vocês têm auxiliares domésticos em casa as pessoas têm vocês já perguntaram para elas onde elas moram Não nunca perguntei vocês já Perguntaram para ela como é que é viver ou Morrer nos bairros onde ela mora que muitas vezes elas acordam e tem um corpo estendido no meio da rua el falou não nunca me preocupei de perguntar a soci braseira tem um uma história eh uma história de violência eu eh sustentei um estudo que eu realizei há muitos anos atrás que é possível escrever a história do Brasil como a história social da violência é claro que
a violência não preenche todo o significado do que é viver nessa sociedade não é nós a mesmo tempo que a gente tem esse lado vamos dizer assim trágico não é Ah é uma sociedade também de muita solidariedade de cooperação de alegria de festas não é então a gente não pode achar que o traço que nos singular é a violência A violência é um traço marcante não é quer dizer o que nós temos que prestar atenção é tentar entender essa ambiguidade né que você acena por um lado para uma solidariedade uma cooperação Em alguns momentos de
comoção Nacional e ao mesmo tempo você lida com as divergências com as vamos dizer com os conflitos etc com a mais regular violência acho que a gente precisaria fazer uma observação aqui importante é quando se fala em violência o que que nós estamos querendo entender com isto né cada vez mais os antropólogos sociólogos cientistas sociais historiadores tem mostrado que violência é um conceito Eh vamos dizer com muitas significações não é não existe um conceito vamos dizer Universal que dê conta de todos os atos percebidos socialmente como violentos então por exemplo quando eu falo em violência
eu sempre F perando de que violência você tá falando uma coisa eh são as vamos dizer essas essas violências que ocorrem no mundo do crime o chamado mundo da delinquência não é os homicídios as agressões eh que envolve a a a integridade da eh da pessoa né integridade física da pessoa a sua integridade moral a sua integridade psíquica a sua identidade não é eh outra coisa são muitas vezes formas muito sutis de violência que são violências simbólicas né que acontece dentro de casa não ambiente de trabalho e que muitas vezes são objetos de de piada
são objetos de comentários vamos dizer assim eh a margem vamos dizer assim do do dia a dia e outros que são muito mais eh sutis então por exemplo Eh você tá num ambiente alguém vem servir café serve primeiro os homens depois servem as mulheres ou algo do gênero não é então Eh eu diria que a gente precisa sempre pensar que nós estamos lidando com uma sociedade que eh pratica violência de diferentes modos né e portanto eh pensar a sociedade violenta é pensar esse enraizamento da violência não só como um meio eh de resolução de conflitos
né Eh mas também nas suas linguagens nas suas eh expressões eu acho que a gente pode construir essa história social desde a colônia até hoje apesar das mudanças de significados né então por exemplo as crianças e as Mulheres sempre foram tratadas com muita violência dentro de casa n é só que só recentemente é que a violência contra crianças e contra as mulheres dentro de casa se tornou um problema público de conhecimento e reconhecimento público né até muito recentemente era era da esfera privada não é então eu acho que uma das grandes desafios para nós pesquisadores
eh trabalhamos com esses temas é tentar entender esse enraizamento social há muitos anos atrás o eh O Guilherme odon e o Paulo Sérgio Pinheiro trabalhavam com conceito chamado o autoritarismo socialmente implantado por que que se falava isso porque a gente imaginava que o autoritarismo era só do estado e esse autoritarismo se manifestava como repressão indiscriminada eh violência eh contra dissidência política Nos períodos de chamada exceção política né então durante as ditaduras militares né E quando os regimes vamos dizer recuperavam a sua normalidade democrática ou recuperava o seu estado de direito a tendência seria para uma
pacificação geral da sociedade o que que nós vimos na transição da última ditadura militar para a nossa sociedade é que nós avançamos muito do ponto de vista das conquistas sociais das instituições democráticas etc participa representação e reconhecimento de direitos tudo porém não é lidamos com a violência como se a violência fosse um dado normal das relações sociais não é e a violência e eu acho que alguma coisa preca ser bem pensada é algo que nos divide e se é algo que nos divide é algo que acentua as desigualdades sociais então nós temos que problematizar violência
também por esse efeito político não é quer dizer lutar contra a violência lutar pela pelos Direitos Humanos como uma política Geral de proteção do direitos de todos é lutar pela redução das desigualdades né você não pode ter uma polícia que protege eh brancos de classe média e uma polícia que lida com a repressão quando tem jovens negros eh Na periferia não é quer dizer esse tipo de concepção de que a violência nos divide na verdade ela acentua esse funcionamento eh das instituições de modo desigual né eh como eu como eu havia sugerido eh você tem
uma história social não é e aqui eh essa história eh Ela implica em pensar que alguns têm direito a conviver socialmente e outros por terem cometido crimes ou por terem adotado certas formas de comportamento devem ser moralmente excluídos eh da convivência então com esses que estão vamos dizer condenados a ser excluídos moralmente da sociedade você pode dispor do corpo você pode maltratá-los você pode humilhá-los e você pode eh eliminar a própria vida dessas pessoas Isso tá mais ou menos no Imaginário coletivo né quando você conversa com pessoas à vees Ah mas o Fulano cometeu um
crime Bárbaro Tá certo eh você vê por exemplo sobretudo desses grandes acontecimentos das rebeliões das prisões que são reprimidas com muita violência não é eh E mesmo quando há por exemplo eh conflitos entre as facções você vê que não tem uma economia moral dessa violência você não tem interditos Morais você não diz assim por exemplo nós vamos Eh vamos dizer eh limitar a ação a vamos dizer a agredir ou eventualmente se H mortes as mortes permaneçam nesse limite o que que nós estamos vendo decapitação nós est vendo atos assim vamos dizer que seram inimagináveis em
sociedades modernas não é eh então eu diria que diz assim nós estamos vindo num histórico né se você olhar por exemplo eu estudei o sistema penitenciário Paulista e o sistema penitenciário Paulista ele veio eh ele teve ele tinha se você pegasse por exemplo o século XIX você teve uma desorganização imensa nas cadeias públicas etc e os governos resolveram criar um sistema moderno chamado penitenciário do estado né quando você você olha os documentos você lê Os relatos até um filme sobre a penitenciária em 1928 é um projeto absolutamente moderno é incrível ele é foc cotiano todo
assim cada um no seu lugar tudo é regulamentado os horários o trabalho é é um projeto vamos dizer assim eh disciplinar não é que aparentemente não deu certo né na década de 50 nós temos a famosa rebelião da Ilian chet em 52 Então se descobriu que o sistema não tava funcionando não é você já tinha superpopulação eh de preo o governo Jan 4 de 55 a 59 elabora um plano diretor esse plano diretor era para criar penitenciárias no interior do Estado é esse plano diretor que vem sendo seguido até hoje não é E você tem
um ciclo o ciclo é sempre esse você cria novas penitenciárias aí você tem superpopulação degradação das condições a revolta dos presos contra condições internas demolição destruição das instalações aí se descobre que tá faltando vaga no sistema aí começa o cículo at vez constrói não é então o que nós temos percebido que são Dados mais recentes vamos dizer dos anos 2000 para cá final da dos anos 90 na verdade é que essas rebeliões estão se tornando cada vez mais violentas muito violentes não é e estão se espalhando né pelo país inteiro não é então esses fenômenos
não são recentes então o recurso à violência é como se fosse o recurso primeiro não é e como se ele fosse legítimo n é então eu acho que é isso que nós temos que tentar entender di entender as raízes dessa violência e tentar lidar com ela é claro que não é uma solução que você possa dizer nós vamos eh resolver isso no Talvez seja um problema paraas gerações né mas é preciso começar então eu entendo que nós temos um histórico se você fizer é um histórico que um pesquisador do Rio Michel Miss chama de acumulação
social da violência é uma acumulação você vai vendo que a cada a cada Eh vamos dizer acontecimento você tem mais mortos você tem coisa e você tem a Mesmice eh das políticas né então Eh eu entendo que o nosso cenário É um cenário de agravamento não é É um cenário em que eh em princípio se nada for feito de uma maneira convincente tanto do ponto de vista da sociedade mas também do ponto de vista sobretudo do Estado nós vamos ter eu eu não duvido por exemplo que o timing entre uma rebelião E outra vai diminuir
e eu não também duvido que isso não vai cada vez mais se espalhar pelo resto do Brasil onde as condições carcerárias são cada vez piores orora eu em princípio por esses anos espías estô convencido que esse ciclo de Vingança como a gente chama ele mais agrava a violência do que contém a violência não é então você tem por exemplo eh eh o policial veja hoje quando você vai conversar com a Cúpula do sistema policial todos eles são muito afinados com o estado de direito acho que a polícia não pode intervir violentamente que embora a polícia
seja autorizada a usar da força mas ela tem que usar da força moderadamente em circunstâncias muito delimitadas você conversa com a problema é que essas orientações da Cúpula não chegam à base na base os policiais continuam sendo formados pela ideia de que eles estão numa guerra e nessa guerra o inimigo tem que ser eliminado e portanto isso é legítimo não é e muitas vezes agem assim na suposição de que esse seja a vontade coletiva é como se dissesse assim olha todo mundo pensa assim e nós estamos na verdade agindo de conformidade com a percepção coletiva
vontade coletiva porque eu acho que é um equívoco não é ainda que você tenha correntes de opinião que você tenha setores em todas as classes sociais que achem que bandido bom é bandido morto como se frequentemente A grande maioria da sociedade brasileira não é favorável a isso até porque né a maior parte desses preços que estão no sistema penitencio hoje provém de famílias de baixa renda que tem um histórico de vida muito acidentado não é um desemprego violência doméstica muitas vezes com eh eh vamos dizer jovens que muito cedo começam a construir uma carreira na
delinquência as famílias têm que lidar com isso elas não sabem como lidar então esses que estão muitas vezes nas cadeias são filhos de Trabalhadores de baixa renda né quantos de nós não conhecem famílias que tem três quat cinco filhos todosos trabalhadores que duras penas estudaram e tem um e infelizmente derivou como se diz pro mundo do crime pro mundo da violência não é no entanto nós somos uma sociedade que não temos nenhuma solidariedade com a dor dessas famílias essas famílias que não tiveram as mesmas condições para criar seus filhos em condições de não serem atraídos
por exemplo pelo tráfico de drogas ou por outras modalidades de de ação criminal nãoé então eh Há um um um problema que é a autoridade se sentir que ela está à frente do entendimento dos cidadãos quando é um equívoco né na verdade são poucos que pensam assim se você for olhar a maioria das pessoas ainda que elas acham que tem que ter medidas mais rigorosas que a lei tem que funcionar etc esse tipo de de Matança esse tipo de atitudes violentas a invasão por exemplo da polícia nas nas prisões comunes essas por exemplo essas brigas
entre as facções que matam a maioria das das pessoas é um limite isso não é aceitável né não é aceitável conviver com isso então eu diria para você seguinte nós temos que combater esse tipo de mentalidade tanto do ponto de vista da sociedade em geral mas também do ponto de vista da formação daqueles encarregados de proteger os cidadãos né quer dizer a formação do policial não pode ser uma formação dizer para ele que ele está numa guerra e que Portanto ele deve enfrentar a guerra matando o inimigo isso tem que ser eh enfrentado tem que
ser questionado não é e acho que tem várias outras coisas que precisam ser questionadas quer dizer o acesso às armas não é eu acho que nós o Brasil eh é uma uma sociedade que Embora tenha havido melhoras do ponto de vista da lei do do desarmamento para cá eu acho que ainda há falhas e é preciso aprimorar para isso nós sabemos que o acesso às armas potencializa desfechos violentos com mortes e portanto desfechos fatais não é então Eh dificultar o acesso às armas reduz a possibilidade desses desfechos não é e e reduz também a possibilidade
do policial dizer Olha eu tô numa selva tô lidando com pessoas que não são civilizadas e portanto eu tô pondo ordem eh nessa sociedade O mais grave que não é só a mentalidade de policiais você vai ver também que muitas autoridades pensam assim você vai encontrar políticos vários partidos que pensam assim e você vai encontrar magistrados que infelizmente também pensam assim não é eu uma vez entrevistando um magistrado Com todo o respeito que eu tenho pela por essas e ele me disse olha essas pessoas não entraram no processo civilizatório tem um ciclo ele ele dizia
para mim assim um ciclo natural que é a evolução da sociedade vai pôr em algum momento essa gente para dentro da civilização mas enquanto elas não entrarem e a a barbárie vai dominar né então esse tipo de mentalidade dicotômica né uns têm direito outros não têm uns são civilizados outros são bárbaros não é e sobretudo quando você eh identifica isso com determinados grupos pobres negros migrantes nordestinos etc mulheres né Eh quando você identifica isso com os grupos você os criminaliza e os torna alvo preferencial eh de desfechos violentos nos conflitos então romper com esse ciclo
né cortar essas conexões é tarefa que é é uma tarefa nós como pesquisadores de divulgar os resultados das nossas pesquisas é uma tarefa também dos educadores que TM que estar preparados para lidar com isso é uma tarefa do Estado tá certo o estado não pode fomentar a violência o Estado tem que conter a violência né todos nós aqui trabalhamos muito com Direitos Humanos falamos que tem duas fontes de graves violações de direitos humanos né uma delas é o fato de que você tem uma vamos dizer uma violência endêmica na sociedade por razões as mais eh
eh diversas né Eh envolve disputas em torno de territórios disputas em torno de de controle de de idades Ilegais e assim por diante não é e claro disputas Domésticas em torno de quem deve dominar o controle da casa ou ou coisa eh ou coisa parecida a segunda fonte é om missão do Estado o estado é responsável de duas maneiras ou quando ele se omite né ou quando ele fomenta essas políticas de vingança né então é preciso uma política consistente de médio e curto médio longo prazo para criar uma outra uma um outro entendimento desses problemas
e outro conjunto de ações capazes de você pelo menos num espaço de tempo razoável reduzir desfechos violentos para conflitos que muitas vezes são legítimos são naturais esperados em sociedades como a nossa eh que eu acho que permanece uma cisão aqui no debate entre Lei e Ordem e proteção de direitos humanos né durante muitos anos o nós pesquisadores que também somos de certo modo militantes porque esta é uma área que é muito difícil você fazer pesquisa do gabinete e ficar quieto né quer dizer todos nós de alguma maneira seja como participantes da da opinião pública da
formação da vontade coletiva não é eh seja porque muitos de nós somos envolvidos em organizações da sociedade civil não é eh nós procuramos no início nós tínhamos uma profunda dificuldade de lidar com Lei e Ordem né Nós tínhamos uma concepção muito clara de Direitos Humanos Direitos Humanos proteger os direitos do cidadão inclusive os direitos de quem havia sido imputado algum crime estava respondendo na justiça não é e a gente não queria lidar nem com polícia e nem com polícia para nós era repressão nãoé e aqueles que defendiam Lei e Ordem nos ridicularizavam dizendo que direitos
humanos eram direitos eh para B ditos né ao longo de e vamos dizer de mais de duas décadas né com eh o desenvolvimento da pesquisa divulgação de resultados de pesquisa com a necessidade permanente de de as sociedades né cada vez mais contribuírem para modificar as políticas as diretrizes etc eh começou um diálogo com setores vamos dizer assim mais avançados e progressistas das polícias não é E com isso a gente começou Tent fazer uma coisa que eu acho muito importante ou seja não há uma política de direitos humanos eficaz que não lide com problemas de Lei
e Ordem ora Lei e Ordem não pode se contrapor a Direitos Humanos Então essa vamos dizer essa equação é uma equação que ainda não foi satisfatoriamente feito não é quer dizer nós temos sim que lidar com o problema de que o crime eh tem nós temos que lidar com as leis penais etc etc só que não podemos lidar arbitrariamente com isso né Então temos que fazer essa ou seja essa ponte entre direitos humanos e e Lei e Ordem Lei e Ordem e direitos humanos essa é uma questão a segunda questão é a seguinte No Brasil
tradicionalmente se confunde eh prevenção com repressão prevenção é ter polícia na rua prevenção é ter polícia que eh intervém nos espaços públicos intervém nas habitações populares que tá vamos dizer acompanhando Não é isso não é prevenção isso é é repressão né Eh no mundo inteiro a tendência é por políticas preventivas que que são políticas preventivas são políticas de proteção sobretudo de crianças e adolescentes para evitar que uma parte dessas crianças adolcentes né possam derivar pro mundo do crime da violência não é é uma é uma é uma vamos dizer um um certo tipo de concepção
que tá muito presente por exemplo na área de saúde pública não é então por exemplo todo mundo tá sujeito a a epidemias né Olha se você por exemplo tem uma política constante de vacinação da população você sabe que de uma população provavelmente 5% vai ser contaminada né desses 5% talvez vamos dizer 80% desse 5% ou 90% desse 5% vai ser tratado de uma maneira modial numa clínica com com medicamentos adequados com tratamento com assistência e assim por diante quer dizer os vamos dizer 5% que que sobram para esses você precisa tratamento hospitalar internação eventualmente uma
cirurgia ou coisa parecida eu eu defendo que a a política de segurança tinha que raciocinar os mesos tenos quer dizer nós temos que ter políticas primeiro de prevenção que a maioria das pessoas pudessem lidar com seus conflitos sem necessariamente agredir o direito dos outros e sem necessariamente agredir a sua integridade física moral e assim por diante com aqueles que nós não conseguimos fazer nós vamos ter políticas diferenciadas uma coisa é você ter por exemplo conflito eh conflito doméstico em que uma mulher uma criança é vitimizada nãoé outra coisa é você ser vítima por exemplo de
um roubo num nas ruas não é então não pode ser a mesma política você tem que ter políticas diferenciadas com alcances diferenciados com acompanhamentos diferenciados né significa que você teria que ter aí entre aspas o chamado tratamento ambulatorial né né E você colocaria na prisão uma quantidade muito pequena de pessoas que construiu uma trajetória de uma tão maneira no mundo do crime que ela tem dificuldade de viver em liberdade pelo menos por um certo período de tempo a prisão também não pode ser a casa definitiva não é a prisão tem que ser alguma coisa temporária
mas para isso as prisões precisam mudar sua filosofia n é elas precisam ser outra coisa elas não podem ser esse agregado esse depósito de pessoas e esse espaço de competição e de crime Tá certo então eu acho que a a nós temos que inventar políticas preventivas n é temos que nos espelhar um pouco experiências internacionais é claro que no mundo inteiro não se sabe muito bem exatamente o que que dá certo o que que não dá né A minha colega NC Cardia fez um estudo eh fez um balanço das experiências mundiais de prevenção e ninguém
sabe muito bem o que que efetivamente funciona o que não funciona não é agora nos estado Estados Unidos Por exemplo eles T estudos longitudinais de décadas e uma coisa que se percebeu muito é que o tratamento a relação entre a mãe e seus filhos nos dois primeiros anos da vida é crucial pra trajetória a sequência dessas crianças então por exemplo nós sabemos hoje nós temos mães muito jovens n é muitas vezes com partos em períodos muito curtos então precisa ter políticas de acompanhamento de proteção de assistência n é que dê a essas mães as condições
para que elas possam cuidar dos seus filhos né nós fizemos um projeto aqui no Núcleo eh tá documentado já tem livros publicados não é uma experiência Internacional e isto indica sinais de que essa experiência é uma experiência que pode dar certo o problema é sempre a escala desses desses programas mas eu acho que tem que começar eu acho que a gente tem que cortar essa ideia de que aqui no Brasil eh eh prevenção se confunde com repressão eu acho que governos diferentes tendem a a ter proposições Eh vamos dizer mais adequadas ou menos adequadas né
quando eu fiz um estudo sobre o governo federal eh nos últimos vamos dizer desde o governo Fernando Henrique Cardoso para cá e eu percebi assim tanto o governo Fernando Henrique Cardoso quanto o governo Lula foram muito pródigos em produzir em produzir planos nacionais de segurança excelentes sabe do ponto de vista da sua complexidade do ponto de vista das conexões institucionais do ponto de vista de eh era muito claro por exemplo todos eles assim Quais eram os objetivos a ser alcançados quais eram as ações como é que essas ações iam ser ah implementadas através de planos
de ação de metas não é havia toda uma uma discussão sobre a relação entre o governo federal com os governos estaduais não é eram planos muito bons infelizmente não foram implementados Ou foram parcialmente implementados né A Minha tese é de que esses governos sobretudo mais comprometidos com direitos humanos mais comprometidos com uma sociedade mais justa igualitária baseada em Direitos Humanos baseada em em democracia em justiça eles tendem a ter uma capacidade de de de vamos dizer propositiva muito muito elevada e uma capacidade de movimentação muito baixa né por várias razões porque aí passa pelo universo
da política e nós sabemos o que que é política nesse país né a gente tá vendo o que tá acontecendo no país inteiro essa fragmentação não é eh eh Regional local não é então eh eh eu diria o seguinte agora no limite nos momentos de crise todos eles caem na mesma resposta eh mais força policial mais armamentos mais modernização do equipamento de eh contenção de coisa e expansão da oferta de vaga no sistema penitenciário né então eu acho o seguinte quer dizer Nessas horas Tanto faz você ser um governo de direita de centro Centro esquerda
ou de esquerda eles acabam todos caindo no mesmo diapasão não é ã por quê E porque na verdade ao longo do tempo não se consegue romper com esse ciclo de violência né com esse ciclo de de violência o crime cresce mais mais repressão mais endurecimento das penas mais gente nas prisões mais superpopulação mais rebeliões esse ciclo vai se desenvolvendo Então eu acho que vamos dizer assim a os partidos mais comprometidos vamos dizer com a política de direitos humanos de justiça social eles têm 12 10 mas a capacidade política de implementação ainda é muito é muito
limitada Talvez seja um processo né a gente tem muita ideia de que a democracia é uma coisa que se instaura e acontece e a Democracia é uma construção né muitas das sociedades hoje que nós admiramos pelas regras de civilidade de respeito etc etc levaram 100 anos para consolidar uma democracia não é ã agora eu gostaria de que de que em alguns em algumas vamos dizer alguma Dire so na área de segurança os avanços fossem mais significativos né não que a gente dissesse avançamos aqui mas voltamos 10 anos atrás eu me lembro que falar em Direitos
Humanos isso no período de transição da ditadura pra democracia foi trágico quer dizer nós éramos identificados como Defensores de bandido comprometidos com a delinquência não é a maioria do cidadão passar fome etc etc e os direitos humanos não vêm aqui para nos proteger isso é um equívoco né porque Direitos Humanos né ele pensa a pessoa na sua integridade quer dizer a pessoa precisa tanto de segurança como ela precisa de trabalho ela precisa de educação ela precisa de saúde ela precisa de habitação não é direitos humanos são direitos fundamentais que torna qualquer um igual ao outro
né eh uma sociedade como uma sociedade brasileira que é bastante diferenciada que é pluralista que tem múltiplas expressões culturais sociais Tá certo ela não pode ser homogênea Tá certo no entanto nós teremos que ter o seguinte quer dizer essa diversidade deve ser o ponto de enriquecimento da nossa vida associativa para isso nós precisamos ter direitos comuns para todos independentemente das nossas diferenças de classe poder riqueza gênero geração não é eh eh procedência regional não é a teria que dizer eu acho que o direito fundamental que deveria nos unir a todos é o direito à vida
a vida é um é um valor e um princípio básico das democracias né quer dizer independentemente de eu ser homem ou mulher branco ou negro Tá certo rico ou pobre todos têm que ter Igual direito à proteção da vida então por exemplo eu moro em São Paulo num bairro que a taxa de bairro de classe M onde a taxa de homicídio é muito baixa orha quando eu atravesso o rio a taxa de homicídio é 4 5 6 se vezes maior do que no meu bairro O que que significa isso que eu tenho um direito à
vida muito mais preservado do que aquele cidadão que mora do outro lado da cidade né quer dizer isto é inconcebível na democracia né claro nenhuma sociedade o direito à Vida é exatamente igual não é mas você não pode ter disparidades tamanh você não pode dizer que a no meu bairro é 0,01 a taxa de homicídios por 100000 habitantes do outro lado é 10 homicídios por 100.000 habitantes Mas é uma desproporção enorme não é então isso precisa ser colocado nós precisaríamos ter uma consciência de que a vida tem que ser protegida eh de todos os modos
né O que significa dizer o seguinte inclusive daqueles que estão presos quando as pessoas estão presas elas estão sendo tuteladas pelo Estado estado o estado é responsável pela vida dessas pessoas independentemente do que as pessoas cometeram não é quer dizer eu posso não ter nenhuma simpatia por um criminoso que cometeu um ato muito grave um estupro uma morte não é mas isso não me autoriza uma política de extermínio não é uma política como se falamos inspirados no foua na biopolítica de deixar Morrer para que outros vivam não é então eu acho que essa questão tem
que ser colocada nós temos que ter no fundo nós temos que ter um pouco de de solidariedade com a dor do outro ainda que a dor do outro tenha pouco Impacto propriamente dizendo por exemplo eu deixa eu explicar melhor o que eu tô querendo dizer quer dizer eu posso também ser vítima de uma um grave ataque a minha integridade física mas a probabilidade é muito menor não é eu preciso ser solidário com a dor do outro porque a probabilidade do outro é muito maior não é ainda que a minha seja menor isso não significa que
a dor do outro não diga respeito à minha vida não é eu me lembro quando houve um crime muito grave aqui em São Paulo muitos anos atrás aquele do bar bodega e eu tinha eh pessoas conhecidas que moravam neste bairro onde o o o caso aconteceu e eu perguntava para essas pessoas vocês têm auxiliares domésticos em casa as pessoas têm vocês já Perguntaram para ela onde elas moram Não nunca perguntei vocês já Perguntaram para ela como é que que é viver ou Morrer nos bairros onde ela mora queas vezes elas acordam e tem um corpo
estendido no meio da rua falou não nunca me preocupei de perguntar então ISO revela umou da nossa do noso vamos dizer modo de viver né é um individualismo exacerbado que não faz com que eu sinto que para eu ter paz eu preciso entender que os outros também T que ter p i [Música]