[Música] he Sérgio olhava pela janela nervoso a paisagem Litorânea passava depressa demais para seu gosto enquanto Beatriz ao volante mantinha uma mão firme na direção e a outra descansando sobre a barriga ele não gostava de quando ela dirigia daquele jeito Bia você podia por favor diminuir a velocidade disse ele tentando manter a calma na voz Beatriz riu suavemente seus olhos fixos na estrada mas seu Tom brincalhão refletia a leveza que sempre a acompanhava Relaxa Sérgio não tem ninguém na estrada a gente vai chegar mais rápido assim Sérgio suspirou segurando com força o assento ao seu
lado ele conhecia aquela teimosia de Beatriz era parte do que a fazia única mas naquele momento ele só conseguia pensar no bebê que crescia dentro dela não é sobre a gente chegar mais rápido Bia é sobre você e o bebê só por favor mais devagar Beatriz então levou a mão até a barriga afagando a com um sorriso era o primeiro filho deles uma alegria que havia chegado depois de anos de tentativas e frustrações agora que estavam tão perto de realizar o sonho da Maternidade e sér S queria que tudo fosse perfeito eu sei amor tudo
bem respondeu ela ainda mantendo a mesma velocidade os dois haviam alugado uma casa na praia para aquele final de semana era um merecido descanso para Sérgio que trabalhava exaustivamente nos últimos meses tudo o que ele queria era um momento de paz longe da correria da cidade e do estresse do trabalho masele paz parecia mais distante do que nunca enquanto Beatriz continuava dirigindo de maneira imprudente ao avistar um carro à frente Beatriz começou a se impacientar o veículo seguia a uma velocidade moderada dentro dos limites da Rodovia mas para ela parecia lento demais vou passar esse
cara ele tá muito devagar Sérgio já antecipando o que estava prestes a acontecer levantou a mão em protesto pia não não faz ultrapassagem é perigoso a estrada tá cheia de curvas ela bufou ignorando o alerta dele tem quase ninguém na estrada Sérgio vai ser rapidinho antes que Sérgio pudesse argumentar mais Beatriz acelerou desviando para a pista contrária para realizar a ultrapassagem foi quando um farol enorme surgiu de repente no horizonte um caminhão vinha na direção deles rápido demais Sérgio sentiu o sangue gelar Beatriz cuidado ela puxou o volante bruscamente para evitar a colisão desviando do
caminhão por uma margem mínima o carro balançou violentamente e em meio à manobra descontrolada o carro que eles tentavam ultrapassar foi atingido na lateral e saiu da estrada Sérgio virou a cabeça para trás e viu o outro veículo cair pela riban e capotar várias vezes antes de desaparecer de vista meu Deus o que você fez Sérgio gritou sem acreditar no que acabara de acontecer Beatriz ainda segurando o volante com força estava paralisada seus lábios tremiam e os olhos se encheram de Lágrimas mas ela não conseguia falar o carro deles havia parado no Acostamento milagrosamente sem
nenhum dano sério mas o estrago já estava feito sem perder tempo Sérgio abriu a porta e correu em direção à ribanceira eu vou ajudar chama uma ambulância Beatriz ele desceu rapidamente Escorregando na terra Solta até alcançar o carro capotado o veículo estava de cabeça para baixo com as rodas ainda girando lentamente dentro havia um homem preso no cinto de segurança imóvel Sérgio tentou abrir a porta mas estava travado ele se abaixou e olhou pela janela quebrada senhor você me ouve o homem não respondeu Sérgio puxou o cinto de segurança tentando tirá-lo de lá mas o
corpo não se mexia o medo Começou a tomar conta dele por favor fique comigo não faça isso foi então que ele percebeu que o homem não estava respirando o peito dele estava imóvel e havia um filete de sangue escorrendo de sua testa a realidade do que tinha acabado de acontecer caiu sobre Sérgio como uma tonelada de tijolos Não não pode ser ele começou a gritar por ajuda socorro alguém ajuda enquanto isso Beatriz ainda estava dentro do carro deles imóvel olhando para o volante como se estivesse em trans lágrimas escorriam silenciosamente por seu rosto ela sabia
que tinha feito algo terrível mas não conseguia processar tudo Parecia um pesadelo distante logo os sons das sirenes romperam o silêncio da estrada uma ambulância chegou primeiro seguida por um carro dos Bombeiros o motorista do caminhão que havia presenciado o acidente havia chamado Socorro os paramédicos desceram a ribanceira rapidamente mas quando verificaram o homem no carro apenas confirmaram o que Sérgio já temia ele estava morto um dos policiais se aproximou de Sérgio que estava ajoelhado ao lado do carro capotado olhando para as mãos sujas de sangue senhor precisamos que você se afaste por favor Sérgio
levantou-se lentamente suas pernas tremendo eu eu tentei salvá-lo mas ele já estava o policial assentiu colocando uma mão reconfortante no ombro de Sérgio Vamos cuidar de tudo aqui você está bem Tem ferimentos Sérgio Balançou a cabeça mas sua mente estava longe ele só conseguia pensar em Beatriz ela estava lá em cima sozinha no carro e ela estava grávida como aquilo poderia ter acontecido minutos depois os policiais se aproximaram do carro deles Beatriz ainda não tinha saído quando A Porta Se Abriu ela olhou para os policiais seus olhos cheios de medo e arrependimento Quem estava dirigindo
perguntou um dos policiais seu Tom direto e profissional Sérgio sem hesitar deu um passo à frente fui eu Beatriz que até então não tinha falado nada abaixou a cabeça o silêncio dela falou mais do que qualquer palavra poderia expressar ela sabia o que Sérgio estava fazendo os policiais trocaram olhar antes de algemá-lo você vai precisar vir conosco para prestar depoimento enquanto era levado até a viatura Sérgio olhou uma última vez para Beatriz ela ainda estava chorando mas havia um alívio silencioso em seu olhar ele não queria que seu filho nascesse com a mãe presa essa
era a única coisa que passava pela cabeça dele enquanto as portas da viatura se fechavam e ele era levado embora sem saber o que o aguardava no futuro Sérgio estava sentado no banco dos réus o coração acelerado ele ouvia atentamente cada palavra que o juiz proferia mas parecia que tudo ao seu redor estava embaçado como se o mundo tivesse perdido o foco o julgamento havia sido rápido muito mais rápido do que ele esperava Afinal o homem que morrera no acidente era uma pessoa influente admirada por todos que o conheciam uma figura pública e respeitada na
sociedade isso acelerou o processo e tornou a condenação de Sérgio inevitável o juiz fez uma breve pausa antes de continuar sua voz soando fria e Imparcial pela responsabilidade criminal no acidente que resultou na morte de João Vasconcelos o réu Sérgio Almeida é condenado a 5 anos de prisão Beatriz sentada no fundo da sala do tribunal não reagiu imediatamente ela estava lá mas seu olhar parecia distante vazio como se ela não acreditasse no que estava acontecendo Sérgio olhou para ela uma última vez antes de ser levado pelos oficiais não havia raiva em seu coração nem arrependimento
pela mentira que contou ele sabia que estava salvando Beatriz e seu futuro filho só que agora tudo parecia desmoronar Quando Ele olhou para o outro lado da sala viu sua mãe Francisca ela estava com o rosto encharcado de Lágrimas tentando manter-se forte o choro dela ecoava pela sala e seu coração se partiu ao ver a dor estampada no rosto da mulher que o criou com tanto carinho Francisca tentou se aproximar dele antes que os policiais o levassem mas foi contida meu filho Sérgio Meu Filho ela grit assio foi levado sem poder abraçar a mãe e
sentiu o peso do que o aguardava uma nova vida estava para começar mas não da maneira que ele tinha planejado na prisão os dias passavam lentamente cada um igual ao anterior Sérgio se adaptava à rotina fria e Mecânica do lugar as noites eram longas e solitárias e os pensamentos sobre Beatriz e o bebê o atormentavam Será que ela estava bem como estava o filho deles essas perguntas ecoavam em sua mente mas ninguém trazia respostas pelo menos até que sua mãe o visitou pela primeira vez Francisca entrou na sala de visitas com um sorriso mas Sérgio
percebeu imediatamente que era forçado ela tentava ser forte por ele mas o sofrimento estava estampado em seu rosto como você está filho perguntou ela sua voz trêmula enquanto se sentava sua frente Sérgio tentou responder com firmeza embora por dentro estivesse desmoronando estou bem mãe como estão as coisas lá fora Francisca contou sobre sua rotina como estava cuidando da casa e como sentia a falta dele tentou falar sobre assuntos leves Mas a tristeza que ela tentava esconder era Evidente Sérgio sabia que sua prisão Estava pesando nela mais do que queria admitir ao final da visita ela
segurou as mãos dele com força como se não quisesse soltá-lo eu te amo meu filho e vou estar aqui não importa o que aconteça ele apenas assentiu tentando engolir o Nó na Garganta vê-la partir foi como sentir uma parte de si mesmo sendo arrancada Beatriz demorou para visitá-lo Sérgio esperava ansioso pelo dia em que ela finalmente aparecesse imaginando como seria vê-la novamente mente como seria ouvir as novidades sobre a gravidez duas semanas se passaram até que finalmente ela entrou pela porta da sala de visitas ela estava diferente mais pálida e havia algo em seu olhar
que Sérgio não conseguia decifrar ele se levantou rapidamente ansioso para falar com ela Bia Que bom que você veio como está o bebê ela ficou em silêncio por alguns instantes evitando o olhar dele então com a voz embargada ela soltou a bomba eu perdi o bebê Sérgio o chão parecia desabar sobre os pés de Sérgio o ar escapou de seus pulmões e ele sentiu uma dor aguda atravessar seu peito não não pode ser ele tentou segurar a mão dela mas Beatriz recuou levemente ele chorou ali diante dela sem vergonha o filho que ele tanto esperava
pelo qual ele havia sacrificado sua liberdade agora se fora Beatriz com o rosto frio e os olhos vazios não conseguiu consolar o marido eu eu sinto muito Sérgio depois daquele dia Beatriz não voltou por dois longos meses quando finalmente reapareceu sua expressão era ainda mais dura séria dessa vez ela não se sentou nem por um segundo assim que entrou foi direta ao ponto Sérgio eu não posso mais continuar com isso eu quero terminar Sérgio olhou para ela confuso o que você está dizendo Beatriz Como assim terminar eu eu estou aqui por você eu fiz isso
por você ela Balançou a cabeça desviando o olhar incapaz de encará-lo eu não aguento mais esperar Sérgio 5 anos eu não consigo desculpa antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa Beatriz saiu da sala deixando Sérgio com as palavras presas na garganta ele ficou ali parado por alguns segundos Processando o que havia acabado de acontecer quando voltou para a cela sentiu uma raiva crescer dentro dele ele tinha sacrificado tudo por ela e ela o abandonou sem sequer hesitar ela terminou com você não foi perguntou Marc seu colega deela enquanto Sérgio entrava Sérgio com os olhos
vermelhos de raiva e dor assentiu Sim ela me deixou Marcos suspirou aconteceu comigo também tinha uma namorada mas quando fui preso ela não quis mais saber de mim foi embora sem olhar para trás as palavras de Marcos embora tristes não trouxeram consolo a Sérgio ele não esava fizesse o mesmo a raiva e o vazio eram esmagadores 5 meses depois Sérgio recebeu a notícia que nunca imaginou ouvir sua mãe Francisca havia falecido de um ataque cardíaco ele foi liberado temporariamente Para comparecer ao enterro mas quando chegou ao cemitério percebeu que algo estava faltando Beatriz não estava
lá Ele olhou ao redor esperando vê-la em algum lugar mas ela não apareceu a ausência dela pesava mais do que ele queria admitir quando o enterro terminou Sérgio voltou para a prisão sentindo-se como uma casca vazia o amor da sua vida o abandonara e agora sua mãe a única pessoa que restava para lhe dar apoio também se fora o silêncio de sua cela naquela noite foi ensurdecedor preenchido apenas pelo eco de sua própria dor e solidão os dias na prisão passaram arrastados para Sérgio cada amanhecer parecia igual ao anterior e os C anos que tinha
que cumprir pareciam se estender por uma eternidade mesmo tendo bom comportamento e cumprindo todas as regras os boatos sobre tentativas de aumentar sua pena o deixavam inquieto sabia que para muitos sua punição havia sido leve demais Afinal o homem que morreu no acidente era influente e a pressão pública Por Justiça foi imensa durante esse tempo Sérgio acompanhava de perto a vida de seu colega de cela Marcos o amigo estava preso por um crime Menor Mas isso não impediu que sua relação com a namorada fosse conturbada Marcos terminava e reava com a mesma mulher repetidamente Sérgio
observava de longe ora com um certo alívio por não ter que lidar com esses dramas ora com uma pontada de inveja por Marcos ainda ter alguém por mais complicada que fosse a relação do amigo ele tinha alguém que se importava com ele enquanto Sérgio passava os anos sem qualquer notícia de Beatriz ele não entendia como Beatriz podia ser tão ingrata apesar do término e de tudo o que havia acontecido ele havia se sacrificado por ela assumindo a culpa para que ela e o bebê que tragicamente não sobrevivera pudessem ter uma vida melhor mas Beatriz não
fez nem o esforço de aparecer uma vez sequer nos C anos em que ele esteve preso quando finalmente o dia da Liberdade chegou não havia ninguém o esperando do lado de fora Sérgio respirou fundo sentindo a brisa da manhã em seu rosto mas não encontrou conforto estava só pegou seus poucos pertences e caminhou até o único lugar que ainda lhe parecia familiar a casa de sua mãe o caminho até a casa foi silencioso com os sons da cidade contrastando com o turbilhão de pensamentos em sua cabeça ele se perguntava como a casa estaria sabia que
após a morte de Francisca ninguém mais havia cuidado do lugar era o último laço que tinha com sua vida antes da prisão e voltar para lá parecia ser o único passo possível ao chegar à Rua Sérgio parou sentindo o coração acelerar a casa que ele esperava encontrar abandonada e empoeirada estava impecavelmente cuidada o Jardim que sua mãe tanto amava florescia com plantas que ele nem lembrava de estarem ali antes na entrada uma família estava reunida um homem uma mulher e duas crianças pequenas Sérgio franziu a testa confuso enquanto se aproximava Com licença ele disse tentando
manter a voz Calma embora uma sensação estranha começasse a tomar conta dele essa casa era da minha mãe eu morava aqui o homem que estava com as crianças olhou para Sérgio com uma expressão de confusão e desconfiança desculpa mas acho que você está enganado compramos essa casa há mais de 4 anos Sérgio sentiu o estômago revirar 4 anos não isso não pode estar certo eu estive preso mas essa casa era da minha mãe ela morreu e nunca venderia a casa o homem coçou a cabeça percebendo o desconforto de Sérgio acho que há algum mal entendido
nós compramos a casa de uma mulher chamada Beatriz ela era a dona ao ouvir o nome de Beatriz Sérgio congelou era como se o tempo parasse por um instante Beatriz como ela poderia ter vendido a casa de sua mãe ele não conseguia acreditar no que estava ouvindo mas tudo fez sentido em sua mente de uma vez Beatriz de alguma forma havia se aproveitado da ausência dele para vender a casa aquela casa o único lugar que restava da sua vida antes de tudo desmoronar sem dizer mais nada Sérgio deu meia volta deixando a família para trás
ele mal ouviu o homem chamando por ele tentando explicar algo mais seu coração estava acelerado a raiva borbulhando em seu peito cada passo que dava parecia pesar mais do que o anterior ele sabia que teria que entrar na justiça para recuperar a casa mas sabia também que isso levaria tempo tempo que ele não tinha e paciência que já estava esgotada agora sua preocupação mais imediata era outra onde dormiria naquela noite Sérgio caminhou pela cidade os pés pesados pelo cansaço e pela frustração tentou se lembrar de algum amigo algum parente que pudesse ajudá-lo mas após 5
anos atrás das grades seu círculo de apoio era praticamente inexistente a única opção que lhe restou foi um abrigo para moradores de rua ao chegar ao abrigo Foi recebido com olhares de compaixão e desconfiança sentiu-se deslocado como se o tempo que passou preso o tivesse transformado em alguém diferente alguém que não se encaixava mais na sociedade o espaço era apertado com camas lado a lado e um cheiro forte de humidade era um teto mas nada ali trazia consolo durante a primeira noite no abrigo a raiva de Beatriz o consumia ele tentava entender como ela podia
ter sido tão cruel Tão calculista ela havia vendido a casa que pertencia a sua mãe a única coisa que ele tinha e agora Não havia mais nada nos dias seguintes Sérgio começou a procurar emprego no entanto ele rapidamente se deparou com a Dura realidade que tantos ex-presidiários enfrentam Ninguém queria contratar alguém com antecedentes criminais Sinto muito mas estamos buscando alguém com outro perfil era o que ouviu inúmeras vezes de maneira polida ou direta em uma pequena entrevista para uma vaga em uma loja de conveniência o gerente foi mais sincero do que os outros Olha eu
entendo sua situação mas tenho que pensar na segurança dos meus clientes você esteve preso por um crime sério não posso arriscar Sérgio agradeceu educadamente mas por dentro sentia o peso do fracasso crescente cada Porta Fechada era mais um golpe mais uma confirmação de que sua vida havia sido irremediavelmente destruída Sérgio encarava o entrevistador do outro lado da mesa tentando controlar a ansiedade que subia em seu peito a busca por emprego até aquele momento tinha sido uma sucessão de portas fechadas Mas desta vez algo parecia diferente o homem à sua frente um sujeito de meia idade
com barba mal feita e olhos cansados parecia mais interessado em preencher a vaga do que nos detalhes do passado de Sérgio Então você tá querendo ser guarda florestal né o entrevistador disse olhando de relance para o currículo de Sérgio como se não estivesse realmente interessado no que estava escrito ali esse trabalho não atrai muita gente é longe isolado cercado por mata não tem muito luxo Sérgio assentiu tentando não demonstrar o alívio que começava a surgir Eu não me importo com isso preciso de um emprego e bom eu gosto da ideia de ficar longe de tudo
por um tempo o entrevistador deu de ombros Olha a verdade é que ninguém quer esse emprego A Cabana onde você vai ficar cara é simples mas tem o básico o importante é cuidar da área garantir que ninguém esteja fazendo algo que não deveria tipo caça ilegal ou desmatamento é só isso se fizer seu trabalho Direito não me importo com o seu passado posso contar com você para isso com certeza Sérgio respondeu rapidamente sem hesitar ele estava disposto a qualquer coisa ótimo o homem disse entregando um chaveiro com uma chave enferrujada e um mapa aqui estão
as chaves da cabana e o mapa da região você pode começar amanhã mesmo Sérgio pegou as chaves com um sorriso aliviado pela primeira vez em muito tempo sentiu que tinha uma chance de recomeçar a Cabana ficava no meio da floresta cercada por árvores altas e uma sensação de isolamento Total era o tipo de lugar que muitos evitariam mas para Sérgio aquele e solidão eram exatamente o que ele precisava A Cabana em si era simples mas tinha tudo o que ele poderia querer havia uma cama confortável uma pequena geladeira um banheiro com água quente e uma
mesa onde ele podia organizar seus papéis e anotações sobre a área que deveria vigiar na primeira noite Sérgio se acomodou no lugar e olhou ao redor satisfeito com a paz que encontrou a única companhia que tinha eram sons da floresta os grilos o vento nas folhas e ocasionalmente o uivo distante de algum animal aquilo era tudo o que ele precisava depois de anos de tumulto a tranquilidade era bem-vinda os dias passaram lentamente e Sérgio se adaptou à Nova rotina trabalhar como guarda florestal era uma tarefa simples ele fazia suas rondas diárias garantindo que a área
estivesse preservada e que não houvesse nenhuma atividade ilegal e à noite ele voltava para a Cabana onde dormia com a serenidade que há muito havia perdido com o tempo Sérgio teve a ideia de morar ali permanentemente ninguém o incomodava e ele sabia que não precisaria explicar sua história a ninguém era como se tivesse encontrado um esconderijo um refúgio onde ninguém podia alcançá-lo ele comeou a levar mantimentos para A Cabana estocando o suficiente para viver por longos períodos sem precisar sair tudo estava indo bem por meses Sérgio sentiu uma paz que pensava ser impossível alcançar mas
em uma noite fria de inverno Tudo Mudou era uma noite como qualquer outra até que Sérgio foi acordado por um som diferente ele se levantou da cama ainda meio sonolento e olhou pela janela lá fora a escuridão da floresta parecia impenetrável mas o barulho continuava Parecia um choro um som suave e frágil que cortava o silêncio da noite confuso Sérgio pegou uma lanterna e com cautela abriu a porta da Cabana o frio da noite O atingiu imediatamente mas o que viu o deixou ainda mais atônito um bebê enrolado em um cobertor estava na entrada de
sua Cabana mas o que Sérgio murmurou abaixando-se para pegar a criança o bebê chorava baixinho como se tivesse sido abandonado Ali há pouco tempo desorientado e preocupado Sérgio levou o bebê para dentro e o enrolou em uma coberta mais quente tentando aquecê-lo ele não sabia o que fazer a Cabana era isolada e as opções para encontrar ajuda eram limitadas na manhã seguinte ainda AD com o que havia acontecido Sérgio decidiu procurar ajuda ele lembrou-se de um pequeno Vilarejo próximo onde havia uma médica Fernanda conhecida por ajudar os moradores da região com o bebê nos braços
ele partiu em direção ao Vilarejo sem saber o que esperar Fernanda ficou surpresa ao ver Sérgio chegar com o bebê você encontrou ele onde ela perguntou incrédula na porta da minha cabana de madrugada s explicou ainda sem acreditar totalmente no que havia acontecido ele estava sozinho não sei como Sobreviveu ao frio Fernanda Balançou a cabeça chocada isso é inacreditável deixe-me dar uma olhada nele depois de um exame rápido a médica suspirou aliviada ele está bem felizmente não pegou nenhuma doença por causa do frio mas é um milagre alguém o abandonou deliberadamente e se você não
o tivesse encontrado ele poderia não ter sobrevivido Sérgio ficou em silêncio sentindo uma mistura de alívio e responsabilidade Fernanda lhe deu algumas instruções básicas sobre como cuidar do bebê e perguntou o que você vai fazer agora não sei ele respondeu olhando para o pequeno nos seus braços mas acho que não posso simplesmente deixá-lo Alguém precisa cuidar dele Fernanda sorriu suavemente parece que ele já encontrou quem cuide Sérgio voltou para a cabana com o bebê que ele passou a chamar de Felipe cuidar do pequeno trouxe uma nova rotina para sua vida os dias deixaram de ser
tão solitários e a responsabilidade de cuidar de alguém trouxe um novo propósito para sua existência com o tempo Sérgio também se aproximou mais do Vilarejo ele já tinha um dinheiro guardado e e com a ajuda de Fernanda alugou uma pequena casa por lá embora ainda trabalhasse como guarda florestal agora ele passava mais tempo no vilarejo onde Felipe podia crescer com mais conforto e segurança Fernanda visitava Sérgio com frequência sempre verificando como o bebê estava ela se tornou uma amiga valiosa e uma companhia constante e pela primeira vez em muito tempo Sérgio se sentia feliz Felipe
havia mudado sua vida completamente e agora ele tinha algo pelo que lutar e viver Sérgio olhava para Felipe que brincava com alguns brinquedos simples que ele havia conseguido para o menino a criança já começava a dar seus primeiros passos e balbuciava algumas palavras desconexas o que aquecia o coração de Sérgio para ele Felipe já era como um filho e a cada dia que passava o vínculo entre os dois se tornava mais forte mesmo assim uma parte dele não conseguia ignorar o mistério de como Felipe havia chegado à sua porta ele sentia que precisava de respostas
por mais que soubesse que essas respostas poderiam não ser fáceis de encontrar Sérgio havia feito algumas tentativas de descobrir quem havia abandonado o bebê mas não era uma tarefa simples a região onde ele trabalhava era isolada e as poucas pessoas que viviam por ali não sabiam de nada no entanto em uma de suas rondas ele resolveu explorar um Vilarejo vizinho era um lugar pequeno com menos de 50 habitantes mas com alguma sorte ele poderia encontrar Alguma pista no vilarejo Sérgio conversou com algumas pessoas até que uma das mulheres mais velhas do lugar Comentou algo que
chamou sua atenção tem uma moça aqui que estava grávida sabe Ela vivia dizendo que não queria o bebê que a vida era muito dura para cuidar de uma criança depois de um dia pro outro ela apareceu sem barriga e disse que tinha perdido o bebê mas a gente aqui Achou muito estranho Ela nunca falou de hospital nada e agora parece que tá de mudança vai morar na cidade grande essas palavras acenderam um alerta na mente de Sérgio ele perguntou onde a jovem morava e a mulher lhe deu um endereço mencionando que a tal moça estava
arrumando as malas para ir embora nos próximos Dias decidido a confrontá-la Sérgio seguiu para o endereço indicado ao chegar na casa simples da jovem ele sentiu um misto de nervosismo e raiva quando A Porta Se Abriu a mulher que o atendeu ficou claramente desconcertada ao vê-lo posso ajudar ela perguntou nervosa olhando ao redor Como se quisesse garantir que ninguém estava por perto Sérgio não perdeu tempo eu sei quem você é precisamos conversar a agora a jovem hesitou mas ao ver o semblante sério de Sérgio concordou com um aceno de cabeça a gente pode ir para
um lugar mais reservado disse ela claramente desconfortável os dois caminharam até um local afastado onde não havia ninguém por perto assim que pararam Sérgio foi direto ao ponto você deixou um bebê na minha porta não foi a mulher ficou em silêncio por um momento mas sua pressão nervosa não deixava dúvidas eu não podia criar aquela criança ela disse sem tentar negar eu sou pobre o pai dele é um traste eu não tinha como dar uma vida boa para ele Sérgio respirou fundo tentando controlar a raiva que sentia e você achou que abandonar ele na porta
de alguém no meio da floresta era a melhor solução ela abaixou a cabeça visivelmente constrangida eu sabia que tinha na cabana que você tava lá eu não queria fazer isso mas não tive escolha eu deixei ele no lugar mais longe que eu podia onde não tinha câmeras nem nada eu não queria que ninguém me encontrasse você poderia ter ido a um hospital ou ao menos procurado ajuda retrucou Sérgio com a voz carregada de frustração mas não você o deixou no meio do nada no frio jovem mordeu o lábio inferior sem saber o que responder eu
eu sinto muito de verdade Sérgio a encarou por mais alguns segundos lutando com a vontade de denunciar o que ela tinha feito mas no fundo ele sabia que não iria fazer isso você aa que eu vim aqui para devolver o bebê ou para te denunciar perguntou ele finalmente a mulher levantou os olhos surpresa pela pergunta não não sei Sérgio Balançou a cabeça eu não vou te denunciar eu só queria entender porque você fez isso mas eu já decidi que vou cuidar de Felipe ele é meu filho agora a jovem A sentiu aliviada obrigada eu espero
que ele tenha uma vida melhor do que a que eu poderia dar sem dizer mais nada Sérgio virou as costas e foi embora sentindo uma mistura de alívio e amargura ele sabia que tinha tomado a decisão certa cuidar de Felipe mas ainda assim o abandono da criança lhe pesava quando Voltou ao Vilarejo Sérgio procurou Fernanda e contou tudo o que havia descoberto sobre a mãe biológica de Felipe a médica ficou incrédula ela realmente o deixou no frio assim é inacreditável como alguém pode fazer isso Fernanda esbravejou claramente revoltada Sérgio suspirou balançando a cabeça Sim ela
disse que não tinha escolha mas eu não vim aqui para julgar só queria que você soubesse eu vou continuar cuidando dele Independente de tudo isso Fernanda olhou para Sérgio com uma expressão mais suave mas ainda havia tristeza em seus olhos eu fico feliz que Felipe tenha encontrado você Sérgio Ele é um menino especial e precisa de alguém que o ame Foi então que Sérgio intrigado por algo que Fernanda havia mencionado antes resolveu perguntar Fernanda por que você mora aqui uma médica talentosa como você em um lugar tão afastado Fernanda desviou o olhar visivelmente tocada pela
pergunta sua expressão endureceu por um momento e ela respirou fundo antes de responder perdi um filho faz 5 anos foi devastador eu não consegui continuar com a vida que tinha precisava me afastar de tudo acabei vindo parar aqui onde encontrei pessoas boas e um pouco de paz acho que é por isso que gosto tanto de cuidar de Felipe ele me lembra do meu filho de alguma forma o silêncio se instalou entre eles por alguns segundos Sérgio surpreso com a história de Fernanda sentiu um peso diferente em relação à amizade deles Fernanda ele disse suavemente você
pode visitar Felipe sempre que quiser ele já se afeiçoou a você ela sorriu os olhos brilhando Obrigada Sérgio isso significa muito para mim os dois se olharam com uma compreensão silenciosa embora viessem de passados Dolorosos de alguma forma Felipe havia unido suas vidas e dado um novo significado a ambas Sérgio havia finalmente conseguido levar a justiça adiante no caso da casa de sua mãe não era tanto pelo valor da casa ou por querer morar s iça que havia sido feita ele sabia que Beatriz havia agido de maneira ilegal ao vender a casa de sua mãe
sem seu consentimento e ele estava determinado a reparar essa Injustiça o processo judicial estava em andamento e enquanto isso a vida de Sérgio com Fernanda e seus filhos seguia em paz Felipe estava com do anos correndo pela casa com sua energia contagiante ele era um menino feliz sempre rindo e descobrindo o mundo ao seu redor era evidente que a ligação entre Sérgio e Fernanda se aprofundava a cada dia embora ambos insistissem que eram apenas amigos o vínculo que haviam formado por causa de Felipe os aproximava de maneira que até as pessoas ao redor começavam a
notar eles saíam juntos com o garoto e para quem via de Fora pareciam um casal em perfeita sintonia em uma tarde tranquila Sérgio apareceu na casa de Fernanda com um presente em mãos era o aniversário dela e ele queria fazer algo especial para mostrar o quanto ela era importante para ele Feliz Aniversário Fernanda disse Sérgio estendendo um pequeno embrulho ela sorriu ao pegar o presente surpresa Sérgio você não precisava eu sei mas quis te dar algo Ele respondeu um tanto nervoso observando-a abrir o pacote dentro havia uma pulseira sim mas com um charme especial algo
que ele sabia que combinava com a personalidade dela Fernanda olhou para a pulseira com admiração e sem hesitar se aproximou e deu um beijo em Sérgio ele ficou imóvel por um segundo com o coração acelerado e logo após o beijo seu semblante ficou sério o que fez Fernanda se afastar levemente O que foi você não gostou perguntou notando a mudança na expressão de Sérgio Não não é isso ele começou parecendo desconfortável eu preciso te contar algo antes de qualquer coisa Fernanda franziu o senho confusa o que você quer dizer Sérgio respirou fundo reunindo Coragem eu
fui preso Fernanda passei 5 anos na cadeia por algo que eu não fiz eu tomei a culpa por minha ex Beatriz ela estava grávida na época e eu achei que estava fazendo certo protegendo ela e o nosso filho mas tudo deu errado Fernanda permaneceu em silêncio por alguns segundos absorvendo o que ele havia dito ela olhou para ele com seriedade mas sem julgamento Sérgio isso não muda nada o que você fez foi por uma boa razão mesmo que tenha sido uma escolha difícil eu acredito em você E isso não altera o que eu sinto o
alívio que tomou conta de Sérgio foi imediato ele havia temido que seu passado pudesse criar uma barreira entre eles mas as palavras de Fernanda o tranquilizaram depois daquele dia o relacionamento deles deixou de ser apenas amizade o romance floresceu e em poucos meses eles formalizaram o namoro pouco depois o namoro virou noivado e em seguida casamento Fernanda logo descobriu que estava grávida e a notícia trouxe uma felicidade indescritível para os dois quando Sofia nasceu eles se sentiam completamente realizados Felipe agora com 7 anos adorava sua irmãzinha e a protegia com todo o amor e carinho
que só um irmão mais velho poderia oferecer a vida de Sérgio com sua nova família era tudo o que ele jamais imaginou ser possível as dificuldades do passado distantes e ele acordava todos os dias com uma sensação de gratidão pela vida simples mas repleta de amor que havia construído ao lado de Fernanda contudo o passado ainda tinha algumas pontas soltas para serem resolvidas um dia Sérgio recebeu uma intimação Para comparecer ao tribunal Beatriz estava sendo julgada por fraude e ele teria que testemunhar contra ela a ideia de reencontrá-la o deixou quieto ele não havia há
muitos anos desde que saiu da prisão e não sabia o que esperar quando chegou ao tribunal Sérgio mal reconheceu Beatriz ela estava visivelmente Abatida com o rosto envelhecido e uma expressão cansada parecia que os anos não tinham sido gentis com ela ao longo do julgamento Ficou claro que Beatriz havia se envolvido profundamente no mundo do crime para sua surpresa Sérgio descobriu que não era o único a processá-la várias outras pessoas também haviam sido vítimas de suas fraudes Beatriz foi condenada à prisão com base nas inúmeras provas apresentadas contra ela enquanto os guardas a levavam algemada
ela parecia desolada contudo quando seus olhos encontraram os de Sérgio algo dentro dela mudou o olhar de derrota deu lugar a um sorriso amargo ela sabia que de alguma forma ainda poderia feri-lo ela parou diante dele forçando os policiais a esperar por um momento Sérgio começou ela sua voz fria e calculada você sabia que anos atrás eu não perdi o bebê de forma natural Sérgio a encarou confuso do que você está falando ela deu um sorriso cínico saboreando cada palavra que estava prestes a dizer você realmente achou que eu perdi o bebê de forma natural
que foi o destino cruel não Sérgio eu escolhi não ter aquele filho eu mesma causei isso as palavras de Beatriz atingiram Sérgio como um soco ele sentiu o chão sumir sob seus pés enquanto a verdade o golpeava com uma força esmagadora durante todos esses anos ele acreditava que a perda do bebê tinha sido uma tragédia fora de seu controle ele se culpava por não ter feito o suficiente por ter sido ausente por não ter protegido Beatriz da dor que ela dizia sentir mas agora tudo fazia sentido de maneira distorcida e Cruel você você fez isso
de propósito ele balbuciou ainda incapaz de acreditar no que ouvia Sérgio ficou sério enquanto Beatriz era levada ela se sentiu satisfeita naquele momento porém ao ser colocada no carro da polícia viu uma cena que a Fez Chorar Sérgio estava ao lado de sua esposa e de seus dois filhos ele sorria feliz Beatriz chorou Pois aquela sensação de ser amada era algo que ela nunca mais teria e embora ela tenha tirado um filho dele a vida lhe deu mais dois assim Beatriz foi levada para a prisão onde passaria longos anos em uma cela fria e solitária
Sérgio voltou para casa ao lado de sua esposa e de seus dois filhos ele jamais imaginou que poderia ser tão feliz apesar dos golpes que a vida lhe deu no fim ele não poderia estar mais contente assim Sérgio viveu ao lado de Fernanda por muitos anos sendo muito feliz com a família que tanto [Música] amava Y