Por que ser rico no Brasil dá tanto trabalho? - PODCAST Não Ficção

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Atila Iamarino
https://www.youtube.com/channel/UCSTlOTcyUmzvhQi6F8lFi5w/join Nessa estreia do Não Ficção, conversa...
Video Transcript:
[Música] o que que é coisa de rico ou coisa de pobre Por que uma mesma bolsa na mão de uma pessoa pode parecer que ela tem muito dinheiro e que é uma bolsa legítima ou na mão de outra pode parecer que ela tem pouco dinheiro e tá usando uma coisa forçada uma bolsa falsificada Que tipo de Privilégio que a ostentação traz E como que acontece a ostentação a brasileira O que que a gente faz aqui no Brasil para mostrar que tem poder dinheiro status familiar que é diferente no resto do mundo isso a gente vai
discutir aqui no não ficção que é o nosso podcast que traz ciência pro seu dia a dia sempre conversando com especialistas com quem entende domino o assunto como o Michel alcoforado com quem eu vou falar agora que é antropólogo phd especializado em antropologia do consumo que trabalha com consultorias justamente para agências que são especializadas em pesquisa de mercado em comportamento do Consumidor e em tendência de consumo em geral Michel também é colunista da CBN e colunista do wol e antes de eu falar com Michel só queria parar aqui para agradecer quem possibilita tudo isso que
a gente tá fazendo que são os membros do canal e o pessoal que manda o Valeu demais pra gente muito obrigado pelo apoio de vocês é graças a isso que a gente pode estar aqui conversando vamos lá Michel antes de tudo muito obrigado pelo privilégio da conversa que a gente vai ter aqui e eu adorei conhecer o teu trabalho conhecer você porque você é um antropólogo moderno Você estuda hábitos modernos um antropólogo que estuda consumo tenho muita coisa para te perguntar mas eu queria perguntar antes de tudo como que você foi parar nisso eu fui
parar nisso por uma rebeldia eh eu fui fazer meu mestrado na Universidade de Brasília que era visto como um dos maiores centros do Brasil e quando cheguei lá eh me deparei com o departamento e com os meus colegas estudando questões indígenas quilombolas E por aí vai e eles andavam igual eu andava né era sandalinha de couro a gente usava aquela bolsinha de Congresso do lado bata né e usava umas frases né vamos salvar o mundo aquela questão toda e aí eu decidi que aquele assunto era interessante para mim mas aquilo já tinham falado Então fui
pesquisar o Senado primeiro eh e depois no meio do do meu mestrado eu fui fazer uma bolsa tive uma bolsa para estudar na Argentina um pequeno período e lá eu descobri que antropólogos trabalhavam trabalhavam fora da academia havia uma uma tradição aqui muito forte no Brasil que tem a ver com a formação da disciplina muito preocupada isso muito preocupada em inventar esse país que foi isso que aconteceu né os cientistas sociais inventaram esse país que não privilegiava nenhum tipo de trabalho fora da academia e o trabalho na academia devia estar preocupado com as questões nacionais
e quando eu vi que tinha gente que se valia do conhecimento acadêmico dos mesmos livros que eu lia lá para trabalhar pra gente que não tava dentro da Universidade eu falei tem rebeldia aqui de novo e aí apostei nisso e cair no consumo cai no consumo por acreditar que dentro de uma sociedade marcada pelo vocabulário capitalista não há possibilidade da gente resolver a vida sem ter crédito e débito e crédito e débito inventa pessoas inventa identidade constrói relações marca fronteiras inventa eh cisões e isso eh era quase como se fosse um tubo de ensaio aqui
que é um negócio você entende abessa Você olha para consumo você consegue ver a sociedade borbulhando eu tava de olho nisso E aí cair nessa tribo e tô nela vou mudando de vez em quando de uma tribo para outra mas meu negócio é tentar entender porque que as pessoas se comportam como elas se comportam E por que que Elas compram o Que Elas compram E por que que elas inventam razões e explicações para dar sentido para coisas que não faz nenhum sentido elas comprarem né para ficar muito claro aqui a gente podia estar bebendo água
eh num copo de plástico a gente podia est vestido de saco de arroz a gente podia não ter cortado o cabelo ou feito a barba mas a gente inventa que não dá para vir aqui no teu podcast sem isso tudo e aí isso vai movimentando a vida Isso vai movimentando a sociedade isso faz a gente acordar para trabalhar isso faz a gente se preocupar com a aposentadoria isso faz a gente pagar a escola pro filho para ele se inserir no mercado de trabalho para ele conseguir em alguma medida pagar para ele poder também comprar suas
coisinhas e eu falei tem um troço aqui que eu me preocupo é isso que eu quero saber e foi isso que eu fui pesquisando tô pesquisando e mas já uns 15 anos e assim dentro da antropologia clássica vai dos estudos antropológicos da da parte que eu já li geralmente o pessoal vai conviver com um grupo diferente vai fazer uma análise externa né eu vou chegar num num numa aldeia vou chegar num grupo vou chegar num num numa civilização diferente e lá você essa pessoa Imparcial que vai observar eles de longe e vai conviver com isso
eu vejo isso muito por exemplo com em biologia como que a gente a gente descobre o que que é o estado natural do ser humano ou como que era a humanidade antes da Agricultura ou do capitalismo Ah então a gente vai estudar os massais lá na África vamos pra Tanzânia ver esse grupo que Aldeia que você foi visitar e acompanhar para fazer o seu estudo as aldeias tradicionais dessas que a gente imagina que os antropólogos eh sempre foram e vão e continuam indo É verdade eu nunca fui e isso talvez seja uma falha aqui no
meu currículo Mas li muito sobre eh mas a antropologia desde o começo do século de meados do século passado sobretudo ali pelos anos 70 ela entendeu que a base da disciplina era a diferença e nós quando viajávamos quilômetros enfrentávamos Rios Canoas Caravelas para poder chegar em populações distantes identificar e viver com aquele grupo identificar como eles viviam as razões que levavam eles a levar a vida que levavam a gente estava preocupado com uma coisa fundamental que era a diferença que a gente lá na academia chama de alteridade certo que é essa coisa que você olha
para alguém que tem dois braços duas pernas uma cabeça né órgão sexual e a pessoa entende o mundo de uma forma completamente diferente de você e isso faz com que ela se Vista Case coma pense de uma forma distinta só que a antropologia foi entendendo que a diferença ela tá Às vezes muito próxima eu não preciso mais viajar eh e mais do que isso essa revolução foi tão importante que a gente entendeu que uma pesquisa antropológica ela não começa mais quando eu pego um avião para ir a determinado lugar ou um barco ela pode começar
dentro de mim então toda vez que eu chego num lugar e eu identifico que tem coisas que eu não tô entendendo tem uma diferença operando ali e se tem diferença operando pode fazer antropologia isso permitiu que a antropologia brasileira que é muito sofisticada tá entre as mais sofisticadas do mundo eh nos anos 70 eh um estudante de Mestrado em Copacabana no Rio de Janeiro Gilberto velho morando dentro de um kitnet fizesse um mestrado que é a Utopia urbana que é decisivo mudou a antropologia brasileira eh com vizinho Porque Tinha diferença como que foi e a
pergunta fundamental dele era básico o que faz alguém sair de um apartamento grande ou sair de uma casa na zona norte gigantesca e morar dentro de 27 M qu como alguém consegue levar uma vida dentro de 27 M qu Ah uma pergunta continua extremamente válida ah Opa e agora tá bombando para caramba esses estúdios eu acho que ela vai gritar ainda mais né E isso mudou ele vai entender que alguém quando mudava pra copac Cabana começava a lidar com códigos de relação de própria concepção do que que era individualidade ou a vida com os outros
que numa casa lá na zona norte ou no subúrbio não operavam e isso deu muita antropologia revolucionou a antropologia do mesmo modo eu quando tava te dizendo que fui pesquisar política a meu incômodo foi básico assim era um tempo e ali 2007 2008 Eu tava andando pelos corredores do senado federal e quando eu passo do lado de fora tinha um Mão Santa que era um senador do Piauí famoso porque ele tinha um bordão que ele dizia Ah no Piauí mas coisas dessas e eu passo do lado de fora e ele bradava um ex-governador duas vezes
governador do Piauí ou seja o Senado é uma casa de gente muito importante não é fácil virar Senador E aí o m Santa falava pras Multidões e eu passo pela Tribuna de honra assim pela porta entro no plenário o plenário inteiro tava vazio não tinha ninguém e o sarnei o José sarnei que era presidente do senado naquela altura dava umas batidas de cabeça assim com sono e eu falei esse homem tá falando para quem na altura quem não tem muito contato com a política pode imaginar que a TV Senado tem alguém preocupado com isso eu
posso dizer para você que ela dá se tem TV que dá traço lá dá menos de alguma coisa ninguém assiste aquele bagulho e é uma pergunta antropológica que surge ali é que que faz alguém que é ex-senador ou ex-governador que falou para Multidões ganhou duas eleições ganhou um cargo de Senador que é um cargo majoritário ou se já tá acostumado a falar para milhões de pessoas sobe na Tribuna para não falar para ninguém porque nós estávamos acostumados sempre a falar para pessoas né Eu tô aqui falando contigo você tá falando comigo porque a gente parte
de um pressuposto que no dia a dia a comunicação é sempre eu que falo que sou emissor construo uma fala te envio essa mensagem você decodifica aí na sua cabeça e entende só que a gente consegue falar sem precisar comunicar porque na política fala ela faz ela não comunica e na política a gente ou na na vida cotidiana a gente fala para alguém né e eu espero que você me entenda e eu tô sempre catando ali Alguma pista de que você tá me entendendo quando eu tô falando de política a gente às vezes fala para
não falar para ninguém mas a fala funciona por exemplo eu tô tô intrigado aqui tô eu tempo que o Brasil ia dar certo o Lula era presidente Lula 1 dois sei lá qual o Lula e aí é uma amiga minha eh me chama para uma formatura da turma do Itamarati lá que é aquela gente que tem três sobrenomes gente importante né o marido dela tava se formando e eu vou a um jantar no Itamarati eu morava lá em Brasília e o Lula sobe na Tribuna lá para fazer o discursinho dele como presidente e ele vira
para mim e fala ele vira pra multidão E fala um negócio que eu fiquei impressionado gente que que fala línguas né vários sobrenomes ele diz vocês sabem por a cabeça da gente é redonda a cabeça da gente é redonda PR as ideias circularem a multidão DNA é aquele povo que herdeiro veio de barco Como diria o presidente da Argentina né a multidão levanta aplaude e diz É isso mesmo a cabeça da gente é redonda para ideas circularem eu pirei eu disse não faz nenhum sentido isso mas funcionou funcionou do mesmo jeito que no nosso dia
a dia há determinados pedaços da nossa comunicação que a gente não fala para comunicar ela só funcionam se eu eh decido que não venho aqui e eu peço mil desculpas a você porque não vou conseguir vir e eu falo Átila Me desculpe muito você do lado daí vai dizer sim Michel te desculpo não dá para desculpar sem pedir desculpa ou sem ser desculpado como não dá para começar a namorar sem dizer E aí vamos namorar e terminar um cas sem E aí Vamos separar a gente precisa dessa fala que é uma fala que faz coisas
e a política é esse lugar é como a publicidade é também nós aqui convivemos com isso uma propaganda típica dos anos 90 que foi proibida pelo Conar era aquela clássica do compre batom compre batom era 30 segundos no SBT de manhã compre batom compre batom comunicava o que nada mas você saia de casa igual uma mulinha compre batom compre batom isso fazia né fazia como temp né é uma brast temp ou não é uma brast temp se comunica o quê nada mas isso faz Você chega na Casa Bahia na magalu Sei lá onde você olha
pra lja você fala isso é uma Brastemp ou se não é uma Brastemp há essa dimensão importantíssima da nossa comunicação que é fazendo né E nós lidamos com isso também eu trabalho lá na rádio aí vira e mexe né é às vezes a pauta é boa o Brasil ajuda né mas às vezes às vezes não tem pauta você chega uma pauta desse tamanho E você tem 20 minutos é uma aula aquilo ali de oratória e Boa tarde Michel alcoforado e aí e aí né 20 minutos às vezes falando sobre o nada comunicando Nem sempre mas
fazendo para [ __ ] tá certo fazendo eu Ach e você como um grande comunicador domina isso a bessa né e e tendo controle ou não tendo controle ou não agora vários pontos do que você falou um deles eh Por que que as pessoas fazem o que fazem o que que valor que isso tem para elas né porque que alguém casa ou não como o quão diferente pode ser o mundo de quem tá convivendo perto eu eu uma das coisas mais marcantes que eu já ouvi que me despertou essa noção de que é uma outra
cultura eu não sei o que é isso foi ver um um insulto de um político inglês para um primeiro ministro eu não lembro o nome do político agora mas era um Lord com 15 sobrenomes e três títulos antes que para ofender o primeiro-ministro ele falou não esse cara aí não tem não tem origem nenhuma ele teve que comprar os próprios móveis e eu falei cara quantas camadas de de Tipo pô e eh O que que é o não é não é nem se o cara tem dinheiro ou não ali mas é tipo ah a minha
família tem 1200 anos e eu herdei esse castelo e toda essa mobília do ano 400 enquanto esse cara aí pode ter o dinheiro que for mas esse dinheiro é novo e ele teve que sair para comprar a mobília aqui pra gente Pô você poder comprar sua mobília combinando já é um motivo de orgulho enorme é um sinal de classe média então então quantas camadas tem uma conversa dessa pra gente conseguir entender o que que é esse Insulto né e no que que ele tá pegando e só dá para entender esse Insulto na sua profundidade se
você faz parte daquele código cultural eh o que ele tá dizendo é algo que aqui na elite brasileira se reproduz também de um modo ou outro né que ele tá dizendo é que tem gente que acorda de manhã entra na vida vai ao mercado de trabalho tendo que se preocupar em que cama dormirá e tem gente que já nasce em berço de ouro eu adoro essa expressão berço de ouro eh essa expressão berço de ouro ela é típica da sociedade brasileira e ela é maravilhosa porque ela naturaliza o teu lugar de origem Fulano que nasceu
em berço de ouro ele nasceu em beço de ouro por por acaso igual seu filho nasceu na sua casa o filho dela nasceu na casa casa dela e por aí vai né e ele nasceu invo ele não tem o que fazer nasceu sendo que as desigualdades sociais no Brasil elas são construídas diariamente por todos nós quando eu naturalizo algo que é construído eu não preciso mudar e aí tem os estudos de uma socióloga muito importante que é elisia Reis que vai mostrar que desigualdade social tá presente em qualquer lugar do mundo em qualquer sociedade humana
mas nós brasileiros estamos muito acostumados com isso não fazemos nada para mudar porque a gente naturaliza é assim que a gente fala né Ah por isso que Fulano não melhora de vida aí alguém não consegue ir pra escola a gente facilmente Diz para ela ah não deu Fulano não conseguiu estudar não teve as condições para estudar como se não fosse um compromisso nós nossa enquanto sociedade trabalhar pesadamente para mudar e gerar essas transformações esse negócio que você tá falando de desse Insulto é tem desdobramentos interessantes é e por isso que cada cultura dá para ler
esse negócio de uma maneira diferente na França e ele teria dito pro Inglês sua família tem chatô ou quem é você a sua família nemum chatô tem E olha que loucura como os humanos são né sociedade francesa 1789 se organizou quebrou um pau queimou tudo e disse acabou com esse negócio de de de aristocracia aqui a gente vai ser uma república os caras até hoje conservam sinais de nobreza dentro do cotidiano e tem um chatô que é um castelo antigo que você herdou da sua família é um sinal claríssimo eu fiz pesquisa na França e
uma vez eu cheguei na sala de aula no curso que tava fazendo chegou uma moça atrasada e essa moça que tava atrasada era Marie Constance de sangli de France Sim ela tinha dois sobrenomes com partícula D que é chique pa chuchu que é sinal que há muito tempo a tua família tem um naco de terra na França Ah o Você é de alguma coisa então você é do reinado ninguém mais sabe mais o Mas você sabe que se a fulana é de alguma coisa ela é de algum reinado é como ser de Bragança isso tem
a ver com o reinado isso isso é ch Então ela tinha dois não era um só não era muito chique Ela tinha um nome Marie Constance e Marie Constance era o nome católico composto que foi uma homenagem a Tatar avó essas coisas de gente que lembra muitas gerações E era uma homenagem à avó dela e ela chegou atrasada porque o chatô tava em reforma quando essa mulher entrou eu que não era daquela cultura não entend tanta referência né ou reverência ela não entendi porque que as pessoas estavam tão submissas né quase abaixando a cabeça e
prestando a ela uma homenagem pela pelo seu status nobres Nobre mas os os nobres e franceses entenderam do mesmo modo quando alguém chega com carro importado num restaurante nos Jardins facilmente o manobrista sabe eu digo bem aqui no aqui no Brasil Quem entende de corte de terno é metro de restaurante por me conta is o cara tá sentado lá chega eu e você né chega eu e você com a nossa roupinha isso existe aqui eu não vou citar o restaurante para não expor mas existe aqui em São Paulo e Duas cartas de vinho é chega
eu e você ele não vai te gerar o constrangimento de te mostrar vinhos que você não pode pagar não ele no máximo vai falar para mim ó tem o Claro e tem o escuro é isso Ponto né Aí você ele vai você finge até né classe média se esforça vai o brinco que vai aquelas vinículas ali no Chile né traz aquela taça Sacode cheiro não sente cheiro de nada mas tenta simular a experiência e aí o o cara olha pra tua roupa pelo corte da terno pelo Cora lapela pela qualidade do teu tecido ele sabe
qual qual taça te serve ou qual vin te serve e qual taça te serve também a referência tá posta e essa a referência tá posta e a reverência também do mesmo modo eh alguém que anda com relógio X com a bolsa Y com pato x tá buscando esse tipo de marcação da diferença é é sobre isso que é a vida social e eu acho que esse é um aspecto importante eh a gente precisa entender os códigos para fazer parte da vida nem que vocês o negu assim você pode negar Mas você tem que saber eh
o que tá em jogo para poder transitar pela vida social Deixa eu aproveitar esse gancho Então como alguém que o consumo gira em torno eu tô presumindo aqui senão a gente para agora eh que muito do consumo gira em torno de ostentação não neamente Ostentar riqueza mas Ostentar um símbolo valores mostrar que você pertence ou não aquilo né desde a opção da pessoa usar uma coisa de marca até ela falar Não não uso marca não eu não não Ostentar o não também é um é um Ostentar de de onde vem isso assim isso tem que
valor num num bicho social como nosso como nós somos eu diria que não é o consumo que fala de ostentação a busca por uma certa ostentação faz parte da vida social como um todo certo a nossa vida enquanto humanos e aí nesse momento não interessa a cultura porque em todo em qualquer cultura humana há uma disputa e uma batalha gigantesca pela marcação da diferença não há sociedade humana sem diferença não é à toa que a gente tá todo o tempo dizendo Fulano é mulher Fulano é homem eh o Fulano vai lá e diz não eu
não sou mulher nem sou homem eu sou não binário né ou eu tô todo tempo dizendo Esse é rico esse é pobre esse é bonito esse é feio são caminhos e estratégias que determinados grupos se valem para poder dizer Olha nós somos diferentes a busca por essa construção de muros e fronteiras são fundamentais a qualquer dinâmica social Não importa se você tá ent usian mam ou entre as peruas do do Oscar Freire ou do shopping jataka isso Pou que importa o que acontece é que numa sociedade capitalista o consumo ele é uma Pontezinha fácil fica
mais fácil que tu sabe para tu virar esse grande cientista que você virou tu ralou para caramba né tu teve que ir paraa graduação fazer fazer um ensino médio depois entrou no mestrado no doutorado no pós doutorado leu leu leu leu leu para você conseguir chegar aqui e dizer assim eu sei o que eu sei e eu sou o que eu sou agora você entra ali no shopping pega o seu cartão de crédito compra um Rolex todo esse esforço gigantesco você marca com isso balançando pulseiras esconder meu relógio aqui e que quer dizer muito também
né quando você decide mesmo tendo dinheiro para ter um Rolex ter um relógio eletrônico um smartwatch desse aí você também tá comunicando que tipo de tribo você faz parte qual tipo de grupo você tá pertencendo ou qual tipo de vínculo você tem e olha posso te dizer que agora entre a elite Paulistana e a elite carioca É mais chique né Tem um relógio Smart watch porque mostra um controle do corpo uma preocupação com o consumo de calorias com a performance do aparelho biológico se você acorda às 5 da manhã porque o valor da manhã se
você dorme toma banho gelado toma banho frio banho quente você agasalha não agasalha isso tudo mostra uma preocupação com esse corpo enquanto máquina o que também é um elemento de diferenciação sim então é a busca pela diferença faz parte da sociedade eh e o consumo É só um um atalho para facilitar que a gente construa essas Fronteira de um jeito mais eficaz e mais fácil comprando comprando quer dizer é quando o pessoal critica o capitalismo eh apontando o consumo e vendo outras sociedades para mim fica muito claro que olha Olha esse é um dos sistemas
onde a coisa se manifesta dessa forma mas em todos os outros sistemas as pessoas também criam camadas criam decisões dão estatus criam privilégios quem tem e não tem acesso àquilo Posses quem pode ou não pode tocar no objeto sagrado ou seja sagrado pelo dinheiro ou sagrado deidade mesmo E por aí vai né quer dizer esse esse drive de de hierarquização ele é inerente né não é o fruto ele se manifesta dessa forma agora mas ele já vende de o capitalismo é mais uma forma da gente operar e construir a diferença eu acho que esse é
o ponto importante E essa palavrinha que você usou na pergunta que é ostentação eu acho que era uma palavra é super interessante pra gente deixar bem claro aqui para todo mundo que todo mundo ostenta se Ostentar de algum modo é comunicar aos outros que eu tô marcando a minha diferença todos nós em alguma medida seja eh em termos de diferenças de gênero diferenças culturais de classe de status ou o que for estamos ostentando alguma coisa porque sem a ostentação você não se inclui não pertence e não há ser humano possível vivendo isolado a gente tá
sempre buscando a inserção dentro de um determinado grupo por que que a gente diz que determinadas pessoas ostentam é quando elas comunicam errado tá que que eu quero dizer com isso a operação da diferença ela é dificílima ela é dificílima é um processo de grande conhecimento do que que é a vida para ela poder funcionar e você chegar no restaurante e alguém se deslocar do lugar onde tá para abrir a porta do seu carro você é muito hábil ou para você chegar aqui só olhando pra sua cara você conseguir ser reconhecido como um grande cientista
é muita habilidade isso dá um trabalho enorme esse bagulho é então a operação da diferença é um negócio delicado agora como o que que a gente acha que é a ostentação ostentação ela é o que nós antropólogos vamos chamar de categoria de acusação que é quando eu acho que alguém não tá o operando a diferença da maneira mais educada ou da maneira mais correta socialmente aceita eu vou lá e para desqualificar aquilo eu digo Fulano está ostentando E aí é interessante Porque nessa hora em geral a gente privilegia alguns tipos de marcação da diferena determinado
em detrimento de outras Então ninguém acha que rico tradicional ostenta a gente em geral olha um rico tradicional e fala assim Fulano é tão simples nem parece que é rico né e a gente questiona muito comportamento dos novos ricos diz dizendo Olha esses caras aí ostentam e eles não sabem gastar o dinheiro deles tem duas questões que estão postas aí primeiro é que você não tá conseguindo ler a Ostentação do rico tradicional e ele tá ostentando só que ele não tá operando a diferença com você que ele não vai perder teu tempo o tempo dele
contigo né ou senão ele tá ostentando marcas que teu conhecimento tão reduzido não consegue nem perceber você tá acostumado com as fis né e as marcas que ele opera você não lê aí você acha que ele é simples e o segundo ponto importante é que quando a gente critica o consumo de alguém nosso nossa visão tá sempre recheada de muitos preconceitos eh ninguém acha que ostenta mas a gente tá sempre apontando PR os outros que os outros ostentam ninguém acha que seu próprio consumo é insustentável E aí se relacionando com as pautas de sustentabilidade a
gente sempre critica o dos outros né ninguém acha por exemplo né que o própria maneira como leva a vida tá errada a gente apenas vive mas a gente tá todo o tempo apontando e a forma como os outros pensam vivem se comportam como uma forma não correta não sustentável ostentatório então Eh toda vez que eu procuro pensar um consumo dentro do próprio grupo com a lógica do próprio grupo a ideia de ostentação enquanto categoria de acusação se esfarela e a gente começa a ver sempre essa questão de como é que esses caras estão marcando a
diferença e estão se esforçando para mostrar que eles não são igual aos outros vou aproveitar esse gancho do da hierarquia e da Ostentação para trazer o meu viés de ciências biológicas aqui se eu forçar barra você me fala tá é em outros primatas em chimpanzés por exemplo hierarquia e e saber o seu a sua camada social é questão de vida ou morte né o chimpanzé que come antes dos do grupo dominante que tá acima dele que não abaixa a cabeça que bate num filhote que ele não podia bater ou coisa assim ele morre ou é
expulso do grupo então ele tem que est muito atento o tempo todo para para quem fala com quem para quem que eu presto respeito para quem que eu não presto e e uma das coisas mais tem Os experimentos muito legais que se você quer prender a atenção de um chimpanzé é você inverter a ordem social Então tá um grupo tá interagindo fazer aluma coisa comendo aqui tem outro grupo lá longe Aí você toca um som daquele grupo lá longe para esse aqui e é é um é é uma fêmea dominante dando um esporro no macho
super tranquilo ninguém mexe a cabeça agora você toca uma fêmea dominante sendo submissa para uma fêmea que não era dominante todo mundo para para ouvir para olhar todo mundo vai acompanhar eu já já ouvi de quem de quem estuda eh de primatologist que o pior erro que um primata pode fazer que um macaco pode fazer é ser obediente a quem é Submisso porque aí ele entrou nessa todo mundo que manda no Submisso agora manda nele Uhum Então é o tempo todo demarcando né eu posso ou não posso eu sei ou não sei quanto disso você
vê ao redor de consume dessa sinalização dessa demarcação de até aqui vai o seu privilégio essas pessoas têm mais privilégio que você por exemplo eu gosto muito da ideia e da provocação enquanto um um condicionamento imposto pela natureza sobre a cultura tá eh mas eu não posso pensar isso como determinismo perfeito é então eu posso concordar que os primatas de uma maneira geral também tão preocupado com hierarquias igual as abelhas devem estar também não sei se as moscas estão os jos também mas a da riqueza como eu respondo a esse condicionamento biológico é que a
gente precisa de algo que é básico pra humanidade que é a cultura certo certo né então Eh porque se fosse só por uma razão biológica eu em anom mame o sei lá uma pessoa no meio do Japão estávamos respondendo as questões de hierarquia do mesmo modo É verdade estamos todos preocupados com hierarquia de algum modo todos né uns mais outros menos ou acionando ou performando isso de maneiras distintas mas eh de certo modo é a cultura que gera essa complexificação na resposta que a gente dá do mesmo modo né todo mundo né sendo animal tem
fome eh mas alguém no Japão às 7 horas da manhã como um negócio alguém na França come outro alguém no Brasil e agora tá essa moda que o pessoal tomou um pó de academia e acha que aquilo é comida né e coisas que ninguém achava no passado então a eh eu não tenho a menor dúvida de que eh o nosso nosso homem né o nosso humano eh e aí não sei nem se é qual minha palavra mas é a nossa natureza de certo modo gera perguntas fundamentais paraa cultura mas eh o que me interessa como
antropólogo é como cada grupo social tá resolvendo aquilo de maneiras muito distintas dentro de uma mesma sociedade sim s porque óbvio que brasileiros e japoneses resolvem as questões hierárquicas de jeitos distintos Mas na minha própria casa a gente resolve de maneira distinta no meu próprio prédio a gente resolve de maneira distinta distinta eh em disciplinas diferentes a gente pensa de forma distinta você sabe que quando eu saí da academia e fui trabalhar no mercado né ajudar marcas academia Universidade não academia que come o pauzinho academia não essa não essa eu frequento pouco dá para reparar
mas a da da Universidade o que mais me chocou era A Hierarquia como a dinâmica de Construção do Saber ela era muito distinta e eu tive que passar por um processo de ressocialização do mesmo modo em que no doutorado eu sabia muito bem Em que momento que o professor falava Em que momento que ele não falava como eu articulava as palavras como não falava né Eh eu tive que aprender a mesma coisa no mercado e o mais interessante é que nesse processo de aprendizado chegou um momento que eu fiquei no meio do caminho né A
academia dizer não você fala igual jornalista e jornalistas dizeram Cuidado para não falar igual antropólogo e o texto era a mesma coisa eu escrevia a escrevia a tese aí orientadora dizer você tem pedaço da sua tese que parece texto de jornalista E aí outros pedaços quando eu tô lá agora mesmo né que tô escrevendo livro aí a a moça que me ajuda como leitora crítica Diz para mim frases curtas Michel falta frases curtas você precisa de frases você precisa de para que essas frases desse tamanho é porque tô nesse processo de ressocialização então a cultura
é um negócio que nos dá uma plasticidade eh que não permite que a gente invente verdades universais eu acho que esse é o principal sabor principal tempero que a antropologia trás eh pro nosso pro nosso debate que é como diante daquilo que é universal a gente constrói de algum modo alguma especificidade né aproveitando como que a nossa cultura então é diferente de outras assim uhum tanto no no na linha de eh O que é o Brasil mas assim alguém que estudou Como se manifesta o consumo em outros países em outras sociedades como que é a
a o consumo e a ostentação ainda aproveitando a a a o temo dessa dissonância a brasileira como que a coisa acontece aqui porque ah pro inglês lá é ter herdado o castelo ou o chatô aqui pega meio mal você ser de uma família que herdou escravos né Ou pelo menos abertamente pega mal a gente usa os eufemismos né Então como que isso se manifesta aqui no Brasil legal e porque essa distinção né Essa constução de diferença eu brinco Sempre que há duas coisas que me perturbam o primeiro que o Brasil é o país mais doido
eu acho dentre esses que eu conheço e conheço país PR xuxu que é ao mesmo tempo em que todos nós estamos a todo tempo negando que somos ricos Então pode vir o IBGE dizer Olha se você tem uma renda familiar acima de R 10.000 você faz parte dos 5% magico da sociedade brasileira pode vi né o IBGE dizendo que se você tem uma renda familiar mais de 20 e Poucos milis você faz parte do 1% magico do Brasil eu olho para você e falo você é rico você vai dizer eu Eu não o que eu
posso dizer para todo mundo ficar tranquilo é que quem ganha 30.000 não é rico quem ganha 60 não é rico quem ganha 200 não é rico e já cheguei nos bilionários da forbs em entrevista e perguntar você é rico eles vão dizer não eu tenho uma vida boa com conforto rico não mas olha a loucura esse mesmo lugar onde ninguém se vê como rico tá todo tempo eu você a empregada doméstica a funcionária agora que tá nos assistindo o garoto que tem 18 anos se esforçando para para parecer mais rico do que é então que
contradição é essa de uma sociedade onde eu preciso colocar um anel para parecer que eu sou mais chique do que sou qu compra uma pulseira inviste qual é a função disso nenhuma inviste você compra um negócio você se monta para parecer mais rico do que é a Quando alguém te pergunta se você é rico você diz não esse negócio é tão importante no Brasil que eh típico nas casas de família brasileira e qualquer classe social quando tem espaço né que próximo a porta você tem um espelho Comprido sim é que é O último é o
último look que você anda olha antes de ir à Rua E aí é interessante que é muito clássico quando tem um evento importante que as famílias brasileiras se organizem na frente do espelho e fiquem unas olhando pros outros perguntando tô chique tô chique nada mais é se você tá operando se você tá parecendo mais rque do que é hoje eu tô chique porque eu tô parecendo mais RIC do que sou tem dia que eu não tô tem dia que eu tô normal né então isso é muito importante e outro ponto que eu acho que é
muito interessante pra gente pensar é que a gente no Brasil no Brasil não inventa a identidade de Rico a diferença com dinheiro dinheiro é um tema proibido no Brasil eh eu posso saber qualquer coisa da sua vida você chora né diz que que falou eh na análise você abre seu passado você mostra que sei lá o que levou Teve um dia péssimo ontem mas se eu chegar para você em algum momento perguntar quanto você ganha nunca jamais o que coloca um dilema gigantesco sobre a constução da diferença baseada em classe porque não é dinheiro que
gera a diferença aqui e que que opera a diferença no Brasil coisa hum as pessoas no Brasil elas enfrentam uma batalha cotidiana para comprar coisas de rico uma batalha cotidiana e não importa a sua classe social e não tô falando que todo mundo quer comprar um Rolex Mas a partir do ponto de vista que você tá no teu lugar social você tá sempre querendo alguma coisa mais e essa coisa mais é que você tem a de que vai mudar sua vida você acha que vai ser mais bem tratado você acha que vai ser vai ter
privilégio você acha que alguém vai lembrar mais você por conta do acionamento desse tipo de coisa que vai dar pros outros a percepção de que você é rico e de outras palavras que vai fazer você operar a diferença é tão interessante esse negócio que as coisas aqui são tão decisivas que a vida da classe média dos mais pobres ou dos ricos gira em torno do pensamento das coisas é e a gente atribui esse status a isso né você falou me veio na na hora assim eu tinha um cel tinha aham já tô usando diminutiva cé
tinha e eu tive um problema na chave dele que era aquela chave com código para destravar o carro levei num chaveiro tinha visto um preço ali na na na no chaveiro tava esperando para fazer a minha E por coincidência a pessoa na frente foi buscar uma chave que eu vi ela pegando uma chave igual Uhum aí o chaveiro falou ah R 90 na época em que sei lá R 30 era muito hoje em dia bom né e eu chegou na minha vez eu cheguei não tava preparado para pagar falei pro chave falei não Quanto que
é para fazer essa chave aqui ele é 30 aí eu mas é a não aquela ali é uma chave de Vectra é um carro de Doutor o seu é 30 não tem problema quer dizer é o mesmo serviço a mesma coisa mas por ter um carro de Doutor mas a moça do Vectra ia ficar muito chateada se ela tivesse pagando 30 igual você com Celta é isso é tão doido que é interessante que aí certamente tem alguém ouvindo a gente aí Dizendo Ah mas isso aí é pra gente que é fútil né Ah isso é
pra gente que tá preocupado Eu não compro nada querido não há como viver numa sociedade capitalista sem comprar nada Todos estamos a todo tempo Ah mas eu sou vegano eu ando de bicicleta pela Vila Madalena eu faço yoga Hot yoga de manhã isso é consumo Ah não eu vou fazer o mochilão pela índia com jare Krishna sei lá da onde nós vamos e acender incensos e de adamia do Nepal isso é consumo e e quando você acha que um consumo é mais apropriado do que o do outro você tá moralizando não entendendo então todos nós
no Brasil H todo tempo estamos disputando coisas e não é porque elas marcam status eu digo que as coisas e aí pode parecer até um passo mágico mas tem um tom de mágica porque a vida social e ela tem essa força mágica Mita das vezes as coisas elas têm um papel de te catapultar elas te empurram para determinados lugares que sem elas vocês não chegam Então vou te dar um exemplo básico de carro eu durante a pesquisa e olha tô pesquisando esse bagulho tem 12 anos eh durante a pesquisa num hotel chique de São Paulo
desse que o pessoal gosta de ir para poder tomar drink sei lá o quê eu comecei a reparar investigando que o vallet sabia facilmente qual era o carro que tinha eh blindagem qual não tinha hum na hora que o carro dobrava a curvinha assim da rua e entrava no pátio do hotel eles olhavam muito fixadamente pro peso da lataria sobre o pneu e ali ele identificava se aquele carro era blindado ou não se seu carro fosse mais baixo porque o peso da blindagem é altíssimo E olha que loucura é quando o seu carro era blindado
você ficava mais próximo à porta é isso fazia o qu isso mudava a sua vida porque na hora que você descia bêbado do restaurante o seu carro saia antes do que de todo mundo do mesmo modo quando você chega com um terno bem cortado você recebe uma carta de vinho diferente quando você chega vestido apropriadamente com um determinado evento você é atendido de forma diferente é aquela coisa que eu adoro dizer né que é um ditado popular mas faz todo sentido né no Brasil de que dinheiro chama dinheiro é fundamental aqui o dinheiro chama dinheiro
porque na medida que você tem dinheiro você opera a diferença com mais facilidade e quanto mais diferente você é mais dinheiro vem pra sua conta o que que a gente escolhe de benefício com essa sustentação a gente Cora de benefício com essa ostentação é inserção que é a grande batalha humana Que benefício é esse que a gente ganha quando ostenta esse benefício quando a gente ostenta é uma vida recheada por privilégios é uma vida onde as pessoas se tratam bem é uma vida onde as oportunidades aparecem é uma vida onde você olha para mim você
reconhece que eu como disse o presidente da Argentina quem veio da selva e quem veio de barco é uma vida essa lógica hoje tem vários manuais de distinção dentro da sociedade brasileira passaporte essa loucura brasileira ai meu passaporte italiano meu passaporte espanhol meu passaporte português meu passaporte sei lá da onde ai Fulano gasta agora tá na moda eles ficam 4 meses na Itália porque fazem o processo por lá e isso é muito maravilhoso processo que não é leg legal assim no sentido estrito da coisa mas olha quanta distinção você tem aí né a pessoa para
a vida dela fica 4 meses na Itália o homem bate na porta ela diz ah eu moro aqui né tô aqui ela mente e ela volta para cá ela diz Ah fiquei 4 meses na Itália para conseguir resolver os processos da minha família e não sei qu isso gera distinção para caramba Isso muda a vida é isso que faz por exemplo quando tem uma disputa de vaga de promoção na empresa quem você acha que tá apto a assumir o cargo a ser promovido eh em geral Quem opera muito bem as coisas de rico eh esse
ponto é importante é aqui que a gente reproduz a desigualdade no Brasil os impostos eh a não doação a alfabetização péssima da população o baixo investimento em educação é só reflexo desse modelo de sociedade onde a gente risca no chão quem tá dentro e quem tá fora e quem tá dentro rala P [ __ ] para não sair e é um esforço simbólico de entendimento que que tá no jogo e quem tá fora dá uma vida para entrar a maneira como o estado brasileiro vem sendo desde o do século XX né os estudos de patrimonialismo
essas coisas todas quando as pessoas confundem família com estado desde sempre nada mais é do que um reflexo dessa maneira como a operação Ela opera aqui porque você tem privilégio privilégio e um privilégio que é um retrato Claro da marcação dessa diferença Olha que loucura esse negócio do ônus e do bônus tem fases né agora esse vinho porque o dólar tá caro mas eu comecei a fazer pesquisa com rico era e no tempo dos Outlets sim dólar do para um dó do para um dólar 80 dólar sei lá quanto milhões de brasileiros milhões de brasileiros
entravam nos Outlets de Nova York e de Miami para comprar alucinadamente uma pesquisa do credit suiss mostrava que em média um brasileiro gastava 6800 em compra e era a calça da Tomy cueca da Tom Mia isso olha a loucura Olha a loucura o cara comprava tudo e ele comprava tudo e ficava desesperado com as coisas aí surgiam os boatos e o mercado americano foi se adaptando para conseguir dar conta dessa gente preocupada com coisa primeiro boato era de que os carros eram assaltados e eu fui para Departamento de Polícia na Flórida para ver quantos carros
tinham sido assaltados Ah o carro com as compras lá sim isso acreditava-se né os brasileiros acreditavam que quando você deixava suas compras eh alguém ia levar e E aí eles começaram a deixar o carro no vallet que custava 20 dólar sei lá sendo que você podia deixar de graça e eles pagavam felizes isso justificavam e tiravam foto um outro ponto era no hotel né os hotéis roubam as coisas também aí as malas eram amarradas e não sei qu e o terceiro ponto maravilhoso é que vai a gente vai ver o desdobramento diário é a guerra
dos brasileiros com bagagem de mão dentro do avião sim nenhum lugar tem isso né e na fronteira né Na hora de passar estão desesperados né tinha quer trazer tudo dela junto com ela agarrado nela né Se pudesse vir abraçada na mala ela vinha isso revela o quê revela uma neurose pode ser mas revela uma sociedade onde o apego às coisas é decisivo minimalismo não deu certo aqui não não mar rondou mar rondou Coitada as pessoas compram para dizer que conhecem mas não deu certo aqui a lógica do maximalismo enta ucha ucha ucha e vamos embora
e tem Eu já vi ciclos de de da coisa perdeu o sinal o status dela do tipo apareceu uma marca nova que só tem nos Estados Unidos a marca não veio pro Brasil Então traz traz camiseta da marca não sei o qu Porque você só consegue comprar lá então Enquanto você tiver aquela camiseta ou você ou alguém próximo trouxe aquilo aí o o negócio F né O apelo aparece aí ou a marca Vem pro Brasil ou o pessoal começa a falsificar eu achava roupa de surf assim arrodo no no no no perto da galeria lá
no centro de São Paulo por R a camiseta que era 130 na loja do Shopping Mas aí todo mundo agora no trem no metrô no ônibus tem a camiseta daquela marca tem aquele símbolo aí ela perde a graça agora vamos pra próxima marca Olha que loucura essa centralidade das coisas na invenção da diferença no Brasil é tão importante que ela mobiliza a nossa vida não só na aquisição mas também no Cuidado eu brinco que pras coisas de Rico funcionarem a gente precisa ter três dimensões que são decisivas primeira delas é que você tem que usar
alguma coisa que os outros sejam capazes de ler então eu uso sei lá uma camisa da lacost se você não sabe é se não tem o jacaré você não vai ler ela não opera se o jacaré é muito pequeno também não serve eu me lembro que eu fazia pesquisa sobre cópia na 25 de Março e eu chegava em lojas onde as camisas falsas da lacost tinham um jacaré desse tamanho em Silk colado e eu perguntava pro cara por que isso ele disse [ __ ] o cara compra essa [ __ ] por causa do jacaré
Porque que a [ __ ] do jacaré desse tamanho tem que ser o jacaré de ponta a ponta que é genial né então precisa ser lido tem um outro evento que eu adoro também contar que uma tem uma máfia de Rolex né em São Paulo em geral nos bairros onde os executivos vão mais é onde o cara tá com Rolex no restaurante ele entra no carro no próximo sinal Ele é assaltado deram azar de assaltar um procurador inclusive que mantel Lou uma dessa E aí tem esse negócio e eu me lembro que uma vez uma
amiga minha tava andando comigo pelo Jardins e ela tinha um Rolex e o cara para a gente e ele grita Madame passa o Rolex eu amei porque eu falei meu Deus o cara olhou de longe viu que era um Rolex e ele não passou não disse passa o relógio ele falou passa o Rolex e Madame né Madame E aí maravilhosa ela vai passa o Rolex chora porque é Rolex de vovó de vovô não não comprou né era imin não a gente se preocupou em comprar e eu pergunto para ela e aí vai ficar sem rle
vai comprar outro Rolex ela disse não eu vou comprar um Cartier agora porque bandido não conhece Cartier porque não lê Então a gente tem que controlar quando é que a coisa funciona há um segundo ponto que isso mobiliza as elites brasileiras que é a coisa ela não pode estar gasta hum Que que é isso na medida em que gente que não é gente como eu quero ser começa a usar ah s é o lance da escassez né automaticamente Aquele troço começa a ficar gasto E aí quando começa a ficar gasto não serve mais para mim
gostei o gasto aí não é o gasto de de desg financeiro é o gasto de desgaste mas é um desgaste social né é tipo o nome ficando comum né isso exatamente os nomes também são estratégi de diferenciação importantíssima no Brasil né você tem um filho aí Enzo Kenzo essas coisas já tá na passou da classe média né se for mais novo então já tá já já tá muito gasto para ter receber não é mais de classe média porque agora o filho da classe média chama Irene né chama João né ou João Guilherme uma já fez
a volta e o nome que era gasto agora é escasso isso e o povo lá em cima tá de olho porque na escola quando fizer a chamada do teu filho você sabe né quem nasceu no Jardim Europa ou quem nasceu na nária Franco é tá claro com nome na hora que você recebe sei lá um chefe tem gente que já nasce com o nome de chefe e tem gente que não né revela então Os caras estão muito atentos a essa coisa do gasto e o terceiro ponto que é muito difícil também que é eu brinco
que think Come Together você tem que comprar o bagulho e saber usar ele de forma apropriada ah é verdade é verdade fazendo uma pausa na conversa aqui não para você consumir mas para lembrar você de assinar o canal para receber os próximos episódios do não ficção e os próximos vídeos regulares do canal e para quem já é inscrito pense talvez se tornar um membro ou mandar um Valeu demais pra gente que essa ajuda faz muita diferença por aqui tem uma cena que me marca muito eu acho que é de Bastardos Inglórios onde o cara é
um espião eu não lembro se o espião inglês vivendo na Alemanha ou um espião alemão vivendo na Inglaterra me marca muita a cena do restaurante que tá todo mundo conversando o cara o disfarce dele tá funcionando 100% aí alguém fala quantos você vai querer ou quantas pessoas são E ele fala três e num país se faz três assim e no outro é assim e essa mãozinha só o três do cara já entregou acabou caiu a máscara ali quer dizer um deslize fora do seu personagem já fica muito claro que você tá vestindo uma casaca Claro
e olha isso é perverso né Eu brinco sempre que não adianta você ter dinheiro para comprar uma bolsa liton verdadeira se você e eu souv no campo tá não é da minha cabeça Ouvi uma mulher dizer se eu tô se eu vejo alguém com uma bolsa liton verdadeira pode estar com número de série pode estar com a nota fiscal comprada na chanz eliz na loja da Lis vitton na estação da Sé às 5 da manhã a bolsa automaticamente fica falsa eu tive uma vez uma aluna eh que eu fazia um negócio que não se pode
fazer no di de hoje porque agora é bullying e tá tem toda razão não deveria fazer mas vou aqui confessar e eu deixava os alunos chegarem atrasados mas eu fazia o bullying do atraso queera fazer uma análise de moda de quem entrava E aí era sempre um lugar muito divertido todo mundo ria junto e eu eh uma vez chegou uma uma aluna minha que ela chegou com uma bolsa Lui Vuitton e eu falei essa sua bolsa Aí é falsa hein que ela ficou horrorizada ela no meio da aula ela tirou uma nota fiscal clasificada e
ela disse é por isso plastificada óbvio que nenhuma nota fiscal aguenta e ela me provou disse professor é por isso que eu ando com a minha nota fiscal ela rindo brincando não foi uma briga ela disse é por isso que eu ando com a minha nota fiscal para ninguém duvidar ó aqui ó comprei na França a minha luiv Vitão é verdadeira e eu disse para ela querida pouco importa não é sobre isso não é sobre isso é sobre a capacidade que você tem de sustentar de maneira adequada no contexto perfeito as marcas que você carrega
e aí isso é muito perverso com quem f porque você coloca né sobre o indivíduo que tem capacidade de comprar coisas de rico e às vezes ele não tem o tempo de aprender como é que as usa e mesmo se aprender sempre vai ser um estrangeiro revela a diferença eu lembro sempre que é engraçado que mesmo quando você tenta fazer essa reprodução do hábito do Gico se você não é você automaticamente revela igual você fez aí no dedo comecei essa pesquisa e em Miami com um evento que eu vi de dois brasileiros emergentes e que
arrumam uma briga na Imigração da da do do Aeroporto de Miami com eles chegam para ficar duas semanas no faena que é um dos hotéis mais chiques de Miami Beach eh sem nenhuma mala a moça tinha uma bolsa que ela carregava assim o moço tinha uma mochila e o homem pergunta na Imigração eles na minha frente Quanto tempo vocês vão ficar em Miami eles dizem duas semanas e o homem me diz Cadê as malas eles disseram a gente não trouxe mala nós vamos comprar tudo tudo tudo cueca pasta de dente calcinha tudo o agente não
entende aquela porcaria manda eles para salinha eu sigo aquilo e e não vou PR salinha mas depois eu encontro eles na locadora do carro e aí a gente troca telefone e eles me levam para jantar em agradecimento porque eu mediei lá um problema eles é me levam para jantar em agradecimento num restaurante em Palm Beach que é onde o trump aí tem o Resort dele chegando lá eu cheguei antes eu sentei na parte de dentro e era um restaurante que a classificação era ver e ser visto que é maravilhoso né é o cara não vai
pela comida ele vai PR ver e ser visto é uma reprodução lá par se assim quando a gente tivesse pensando em 2023 cer é E aí chegando lá eu sentro na parte de dentro eles chegam atrasados e na hora que eles me olham eles falam eles nem falam comigo eles vão direto pro lado de fora e manda um garçom me levar pro lado de fora pra varanda E aí na hora que eu sento ela me diz tadinho né não sabe nem onde tá vem pro restaurante para ficar na parte de dentro e eu disse ué
mas por quê ela disse aqui fora a gente quer ver tudo quer ser visto e e no nosso redor famílias de venezuelanos babá vestidas de branco motorista empregadas e não sei qu e na parte de dentro doos americanos ali Eu revelei minha diferença ali Eu revelei que eu não sabia sentar naquele restaurante não adianta você tem cartão Black cartão amarelo cartão o que for a forma como você segura a bolsa a forma como você se posiciona a mesa a forma como você eh pega nos talheres a forma como você usa as palavras como nomeia seus
filhos como fala com o chefe como trata o porteiro determinam esse lugar social que é quase como se fosse muros que vão sendo levantados ou Pontes que vão sendo içadas no teu jogo social e para facilitar a vida a gente precisa de mais Ponte do que muro Então quando você maneja bem uma pessoa que é rica e reconhecida como rica ela tem mais Ponte do que muro e ela batalha tá porque parece que é fácil Fulano nasceu é um exercício diário para conseguir conquistar essas Pontes vou te dar um exemplo eu entrevistei muitos bilionários em
São Paulo e uma uma dessas moças né casada com um importante milionário brasileiro ela me mostrou junto com a assistente dela a quantidade de presentes que ela compra pro mês pros amigos presentes por mês sim é todos os dias alguém faz você conhece também né todo dia você conhece alguém que faz aniversário que que você que classe média faz caga o que tá para fazer o máximo se for muito teu amigo você manda um bilhetinho não vai morrer aí querido tu não vai longe não não vai subir né que que você chegar lá na lista
da forbs você precisa ter uma assistente e é uma assistente necessário porque é impossível Uma assistente que diz para você na hora que começa março os aniversários de março são esses que que nós vamos mandar para cada um às vezes três aniversários no mesmo dia que que a gente vai mandar para cada um E ali você faz uma classificação de quem merece uma mensagem de WhatsApp de quem merece um arranjo com uma carta escrita à mão e de quem merece presente presente eu tô dizendo bolsinhas da guci bolsinhas da airm gravatas sapatos Ferragamo is prendendo
várias marcas aqui é um trabalho isso é um trabalho porque se não faz o negócio cai os amigos não Te chamam mais isso é um trabalho e a gente a graça da antropologia é essa É que às vezes a gente olha para assim ah essa mulher Coitada é uma inútil né ela não tem ela fica em casa né qual é o grande dilema dela isso é um trabalho é para poder se manter no mesmo lugar sim às vezes viabilizando a carreira do marido ou esp dele ou quem vai dar empréstimo ou por issoa é por
isso que ela é isso isso é um trabalho é do mesmo modo a a pessoa não pode sair da casa dela com uma barba fora do lugar ou com cabelo com uma raiz aparecendo se ela pinta o cabelo ou com uma roupa que não seja alinhada isso implica que a o cabeleireiro vai a sua casa três vezes por semana sim para você em nenhuma momento deu um incêndio na sua casa você acorda pronto isso é um trabalho é um trabalho imenso isso é um trabalho e só é um trabalho por quê Porque traz retorno é
como a história do Gramado que eu tava vendo né que quando um condomínio nos Estados Unidos Por exemplo exige que as casas mantenham o gramado aparado é um jeito muito polido de você falar não quero pobre aqui dentro porque no menor dificuldade financeira da pessoa aquela grama vai ficar descuidada né Ah esse é o ponto número um dos falidos eu estudei muitos falidos também os falidos sabe que há um desafio enorme na sociedade brasileira porque aqui como as coisas são muito importantes você precisa manejar o vocabulário das coisas e do dinheiro se você e é
um equilíbrio muito delicado se você tem muito dinheiro e não tem coisa o inferno você é mesquinho mesquinho roga uma praga em você só atravessa a rua cai não há maior xingamento eu brinco que tem dois xingamentos terríveis na sociedade brasileira fedorento e o outro é mão de vaca uma pessoa que é mesquinha mão de vaca e ninguém quer ser amigo dela e como é que alguém vira mesquinho mão de vaca é alguém que tem dinheiro e não tem coisas então Fulano que tem dinheiro ele precisa comprar coisas porque senão Ninguém vai querer fazer negócio
com ele ou Ninguém vai querer encontrar com ele no tinder ele não pega ninguém pessoa pareceu na Forb sei lá é forbs Under 30 é ou sei lá o o bagulho ganhou 1 milhão sei lá não sei a onde antes dos 30 ela leva você para comer coxinha na estação de metrô é é mesquinho mesquinho não não não sai dali agora quando você tem e as coisas mas não tem dinheiro você tem dois caminhos ou você é metido a besta eu metido a besta também é um negócio que a gente acha meio ridículo que é
o Fulano que se mata para ter as coisas e não ter dinheiro mas você pode ser um falido é o Porsche panameira com pneu careca né isso isso é o falido falido tadinho falido eu fui em muitas casas de falido aqui em São Paulo e tem sinais chega na casa de um falido no Morumbi e o cara não consegue vender aquela casa porque ninguém compra o valor não é nem próximo do que ele pagou que ele herdou mas ele se mantém lá naquela casa enorme pagando R 60.000 de ptu mas ele tá lá mas ele
não tem dinheiro para bancar o Jardim primeiro ponto Jardim zoado é sinal Claro de que o Fulano é falido não é toa que casa de rico quando contrata paisagista ela contrata junto quase dois jardineiros porque manter aquele jardim com Macara que ele sempre teve ali tem que ser um um status honesto né querido ISO Alia tem que ser um trabalho muito muito delicado então Os caras gastam uma fortuna para manter um ambiente onde Pareça que tudo tava ali os móveis estavam lá o Jardim tava lá a casa sempre esteve ali tudo sempre teve ali mas
tá fresco tá isso né Então esse é um ponto importante isso é um trabalho segundo ponto piscina chegou na casa de alguém querido a piscina tá vazia pessoa que esvazia a piscina põe aquela tela em cima sabe PR Ah é Para poupar que tá inverno gente que gente que não põe gente que tem dinheiro não se preocupa com isso vai tá piscina aquecida no inverno Ah vai tá tá preocupado não terceiro ponto importante pintura porque casa de rico em geral ou é muito branca ou tem cor muito forte o que dos dois mados cobram uma
manutenção gigantesca pareceu uma infiltração pata de cachorro sabe é que roçou sei lá onde é é um sinal de que o cara tá falando tip Carrão amassado né é isso Carrão amassado é tipo Carrão Extra vintage de andando na rua porque rico tem carro vintage mas ele não sai na rua fica lá na garagem se tu tá andando com essas Mercedes igual a gente vê em São Paulo falando tá uma Mercedes né é muito antiga em movimento não é afetivo né ele tá precisando daquele carro para ir ao mercado é então esse negócio sinal Claro
dos falidos os falidos eles são centrais dentro da economia brasileira porque assim e eles retratam de maneira muito clara o apego que a gente tem as coisas o Fulano não abre mão e primeiro ponto para você ver e que da casa são mais visíveis mas a primeira batalha que uma família que foi rica começa a ter na medida que entra numa fase de decadência é o barco pro cara deixar de pagar a vaga do barco ele primeiro ele cortou ele tomava Sei lá o whisky Blue Label ele tá tomando Red Label assim abrir a mão
do barco do seguro do barco do cuidador do barco do da estilista de banco de barco que tem isso a mulher que separa Não esse aqui é um cor específico não sei quê a tendência do verão a tendência do verão trocou de barco Esse é um negócio absurdo Então os falidos eles não se livram das coisas não se livram ficam com aquele negócio lá porque eles acreditam que as coisas ainda vão colocar eles em algum lugar eles acreditam que o r Rolex vai mudar a vida dele ainda estão contando com essas Pontes né estão contando
com essas Pontes porque na medida que ele se livra daquilo ele é esquecido e aí eu queria entrar numa outra coisa que é da sinalização e da contass sinalização assim eh porque dentro desse espírito né de ah eh então para você parecer chique você tem que trazer isso mas tem que ser na medida tem que ser na hora certa tem que ser tal coisa que nem a história da cari que numa sociedade muito pobre você ter Cari significa que você é rico uhum porque você pode comer doce e já numa sociedade minimamente bem bem você
ter cara senão que você é pobre porque você pode comer doce mas não pode pagar o o tratamento dentário quando a gente vê o pessoal por exemplo seguindo hábitos de ricos né Que horas que a pessoa acorda quando que ela trabalha quando que ela faz isso aquilo Fulano joga Golf ou não sei o quê elas não podem estar às vezes se inspirando ou tentando seguir sinais que na verdade são contraprodutivos tipo Golf por exemplo vou vou vou já tá rotulando aqui Golf de ostentação mas para você jogar uma partida de golf você tem ter várias
horas do seu dia disponíveis para fazer aquilo para alguém rico para mim é olha eu tenho tanto tempo e tanta gente cuidando das minhas coisas que eu posso passar meu dia aqui fazendo isso para alguém que quer ser rico fazer a mesma coisa é o pior que a pessoa tá desperdiçando um tempo que ela podia estar fazendo outras coisas ou chegar atrasado na festa né que é super chique mas é chique para quem todo mundo na festa já conhece a gente tem esse lance de tipo sinais que as pessoas dão como riqueza e que para
um grupo que não é que não tá na mesma camada de privilégio são contraprodutivos e mesmo assim a gente imita a gente imita sempre eh a mimética é um elemento fundamental da do aprendizado social e quando a gente tá falando de distinção de classe é mais do que nunca importante eh e é fundamental a gente eu brinco sempre que pra gente ser alguma coisa você tem que contar PR os outros primeiro que você é nesse empreendimento né é às vezes é muito a tua estratégia de muito sucesso às vezes é muito fracassada Então cara que
começa a jogar golf eh mesmo sem ter dinheiro para bancar o Golf ele tem a expectativa que o J ele tenha e ele faz isso esperando que a diferença opere só que iso é um território muito turbulento né a chance de dar ruim é gigantesca e tu sabe por quê ao contrário por exemplo das distinções sei lá de gênero ou outras étnico-raciais que você tem a marca Clara eh do que você é socialmente reconhecido então eu sou um homem negro porque eu tenho mais milanina eh na minha pele sou lido como tal e vivo toda
a batalha de alguém que é eh a riqueza desde que a gente terminou com a aristocracia não tem nada claro definido que te diga que a partir de um determinado momento você eu digo sempre que a pobreza ela é facilmente aferível todo mundo que vive com menos de 1 Dólar segundo a ONU vive uma situação abaixo da linha da pobreza mas ninguém diz o quanto você precisa para ser considerado rico isso varia então essa gente eles T uma batalha cotidiana de e provar pros outros o que eles são ou seja serem reconhecidos como Tais sem
poder dizer ainda mais aqui que a gente não pode falar de ainda mais aqui então é um negócio dificílimo é e nesse lugar tem sempre caminhos escabrosos aí né difíceis né você anda sempre num areia movediça Às vezes tem pedra emb baixo Às vezes você afunda e todo mundo vive isso todo mundo Quantas vezes a gente já saiu achando que ia lacrar sa assim T fazend um sucesso do caramba com a roupa nova que tu comprou chegou lá tu errou o contexto né outro dia a gente foi vir um negócio desse ameio foi convidado para
um jantar eu tava acostumado ir na casa da minha amiga é dia normal gente ela na beira da piscina e ela tinha mais 50 e poucos anos assim vem de uma outra geração um dia nunca tinha indo em São Paulo num negócio desse um dia ela deu um jantar para uns amigos e eu fui convidado eu achei que eu encontrar a mesma casa da hora do almoço que eu vou no domingo na piscina não é no jantar burguês clássico aqui e aí no jantar burguês é meia luz na sala né os móveis estão todos organizados
as empregadas estão de uniforme eh todo mundo passou no salão antes então tava com cabelo maquiada um vestido preto de traços assimétricos e eu cheguei com a minha roupinha de domingo à tarde que eu já tinha ido na casa dela à noite Ficou claro que eu tava fora de contexto né Isso é difícil abessa Isso é muito difícil só eu tava fora de contexto porque só eu não tava acostumado a ser convidados para aquele tipo de jantar então é essa batalha é uma batalha diária difícil abessa porque a gente tá sempre agindo sem saber se
vai ter eficácia na nossa ação então é ano de olho fechado e numa guerra quanto disso você vê aqui no Brasil ser é feito a base de pessoas no seguinte sentido eh quando eu fui trabalhar nos Estados Unidos o o grande a grande conquista do meu chefe lá foi que ele e a esposa agora tinha um salário que era autossuficiente para eles poderem ter babá pros filhos então tinham três babás $500 assim mesmo para quem ganha em dólar é muita uhum porque eles tinham um monte de criança e tinha dois turnos não sei que o
resultado é eles trabalhavam muito mais para ver os filhos muito menos para poder gerar essa essa roda aqui no Brasil não é muito mais barato você ter gente te servindo fazendo as coisas montando quanto você vê da Ostentação aqui ou da dessa sinalização não ser pelo consumo de bens mas ser pelo consumo de serviços de quem vai fazer o seu cabelo a sua maquiagem manter sua casa limpa deixar a a roua de de cama passada essas coisas assim é e aqui no Brasil ela é uma Pera um pouquinho diferente dos Estados Unidos tá eh o
que eu tenho sempre dito é que um dos traços mais recentes dessa ostentação ou dessa marcação de diferença nas elites brasileiras é a ideia de uma vida ocupada Hum tá então é clássico você vai vive isso aqui quero levar o Fulano o Fulano é muito importante o Fulano não tem agenda Fulano às vezes tá coçando saco em casa tá tranquilaço mas ele diz olha ol eu queria muito mas eu não tenho agenda eh se você acha que alguém é importante aquela pessoa tem agenda você já fica desconfiado Será que ela tem agenda mesmo ela mesmo
Será Que Será que ela é importante desse jeito mesmo fulando não tem agenda então a gente gera essa vida da ocupação eu te juro te juro não fazia ideia que você ia falar isso mas eu acho muito mais fácil entrevistar um mega especialista internacional pro meu programa na TV Cultura do que entrevistar especialistas brasileiros é muito mais fácil de conseguir um aceite e a pessoa no dia seguinte tá dando entrevista do que chegar em alguém aqui muito cupado eles precisam dizer para você que eles são ocupados É eu sei porque eu convivo com essa gente
esses grandes especialistas brasileiros e é interessante que tem um que eu conheço que o povo levanta quando ele chega e já antes dele começar a falar assim não vou tomar seu tempo que eu sei que você é muito culpado eh essa ostentação desse tempo faz com que eles precisem de muitos empregados eh e aí é decisivo esse negócio o cara quer muitos empregados eh para poder dar conta disso tem uma entrevista E aí posso citar porque é pública eh se eu não me engano foi na casa vog da vida o sig Bergamin que é um
grande arquiteto né é importantíssimo reconhecido no mundo todo ele eh diz que ele gostava mais de trabalhar no Brasil ele que tem casa em Paris Nova York Sei lá onde porque aqu ele tinha muita ajuda e muita ajuda são os empregados para dar tempo para ele criar eh não se preocupar com as coisas cotidianas eh outro elemento importante que é decisivo aqui secretária a secretária se você tem uma secretária é um sinal Claro de que você é muito ocupado e aconteceu uma vez que de uma entrevista no valor econômico e aí a entrevista deu certo
e um grande empresário de uma enorme uma consultoria enorme queria marcar uma entrevista comigo sobre a minha entrevista uma conversa comigo sobre a minha entrevista e ele me mandou uma mensagem pelo meu WhatsApp pedindo que eu pedisse a minha secretária que falasse com a secretária dele e eu falei eu não tenho secretária a conversa não foi pra frente e não tava à altura e não tava à altura agora e então a coisa é da lógica do ocupado mas eu fui pra Índia agora fiz pesquisa com a elite da Índia na Índia eh ter muitos empregados
é um elemento importantíssimo na tua diferenciação e marcação de classe porque traz junto disso um vocabulário religioso Então os bramans que são as castas mais altas né E aí falando aqui de maneira estereotipada Mas pelo discurso religioso brames lá na novela Caminho das Índias era isso o cara que eh tem em geral um cuidado mais intelectual tem uma profissão ligada a isso isso exatamente eles têm uma série de proibições religiosas que não deixam eles comerem determinadas comidas tocarem determinadas coisas viverem uma vida mundana mas ele tá no mundo que que ele precisa de Empregados então
uma casa com muitos empregados na Índia as casas tem 12 empregados família de classimo eu fiquei a minha amiga a gente foi agora para um casamento é um garoto que era advogado Zinho de escritório ele tinha um motorista e um cozinheiro e uma empregada todos os dias eu ficava chocado é no apartamento de dois quartos Tá em Deli todos os dias ia um cozinheiro que ia na parte da manhã fazia o almoço voltava na parte da tarde fazia o jantar todos os dias sem feriados eh e o motorista porque ele não ia dirigir pela joj
delli né quanto que a gente tem de de incentivo para manter uma desigualdade social que libera essa mão de obra barata assim zero a gente não vai liberar nunca só se o Brasil virar outra coisa boa parte da convulsão social que nós estamos vivendo nos últimos 10 anos vem por conta de uma agente que saiu do lugar e foi assumir outros lugares isso gerou uma grande crise identitária nas camadas médias e nas elites eles acordaram de manhã como a típica coluna da n alão dizendo não vou mais a Paris o porteiro vai ou igual o
Paulo G Que história é essa de Empregada ir na Disney é garanto que ela não vai mais o problema ela não irá O problema não é tanto eu Estou convivendo com a empregada que tá indo na Disney isso aí é def o problema é se eu tô a gerações indo a Disney onde eu irei agora que é a preocupação agora que a gente tá vendo né os empresários dizendo e os ricos vocês vão preocupar com a gente que hora então a grande dilema que a gente enfrenta aqui que eu acho que é um dilema estrutural
cultural estrutural é que na medida em que você inclui pessoas você bagunça os muros que alinhavar a construção dessa sociedade isso coloca as pessoas numa crise e que horas ela volta é isso né Ué como assim a filha da empregada estuda na Unicamp é arquitetura e o meu filho que tô nesse apartamento nessa casa maravilhosa aqui de dois andares não passa a pessoa não entende ela não entende perspectiva de futuro ela não entende o que que é o presente ela não consegue fazer plano e por isso que eu acho que o debate da desigualdade no
Brasil ele vai demorar muito mais do que duas Três Gerações assim vai ser na marreta porque se for pelo processo social dando consciência igual a gente tem visto agora pessoal se reúne no Largo de São Francisco Vamos abraçar o Largo de São Francisco pela democracia pela inclusão eh o Fulano Vai lá se mobiliza no grupo da escola monta uma cartinha que no Brasil a gente adora carta né porque carta não funciona ah eu sou contra isso na hora que boto gente estranha para dentro estranho com muitas aspas aí gente de fora né estrangeira nesse nessa
medida para dentro a gente não aceita eu li outro dia uma frase que eu amei assim que serve para desigualdade mas serve para racismo também que é uma pauta que eu gosto muito de pensar que é melhor coisa para você ser antirracista é aceitar perder um privilégio aí não dá tu mobiliza né aí tu prefere lutar pelos Pets né Eh Ou deixar de ser vegano essa que é a questão assim eh quando eu vou aceitar que para eh resolver a desigualdade eu vou ter que perder a gente é a favor do livro inclusive Ach da
Progressista tá eh eu meus amigos né tô lá todo dia todo mundo antiracista todo mundo racista para caramba todo mundo a favor da inclusão da empregada todo mundo paga um salário desse pra empregada todo mundo muito preocupado com uma escola diferente pagando uma fortuna pro filho aprender robótica com 2 anos é todo mundo muito preocupado com o Brasil mas não concebe viajar dentro do país para eles vai viajar para onde Ah esse ano não vou viajar não vou passar minhas férias sei lá em gostoso em gostoso na viagem Ah não vou só aqui em gostoso
todo mundo a favor do transporte público e de carro blindado se a gente não entender isso eh não sei se vai mudar não sinto muito isso e não tanto na pele já vou deixar claro por que eu não sinto tanto na pele o quanto a gente aqui no país mantém essa essa separação né Essa hierarquização e eu tenho a impressão de que é ainda pior aqui em outros países onde você tem uma mistura de população que veio de condições de desigualdade muito diferentes uhum porque uma coisa é o japonês rico tolerar um japonês pobre que
vai ter um sobrenome parecido que veio da mesma região que a diferença é que os pais vieram de uma direção e os pais do outro vieram de outra agora aqui não né a gente tem um um fenótipo a gente bate o olho na pessoa e você já sabe se ou já pode presumir se ela vem da hierarquia de quem foi dono ou de quem foi posse né um do outro então quando eu eu falo que eu sinto mas não sinto muito na pele minha família tem uma mistura louca que eu nem faço ideia fui fazer
teste genético tenho DNA de indígena mas visualmente aqui eu sou caucasiano então não não passo pelos julgamentos que outros lugares vai passar você é polêmico hein eu não fiz DNA desses e nem vou fazer eh porque eu acho cafon hermo alguém que tá em 2023 dizendo Ah porque nós somos italianos minha família é italiana Eu sou gordo Porque minha família é italiana ah ou sou sei lá o qu porque minha família é alemã eu falo com a mão porque minha família é italiana C fonero isso do mesmo modo que eu acho para quem eh não
sabe de onde veio por conta de uma lógica escravocrata que apagou as nossas identidades e de uma política gigantesca de embranquecimento acho fon némo também dizer que eu vim do Congo porque o que essa cultura Aqui tem de muito diferente de qualquer outro lugar é uma capacidade ímpar de juntar e misturar de tal forma onde todo mundo não importa se é judeu se é católico se veio a duas gerações ou Três Gerações de Itá a gente vira um negócio que é Brasileiro sim agora não posso cair na lógica de achar que só porque isso aqui
inventa um brasileiro que isso aqui não é racista que isso aqui não é produtor de diferença que ISO aqui oferece oportunidad para quem tem uma não tem uma outra então que é a batalha que a gente tem que ter pra invenção desse Brasil é tal como a gente foi capaz de inventar na teoria eu tenho dito isso repetido assim o que a gente precisa dar conta de fazer a tal da democracia racial virar realidade o problema é que ela foi vendida como real quando ela não era e e eu falo isso assim eu acabei de
ler o livro do mí André e e eu adoro quando ele diz assim não tem racismo no terreiro de mãe menininha hum não tem racismo na roda de candomblé não tem racismo na capoeira não tem por quê Porque ali né as pessoas se sentem parte independente da origem étnico racial delas é esse o Brasil que a gente tem que inventar para todo lugar agora não adianta ter só na roda do candombl Na Hora do Emprego não tem e E é isso que a gente precisa inventar Então é se eu vim do Congo daag Bal isso
não muda nada porque eu sou brasileiro é e o que eu quero é ter o mesmo direito enquanto brasileiro como qualquer outra pessoa que tenha vindo e porque o vovô saiu da Itália da sicília da Espanha de Saquarema sei lá da onde chegou aqui e você acha mais importante do que os outros por conta disso a nossa batalha tem que ser por um lugar que eu acho que nós temos potencialidade de inventar que é um lugar onde que é o Brasil do carnaval né eu tenho dito isso toda vez que passa um carnaval eu falo
gente A gente devia abandonar um projeto de nação e virar um país do carnaval você vira vi eh biólogo eh estudioso cientista do carnaval eu viro antropólogo do carnaval ela ele vira a câmera do carnaval a luz vira luz para carnaval a gente ia ser um lugar muito melhor o drama e o desespero que a gente enfrenta na quarta-feira de cinzas é porque a gente tem que voltar a lidar com um conjunto de hierarquias que a gente não consegue conceber mas estrutura vida social brasileira a gente tem que ser capaz de produzir um lugar que
seja um lugar onde a gente seja respeitado pela nossa individualidade e ao mesmo tempo a gente se põe numa coletividade que é issoo que o carnaval tem eu fui a uns blocos aí nesse carnaval eu falei Deus é Brasileiro mesmo porque em qualquer outro lugar do mundo peguei um xanga do França por acaso né porque eu não sabia que era aquilo D aquele negócio vamos no xaranga do França peguei um xaranga do França Santa cicília uma rua Estreita dessa um troço sem som porque é hipster né E aí hipster não querem usar tecnologia né eles
estão usando máscara de escrever e o bloco deles não tem som aí peguei um negócio desse maravilhoso putz você olha ali fala isso aqui é o Brasil era tanta gente que eu falei se fosse em qualquer outro lugar do mundo a física faria sentido e certamente ia ter caso um grande acidente aqui uma tragédia horrorosa não o bloco vai indo as pessoas vão assumindo o lugar delas elas vão abrindo um espaço onde não tem espaço elas vão lidando com as próprias ambições na sua individualidade o bloco vira curva se bota um físico da USP lá
o cara não entende de como aquilo é possível o bloco vira a curva e a coletividade é que permite isso isso é o Brasil isso pouco importa de onde a gente veio eh eu acho que o caminho é aí se a gente talvez tivesse apagando as origens de todo mundo não só de alguns que foram forçados a apagar a gente ia viver no país melhor eh se a gente tivesse apagando as origens no cotidiano se eu tivesse muito preocupado mas coisas cafonas aqui tá eu acho cafoné moo é essa coisa que aparece no jornal Fulano
é antropólogo pela USP se for pro o NB ninguém diz se for pela UFRJ ninguém diz se for só for pela USP ser que for nermo a USP é uma universidade que a gente tem que ter muito orgulho mas não é a única Universidade que presta nesse país e em alguns cursos não é melhor nem de longe é mas tá lá Fulano coloca o jornal coloca fura de São Paulo col Fulano não sei que lá da USP is é cafona quer acabar com isso sobre tudo no mundo onde a gente cada vez mais vem entendendo
que os modelos tradicionais de educação quando chega no mercado de trabalho na inserção profissional nem sempre dizem mais nada então tem que acabar com isso né E que só assim a gente vai ser revolucionário na invenção de uma nova sociedade vou fazer essa pergunta para fechar Então porque e é isso a gente tá a gente tem esse lance das hierarquias tem o lance dos estatus aqui isso se mistura com cor de pele uhum e e num bolo onde um grupo tem uma cara outro grupo tem outra cara e se identificam por isso fica muito mais
fácil de criar Barreiras que são como naturais e a gente naturaliza Essas barreiras e preserva elas que arma cultural a gente tem para ruir erodir um pouco isso assim O Cafona transformar essas coisas em Cafona funciona o que que a gente pode fazer socialmente para promover ainda o status e a diferenciação do que é interessante e podar o que que mantém desigualdades por exemplo ou melhor desigualdades improdutivas desigualdades que eu acho que o caminho é vai ser a gente apostar que as as as especificidades elas são individuais Mas elas precisam ser sustentadas por uma coletividade
que inclui eh esse aqui é o país que aposta cada vez mais em menos né e eu vou botando vírgulas e e para se incluir é uma batalha gigantesca né tem que mobilizar e tirar forço se lá da onde eh e eu tenho dito que a gente precisa pautar a ideia de que uma cultura se constrói em conjunto é Há caminhos aqui né por exemplo nas gestões de classe eu vejo um movimento muito importante de começar a debochar de rico na cultura do mundo White lotos essa succession eh triângulo da tristeza eh Mulheres Ricas no
Brasil eh eu brinco que eh tem dois lugares que são muito agradáveis pros ricos que é quando você olha para eles e olha com admiração meu Deus ela gasta R 150.000 em presente todos os meses Vai um cabeleireiro na casa dela para ela não mostrar raiz ou um lugar de denúncia que eles adoram também porque não muda nada meu Deus ela gasta r$ 50.000 e tem R 40 milhões de pessoas passando fome nesse país esse é um lugar que é confortável para rico onde é o lugar que a gente consegue mudar alguma coisa deboche a
gente tem que debochar deles eu tenho que debochar de alguém que tendo uma fortuna gigantesca doa sei lá 10 cestas básicas Pro litoral norte é ri é só rindo porque aí as coisas deixam de funcionar eu tenho que debochar de uma organização que coloca preto e Pobre para dentro mas coloca nos extratos mais baixos dessa empresa eu tenho que debochar de uma liderança que tem toda a mesma cara e continua falando de diversidade e a gente tem que fazer essa gente virar meme é só assim é só rindo que eles vão começar a entender que
não dá né não dá para viver no mundo que alguém tem um trilhão é muito estranho nem um B num Bi você sabe que tem uma associação criada pelo Buffet e pelo billgates que se chama Giving plaget eles convidam bilionários no mundo gente com mais de 1 bilhão em patrimônio e a pessoa se compromete num documento Zinho registrado em cartório Meia Boca publicamente a doar mais de 50% da Fortuna dela em vida a gente só tem dois brasileiros nessa lista E aí vamos ter que rir são 58 pessoas aptas a entrar na lista que a
gente sabe que a gente sabe tá é mas tem dois lá um é o héo Horn da cela que é sírio veio para cá com 12 anos e o outro é o David veles o David veles que é um colombiano que fundou no benk sério sim cadê os brasileiros vamos rir deles não é possível não é Possível é mas tem coisa que você compra com dois bi que você não compra com um B só tem é como a grande disputa é será que o dinheiro já escutei isso Será que o dinheiro vai dar para minha
família ficar confortável afinal ninguém é rico né Ninguém é rico Maravilha Michel Adorei a conversa de verdade tem algum recado pras pessoas algum trabalho seu que você quer que elas procurem sigam acompanhem me siga nas redes sociais @ michelado eu tento botar as coisinha lá perfeito perfeito também tem o seu programa na CBN e coluna anual coluna Dual sempre causando sempre sem sempre causando Fantástico de verdade Aprendi muita coisa aqui é tô saindo com outra cabeça é o melhor tipo de conversa para ter legal legal Muito obrigado Espero que você tenha curtido essa conversa Eu
Aprendi muita coisa e com certeza vou sair daqui reparando muito mais do que as pessoas estão fazendo no que elas estão sinalizando o tempo todo e muito mais autoconsciente de porque que eu tô vestido assim usando essas coisas falando desse jeito a quem que eu tô me referindo tem muita conversa legal pra gente ter ainda por aqui então lembra de assinar o canal assim você recebe os próximos não ficção e os próximos vídeos e se você já assina agradeço demais se você puder mandar um demais pra gente ou se tornar um membro ou uma membra
isso vai fazer toda a diferença [Música]
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