[Música] bom é na memória coletiva sempre um processo muito complexo que envolve muitos atores sociais corre o processo de interação entre vários vários grupos sociais ao longo do tempo o que ocorre é que regra é é um evento quando vivido ele só é lembrado quando se transforma numa narrativa ou do conjunto de representações assimiláveis não só por aqueles que viveram mas também pelos seus herdeiros pelos seus postos os grupos que virão depois então é normalmente um evento ele pode ser vivido pode ser incorporado enquanto experiência mas ele não necessariamente gera uma memória organizada pode gerar
muito mais por exemplo uma uma experiência que assinada indiretamente pode gerar uma experiência socialmente traumática ou seja aquela experiência que justamente se marca pela ausência de manati organizada porque é a corrida de trauma envolve a dificuldade de uma construção narrativa sobre o episódio vivido então eu entendo que a memória está intimamente ligada à capacidade de se construir representações negativas a partir de um evento de um processo e vida na realidade como esse é é isso se pensarmos numa memória organizada uma memória enquadrada como se diz é na teoria é é claro que o evento vivido
pode gerar um conjunto de repetições de representações de tantos conexas de valores que não necessariamente sejam narrados né enquanto tal é então também é é uma dimensão um pouco mais em conta diz organizada na memória é na qual o evento não necessariamente se transforma numa narrativa mas ele está presente enquanto uma experiência matriz de todo modo a gente simplificar é na minha opinião a memória enquanto vamos assim um conjunto de lembranças organizadas de uma sociedade ela é está intimamente ligada à narrativa [Música] eu acho que as duas coisas podem correr né não necessariamente porque uma
memória se apoia a nokia em algo efetivamente acontecido que não podem haver mudanças aplicações silenciamentos elipses nas narrativas que vão se construindo é via de regra as nativas se apóiam no referente quando a gente fala numa narrativa que constrói uma memória de algo é normalmente essa memória está apoiada num diferente que a gente chama de realidade em última instância a realidade histórica do passado aconteceu e se perdeu dificilmente um historiador hoje ou com uma memória organizada em torno dessa experiência vai conseguir construir todos os todas as dimensões da realidade perdida no entanto isso não quer
dizer que a a memória ou a história teve um simplesmente abrir mão da busca da realidade que a gente então chama do referente eu acho que o referente é um dado importante para construirmos memórias mas também para construir construímos nativas historiográficas ou seja colocadas no conhecimento objetivo e metódico ocorre que podem ocorrer distorções apropriações silenciamentos mutações ao longo do tempo conforme interesse conforme disputas de poder conforme lutas culturais que com se seguindo ao fato de que envolvem não só os atores é que viveram a experiência histórica mas também os seus herdeiros políticos os seus os
seus adeptos os seus correligionários é que isso porque vão surgindo ao longo do tempo e muitos casos é episódios e obscuros da história é ganha uma dimensão grandiosa depois de 100 anos depois de 200 anos 2 300 anos e aí também o papel dos historiadores é importante porque os historiadores também em grande parte respondem à demanda do seu tempo então muitos episódios que têm eventualmente pode ter passado despercebidas aos contemporâneos vão ganhando com o tempo uma importância histórica grande é muitas vezes episódios que lhe estão de maneira tão marcante na memória coletiva mas que no
decorrer de uma pesquisa histórica às vezes ocorre depois de muitos séculos muitas décadas eles ganham uma dimensão importante então é é isso não nos autoriza dizer que o real não é importante o real é um referente é uma baliza tanto para a memória quanto à história mas ele não necessariamente em quadra a memória com a história [Música] como toda a memória é um processo social bastante complexo e envolve muitas interações e muitas mudanças ao longo do tempo é eu tenho uma visão muito particular sobre esse processo de construção da memória social é da ditadura no
brasil eu acho que a rigor ela se divide em quatro fases quatro grandes falhas a primeira fase eu chamo de experiências matrizes e ela vai de 1964 ou seja o período do golpe o ano do golpe no momento do golpe até eu diria volta de meados dos anos 70 o que eu chamo de experiência matriz porque neste período nos primeiros dez anos é do meu 10 anos do regime que é as experiências vão se somando não se sobrepondo se adensam ano né com ganhando narrativas iniciais não ganhamos com vendo a representações iniciais que vão enfim
interagindo não é em vão construindo o primeiro sentido coletivo do que foi o golpe que foi o que foram os primeiros anos da ditadura do que foi a vida cultural nos anos 60 no que foi a a guerrilha do que foi o ai 5 que foi a repressão eu diria que esses episódios marcam as que chama de experiências matrizes obviamente nelas repito já uma dimensão de memória construída mas ainda de maneira muito muito errática muito frágil um segundo momento é que vale em meados dos anos 70 né acho que fica mais claro a partir do
final dos anos 70 e 78 79 até meados dos anos é nuvem é eu diria que se constrói uma primeira grande camada de memória organizada sobre a ditadura e que vai efetivamente construir uma memória uma narrativa é muito crítica à ditadura inclusive apoiada por setores que em 64 apoiar um golpe mas que em 79 80 já estavam distanciados como por exemplo os liberais a imprensa liberal por exemplo já começa a se afastar do regime militar é nesse período se constrói portanto uma narrativa crítica à ditadura que vai ser uma mescla de vozes e perspectivas liberais
que vão ficar muito assustado sobretudo com as 54 questionou-se e com um sistema de censura à imprensa por exemplo a ditadura construiu um sistema de tortura são grupos que vão sobretudo a partir de 1984 se afastar da ditadura vão construindo discursos críticos então essa é uma camada de memória importante que narrativa importante que vai constituir mora em um outro grupo que vem da esquerda da esquerda comunista não há nada que seja o grupo os grupos que não fizeram notar nada esses grupos também vão é construir uma narrativa bastante crítica e até essa confluência tanto quanto
estranha princípio entre liberais e sobretudo comunistas que vai se constituir uma narrativa organizada sobre a memória da ditadura e eu acho que isso ocorre entre fins dos anos 70 e em meados dos anos 90 é o que eu chamo de um período de consumo são de consolidação da memória hegemônica sobre o regime e que memória de munique essa memória de mônica pautada na crítica ao regime militar na crítica à militarização do regime na crítica à censura à crítica à tortura enfim é e um tanto quanto ambígua muitas vezes porque obviamente há uma confluência de dois
grupos que em princípio não se entendem os liberais e os comunistas não é sobretudo à esquerda em geral mas particularmente os comunistas dodô perceber no antigo perceber dessa confluência então nasce o colchão da memória mundo é uma memória pautada na ideia de que a sociedade foi vítima do golpe foi vítima da ditadura e resistiu enquanto sociedade então a idéia da resistência é o eixo dessa memória hegemônica a partir dos anos 90 é eu acho que tem uma terceira fase desse processo em que o estado brasileiro assumir uma política de memória calcada na exatamente na na
memória da resistência e na memória demônio que política de memória uma política portanto de reparação das vítimas da ditadura e aí teremos que fazer um parêntesis porque o processo brasileiro foi muito peculiar no processo de reconstrução de uma política de memória sobre a ditadura foi um filme peculiar não houve no brasil uma comissão da verdade logo depois do fim do regime como ocorreu em outros países aqui a comissão da verdade foi muito tarde é no entanto já havia uma memória crítica é muito e já havia portanto é e essa memória hegemonia de crítica informou influenciou
uma política de memória do estado política de memória sd tanto quanto time dá muitas vezes muito mais calcada na reparação do que na busca ou verdade e justiça o primeiro marco dessa política é a lei dos desaparecidos em 1995 ea partir daí o estado brasileiro começa a desenvolver uma política de memória em 2002 por exemplo há leis que permite a revisão da anistia ea busca novas reparações 2007 3º plano nacional de direitos humanos e o projeto memórias reveladas né já sob o governo lula e depois a própria instalação da comissão nacional da verdade em 2012
nem no governo dilma então se a gente for pegar esse período é de 95 até 2012 2014 nós temos uma política de memória é na qual o estado brasileiro dialogando com memória de um mundo que já havia na sociedade que já era forte em setores sociais e setores chave com a imprensa como as artes é com a universidade por exemplo desenvolve portanto uma política de reparação e de busca de verdade histórica não seguimos um caminho ortodoxo porque normalmente o caminho das comissões da verdade dos processos da chamada justiça de transição é verdade justiça e reparação
aqui nós tivemos reparação com alguma verdade mas nem a justiça é então é interessante esse caminho mas de todo modo isso pauta uma memória uma política de memória articulada aquela segunda fase que eu falei porque a construção da memória de mônica e atenção um ponto que eu acho que explica muito momento atual que a gente vive o fato de falar que a memória hegemônica na sociedade a memória crítica à ditadura não quer dizer que essa memória de mônica seja uma memória da maioria a gente não tem condições de dizer pode ser que a maioria da
população brasileira não se reconheça essa memória essa não era crítico o fato é que é a memória crítica ao regime que eu chamo de memória gemonio ela ocupou lugares importantes lugares institucionais importantes principalmente no sistema cultural nas artes nas um sistema educacional e na empresa é o fato é existir uma memória hegemônica crítica ao regime militar construída ao longo de décadas pelo menos desde o final dos anos 70 e que foi formando políticas de estado inclusive não quer dizer necessariamente que seja uma memória absoluta absorvida abraçada pela maioria da população brasileira uma coisa de monitor
coisa maioria é nós não temos condições de afirmar mais o que parece tendo em vista o revisionismo atual só quando digo assim a partir de 2010 principalmente pouquinho antes já se revisionista já se manifestaram mas em 2010 há claramente um processo de revisão da memória ea emergência de memórias até então mais ou menos subterrâneas ou restritas a grupos muito a nichos específicos da sociedade e que na verdade a apresentam é manifesta uma memória positiva do regime militar uma memória nostálgica cantor de metal então há pouco conhecimento da direita e da extrema direita o cenário político
e social brasileiro nos últimos anos vem favorecendo a emergência na esfera pública de memória que até então não tinha espaço na esfera é uma memória muitas vezes que não é só o revisionismo ela nem cachorros ela nega a própria existência de golpe de estado e 64 ela nega a existência de um regime ditatorial planeje existência da própria tortura como política de estado então é mas vivemos hoje um momento de crise da memória de mônica e não sabemos o que vai acontecer até 2022 nessa memória de mônica terá força para se afirmar para se expandir é
é pautar vamos assim os valores da cidadania daqui pra frente ou o contrário emergirá uma memória é de fundo autoritário que fui é bastante nostálgica relação à experiência do jogador [Música] aí é muito interessante essa questão porque nós temos que examinar conforme cada área falar em artes termos gerais é um pouco mais fácil as áreas pelo menos a campo artístico mais valorizado nos anos 60 e 70 pela própria classe média sobretudo pelos setores mais jovens escolarizados a classe média é manifestou um conjunto de críticas ao regime militar e ao golpe as artes dos anos 60
viveu uma época de muita efervescência política de muita criatividade e ousadia estética e também de avanços neder no campo comportamental então o artista nos anos 60 e 70 fundamento fundamentalmente um artista rebelde jovem guarda né embaixada é claro que tudo isso é e brincava numa crítica à mercê ao autoritarismo aaa ao discurso moralista né a ah ah ah ah a política de repressão que o regime é desenvolver sobretudo em relação às classes populares em relação aos próprios jovens é mais contestadores então as artes mas assim como um todo sobretudo o que se entendia como arte
socialmente legitimada né trabalhando com o conceito sociológico era basicamente um conjunto de expressões críticas ao ao regime militar é é claro que essa relação entre o sistema artístico e as políticas culturais regime militar é bastante complexa lembrar pra gente desenvolver mundo porque apesar do fato das artes serem muito críticas à parte da política cultural do regime militar acabou estimulando o desenvolvimento de campos artísticos importantes mas é uma contradição que quem estuda época se depara é é a todo momento é em relação à literatura especificamente né eu tenho como hipótese que a a literatura ela era
símbolo desempenha um papel muito específico dentro desse sistema de artes no brasil em relação à ditadura que o papel foi isso eu acho que foi o campo artístico que mais expressou que mais elaborou a idéia de derrota de trauma é uma hipótese que eu tenho claro apoiado em vários especialistas mas especialistas que eu nesse tema inclusive mas eu acho muito interessante como ele com a literatura logo depois do golpe vai tentar elaborar a experiência da derrota mas a mesma elaboração que vai apontar para sair da festa derrota que a luta armada se a gente for
pegar os dois grandes romances nos anos 60 e saque e claro ke ha apps aqui de é carlos heitor cony e kuarup antonio callado são dois livros que equacionam de maneira diferente ainda na figura da novela e ainda num formato da novela do romance como reagir ao golpe como reagir pela derrota e surpreendeu a todos e cola indo pelo caminho para que o mix como eles vão responder à demanda estética e também de maneira política de maneira diferente como como fazendo também quais as contradições nesse processo eu acho que nos anos 70 a literatura muda
de chave me parece que surgem livros em outro formato ano mantendo também formato romance mas não não lembro daquele formato mais convencional do romance em que há um narrador que conte uma história uma perspectiva mais global e com 16 mais um eficiente é começa a surgir narrativas literárias mais trancadas mas é pra alimentar dadas e sobretudo tentando elaborar um outro trauma que foi a derrota encarnada ea grande repressão que se abateu sobre os opositores eu acho que a literatura dos anos 70 principalmente após 74 é uma literatura de reflexão profunda sobre a derrota se a
gente for pegar sobre trauma na tentativa de elaborar literariamente né a trama principalmente a divina da violência do estado quanto à violência estado sobretudo de um sistema de tortura é hétero entrou em todos os ramos e todos os anos as experiências sociais a gente foi pegar um romance como a festa é em câmera lenta se a gente for pegar por exemplo reflexo do baile pouco calado cinco anos que vão elaborando de maneira bastante dura bastante às vezes cifrada o às vezes de maneira fragmentada é sintomático do curso de estética da literatura a experiência da derrota
diferente da literatura de testemunho e surge no brasil é um outro campo eu acho que a partir de 1980 quando começa a surgir uma literatura de testemunho ou seja pessoas que viveram o exibe a tortura começa a voltar por conta da anistia começa a contar suas histórias essa literatura ela vai ter um outro sentido se a gente for pensar pois muitos dos principais livros dois livros mais impactantes nesse campo os carbonários de ofender com alfredo sirkis e é o que é isso companheiro de fernando gabeira eu acho que é uma literatura que tenta na verdade
é fazer um ajuste de contas com o passado da guerrilha em um chute de contas dizendo o seguinte àquele mundo acabou aquele passado acabou aqueles valores é é quem formará a guerrilha já estão superados é preciso apontar o futuro é preciso olhar o futuro da literatura o testemunho que emergem no final dos anos 70 anos 80 ao contrário por exemplo de países como argentina ela vai enfrentar muito pouco trauma no sentido de que mergulhar na quase na impossibilidade de uma narrativa a mais organizada sobre o passado ela vai apontar passado que teria já passava efetivamente
que seria superado por novos valores novas perspectivas inclusive esses dois livros fazem até uma certa autocrítica em relação à luta armada e se eles não ajudam à tarde eles não negam os valores da juventude que lutou contra o regime mas eles procuram se olha o caminho estava estava errado e agora é preciso olhar para o futuro então muito interessante essa literatura testemunho da época da abertura que ela vai a rigor a rigor deixar esse passado meio que na geladeira nem vai trancar os fantasmas no porão mas esses fantasmas lá na frente vão reaparecer em relação
à imprensa a imprensa é um outro outro processo de construção da memória do regime na minha opinião a imprensa ela é um processo é histórico ao longo da ditadura e que claramente fica delineado há algo afastamento dos principais jornais em relação ao regime militar mas é um afastamento que não se dá de uma vez não se dá de maneira radical é não se dá de maneira total muitas vezes eles praticavam política econômica mas apoiava luta contra a guerrilha muitas vezes eles criticavam a a violência política mas apoiava política econômica não depende do jornal depende da
linha editorial do jornal né mas no geral o que a gente pode dizer à imprensa apoiou de maneira efusiva o golpe de 64 praticamente todos os jornais brasil apoiaram a derrubada do governo furado é e a legitimar se buscava legitimar o golpe de estado já nos dois três primeiros anos do regime começam a correr certo os estranhamentos entre os rumos do governo militar e as expectativas dos liberais da empresa mas ainda há gente não pode falar no futuro e aí sim com o ato institucional número 5 de dezembro 68 a imprensa liberal ela a ela
passa a olhar de maneira mais crítica proteger ela passa a denunciar por exemplo a militarização do regime e o isolamento político dos generais em relação ao serviço em relação à sociedade mas era um momento de luta contra a guerrilha e que obviamente é é a imprensa apoiou a imprensa obviamente liberal é de corte conservador é a última coisa que ela iria apoiar uma sublevação armada contra o regime militar conduzida por jovens que então houve um certo e com uma combinação de críticas moderadas ao fechamento mas também um pouco de pragmatismo em relação ao a luta
contra o acompanharia o que é uma contradição interessante né porque muitos jornais até aplaudiram nessa violência do estado contra a gripe e depois mais tarde como fazer muito crítica vão fazer toda uma denúncia das torturas mas à época se você for fazer uma pesquisa você verá que os jornais muitos deles inclusive esquentando notícias falsas que eram dadas pelos órgãos de informação sobre a morte por exemplo de militantes a partir de 74 75 a uma outra cultura zh a a imprensa sofre muito fica muito assustada com a censura após aí sim então isso acho que desgasta
talvez o último elo mais directo que a imprensa tinha como reagir mesmo jornais e revistas conservadores liberais foram censurados sofreu censura prévia o caso mais notório do jornal estado de são paulo que tinha apoiado efusivamente o golpe de estado então eu acho que a partir dos 74 85 a pauta da imprensa muda né até por conta da própria derrota da luta armada que já estava derrotado neste momento a imprensa começa a ser o veículo de um conjunto de insatisfações dos grupos liberais em relação ao regime militar seja em termos de poder econômico seja em termos
de excesso de controle e de censura tutela do estado sobre a sociedade eu acho que é muito momento importante na com sua memória porque a imprensa liberal passa a apoiar a liberalização do regime ea apoiar uma memória crítica em relação aos anos de chumbo isso é muito importante para depois a gente entender a memória de música que eu tinha referido na questão anterior à cultura ruptura eu acho que nunca ocorrerá talvez um outro jornal tenha acirrado mas as críticas mas não vejo uma cultura completa entre a imprensa liberal eo regime talvez num contexto de 83
84 na campanha das diretas já alguns jornais efetivamente romper a acirrar mais as críticas mas via de regra a imprensa sempre manteve uma relação ambígua com o governo deve criticar traficante é jornais criticavam vários pontos construir uma memória crítica em relação aos anos de chumbo sobretudo a tortura censura a repressão às artes mas é é é nunca chegaram a romper totalmente com o governo militar [Música] o estado todo regime político vamos assim que vem de uma cultura e procura também recife e significa passado seja o regime autoritário regime democrático logo depois de uma ruptura o
passado porque disputam isso é muito interessante é faltando aquela primeira imagem que eu procurei deixar bem claro isso não significa que o passado é qualquer coisa que não existe o referente que não existe a realidade histórica ela existiu ela estava na moto é uma referência para quem estuda ou para quem constrói uma narrativa mas cometia uma margem de manejo nas narrativas e nas aplicações na construção de sentidos desse passado acho que o que aconteceu nuno militar no estado enfim é em relação sobretudo a independência e ao modernismo é muito significativo é dessas apropriações de um
regime autoritário faz de datas muito importante para a história do país é datas vão dizer se fundacionais primeiro em relação à a independência o sesquicentenário da independência né como foi dito à época informou a mídia oficial da campanha os 150 anos da independência do brasil foi a principal festa popular da ditadura foi principal remédio de comemorada apenas está no seu auge de popularidade de poder né e de força política em 1982 quer dizer é virtualmente a luta armada estava derrotado a economia brasileira estava crescendo muito no chamado milagre econômico estava no auge o governo tem
o controle do sistema político não apenas por meios legítimos mas também pela repressão pela tutela havia uma adesão de amplos setores sociais ao regime é portanto a ditadura estava com aos e o sesquicentenário foi pensado como a manifestação pública desse poder esse prestígio é e procurando se associar a um momento fundacional da história do brasil foi uma festa grandiosa é é um mês de setembro começo de setembro foi marcada por muitas manifestações públicas à imprensa à deriva a gente vai pegar as revistas de época os jornais têm de publicidade que inclusive empresas privadas procurar pegar
carona nesse organismo é nacionalista verde-amarelo enfim deu o tom da coisa né houve campeonato de futebol né à época pra comemorar o cst nada é claro que a final foi brasil e portugal o brasil ganhou né é é então é a festa do sesquicentenário foi uma grande festa que a ditadura promover repito ela tinha os meios ela tinha o poder ela estava no auge depois alguns anos depois disso talvez uma festa como essa se tornar se um pouco mais complicada difícil né o desfile militar houve a a volta dos restos mortais de dom pedro é
s enfim isso foi televisionado ao vivo foi todo 11 um ritual cívico é portanto eu diria que a apropriação de 1822 ela foi o grande momento de apropriação histórica que a agitada teve é claro que também a época o meio acadêmico discutiu sentido de 1822 amy acadêmico não aderiu este organismo havia uma série de novas pesquisas em curso e que discutiu também xavi critica essa data mas do ponto de vista oficial é a a data foi celebrada enquanto emergência da nação enquanto vamos assim certidão de nascimento do grande país que no brasil não havia um
tronco ufanista e não reflexivo nesta festa é obviamente a sociedade civil não tinha como fazer uma contra festa onde a circular uma contra manifestação em relação a este organismo como por exemplo ocorreu nos 500 anos da descoberta do brasil é é é muito curioso que no ano 2000 enfim já ontem à noite um outro regime político do governo houve uma tentativa de fazer uma grande festa foi bonita em relação aos 500 anos no entanto o que ocorreu foi mais um conjunto de reflexões e de contra manifestações em relação a esse formalismo que vinha do do
governo à época obviamente isso é possível numa democracia numa ditadura a festa oficial foi uma celebração família está com poucas vozes críticas a despeito do esforço do meio acadêmico e também pensar na época isso em relação à a 1822 em relação aos a 1922 é a semana de arte moderna eu também acho que fumar foi um momento importante um pouco menos estudado talvez um pouco menos lembrado porque hoje todo mundo gosto da época lembra do sesquicentenário ou quem era criança como eu lembrar a grande festa que foi o sesquicentenário da independência com com músicas com
jingle 5 em campanhas na tv campanhas publicitárias no torneio de futebol desfiles mas há as celebrações em torno de 50 anos é da semana de arte moderna foi um pouco mais discretas e obviamente é mas elas foram importantes também em grande parte porque o regime militar ele se via como um regime modernizador do país e ele grande parte à sua política cultural a sua visão de brasil a visão que os militares que o brasil em grande parte dos seus apoiadores civis em grande parte vive em 1922 o nascimento de uma consciência nacionalista a cultura é
claro que eu acho que a semana vai muito além disso mas assim as comemorações oficiais as apropriações oficiais que a ditadura operou em torno de 1922 procurarmos lembrar sobretudo o nacionalismo e esse espírito de modernização geral do país e há uma outra dimensão importante nas comemorações de 1922 da semana de arte moderna que é assim um esforço feito para as políticas culturais do governo militar em patrimonializar semana de arte moderna eo próprio modernismo é é aliás a década de 60 é interessante nesse sentido é porque a idéia da década de 60 recupera um pouco a
os autores modernistas as obras modernistas né é como um grande marco da cultura brasileira e em grande parte o regime militar através de suas políticas culturais através das entidades de apoio à cultura sobre o clássico do rock é eu acho que ela é momento um capítulo também de estimular essa patrimonialização do moderno brasileiro e com como toda patrimonialização às vezes é ruim é força nem vamos assim uma leitura de um processo é complexo de maneira muito ideológica muito mal dimensionado então eu diria que é 1922 a apropriação dos 50 anos da semana de arte moderna
também foi um momento importante menos popular - talvez efusivo que os 150 anos da independência mas ele também representou o homem assim é um espelho para a ditadura que se via como modernizante que se via como é nacionalista e ela lia o modernismo brasileiro como um momento de emergência dessas desses dois grandes vetores de ação cultura política é e vale lembrar também que é claro que e indiretamente esse tipo de discussão acaba estimulando também uma revisão da própria semana de arte moderna que vai abrir pra todo mundo no capítulo crítico em relação à semana que
depois na década seguinte começa a ficar mais forte a ter dúvidas se se basta lembrarmos mais para evitarmos negacionismo evitarmos o revisionismo eu acho que é um passado desculpa né porque nos últimos anos emergiu nas brasileiro uma força emergiram grupos de direita extrema-direita que não mais se vêem na narrativa hegemônica na imagem o que chama de memória de mônica sobre o regime militar memória essa construída a partir do eixo central da ideia de resistência portanto eles é é esses grupos de direita extrema-direita simplesmente reivindicam um é que é preciso uma outra memória porque esta memória
seja construída pelos liberais arrependido seja pela esquerda não descontem daí eu acho que tem duas implicações o primeiro é um revisionismo mesmo que não é bem um revisionismo historiográfico tá com revisões mais ideológico que a historiografia sempre ela busca revisões ela está sempre buscando revisões é quando se encontra um novo conjunto documental você deixa a gente precisa rever o passado isso é saudável é bom mas nem tanto que eu acho que é problemático que tem ocorrido é um revisionismo ideológico ou seja é eu não aceitou a explicação e um sentido que esse passado tem pouco
importa as fontes o que importa as evidências a esticar no revisionismo de ouro e daí para o negacionismo é um passo será a uma diferença sutil entre ambos mas o renome revisionista biológico não chega a negar o fato mas ele nega o sentido comumente atribuído a este fato este processo um negacionista nega o fato o negacionismo nega a existência de um processo histórico por exemplo marcado por uma violência em relação à agitado nós temos pelo menos três negacionistas muito claros não houve golpe de estado o que o foi movimento o que houve foi uma tomada
de poder legítima chancelada pelo poder republicano isso é negacionista que houve um golpe de estado em honduras com o golpe de estado é precedido por uma rebelião militar como é que esse golpe como foi nas articulações entre os atores políticos é outra coisa mas contra o golpe estava lembrando conquistaram conceito é assim na opinião de alguém que não gosta do que aconteceu houve um golpe de estado houve a derrubada de um governo constitucional o segundo negócio segundo negacionismo que ocorre muito né em relação período que aparece tem aparecido muito é é não houve ditadura ouvir
o que a gente não foi autoritário regime não foi de tutorial é complicado a gente pode até matizar né a complexidade do regime militar brasileiro que realmente não foi uma ditadura personalista não foi uma ditadura há nomes ou seja ela foi acordada em inglês leis quer leis de exceção muitas vezes leis duras né havia uma complexidade burocrática no processo de tomada de decisão portanto não havia a figura do ditador clássico né o que quer dizer que não houve um regime autoritário do tê la de fato é que muitas vezes moldava as leis conforme seus interesses
políticos na repressão ou na tutela do tecido político do sistema do tecido social do sistema político o terceiro grande ponto que o negacionismo vem afirmando que não houve tortura uma sistema de tortura foi um excesso a tortura fundo foram casos excepcionais é cometido por por maus agentes do estado excessos cometidos pelo porão mas que nunca tive nunca foram pensadas como política de estado olha as evidências apontam para é uma política de estado sistêmica treinada e aprendida como método para combater a luta armada principalmente mas não apenas votar nada lembrando que o sistema de tortura de
repressão para legal atingiu também a a opositores que não por exemplo que num tinham pego em armas o que não justifica também obviamente uso para que eles pegaram em armas mas é eu quero dizer que esse argumento que foi usada para combater o canadá também na verdade porque ela acabou atingindo militantes que por exemplo não tinham atuado no canadá então é muito importante esses três negacionistas que tens crescido nos últimos anos é muito importante que a gente combata como historiografia com o conhecimento histórico um pesquisa histórica que tem que afirmar que você pode fazer revisões
diversas pode discutir a interpretação dos processos mas fatos sobretudo fatos que implicam claramente em políticas repressivas e políticas de violência do estado não pode ser simplesmente ligados não sei se basta lembrarmos mas eu acho que como historiador como leitor de jornal como o professor eu acho que o tema da ditadura é muito discutido o tema ditadura está em jornais está nos livros nos materiais didáticos está na mídia está na indústria cultural né então ele é lembrado me parece que essas lembranças não são suficientes para criar uma cultura democrática de março na sociedade brasileira acho que
esse é um outro ponto portanto não sei se esse problema é mais memória mais lembrança mas talvez a forma de lembrar que a forma de incorporar essas memórias no dia a dia das pessoas no dia a dia das populações dos grupos sociais e parece que certos grupos são absolutamente é é é é insensível a uma cultura política democrática calcada nessa revisão crítica do passado certos grupos entendem que a solução dos conflitos sociais ainda hoje passa pela opção autoritário e pela violência do estado basta a gente vê quando tem qualquer discussão sobre criminalidade é mais polícia
polícia mais violento né é isso que a sociedade demanda então eu acho que isso se inspira também nesse culto ao autoritarismo como solução para os conflitos sociais desse culto a uma tutela de cima em relação a uma sociedade que é vista por esses grupos autoritários como defesa como como sujeita aí a corrupção à violência me parece que portanto não se trata de mim lembrar mais mas de lembrar de maneira crítica quando eu falo lembrado de maneira mais crítica eu acho que isso envolve também é um processo que talvez não tenha sido complementado de reconstrução nas
bases de um estado democrático é porque se há coisa muito a sociedade brasileira de não ter memória de não lembrar ou de o jim de não discutir a ditadura como definiria né acho que isso em parte é verdade a razão nessa crítica mas eu acho que houve também uma dificuldade em romper e em certos setores do estado do sistema político do sistema jurídico do sistema de segurança e romper com práticas autoritárias romper fazer uma crítica profunda daquilo que nos levou ao golpe ea ditadura é como a nossa transição política foi muito pactuada muito negociada muito
transacional e de maneira muito suave isso obviamente e vittoria civil evitou uma série de traumas com a sociedade passa quando ela rompe é absolutamente com um regime por outro lado isso foi permitido também certos valores autoritários não fossem suficientemente criticados expurgados do coração do estado não me parece que seja um campo de algumas leis seja no campo dentro da política de segurança pública é é seja no campo da educação do campo da educação para direitos humanos me parece que não houve efetivamente uma uma reconstrução do do aparato do estado para que se desenvolvesse uma nova
memória um novo conjunto de práticas desses atores políticos que permitisse é que a sociedade entendesse a democracia como algo substancialmente diferente da ditadura então por exemplo para quem sofre a violência policial hoje ao sentido falar em violência policial nos anos 70 como se estivesse apenas localizado naquele momento netão é muito comum se ouvir disso muitos jovens de periferia dizendo olha a ditadura na periferia nunca acabou com um beijo é claro que eu não estou dançando essa visão que acha muito simplista mas de todo modo é uma experiência de pessoas que você chegar lá e dizer
olha os anos de chumbo se prendiam pessoas que torturaram pessoa se executava pessoas privadas e hoje em algumas parcelas da sociedade isso acontece né então é eu acho que essa reconstrução do estado sobretudo no campo jurídico sobretudo no campo das políticas públicas é ela não foi complementar eu acho que a construção de um terceiro em 1988 foi muito importante ela contou para um novo tipo de estado ela apontou o estado como uma agência de cidadania e isso foi muito importante tem que ser defendida hoje em dia mas eu diria que alguns nichos a mentalidade ainda
continua autoritário a mentalidade continuam ainda no fundo é é justificando e não divulgando os elementos que os levaram à crise 64 e à própria ditadura a começar pela idéia de que o estado tem que ter na sociedade que vale tudo pra você combater a corrupção que vale tudo para você combater violência e criminalidade a mentalidade das pessoas se continuar dessa maneira ela pode nos levar a um novo regime autoritário [Música] eu acho que comemorar celebrar claro que não né acho que não devemos comemorar no sentido de festejar eventos execráveis agora precisamos lembrar a gente não
pode simplesmente apagar passados dolorosos e também não pode ficar feliz mas nós temos que elaborar espaçadas é isso que eu entendo a rememoração como elaboração de passados traumáticos e lembrando que nós não temos apenas o episódio da ditadura nós temos a escravidão nós temos é menos indígena nós temos uma série de episódios processos não só episódio que precisam ser elaborados pela sociedade brasileira de maneira bastante corajosa no caso da ditadura nós precisamos elaborar esse passado aí eu acho que o que vem acontecendo os revisionistas negacionistas são muito mais frutos de tabus de emergências de memórias
que recalcadas né por uma série de motivos que agora tem espaço pra a energia memória recente das muitas vezes obviamente vividas pelos autoritários e nostálgicos do capitalismo mas eu acho que é procurar uma chance de podermos com a sociedade com todos os conflitos e situações de corais que temos é discutirmos esse processo não é é um momento que isto não só historiadores têm que intervir num nesse debate mas aí o cidadão de preferência bem informado que busca informações a demanda qualificadas né é que busque também opinar sobre esse processo que busque se pensar nesse processo
histórico porque é muito comum que a gente acha que a história passada sempre relativo ao outro tem nada a ver comigo na verdade todos nós como sociedade sofremos quando uma sociedade vive um processo doloroso processo de conflito um processo de violência mesmo que não sofreu diretamente pela violência então eu diria que não devemos festejar obviamente não é como foi sugerido mas devemos rememorar de maneira crítica e sobretudo elaborar não é porque eu acho que não adianta o debate histórico mas que a gente tem uma curiosidade na área de história hoje muitas opções ideológicas eu acho
que se a uma função social na história e na memória é construir cidadania e não dá para a gente construir cidadania fora da democracia