e de fato o que a gente viu durante a pandemia Foi uma guerra né eu vou usar esse tema assim pélico né mas foi uma guerra entre a ciência EA anti-ciência tá então é quiser havia ciência pautada No método experimental e método experimental vocês sabem que é aquele que faz testes duplo-cego Placebo controlados né então tem todo uma ferramenta metodológica né que permite a ciência nesse viagem mais positivista experimental construir um saber sobre aquilo que funciona é aquele que não funciona né e a gente durante a pandemia viu esse embate entre a ciência aquilo que
efetivamente funcionava né isso baseado em evidências hoje em dia também né hoje em dia entra essa questão da o Ezequiel certa forma da metanálise né Ou seja é é análise da análise né a meta-análise você já verdade a palavra final. Acabou não tem discussão né É pelo menos até o presente momento até que novas pesquisas Abrão outras perspectivas mas não é uma espécie de tentativa de dar uma palavra final aí nessa ideia da meta-análise né É E é claro isso isso funciona muito bem algumas áreas né na infectologia por exemplo né na infectologia a gente
viu aí que o que serve para combater o coronavírus é a prevenção de a vacina né Não há pelo menos até o presente momento que eu saiba né porque isso é muito dinâmico mas não há remédio né sim capaz de combater efetivamente o o vírus de então a prevenção é o melhor caminho né você se vacina e pronto e embora né no campo aí dá antes ciência né tenha se proposto a cloroquina né dentre outros medicamentos aí é que hoje em dia já estão mais do que comprovados é por estudos inclusive de metanálise né que
demonstram que eles não funcionam tá então a gente viu esse embate né entre ciência aí E anti-ciência por que que eu tô falando isso né hora porque a psicanálise não é uma ciência tá no sentido estrito do termo e ela não é uma ciência porque ela não se baseia no modelo experimental de Construção do Saber tá que é esse modelo baseado em estudos do para o cego placebo-controlado o grupo controle e grupo experimental né então existe toda uma né o instrumental aí que vai dizer o que funciona é separando de certa forma o joio e
do trigo daquilo que não funciona né Então é eu tô dizendo isso né porque a psicanálise ela tem o é uma inserção aí no campo epistemológico né que é o campo dos saberes né que não é propriamente científico porque ela não é baseada nessa evidência né a evidência de uma materialização né É no corpo né que dê sustentação é aos transtornos mentais por exemplo né então não existe esse tipo de evidência mais antiga nas também não é antes ciência e ela ela trabalha junto com a ciência é porque eu tô querendo dizer isso olha porque
ela vai me dar justamente com os limites do Saber científico Então se vocês repararem no filme qual era o objeto de estudo e de tratamento do Freud lá no final do século 19 e no início do século 20 era a histeria essa grande categoria né que naquela época se chamava hysteria enfim quanto categoria Ela é bem antiga vem da Grécia antiga o termo isso terão né próprio filme mostra isso muito bem significa útero na então é tinha toda uma teoria dos humores que justificavam né e as conversões histéricas já na época laje de Hipócrates e
um pouco depois em Roma né Galeno Mas enfim o Fred ele operou certo descentramento né nessa Perspectiva da histeria e qual foi o descentramento aí que que ele operou hora ele começou a lidar com aquilo que a ciência não dava conta bom então assim a ciência na época dele tinha um limite muito claro com relação ao tratamento e ao entendimento do que eram as conversões histéricas o Fred começou a lidar naquela época como Convenções histéricas né que a ciência não dava conta e não dava conta porque hora porque o método né de construção do conhecimento
naquela época era anátomo-clínico né O que que significa quem quiser tem um livro do ficou mostra isso muito bem né se chama o nascimento da Clínica dele vai falar justamente do surgimento desse método anátomo-clínico que era você procurar no corpo as lesões subjacentes as doenças Então na verdade esse esse método anátomo-clínico era a localização e no corpo orgânico tá no organismo das lesões subjacentes as doenças então por exemplo é numa autópsia de uma grande histérica ou de um grande histérico né porque a gente vê no filme que acometia homens e mulheres tão peguem não grande
caso de histeria faça uma autópsia né se procura lá alguma coisa no cérebro onde quer que seja e não se descobre nenhuma lesão que justifique aquelas alterações né Ou seja é o método anátomo-clínico fracassava no entendimento desse tipo é de transtorno e o que que o Fred fez o Freud ele avançou justamente no ponto onde a ciência parava tá então o Freud ele não era antes se calhar nunca foi antes ciência porque a ciência explica muita coisa né E vocês vão ver lá em si que a tria né que existem vários sintomas né mentais E
aí eu tô falando de sintomas né como por exemplo delírios alucinações né E outros que são justificados por fatores orgânicos então se você tem né o paciente que é um alcoolista crônico Ele bebeu durante 30 anos o doses cavalares de álcool ele pode ter lesionado efetivamente o cérebro em função disso ele vai delirar alucinar ou seja ele tem um quadro Psicótico mas ele não é Psicótico e não é estruturalmente falando a gente fala de uma psicose orgânica ou seja de um sintomas psicóticos causados por alterações orgânicas que justificam né esses sintomas então é não se
exclui Que fatores orgânicos podem estar envolvidos em alguns casos de sintomas mentais da o problema era que a e até hoje né até hoje mesmo com avanço da na clínica né É para métodos mais sofisticados de pesquisa né em neurociências em outros Mas a questão é que até hoje não se conhece nenhuma causa orgânica capaz de justificar a conversão histérica AM bom então o que que o Freud começou a fazer né ele viu que a ciência tinha um limite muito claro e o Freud era um cientista tá para quem viu o filme o Freud era
o neurologista sente ponta tá ele era aluno do maynart não é o meiner aí depende né da pronúncia é no hospital de Viena né e no Hospital Geral de Viena e era um lugar muito conceituado esse era um neurologista muito conceituado frente fazia parte da equipe dele mas o que ele gostava mesmo né era dos casos de histeria que eram proibidos de serem tratados nesse Hospital justamente porque eram considerados simulações bom né mentiras e aí o Fred não é ele falou bom mas vem cá no a uma causa orgânica que justifique né e sintoma o
essa síndrome né a histeria é os sintomas conversão histérica mais é e a gente não pode pensar num outro tipo de determinação que não seja uma determinação orgânica E aí começa a desenvolver toda uma teoria do psiquismo né humano para tentar introduzir uma outra determinação E aí eu tô falando a determinação psíquica a que poderia estar em jogo nesse tipo de adoecimento né E aí a gente tá falando então de um tipo de adoecimento é que não é orgânica e mental né então é uma alteração funcional fica na que justificaria aquele quadro sintomático sintomatológico que
o filme é o que o filme nos mostra né então ele vai começa a desenvolver toda uma uma teoria psicológica né sobre a mente humana ele vai desenvolver uma primeira tópica né na primeira tópica ele vai falar de três sistemas ele vai falar de um sistema é consciente de outro pré-consciente e de um terceiro que seria inconsciente né ele vai unir a primeira segunda tópica né a partir dos anos 20 na segunda tópica ele vai falar de três instâncias fique que eu super eu e ide né ou Ego superego e ide isso né Depende se
você usa o termo Latino ou termo da Língua Portuguesa e ele vai então construindo né tudo uma teoria é aquele vai chamar posteriormente psicanálise né que é para tentar dar conta da determinação psíquica que justifica essas alterações no caso das Convenções estéticas então Freud Ele vai construir a psicanálise a partir de um ponto limite da ciência os eu tô tô dizendo isso que assim a psicanálise ela não é antes científica né ela só avança nos limites da ciência então onde a ciência parou ela continuou eu diria que são complementares ou se vocês se vocês quiserem
são suplementares né ou seja não se trata de competição Qual é melhor qual é a não se trata de da gente ficar numa rivalidade imaginária né é Olha como a minha bicicleta mais bonita que a sua não é São complementos aquilo O que é a ciência não dá conta e não dá conta porque o método o método experimental ele é fantástico né Ele é fantástico infectologia em Oncologia é assim é de um progresso incrível assim né o tempo pessoas com câncer estão vivendo né com qualidade de vida é uma sobrevida né bacana então não tenho
né uma crítica fazer com relação à aplicação desse tipo de metodologia algumas áreas né é que de fato é contemplam né esse tipo de metodologia o problema é quando a gente tenta aplicar isso no campo da saúde mental né porque no campo da Saúde Mental a gente está falando de um de um outro de uma outra determinação o que não se reduz né a orgânico né que não se reduz a dimensão biológica tá E aí toda a discussão que a gente já fez até agora foi no intuito de mostrar é que nós somos algo além
de um corpo natural né Bom dia nós somos um corpo chimbole permeado xingos nós falamos nós né nos relacionamos nós Enfim então é mais do que é na oposições a ciência de um lado EA psicanálise outro a gente pode pensar como complementos e até hoje né até hoje a ciência tenta dar conta né e eu acho que tem que tentar mesmo né Eu acho que tem que continuar investindo em pesquisas enfim para tentar dar conta das Convenções estéticas Mas é isso que aparece lá no filme né aqueles aqueles fenômenos conversivos que eram alterações da Marcha
né que vocês viram então alterações sensoriais assim muito esdrúxulas como por exemplo a seguir as a surpresa pessoa fica surda hoje em dia são que são raros tá isso é raro mas a gente vê no mundo contemporâneo a transformação da conversão histérica para fenômenos mais Lights digamos assim mais soft não são mais aquelas grandes paralisias né aquelas grandes alterações sensoriais quais são pequenas alterações na e prejudica uma pessoa no dia a dia né E aí Se vocês pararem para pensar né O que que é o campo da fibromialgia hoje né pelo menos a meu ver
a fibromialgia é uma tentativa de dar conta é por um viés científico da conversão histérica né ou seja São pessoas que se queixam de Dores difusas né Sem Causa objetivo aparente né É e não se localiza em uma lesão que justifique é aquelas é aquele sintomas né E aí a gente entra no campo me chamar de sintomas indefinidos que é quando o paciente traz uma queixa subjetiva para a qual não há achados objetivos que justifiquem essa queixa então isso causa-me espécie de curto-circuito né Na escuta desse paciente muitas vezes por não ter essa dimensão da
determinação psíquica se acha que o paciente a simulando né se acha que o paciente está mentindo que ele tá querendo alguma vantagem obter alguma vantagem hora gente não necessariamente pode ser até que a pessoa esteja simulando mentindo teto mas eu garanto isso é minoria assim né mas é a grande maioria efetivamente padece de um mal né é determinado psiquicamente né E que é a ciência tô tentando dar da conta E aí Vai tentando explicar e criar teorias e etc e tal agora o problema é que a ciência é de certa forma é limitada com relação
à tratamento Então essas pessoas que são rotulados como fibromiálgicas acabam caindo Num circuito que é o da medicalização das pessoas né recebem um diagnóstico né aparentemente científica ou seja um novo nome é mais que essas pessoas padecem de uma velha síndrome né de algo que é de lá né da época do Freud e tal e claro que o algumas transformações né É porque o mundo contemporâneo de fato ele impõe o é uma outra nem fim vivência inclusive corporal para a gente é claro que o e se modifica né em função do contexto sócio-histórico que a
gente atravessa né que se chama de produção de subjetividade etc e tal então não dá para querer achar que o sintoma da histeria atualmente é o mesmo que era na época do funk que não é né Isso vai mudando e certo e aí é pessoas diagnosticadas por exemplo o fibromialgia costumam entrar dentro de um círculo de medicalização e muitas das vezes né em vez de libertar a pessoa do sintoma é recalque tentar mais né a determinação psíquica a causa e etc aí tornando a pessoa dependente é desse tipo de medicação não à toa Se vocês
pararem para pensar é um dos problemas de saúde pública hoje em dia é Esse é o são os altos índices né de dependência de benzodiazepínico da idade antidepressivos por parte de mulheres tá isso é detectado na atenção básica então assim é o que esse filme traz né é a possibilidade de um de uma outra forma de tratamento que em vez de aprisionar possa contribuir para a libertação da pessoa né E aí até se de que a protagonista do filme que vocês perceberam ela é uma mescla das pacientes são seis casos se não me falha a
memória tá gente cinco ou seis casos no livro chamado estudo sobre a histeria Então esse livro que aparece no filme é ele foi escrito por e o chefe é tão praia né que era um médico lá é clínico geral né que trabalhou com Freud tudo aquilo que vocês viram no filme é real então aconteceu de fato e eles escreveram um livro juntos e os estreia e Sigmund Freud se chama estudos sobre a histeria e lá tem cinco ou seis casos né aqui é um dos escreveram a e também além dos casos tem uma tentativa da
conta das determinações psíquicas na do adoecimento corporal né e pelo pelo qual essas pacientes passavam e e acessa ele é uma mescla então de todas essas pacientes de fato acessa ele ela não existiu ela é uma personagem fictícia né porque como eu disse essa mescla de de vários sintomas né assim dificilmente não é muito raro uma pessoa ter todos aqueles sintomas que ela apresentou ali no filme então mas o filme tem esse que de né de ter um personagem mais espetaculoso né que que prenda a atenção dos espectadores e tal se fosse casos clínicos descritos
ali nos estudos sobre a histeria EA ficar meio sem graça né para gente assistir tal mais enfim ilustra né O que O que vem a ser a conversão histérica tá que é justamente é o conhecimento corporal determinado psiquicamente ou seja não há nenhum achado objetivo ali uma lesão que justifique né esse acometimento corporal como vocês podem perceber muito bem no filme né E aí só para concluir mesmo então para voltar ao início da minha fala que eu dizia aqui a psicanálise ela não é anti-ciência tá é e pelo contrário é um complemento né vocês até
hoje assim é muito difícil é uma pessoa procurar um psicanalista como o primeiro opção geralmente a pessoa que vai parar no ficar na lista é isso é Inclusive a minha experiência eu posso confirmar né e comigo também é assim é uma pessoa já passou por vários médicos já passou por vários várias tentativas de psicoterapia né geralmente de base científica e nenhuma deu certo e são pessoas já já estão de certa forma se minha que desiludidas né é consciência e elas vão procurar algo que possa surtir um outro é feito então não é não é tomar
o lugar da ciência né Tá longe disso não é isso mas é explicar e e tratar aquilo que a ciência não explica e não trata tá que a Justamente esse campo do mental esse campo do do psíquico estar em uma pesquisadora uma cientista né Natália pasternak que vocês devem conhecer e que fez um trabalho muito bacana assim né É contra é e o obscurantismo né quatro essa ideia obscura artista né já vamos tratar tratamento precoce e etc então da pandemia ela teve o seu lugar ela ela ela fez um trabalho muito bacana dizem até que
aquele filme não olhe para a cima não é este o com Leonardo DiCaprio dizem que até tem uma cena que foi baseada nela né comentário ela fez lá no Jornal da Cultura enfim mas isso é um detalhe é só curiosidade mas ela essa essa pesquisador que fez um trabalho muito bacana tá então eu não tenho né uma crítica a fazer com relação ao trabalho que ela fez pro ciência e contra o obscurantismo né do tratamento precoce né da como é que chama a gente né É da é imunidade coletiva Eletro enfim esses mitos aí né
aqui que as pessoas tinham lá né vamos todo mundo se contaminar E aí pronto resolve o problema né todo mundo crie imunidade há Vamos tomar isso é a imunidade de rebanho alguma coisa assim né Vamos tomar isso aqui é pra mal área mas serve também procura e ela combatia com unhas e dentes acho eles um trabalho muito bacana Contra esse o absolutismo agora qual qual é o problema não é o problema dessa gente ela tem um instituto né e Uma das uma das propostas dela nesse Instituto é acabar com a psicanálise na saúde pública né
porque ela acha que só deve ter lugar na saúde pública aquilo que for é comprovado via evidência né aquilo que é baú a tendência ela acha que só isso deve ter lugar na saúde pública né E dá como exemplo inclusive e o obscurantismo que houve durante a pandemia né de e essa possibilidade de [Música] de prescrição fora do uso habitual né do remédio off-label se não me engano termo é esse né enfim qual é o problema gente qual é o problema disso hora é é que a gente não está lidando só com infectologia e na
é a saúde pública é muito Ampla ela é muito multiplayer e plural né então a gente tem a n formas de adoecimento né e que não se reduzem A adoecimentos é infecciosos né Por agentes é por vetores de doenças infecciosas né E nem tu doenças é reconhecidamente orgânicas a gente tá também no campo é que contempla adoecimentos mentais E aí se você reduz né Há a possibilidade tratar ao viés baseado em evidência você reduz também a possibilidade de tratamento para muitas pessoas e de reabilitação Ah tá é porque você acaba você acaba entrando num circuito
que é esse circuito da medicalização né do qual dificilmente depois a pessoa consegue sair né E quando eu digo isso tá eu não tenho nada contra a medicalização não eu tô falando da Má medicalização e não dá boa Ok mas muitas vezes a pessoa acaba entrando nesse cuidar mar medicalização né que é muito mais um Cala a boca do que propriamente um tratamento né É muito mais um Léo algo que vai dar uma pancada química aí que vai fazer com que a pessoa continue levando a vida desgraçada aquela leva né é aturando famílias disfuncionais aturando
um trabalho horroroso Neve virgem então a gente tá falando disso tá muitas vezes o doce medicaliza assim a perder de vista a população o que você tá É promovendo né você tá funcionando ali como um dispositivo de normatização para dar que tá todo mundo né a uma sociedade que nem sempre é saudável tá e não trabalhando com o com singular né de cada de cada sujeito né aí não isso que é singular acaba não emergindo tá é e claro que é quando eu falo isso as pessoas mais prejudicadas acabam sendo as mais vulneráveis of o
que né Elsa pessoas mais vulneráveis são aquelas que acabam sendo as mais prejudicadas as que acabam entrando mais né nesse circuito aí que eu tô chamando de mar medicalização tá então é o Finn água basicamente era isso né que o que eu queria colocar né dizendo que tá longe tá longe da psicanálise querer ser antes ciência o contra a ciência ao né assim ajuda muita gente vai continuar ajudando ela permite Progresso incríveis e tal mas ela tem as suas limitações desconhecer essas limitações é que eu acho problemático e se você desconhece essas limitações você acaba
funcionando como é um a gente aí do dispositivo normatizador né que vai só adestrar pessoas e não tratá-las efetivamente né adestrar criança já ao contexto escolar adestrar é mulheres a sociedade patriarcal a adestrar enfim toda a população vulnerável brasileira a uma sociedade I still a elas na da quando na verdade e em vez de você libertar em vez de tratamento ser libertário ele é aprisionadores né e serve mais para sufocar aquela pessoa aí enfim do que para fazer com que ela se expressa