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No vídeo de hoje, falaremos sobre um dos personagens mais importantes da nossa história: um monarquista que trouxe legitimidade à república ou um bagunceiro que trouxe ordem e paz para as fronteiras do Brasil. Estou falando de José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Juca, mais conhecido como o Barão do Rio Branco. Mas afinal, você sabe quem foi ele e por que ele foi tão importante?
Então se liga aí! Juca Paranhos era filho do Visconde do Rio Branco, um importante político e estadista do Império brasileiro. Na juventude, Juca acompanhou o pai em viagens internacionais, inclusive nas negociações de paz que puseram fim à Guerra do Paraguai, em 1870.
O Visconde era um negociador experiente e habilidoso, e o garoto Juca foi tomando gosto pelas negociações, pelos assuntos internacionais e, claro, pela diplomacia. Juca frequentou escolas prestigiadas daquela época, como o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, e as faculdades de Direito de São Paulo e Recife. Um ávido escritor, ele publicava artigos de opinião e textos históricos em diversos jornais.
Em 1898, foi eleito para uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Ainda no Império, em 1876, nosso Juca foi nomeado cônsul-geral do Brasil na cidade inglesa de Liverpool, que algumas décadas mais tarde seria o berço de nascimento dos Beatles. Mas lá no século XIX, Liverpool ainda era apenas uma importante cidade portuária do Reino Unido, que era o país mais poderoso do mundo e, não por acaso, o principal parceiro comercial do Brasil.
Em suas viagens pelo mundo, Juca gostava de visitar bibliotecas e colecionar mapas e documentos sobre o Brasil. E de tanto estudar, seus amigos diziam que ele era o brasileiro que mais conhecia o nosso país. Cada vez mais reconhecido como um grande historiador erudito, e agora já reconhecido com o título de barão, Rio Branco passou a colocar seus conhecimentos em prática como negociador internacional das fronteiras brasileiras ainda pendentes de delimitação.
Como bom diplomata, o Barão sabia que a melhor maneira de resolver uma disputa era pela negociação, e para defender as fronteiras brasileiras não havia ninguém melhor que ele. Baseando-se no princípio do “uti possidetis”, que reconhece o direito à posse pelo uso da terra, o Barão conseguiu garantir ao Brasil grande parte do nosso território. Rio Branco chefiou a missão negociadora que defendeu os direitos brasileiros sobre os territórios das missões, nos atuais estados de Santa Catarina e Paraná, que eram reivindicados pela Argentina.
O laudo arbitral publicado em 1895 foi inteiramente favorável ao Brasil. Ponto para o Barão. No norte, também havia pendências fronteiriças com a França na região da Guiana Francesa, vizinha ao Amapá.
Rio Branco também assumiu a defesa da causa brasileira, disputando com o renomado geógrafo francês Paul Vidal de La Blache. Mas na disputa entre pão de queijo e croissant, o Juca mais uma vez levou a melhor. Dois pontos para o Barão.
Rio Branco parecia imbatível. Mais uma fronteira com ganho de causa para o Brasil, e ele estava pronto para pedir música no Fantástico. Mas ele não pararia por aí.
Depois de um breve período como chefe da missão diplomática em Berlim, o Barão foi nomeado ministro das Relações Exteriores em 1902 e permaneceu no cargo por dez anos, servindo a quatro presidentes diferentes: Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha e Hermes da Fonseca. Um dos principais legados do Barão foi a definição de nossas fronteiras de maneira diplomática. Naquela época, as grandes potências resolviam suas divergências muitas vezes no campo de batalha.
Mas em vez de pegar em armas, Rio Branco se muniu de mapas, conhecimento e uma boa estratégia negociadora. Sob a liderança do Barão, o Brasil resolveu pacificamente as fronteiras pendentes com todos os nossos vizinhos. Com a Bolívia, o Barão negociou o Tratado de Petrópolis, assinado em 1903, por meio do qual o Brasil adquiriu o território do Acre.
O sucesso nas negociações internacionais também foi sentido nas ruas, e o Barão ficou pop. O carioca bigodudo e carismático, com fama de boêmio, era admirado e reconhecido pela população brasileira da época por seus feitos heroicos. A fama foi tamanha que, quando ele morreu, em 1912, apenas uma semana antes do carnaval, bailes foram adiados em meio ao luto e à comoção nacional.
Mas alguns foliões mais afoitos não conseguiram esperar e acabaram pulando dois carnavais no mesmo ano. Um brasileiro digno de ser imortalizado. Não é à toa que ele aparece na moeda de 50 centavos e seu nome é usado nas ruas de várias cidades em todo o Brasil.
E claro, a capital do Acre, Rio Branco, deve seu nome – e sua nacionalidade brasileira – ao trabalho do Barão. Por sua notável atuação diplomática, o Barão ficou conhecido como o patrono da diplomacia brasileira, e sua data de nascimento, 20 de abril, é comemorada como o Dia do Diplomata. A academia diplomática brasileira, fundada em 1945, no centenário do nascimento do Barão, também leva seu nome: Instituto Rio Branco.
Se você quiser se aprofundar na história desse herói nacional, a gente deixou na descrição do vídeo sugestões de fontes para você. E qual tema de relações internacionais você quer ver por aí? Deixe uma sugestão para a gente nos comentários e até o próximo vídeo!