entre a culpa, o desejo e o medo. " "E qual é o próximo passo?
" Marina perguntou, ainda ética. Levantei-me, caminhando até o mapa na parede. Havia traçado cada movimento de Luiz e Rebeca nos últimos meses.
Agora, disse, tocando um ponto específico no mapa: "Nós esperamos; o caos que plantei fará o resto. " Dias depois, analisei de longe enquanto meu plano se desdobrava. Luiz, dividido entre o dever com Rebeca e a tentação de uma saída fácil que eu ofereci, tornou-se errático.
Suas visitas ao hospital eram breves e tensas, sempre seguidas de longas horas no bar. Rebeca, por sua vez, interpretou o comportamento distante de Luiz como confirmação de suas suspeitas. As discussões no quarto do hospital, captadas por um dispositivo de escuta que Marina habilmente plantou, eram música para meus ouvidos.
"Onde você estava? ", a voz de Rebeca, fraca mas acusadora, ecoava pelos alto-falantes. "Trabalho," Luiz mentia, o cheiro de álcool quase palpável em sua voz, tentando salvar o que restava dos nossos negócios.
"Mentiroso! Rebeca, Sibila, vi as mensagens no seu celular! Quem é ela?
" O silêncio que se seguiu era ensurdecedor. Cada dia trazia uma nova crise, um novo conflito, e eu, na sombra, apenas observava e ocasionalmente adicionava mais lenha ao fogo. Uma semana após o incidente no hospital, decidi que era a hora do golpe final.
Liguei para Luiz. "Como está Rebeca? " perguntei, minha voz transbordando falsa preocupação.
"Melhor," ele respondeu secamente. "O que você quer, Nadir? " "Apenas checar se você pensou sobre nossa conversa," respondi suavemente.
"Minha oferta ainda está de pé. " "Você sabe. .
. " Ouvi sua respiração pesada do outro lado da linha. "Nadir, eu não sei; é complicado.
" "A vida é complicada," retruquei, "mas estou oferecendo uma saída simples. Pense nisso. Podemos recomeçar, deixar todo esse pesadelo para trás.
" "E Rebeca? O bebê? " Suspirei dramaticamente.
"Luiz, sejamos honestos. Você realmente quer passar o resto da sua vida com uma mulher que nem tem certeza se o filho é seu, que te acusa de traição a cada cinco minutos? " O silêncio do outro lado da linha foi revelador.
"Pense bem," continuei. "Amanhã, ao meio-dia, estarei no nosso antigo apartamento. Se você vier, saberemos que é para recomeçar; senão, bem, então cada um segue seu caminho.
" Desliguei antes que ele pudesse responder, um sorriso triunfante em meus lábios. Marina, que havia ouvido toda a conversa, me olhou com uma mistura de admiração e horror. "Você realmente acha que ele vai aparecer?
" Dei de ombros, pegando uma taça de vinho. "Não importa se ele aparece ou não. O que importa é a dúvida que plantei.
Se ele for, Rebeca saberá que foi abandonada; se não for, viverá com a culpa e o arrependimento pelo resto da vida. " "E se ele realmente quiser voltar para você? " Marina perguntou, hesitante.
Ri, um som frio e sem humor. "Aí, minha querida, é quando o verdadeiro show começa. " A manhã seguinte amanheceu cinzenta e chuvosa, um reflexo perfeito do drama que estava prestes a se desenrolar.
Vesti-me com cuidado, escolhendo um vestido que Luiz sempre adorou, e dirigi até nosso antigo apartamento. O lugar estava vazio há meses, mas ainda guardava ecos de nossa vida juntos: fotos nas paredes, móveis cobertos por lençóis, memórias em cada canto. Às 11:55, ouvi passos no corredor; meu coração acelerou, não de antecipação, mas de triunfo.
A porta se abriu lentamente e Luiz entrou, parecendo um homem dividido entre o desespero e a esperança. "Você veio," disse eu, mantendo minha voz neutra. Ele ficou parado na entrada, seus olhos percorrendo o apartamento antes de se fixarem em mim.
"Nadir, eu não sei o que estou fazendo aqui. " Aproximei-me dele, cada passo calculado. "Você está aqui porque sabe que é o certo a fazer: voltar para casa, para mim.
" Luiz passou a mão pelos cabelos, um gesto de nervosismo que eu conhecia tão bem. "E Rebeca? O bebê?
" Coloquei minha mão em seu rosto, forçando-o a olhar para mim. "Esqueça eles. Pense em nós, no que podemos reconstruir juntos.
" Vi a batalha em seus olhos, o conflito entre o desejo de uma saída fácil e o peso da culpa. Era exatamente onde eu queria que ele estivesse. "Eu não posso simplesmente abandoná-los," ele murmurou, mas não se afastou do meu toque.
Sorri, um sorriso que não alcançou meus olhos. "Não pode, mas você já fez isso comigo, não é? Foi tão fácil me deixar para trás.
" Ele recuou como se tivesse levado um tapa. "Nadir, eu não. .
. " Luiz interrompi, minha voz endurecendo. "Você não entende?
Isso não é sobre voltar; é sobre você enfrentar as consequências de suas escolhas. " A confusão em seu rosto era palpável. "Do que você está falando?
" Nesse momento, a porta se abriu novamente. Rebeca entrou, seu rosto pálido de choque e raiva. "Então é verdade," ela disse, sua voz tremendo.
"Você está voltando para ela! " Luiz se virou, o pânico evidente em seus olhos. "Rebeca, como você sabia que eu estaria aqui?
" Dei um passo à frente, meu sorriso frio. "Eu contei a ela, é claro. Achei que ela merecia saber que tipo de homem você realmente é.
" O caos que se seguiu foi exatamente o que eu havia planejado. Gritava, acusando Luiz de traição e covardia. Luiz, pego entre duas mulheres, tentava desesperadamente se explicar, mas cada palavra apenas o afundava mais.
Eu observava tudo de um canto, saboreando cada momento de desespero e confusão que cruzava o rosto de Luiz. Finalmente, quando os gritos diminuíram, dei um passo à frente. "Chega!
" Ambos se viraram para mim, como se tivessem esquecido minha presença. "Vocês dois são patéticos," disse, minha voz carregada de desprezo. "Luiz, você realmente achou que eu o aceitaria de volta depois de tudo o que fez?
E Rebeca, você é tão ingênua a ponto de achar que um homem que traz sua esposa de 15 anos seria fiel a você? " "Isso tudo foi uma armadilha? " Luiz perguntou, a compreensão finalmente surgindo em seus olhos.
Ri, um som sem humor. "Claro que foi. Você destruiu minha vida, Luiz; achou mesmo que eu simplesmente aceitaria isso?
" Rebeca, que até então observava em choque, finalmente falou: "Você planejou? " Tudo isso, eu senti sem remorso. Cada detalhe, os rumores, as dúvidas.
. . tudo.
Eu queria que vocês sentissem uma fração da dor e da humilhação que senti. Lu deu um passo em minha direção, sua expressão uma mistura de raiva e incredulidade. — Você é louca!
Vou te processar por isso! — processar? Ri novamente.
— Com que dinheiro, Luí? Seus negócios estão falindo, lembra? E tenho certeza que Rebeca ficará interessada em saber sobre certos desvios financeiros que descobri durante minha pequena investigação.
Vi o sangue drenar do rosto dele. Rebeca olhou de mim para Luiz, a desconfiança evidente em seus olhos. — Do que ela está falando, Luí?
— ela exigiu, mas Luiz estava em silêncio, derrotado. Caminhei até a porta, parando apenas para olhar para trás uma última vez. — Aproveitem a vida juntos, tenho certeza que será interessante.
Saí do apartamento, deixando para trás o caos que havia criado. No corredor, encontrei Marina, que havia gravado toda a cena. — Está feito — disse ela, me entregando o dispositivo de gravação.
A senti satisfeita. — Ótimo, isso deve manter Luís na linha, caso ele pense em tentar algo contra mim. Enquanto caminhávamos para fora do prédio, Marina me olhou com uma mistura de admiração e preocupação.
— E agora, o que você vai fazer? Parei, olhando para o céu que começava a clarear. — Agora, eu vou viver minha vida, Marina.
Livre deles, livre do passado. — Você não acha que foi longe demais? — ela perguntou, hesitante.
Virei-me para ela, meus olhos duros. — Longe demais? Eles destruíram 15 anos da minha vida.
Isso não é ir longe demais, é apenas o começo da justiça. Entramos no carro, deixando para trás o prédio e as ruínas do que um dia foi meu casamento. Enquanto dirigia, senti um peso sair dos meus ombros.
A vingança estava completa, mas o sabor era agridoce. Nos meses que se seguiram, observei de longe enquanto a vida de Luiz e Rebeca desmoronava. Os negócios de Luiz, já em dificuldades, afundaram completamente sob o peso do estresse e das revelações que eu havia feito.
Rebeca, consumida pela desconfiança e pelas mentiras, o deixou pouco depois do nascimento do bebê. Quanto a mim, usei o dinheiro que havia guardado secretamente ao longo dos anos para recomeçar. Abri meu próprio negócio, fiz novas amizades, construí uma vida que era verdadeiramente minha.
Às vezes, quando passava por nossos antigos lugares favoritos ou via um casal feliz, sentia uma pontada de tristeza pelo que poderia ter sido. Mas então me lembrava da frieza nos olhos de Luí naquela noite fatídica, de como ele descartou 15 anos de casamento sem hesitação, e a determinação voltava. Eu havia sobrevivido; mais do que isso, eu havia triunfado.
E se o preço desse triunfo foi uma parte da minha humanidade, bem, era um preço que eu estava disposta a pagar. Numa tarde de outono, exatamente um ano após aquela noite que mudou tudo, recebi uma ligação inesperada. Era Luiz.
— Nadir! — sua voz soava cansada, derrotada. — Eu queria pedir desculpas por tudo.
Fiquei em silêncio por um momento, deixando o peso daquelas palavras pairar entre nós. — Obrigada pela ligação, Luí — respondi, finalmente, minha voz calma e controlada. — Mas suas desculpas chegam tarde demais.
— Eu sei — ele sussurrou. — Eu só queria que você soubesse que eu entendo agora o que eu fiz, o quanto eu te machuquei. Fechei os olhos, sentindo uma onda de emoções que pensei ter enterrado há muito tempo.
— Adeus, Luí — disse simplesmente, e desliguei. Fiquei ali, olhando para o telefone em minha mão, pensando em tudo o que havia acontecido, em tudo o que eu havia feito. A vingança havia me consumido por tanto tempo, moldando cada uma das minhas ações, cada pensamento.
Mas agora, com aquele simples telefonema, senti algo mudar dentro de mim. Não arrependimento, não exatamente, mas talvez libertação. Caminhei até a janela, observando o movimento lá fora: pessoas indo e voltando.
Um novo dia chegaria em breve, trazendo consigo novas possibilidades. Pela primeira vez em muito tempo, senti que estava realmente pronta para abraçá-las. A ligação de Luiz ficou ecoando em minha mente por dias, não por remorso ou arrependimento, mas porque sinalizava que meu plano estava funcionando perfeitamente.
Ele estava exatamente onde eu queria: desesperado e arrependido. Mas eu sabia que isso não era o suficiente; minha vingança ainda não estava completa. Numa tarde ensolarada de quinta-feira, decidi dar o próximo passo.
Liguei para Rebeca. — Alô? — sua voz soava cansada, provavelmente das noites mal dormidas cuidando do bebê.
— Rebeca, é Nadir — disse, mantendo minha voz neutra. — Temos que conversar. Houve um momento de silêncio tenso antes dela responder.
— Sobre o quê? — Sobre Luí, é claro! E sobre o que realmente aconteceu.
Marcamos um encontro em um café neutro, longe dos olhos curiosos. Quando cheguei, Rebeca já estava lá, segurando uma xícara de café com as mãos trêmulas. — O que você quer, Nadir?
— ela perguntou assim que me sentei. Sorri, um sorriso frio que não alcançava meus olhos. — Quero que você saiba a verdade, toda.
Nas duas horas seguintes, contei a Rebeca cada detalhe sórdido do meu plano: como eu havia manipulado eventos, plantado dúvidas, orquestrado cada momento de sua desconfiança e do desespero de Luiz. — Por quê? — ela perguntou, seu rosto uma máscara de choque e incredulidade.
— Por que fazer tudo isso? Inclinei-me para a frente, meus olhos fixos nos dela. — Porque vocês destruíram minha vida.
15 anos, Rebeca! 15 anos jogados fora como se não fossem nada! — Mas.
. . mas o bebê?
— ela gaguejou. — O bebê é de Luiz — confirmei. — Esse nunca foi o ponto.
O ponto era fazer vocês dois sentirem uma fração da dor e da humilhação que eu senti. Rebeca ficou em silêncio por um longo momento, processando tudo o que havia ouvido. — Você é um monstro — ela finalmente sussurrou.
Ri, um som sem humor. — Não, Rebeca, eu sou o que vocês dois criaram. Levantei-me para sair, mas antes me virei uma última vez.
— Ah, e Rebeca, Luí ligou para mim há alguns dias, implorando. . .
Perdão, pensei que você gostaria de saber. Deixei-a ali sozinha, com sua xícara de café frio e a verdade amarga que eu havia despejado. Semanas depois, observei de longe enquanto o caos que eu havia semeado florescia.
Rebeca, armada com a verdade, confrontou Luiz. Suas brigas ecoavam pelo bairro, cada palavra carregada de raiva e traição. Uma semana depois, recebi outra ligação de Luiz.
"O que você fez? " ele gritou assim que atendi. "Rebeca me deixou.
Ela levou o bebê. " Eu respondi, fingindo inocência. "Eu apenas contei a verdade, Luiz, algo que você deveria ter feito desde o início.
" "Você destruiu minha vida," ele acusou. "Não, Luiz," retruquei, minha voz fria como gelo. "Você destruiu sua própria vida.
Eu apenas mostrei a todos quem você realmente é. " Desliguei, um sorriso de satisfação nos lábios; o plano estava quase completo. Naquela noite, sentada em meu novo apartamento, refleti sobre os eventos dos últimos meses.
A dor ainda estava lá, uma presença constante em meu peito, mas agora era acompanhada por uma sensação de triunfo. Meus pensamentos foram interrompidos por uma batida furiosa na porta. Abri para encontrar Luiz, seu rosto contorcido de raiva e desespero.
"Como você pôde? " ele gritou, entrando sem ser convidado. "Você arruinou tudo.
" Fechei a porta calmamente, me virando para encará-lo. "Eu não, Luiz. Você fez isso consigo mesmo.
" Ele avançou em minha direção, suas mãos tremendo. "Eu perdi tudo por sua causa: meu casamento, meu filho, meus negócios! " "E eu perdi 15 anos da minha vida por sua causa," retruquei, minha voz cortante como uma lâmina.
"Como é a sensação, Luiz, ter tudo tirado de você em um instante? " Ele parou, como se minhas palavras o tivessem atingido fisicamente. "Eu.
. . eu não sabia.
" "Não sabia o quê? " interrompi. "Não sabia que suas ações teriam consequências?
Que você não poderia simplesmente descartar as pessoas como objetos usados? " Luiz desabou no sofá, toda a raiva drenando de seu corpo, substituída por uma derrota palpável. "O que você quer de mim, Nadir?
Já não tomou tudo? " Sentei-me na poltrona oposta, observando-o friamente. "Quero que você entenda, Luiz, que sinta cada grama da dor e da humilhação que eu senti.
" E depois. . .
ele perguntou, sua voz quebrada. "Depois? " "Não há nada, Luiz.
Este é o fim. " Ficamos ali em silêncio, o peso de nossas escolhas e ações pairando entre nós. Finalmente, Luiz se levantou, parecendo ter envelhecido 10 anos em uma única noite.
"Eu sinto muito," ele disse, mas as palavras soavam vazias. "Eu sei," respondi, "mas isso não muda nada. " Ele assentiu, derrotado, e caminhou para a porta.
Antes de sair, virou-se uma última vez. "Você acha que isso vai te fazer feliz, Nadir? " Olhei para ele, meus olhos duros.
"Não se trata de felicidade, trata de justiça. " A porta se fechou atrás dele, e eu fiquei sozinha novamente. Mas dessa vez, o silêncio não era opressivo; era libertador.
Nos meses subsequentes, vi de longe enquanto a vida de Luiz continuava a desmoronar. Ele perdeu seu emprego, incapaz de lidar com o estresse e a pressão. Rebeca se mudou para outra cidade com o bebê, cortando todo o contato.
Seus amigos, um a um, se afastaram, incapazes de lidar com sua amargura e autocomiseração. Eu, por outro lado, floresci. Meu negócio prosperou, alimentado pela determinação que havia me guiado através de minha vingança.
Fiz novas amizades, construí uma nova vida para mim mesma. Certa vez, enquanto eu fazia uma caminhada pelo parque, vi Luiz sentado sozinho em um banco. Ele estava desgrenhado, claramente não cuidando.
Por um momento, senti uma pontada de algo. Não exatamente pena, mas talvez um reconhecimento do custo de minha vingança. Ele olhou para cima, nossos olhos se encontrando por um breve instante.
Não havia raiva em seu olhar, apenas uma profunda e irremediável tristeza. Continuei andando, deixando-o para trás, assim como ele havia me deixado tantos meses atrás. Naquela noite, sentada em meu apartamento, refleti sobre minha jornada.
A dor ainda estava lá, uma cicatriz que nunca desapareceria completamente, mas agora era acompanhada por uma sensação de conclusão, de um ciclo finalmente fechado. Peguei os papéis do divórcio, finalmente prontos para serem assinados. Com cada assinatura, senti um peso sendo levantado de meus ombros.
Não era perdão; nunca seria perdão. Mas era um fim. Olhei pela janela, observando as luzes da cidade.
Minha vingança estava completa. Minha história com Luiz finalmente encerrada. O futuro se estendia à minha frente, incerto, mas cheio de possibilidades.
Eu havia sobrevivido; mais do que isso, eu havia triunfado. E se o preço desse triunfo foi uma parte da minha humanidade, bem, era um preço que eu estava disposta a pagar. O telefone tocou, interrompendo meus pensamentos.
Era um número desconhecido. "Alô? " atendi, curiosa.
"Nadir," a voz de Rebeca soou do outro lado da linha. "Nós precisamos conversar. " Sorri, um sorriso que não alcançava meus olhos.
A história ainda não havia acabado; não completamente. "Claro, Rebeca," respondi suavemente. "Vamos conversar.
" O café estava quase vazio quando Rebeca entrou, carregando um bebê adormecido nos braços. Seus olhos percorreram o ambiente até me encontrar, sentada em um canto discreto. Hesitou por um momento antes de se aproximar.
"Nadir," ela cumprimentou, sua voz tensa. "Rebeca," respondi, indicando a cadeira à minha frente. "Sente-se.
" Ela se acomodou, aninhando o bebê em seu colo. O silêncio pairou entre nós por alguns instantes, pesado com tudo o que não estava sendo dito. "Por que me chamou aqui?
" perguntei, finalmente quebrando o silêncio. Rebeca respirou fundo. "Eu.
. . eu preciso entender tudo o que você fez, tudo o que aconteceu.
Por quê? " Olhei para ela, para o bebê em seus braços, e senti uma onda de emoções contraditórias: raiva, tristeza, até mesmo uma pontada de inveja. Mas acima de tudo, determinação.
"Você realmente quer saber? " perguntei, minha voz calma, mas com uma ponta de aço. "Quer saber como é ter 15 anos da sua vida jogados fora como lixo?
Como é ser. . .
" Traída e humilhada pela pessoa que jurou te amar e proteger, ela estremeceu com minhas palavras, mas não desviou o olhar. Sim, eu quero entender. E então eu contei, contei sobre cada momento de dor, cada noite sem dormir, cada lágrima derramada.
Contei sobre o plano meticuloso que elaborei, cada movimento calculado para destruir a felicidade que eles haviam construído sobre as ruínas da minha vida. "Você não tinha o direito," Rebeca sussurrou quando terminei, sua voz trêmula. "Ri um som sem humor.
E que direito vocês tinham de destruir minha vida? " "Mas o bebê," ela começou, olhando para a criança adormecida em seus braços. "O bebê é inocente.
" "Interrompi. Minha vingança nunca foi contra ele, foi contra você e Luiz, contra a traição, a mentira, a hipocrisia. " Rebeca ficou em silêncio por um longo momento, processando minhas palavras.
E agora ela finalmente perguntou: "O que acontece agora? " Inclinei-me para a frente, meus olhos fixos nos dela. "Agora, Rebeca, você vive com as consequências de suas escolhas, assim como eu tive que viver com as consequências das ações de Luiz.
" "Você é um monstro," ela sussurrou, abraçando o bebê mais apertado. Sorria um sorriso frio que não alcançava meus olhos. "Talvez, mas sou o monstro que vocês criaram.
" Levantei-me para sair, mas antes de ir, me virei uma última vez. "Ah, e Rebeca, cuide bem desse bebê. Não cometa os mesmos erros que seus pais.
" Saí do café, deixando Rebeca sozinha com sua culpa e seu filho. O ar fresco da rua me atingiu, trazendo consigo uma sensação de finalidade. Uma parte da minha vingança estava completa, mas ainda havia Luiz.
Encontrei-o exatamente onde esperava, no bar onde costumávamos comemorar nossos aniversários. Ele estava sentado sozinho no balcão, um copo de whisky meio vazio à sua frente. "Olá, Luiz," disse, sentando-me ao seu lado.
Ele se virou lentamente, seus olhos vermelhos e inchados me encarando com uma mistura de surpresa e resignação. "Nadir, veio terminar o trabalho? " Pedi uma água ao bartender antes de responder.
"O trabalho já está terminado, Luiz. Estou aqui para ver os resultados. " Ele riu amargamente.
"E está satisfeita com o que vê? Um homem destruído, sem família, sem emprego, sem futuro? " "Satisfeita?
" Repeti pensativa. "Não, Luiz, não estou satisfeita. Estou em paz.
" Ele me olhou confuso. "Em paz? Depois de tudo o que você fez?
" Assenti lentamente. "Sim, em paz, porque agora você entende. Entende o que é perder tudo, ter sua vida destruída.
" "Em um instante eu disse que sentia muito. " "Ele murmurou, virando-se para seu copo. " "Sinto muito não é o suficiente, Luiz," respondi, minha voz dura.
"Nunca foi sobre suas desculpas, foi sobre justiça. " Ficamos em silêncio por alguns minutos, o som abafado do bar ao nosso redor. Finalmente, Luiz falou novamente: "O que você quer de mim, Nadir?
Já não tomou tudo? " Virei-me para ele, encarando-o diretamente. "Quero que você viva, Luiz.
Viva com o que fez, com as escolhas que fez. Viva sabendo que cada momento de miséria que está passando é resultado de suas próprias ações. " Ele estremeceu com minhas palavras, como se tivesse levado um tapa.
"E você? " Ele perguntou, sua voz quase um sussurro. "Como você vai viver?
" Sorria um sorriso verdadeiro pela primeira vez em muito tempo. "Eu vou viver, Luiz. Livre de você, livre do passado.
Vou viver a vida que você quase me tirou. " Levantei-me, deixando as notas na mesa para pagar minha água. Antes de sair, me virei uma última vez.
"Adeus, Luiz. Espero nunca mais te ver. " Saí do bar, sentindo o peso de 15 anos de casamento, traição e vingança finalmente deixando meus ombros.
O ar da noite estava fresco, carregado com a promessa de um novo começo. Caminhei pelas ruas da cidade, minha mente repassando os eventos dos últimos meses: a dor da traição, a fúria da vingança, a satisfação amarga da justiça feita. Tudo isso agora parecia distante, como se tivesse acontecido com outra pessoa.
Cheguei em casa e fui direto para o escritório. Sobre a mesa, os papéis do divórcio me esperavam. Peguei a caneta, hesitando por um momento antes de assinar.
Com cada assinatura, senti um capítulo da minha vida se fechando. Não era um final feliz, não era um final triste, era simplesmente um final. Guardei os papéis em um envelope e o coloquei na mesa.
Amanhã os enviaria ao advogado. Seria o último ato desta longa e dolorosa peça. Fui até a janela, olhando para a cidade lá fora.
As luzes brilhavam contra o céu noturno, milhares de vidas seguindo seu curso, alheias ao drama que acabara de se desenrolar. Pensei em Luiz, sozinho naquele bar, afogando suas mágoas em álcool. Pensei em Rebeca, lutando para criar um filho sozinha, carregando o peso de suas escolhas.
E pensei em mim mesma, de pé neste apartamento, finalmente livre. Não havia alegria em meu coração, não realmente. A vingança não traz felicidade, apenas uma espécie de satisfação vazia.
Mas havia paz. Uma paz dura, fria, mas paz ainda assim. Meu telefone tocou, interrompendo meus pensamentos.
"Está feito," ela perguntou assim que atendi. "Sim," respondi simplesmente. "Está feito.
" Houve um momento de silêncio antes dela falar novamente. "E agora, o que você vai fazer? " Olhei mais uma vez para a cidade lá fora, para o futuro que se estendia à minha frente, incerto, mas cheio de possibilidades.
"Agora," Marina disse, uma pontada de satisfação em meu rosto, "eu vou viver. " Desliguei o telefone e fiquei ali, observando a noite. A vingança estava completa, o ciclo fechado.
O que viria a seguir eu não sabia, mas pela primeira vez em muito tempo, estava ansiosa para descobrir. A dor ainda estava lá, uma cicatriz que nunca desapareceria completamente, mas agora era acompanhada por uma sensação de liberdade, de possibilidades infinitas. Eu havia sobrevivido, mais do que isso, eu havia triunfado.
E se o preço desse triunfo foi uma parte da minha humanidade, bem, era um preço que eu estava disposta a pagar. O futuro me aguardava. E eu estava pronta para enfrentá-lo, não como a esposa traída, não como a vingadora implacável, mas simplesmente como Nadir, uma mulher forte, resiliente, pronta para escrever o próximo capítulo de sua história.
A noite avançava e, com ela, o fim de uma era e o início de outra. Minha vingança estava completa; minha história com Luí finalmente encerrada. Era hora de começar de novo.
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Até o próximo vídeo.