[Música] meu nome é Pedro e vou contar uma história que aconteceu comigo quando eu era criança algo que até hoje me deixa arrepiado só de lembrar eu morava com meus pais e meu avô em uma pequena cidade no interior da Bahia nossa casa era simples cercada por muito mato e florestas densas E desde pequeno eu adorava explorar esses lugares mesmo sabendo que meu avô não gostava muito da ideia meu avô que era um homem cheio de Sabedoria e histórias antigas sempre me alertava sobre o quibungo segundo ele o kungo era uma criatura assustadora um monstro
que vivia no meio do mato e devorava crianças desobedientes ele dizia que o quibungo era um ser enorme com uma bo grande que se abria de orelha a orelha capaz de engolir uma criança inteira com uma única mordida a lenda dizia que ele espreitava entre as árvores Sempre esperando por crianças que se aventurassem sozinhas pela Floresta meu avô contava que o quibungo não perdoava ele não era como outras criaturas das Lendas que só assustavam o k bungo era real e perigoso dizia que muitas crianças já tinham desaparecido no mato e que quando encontravam algum Rastro
eram apenas pedaços de roupa ou restos que mal podiam ser reconhecidos a história que mais me assustava era a de uma criança que foi Vista pela última vez entrando na mata para brincar e depois disso nunca mais voltou apenas um grito distante foi ouvido e os adultos que foram procurar só encontraram uma trilha de sangue que desaparecia no meio do mato sempre que eu falava em ir brincar no mato meu avô repetia o aviso cuidado menino o kibongo tá de olho ele não perdoa moleque que anda sozinho por aí ele dizia que o quibungo tinha
um Faro especial para crianças que desobedeciam os pais e que uma vez que sentisse o cheiro não parava até capturar sua presa ele era rápido mais rápido do que qualquer criança e sua presença era anunciada por uma brisa fria que fazia os galhos das Árvores balançarem de um jeito diferente mesmo com todo esse medo que as histórias de meu avô me causavam Eu Sempre tentei rir delas achava que era só mais uma daquelas histórias de gente velha feitas para assustar as crianças e mantê-las longe de perigo mas no fundo aquelas palavras sempre ficavam na minha
cabeça me deixando com um pé atrás toda vez que eu pensava em me aventurar mais fundo na floresta eu dava risada mas quando estava sozinho especialmente à noite a imagem do quibungo com sua boca enorme e suas garras afiadas rondava meus pensamentos e quanto mais eu tentava ignorar mas parecia que a lenda tomava conta da minha imaginação até o dia em que resolvi desafiar aquele medo e me aventurar sozinho pelo Mato mesmo com todos os avisos do meu avô Foi aí que tudo aconteceu aquele dia começou como qualquer outro eu estava entediado em casa e
o sol brilhava forte lá fora não havia nada de interessante para fazer então como sempre meus olhos se voltaram para o Mato ao redor a ideia de explorar a floresta de descobrir algo novo era tentadora demais para resistir mesmo com os avisos do meu avô ainda ecoando na minha mente decidi que ia me aventurar mais longe do que costumava ir peguei minha mochila coloquei um lanche dentro e saí de de casa sem avisar ninguém meu avô estava cochilando na rede e meus pais estavam ocupados com suas coisas Eu sabia que se falasse algo eles tentariam
me impedir então achei melhor sair sem fazer barulho a trilha que eu conhecia bem logo se tornava mais densa e escura à medida que eu me aprofundava na mata o som dos pássaros e o barulho das Folhas ao vento me acompanhavam e eu tentava manter a calma lembrando a mim mesmo que as histórias do quibungo eram apenas isso histórias mas quanto mais eu andava mais a sensação de estar sendo observado crescia dentro de mim não era como das outras vezes que eu andei por ali havia algo diferente no ar uma espécie de peso que eu
não conseguia explicar a floresta parecia mais silenciosa do que o normal como se os animais também sentissem a presença de algo que não deveria estar ali eu comecei a ouvir ruídos estranhos algo como galho se quebrando ao longe mas não dei muita atenção achando que era só minha imaginação me pregando peças foi quando decidi parar para descansar um pouco que a sensação de ser observado ficou ainda mais forte olhei ao redor tentando encontrar a origem daquele desconforto mas não havia nada de anormal à vista mesmo assim a sensação não passava era como se uma sombra
estivesse me seguindo escondida entre as árvores sempre a espreita de repente algo me fez congelar vi a uma distância Segura uma sombra enorme se movendo entre as árvores era rápida e ágil mas grande o suficiente para se destacar no meio da vegetação meu coração começou a bater mais rápido e a única coisa que passava pela minha cabeça era o aviso do meu avô o quibungo tá de olho a sombra parecia se aproximar lentamente como se estivesse testando até onde eu iria não esperei para descobrir o medo tomou conta de mim e eu fiz a única
coisa que podia naquele momento corri corri o mais rápido que pude sem olhar para trás com o som dos meus próprios Passos abafando qualquer outro ruído eu só queria sair dali chegar em casa e me afastar o máximo possível daquela coisa a corrida parecia interminável e Cada Segundo que passava eu sentia que a sombra estava mais perto finalmente avistei a casa ao longe e me senti um pouco mais seguro mas não parei Até entrar fechar a porta e trancá-la atrás de mim ofegante eu mal conseguia respirar e o pânico ainda tomava conta de mim meu
avô estava na sala e quando ele me viu naquele estado soube imediatamente que algo tinha acontecido sem palavras ele apenas me olhou com aquela pressão séria que ele sempre tinha quando falava do quibungo eu tentei me acalmar Mas sabia que o que vi Naquele dia não era minha imaginação eu tinha desafiado a lenda e ela havia me mostrado que era real depois de entrar em casa ainda ofegante e tremendo tentei esconder meu pavor mas não adiantava meu avô me observava com aquele olhar que parecia enxergar dentro da minha alma Ele não perguntou diretamente Mas eu
sabia que ele estava desconfiado de que eu tinha visto algo no mato algo que eu não queria admitir ele se aproximou de mim calmamente e disse Pedro tem horas que a gente precisa ouvir os mais velhos mesmo que ache que são só histórias eu conheço essa Floresta melhor do que ninguém e o que você viu lá fora não é coisa que se esquece fácil Fiquei em silêncio tentando processar tudo o que tinha acontecido eu não queria acreditar mas no fundo sabia que ele estava certo você viu não viu ele perguntou mas não como uma acusação
era mais como uma confirmação do que ele já sabia eu só consegui balançar a cabeça sem coragem de falar mesmo assim meu avô parecia entender ele colocou a mão no meu ombro e em um gesto de carinho disse o importante é que você voltou agora só não se esqueça do que te aconteceu essas coisas não são para brincar Pedro ele não precisou dizer mais nada sabia que eu tinha visto o quibungo mas preferiu não forçar o assunto no fundo ele sabia que aquela experiência já era lição suficiente para mim guardamos o silêncio e o assunto
nunca mais foi trazido à tona já se passaram muitos anos desde aquele dia e até hoje eu não costumo contar essa história para as pessoas sei que a maioria não acredita em lendas urbanas que vão rir e achar que é só uma invenção da minha cabeça mas eu sei o que vi o quibungo é real e ele continua lá fora esperando por aqueles que se aventuram onde não deveriam por isso Guardo essa lembrança como um segredo uma lição aprendida da maneira mais difícil e uma lembrança de que algumas histórias são mais do que simples contos
para assustar crianças são avisos passados de geração em geração para proteger aqueles que Ainda tem muito o que viver quando decidi me mudar para Campinas tudo o que eu queria era um Recomeço a cidade apesar de grande tinha aquele ar de tranquilidade que eu buscava tinha acabado de aceitar um novo emprego e a ideia de morar em um lugar com mais Verde longe do caos de São Paulo me parecia perfeita encontrei um apartamento em um prédio antigo mas bem conservado em um bairro Residencial calmo Era exatamente o que eu precisava na minha primeira noite no
novo lar depois de passar o dia todo desempacotando caixas e arrumando as coisas eu finalmente me joguei no sofá exausto o apartamento tinha uma vista interessante eu podia ver as luzes dos postes na rua a movimentação esparsa dos carros e até algumas árvores ao longe e iluminadas pela lua cheia tudo estava silencioso e aquele silêncio parecia acolhedor pelo menos naquele momento mas quando me deitei para dormir algo estranho aconteceu fui acordado no meio da noite por um som que me deixou Alerta era um riso um riso de criança suave e distante na hora pensei que
fosse algum som vindo de Fora talvez de algum apartamento próximo mas a essa hora e de onde exatamente estava vindo o som persistia e ao prestar mais atenção percebi que não era de Fora o riso parecia vir de dentro do meu quarto levantei ainda meio sonolento e olhei em volta a luz do poste entrava pelas brechas da persiana criando sombras que se moviam levemente conforme a brisa noturna o quarto estava vazio mas aquela sensação de que algo estava estranho tomou conta de mim o riso parou mas o o desconforto ficou me Deitei novamente tentando entender
o que tinha ouvido deve ser o cansaço pensei mas por mais que tentasse me convencer disso algo no fundo me dizia que aquilo não era só minha imaginação aquele som tinha sido real e ele vinha de dentro do meu apartamento na noite seguinte ainda com o episódio anterior em mente Me esforcei para seguir com a rotina fui ao trabalho conheci melhor a cidade e tentei me adaptar ao novo ambiente durante o dia as coisas pareciam normais quase tranquilas mas no fundo eu não conseguia parar de pensar no que tinha acontecido aquilo que eu ouvi o
riso de uma criança dentro do meu quarto não me saía da cabeça ao cair da noite a tão voltou eu estava inquieto sem saber o que esperar decidi que não iria ignorar os sons desta vez se acontecesse de novo Eu precisava entender o que estava realmente acontecendo Fiz um café forte e tentei me manter acordado por mais tempo assistindo TV na sala com as luzes acesas no entanto a fadiga acabou vencendo e adormeci ali mesmo no sofá foi por volta das 2as da manhã que fui acordado por um som familiar o mesmo riso agora mais
claro mais próximo meu coração de disparou e eu me levantei devagar tentando controlar o medo fui até o quarto as mãos trêmulas e abri a porta com cautela Foi então que eu a vi pela primeira vez lá do lado de fora da janela estava uma menina ela tinha talvez uns s ou 8 anos vestida com um vestido branco como se tivesse saído de um filme antigo o rosto dela era pálido mas o que mais me assustou foram os olhos eles estavam fixos em mim sem cheios de uma tristeza profunda que eu não conseguia explicar a
luz fraca do poste iluminava parcialmente seu rosto deixando a outra metade mergulhada em sombras por um momento fiquei paralisado sem saber o que fazer ela não se moveu apenas me observava E então sem aviso a menina levantou a mão e acenou o movimento era lento quase robótico e ao mesmo tempo perturbador eu tentei abrir a boca para falar mas nada saiu estava congelado de medo e assim como apareceu ela desapareceu um segundo estava lá me olhando fixamente e no outro sumiu na escuridão deixando apenas o vazio do lado de fora da janela fiquei ali parado
tentando processar o que tinha acabado de ver aquilo não podia ser real ou podia eu estava acordado disso tinha certeza e aquela imagem da menina estava gravada na minha mente Depois de alguns minutos Finalmente consegui me mover fechei a janela e as cortinas como se isso pudesse manter a visão distante de mim no dia seguinte com a imagem da menina ainda fresca na minha mente tomei a decisão de investigar Eu precisava entender o que estava acontecendo naquele apartamento comecei a perguntar aos vizinhos sobre a história do prédio se alguém sabia de algo estranho ou tinha
tido parecidas a maioria das pessoas Parecia relutante em falar sobre o assunto mas alguns deixaram escapar informações suficientes para me fazer questionar ainda mais o que eu havia visto foi conversando com uma senhora que morava no andar de cima que descobria a verdade mais perturbadora ela era uma das moradoras mais antigas do prédio e ao perceber minha insistência Acabou me contando uma história que me deixou arrepiado Você viu a menina não é Ela perguntou com uma expressão de preocupação quando confirmei ela suspirou e começou a contar há muitos anos naquele mesmo apartamento onde eu estava
morando uma tragédia aconteceu uma família vivia ali e entre eles uma menina de 7 anos chamada Clara segundo a vizinha Clara era uma criança Alegre mas havia algo de estranho na família a menina costumava ficar sozinha por longos períodos e muitas vez era vista olhando pela janela como se Esperasse que algo acontecesse até que um dia algo realmente aconteceu a história que se espalhou pelo prédio foi que Clara havia caído da janela do quarto a polícia investigou mas nunca conseguiram esclarecer se foi um acidente ou algo mais sinistro desde então muitos dos moradores que vieram
depois relataram sentir uma presença estranha no apartamento ouvir riso de criança à noite e em alguns casos ver a figura de uma menina pela janela no entanto ninguém nunca ficou tempo suficiente para descobrir mais essa revelação me deixou em choque tudo fazia sentido agora mas ao mesmo tempo tornava A situação ainda mais assustadora eu estava morando no apartamento onde aquela tragédia havia ocorrido e o que eu tinha visto e ouvido não era imaginação era Clara aind naquele lugar incapaz de seguir em frente depois de ouvir a história de Clara a atmosfera no apartamento mudou completamente
para mim o lugar que antes eu via como um refúgio agora parecia carregado de uma energia pesada cada canto cada som Parecia ter um novo significado e eu não conseguia mais ignorar os sinais o riso que eu ouvira as sombras que pareciam se mover nas paredes tudo isso era Clara tentando se comunicar as noites se tornaram ainda mais perturbadoras agora além do Riso eu sentia uma presença constante era como se alguém estivesse ali o tempo todo Especialmente quando eu estava no quarto às vezes sentia uma brisa fria que atravessava o ambiente mesmo com as janelas
fechadas e tinha a sensação de que algo estava se movendo nas sombras eu tentei manter a rotina a ir ao trabalho e fingir que tudo estava normal mas a verdade é que o medo estava tomando conta de mim o simples ato de voltar para casa à noite me causava ansiedade eu começava a imaginar se Clara estava tentando me contar algo ou se apenas queria que eu soubesse da sua presença como uma forma de encontrar paz certa noite decidi que precisava tentar fazer contato eu não sabia o que esperar mas sentia que ignorar o que estava
acontecendo só pioraria as coisas antes de dormir sentei na cama e em voz baixa falei para o vazio do quarto Clara se você está aqui eu sinto muito pelo que aconteceu eu só quero ajudar se você precisar de algo me mostre o silêncio que se seguiu foi esmagador nada aconteceu imediatamente Mas a sensação de ter algo de errado permaneceu adormeci com dificuldade esperando que o próximo o dia trouxesse alguma resposta ou pelo menos um pouco de alívio mas a resposta veio de uma forma que eu nunca poderia ter imaginado e isso apenas aumentou o mistério
e o medo que já me cercavam na noite seguinte algo aconteceu que mudou tudo depois de passar o dia tentando evitar pensar na situação voltei para casa decidido a enfrentar o que quer que estivesse me atormentando no fundo eu sabia que não podia continuar vivendo com a aquele medo constante e precisava de respostas estava deitado na cama os olhos fixos no teto quando senti a temperatura do quarto cair abruptamente uma brisa gelada passou por mim mesmo com as janelas fechadas a sensação de que Clara estava presente era inegável mas dessa vez parecia diferente mais Intensa
como se algo estivesse prestes a acontecer de repente o riso que eu havia ouvido tantas vezes comeou de novo mas desta vez estava mais claro quase como se a menina estivesse ao meu lado levantei da cama meu coração disparado e chamei por ela Clara Sou eu o que você quer como posso te ajudar o riso cessou abruptamente deixando um silêncio opressor no ar foi então que eu vi a figura de Clara apareceu novamente na janela mas desta vez ela não estava do lado de fora ela estava dentro do quarto parada ao lado da cama me
observando seus olhos grandes e tristes estavam fixos em mim e a tristeza que eles transmitiam era esmagadora tentei falar mas minha voz falhou eu não conseguia me mexer preso pelo medo Clara levantou a mão como antes mas dessa vez Não acenou em vez disso apontou para a janela segui o gesto com os olhos e para meu horror vi algo que não estava lá antes marcas de dedos na parte de dentro do vidro como se alguém tivesse tentado se segurar desesperadamente de repente tudo fez sentido a queda de clara não foi um acidente ela tentou se
agarrar à vida mas algo a puxou para a morte algo ou alguém aquela descoberta me deixou atordoado eu estava ali no mesmo quarto no mesmo lugar onde uma vida havia sido brutalmente interrompida e a agora Clara queria que eu soubesse depois da Revelação que Clara me mostrou percebi que estava lidando com algo muito além da minha compreensão por mais que eu tentasse ignorar ou racionalizar era impossível negar o que estava acontecendo no entanto eu não sabia como lidar com aquilo sozinho foi então que resolvi ligar para minha mãe minha mãe sempre foi uma mulher muito
religiosa com uma fé inabalável quando expliquei a ela por telefone o que estava acontecendo no apartamento Ela ouviu tudo com atenção sem esboçar surpresa ou descrença quando terminei ela falou com a mesma calma de sempre meu filho ela disse Clara é uma Alma Perdida presa por algo que aconteceu naquele lugar ela precisa de paz e a única coisa que você pode fazer por ela é orar mesmo que você não seja muito religioso o que importa é que você Tente Reze pela alma dela todas as noites peça para que Deus a guie para a luz às
vezes a única coisa que podemos fazer é pedir ajuda para quem está acima de nós eu ouvi o conselho da minha mãe e naquela noite antes de dormir resolvi seguir o que ela disse fiz uma oração simples pedindo para que Clara encontrasse paz e que os eventos perturbadores parassem na primeira noite nada aconteceu eu ainda aquela como uma sombra no canto do quarto mas continuei orando todas as noites como minha mãe havia pedido aos poucos comecei a notar uma diferença o riso que antes me acordava nas madrugadas ficou menos frequente até que um dia parou
de vez a sensação de estar sendo observado também começou a desaparecer os dias passaram e o apartamento que antes parecia opressor comeou a se tornar mais acolhedor eu não sentia mais aquele frio repentino nem a presença constante de Clara as noites voltaram a ser tranquilas e eu Finalmente consegui ter uma rotina normal novamente Foi então que percebi que de alguma forma as orações estavam funcionando talvez não fosse só o ato de rezar mas o fato de eu ter mostrado compaixão por Clara de ter reconhecido sua dor e desejado que ela encontrasse paz isso de alguma
forma Parecia ter feito diferença meses depois quando fui visitar minha mãe contei a ela que os acontecimentos no apartamento tinham finalmente parado ela sorriu satisfeita e me disse que continuaria orando por Clara para que ela encontrasse o caminho para a luz de uma vez por todas nunca mais vi Clara depois disso ainda moro naquele apartamento e o lugar finalmente parece um às vezes quando estou no quarto lembro de tudo o que aconteceu e faço uma oração silenciosa agradecendo por ter encontrado uma maneira de ajudar uma Alma Perdida e embora eu nunca tenha sido muito religioso
aprendi que em certos momentos a fé e a compaixão podem ser as únicas respostas para os mistérios que nos cercam quando eu era criança Minha mãe sempre me contava histórias assustadoras e a que mais me marcou Foi a do homem do saco ela dizia que ele era um homem velho com um saco enorme nas costas e que levava as crianças que desobedeciam os pais na época eu não passava de um moleque curioso que achava que aquilo era só mais uma dessas histórias para me manter na linha Mas mesmo não acreditando completamente eu não podia evitar
aquele frio na barriga toda vez que a história Era mencionada a cidade onde eu cresci era pequena dessas em que todo mundo se conhece e onde lendas urbanas ganham força com o tempo o homem do saco era uma dessas lendas os mais velhos sempre alertavam as crianças para não andarem sozinhas especialmente ao entardecer e claro como toda criança teimosa eu gostava de testar os limites sem nunca acreditar que algo realmente perigoso poderia ia me acontecer o que me intrigava no entanto era como essa história Era universal por ali todas as Crianças conheciam o homem do
saco e os pais usavam essa figura como uma forma de controle isso me fez questionar e se não for só uma história e se houver algo de verdade nisso mas no fundo eu ainda achava que era tudo invenção Afinal como um homem desses poderia existir Foi numa tarde comum voltando da escola que minha percepção sobre o homem do saco Começou a Mudar o sol estava se pondo tingindo o céu de laranja e esticando as sombras das Árvores pela rua Deserta eu andava tranquilamente pensando em coisas banais quando ao longe vi um homem caminhando na minha
direção ele era alto e magro vestia roupas gastas E o que mais me chamou a atenção foi o saco enorme que ele carregava nas costas meu coração acelerou não por medo imediato mas por uma estranha curiosidade misturada com um desconforto crescente quando ele chegou mais perto percebi que havia algo errado o homem andava devagar arrastando os pés e seus olhos estavam fixos em mim senti um arrepio percorrer minha espinha quando ele sorriu um sorriso torto e perturbador que parecia não combinar com o rosto cansado e pálido o medo começou a tomar conta de mim sem
pensar duas vezes virei e comecei a correr minhas pernas mal conseguiam acompanhar a velocidade dos meus pensamentos que insistiam em uma única coisa Corra para casa agora quando finalmente cheguei em casa entrei apressado e Bati a porta ainda ofegante com o coração na boca eu sabia que havia algo de muito errado com aquele homem quando entrei em casa minha mãe percebeu na hora que que algo estava errado ela estava na cozinha preparando o jantar e veio até a sala assim que ouviu o barulho da porta batendo o que aconteceu filho perguntou vendo o meu estado
eu ainda estava ofegante e com o coração acelerado mas consegui contar a ela o que tinha acabado de acontecer expliquei sobre o homem na rua o saco grande que ele carregava e como ele me olhou de um jeito que fez meu sangue gelar contei sobre o sorriso perturbador e como corri para casa sem olhar para trás conforme falava a expressão da minha mãe foi mudando ela ficou séria com um olhar preocupado que eu raramente via você fez bem em correr ela disse me puxando para um abraço apertado mas a partir de agora não quero que
você ande sozinho entendeu E se você ver esse homem de novo Corra para casa sem pensar duas vezes eu balancei a cabeça a Ainda tentando processar o que tinha acontecido a preocupação dela só aumentou o meu medo e comecei a questionar se as histórias que ela contava sobre o homem do saco eram apenas isso histórias se minha mãe estava tão preocupada talvez houvesse algo de verdadeiro naquela lenda naquela noite fiquei mais Tempo Acordado do que o normal cada som vindo da rua cada estalo na casa me fazia pular na cama a figura daquele homem com
seu olhar penetrante e sorriso sinistro não saía da minha cabeça e quanto mais eu pensava mais eu sentia que aquilo não tinha sido apenas uma coincidência algo dentro de mim dizia que o perigo era real os dias seguintes foram difíceis apesar do Medo Tentei continuar com minha rotina normal indo para a escola e voltando para casa o mais rápido possível Sempre acompanhado por algum amigo no entanto algo terrível aconteceu e abalou toda a vizinhança Felipe o menino da nossa rua desapareceu Felipe era da minha idade e morava Algumas casas da minha ele também voltava sozinho
da escola sempre pelo mesmo caminho que eu fazia naquele dia ele não chegou em casa a mãe dele saiu à procura perguntou para todos os vizinhos mas ninguém o tinha visto a notícia se espalhou rápido e logoo a inteira estava em Alerta a polícia foi chamada e buscas foram feitas Mas Felipe Parecia ter sumido sem deixar rastros o desaparecimento de Felipe mexeu profundamente comigo eu não conseguia parar de pensar no homem que eu tinha visto Será que ele tinha algo a ver com isso e se o homem do saco tivesse levado Felipe essa ideia me
apavorava mas eu não sabia como expressar meu medo sem parecer louco com o passar dos Dias a busca por Felipe continuou mas sem sucesso o medo se espalhou pela vizinhança e todas as crianças foram proibidas de Andar sozinhas o clima de tensão aumentava e eu sentia que estava ficando mais difícil distinguir o que era real do que era apenas fruto da minha imaginação e se as histórias que sempre ouvi não fossem só histórias o desaparecimento de Felipe me deixou com uma sensação de impotência e um medo que eu nunca havia sentido antes e assim o
homem do saco deixou de ser apenas uma lenda para se tornar uma ameaça real na minha vida depois do desaparecimento de Felipe a rotina da vizinhança mudou completamente as crianças que antes brincavam nas ruas até tarde agora voltavam para casa assim que o sol começava a se pôr os pais estavam sempre atentos e ninguém mais deixava os filhos andarem sozinhos eu mesmo comecei a evitar sair de casa sem companhia mas o medo que sentia ia além do simples cuidado era como se algo invisível mas palpável estivesse rondando esperando por uma oportunidade mesmo cercado por pessoas
eu não conseguia me livrar da sensação de que estava sendo observado a figura do homem que vi naquela tarde não saía da minha cabeça à noite eu tinha dificuldade para dormir sempre que fechava os olhos revivia o momento em que ele sorriu para mim aquele sorriso que parecia Carregar um segredo macabro comecei a ter pesadelos recorrentes onde o homem aparecia do nada sempre com o saco nas costas vindo em minha direção com o passar dos dias houvi boatos de que outras crianças também tinham visto um homem estranho pela cidade mas ninguém queria falar sobre isso
abertamente era como se o simples ato de mencionar H do sa pudesse atraí-lo para mais perto o medo se espalhou como uma doença silenciosa e todos evitavam o assunto minha relação com minha mãe também ficou mais tensa ela fazia de tudo para me proteger mas eu via o medo nos olhos dela também às vezes apegava olhando para fora da janela como se Esperasse ver algo nós dois sabíamos que havia algo errado mas nenhum de nós tinha coragem de em voz alta depois do desaparecimento de Felipe e do encontro assustador com o homem na rua eu
simplesmente parei de sair à noite a ideia de andar pelas ruas escuras sozinho me apavorava e minha mãe concordava que era melhor eu ficar em casa quando o sol se punha Mas mesmo com todo o cuidado o medo me acompanhava onde quer que eu fosse Especialmente na hora de dormir foi em uma dessas noites quando eu finalmente consegui pegar no sono que algo terrível aconteceu no meu sonho eu estava na mesma rua onde vi o homem pela primeira vez o cenário Era exatamente igual Mas desta vez a escuridão parecia mais densa como se as sombras
das Árvores estivessem vivas eu caminhava sozinho sem saber ao certo para onde estava indo mas com a sensação constante de que algo estava errado de repente senti uma presença atrás de mim Quando Me virei lá estava ele o homem do saco parado e me observando no sonho ele parecia ainda mais ameaçador seus olhos penetrantes me encarando como se pudesse ver dentro da minha alma o saco nas costas dele parecia ainda mais pesado como se carregasse algo muito importante eu tentei correr mas meus pés estavam colados ao chão como se algo invisível me prendesse Foi então
que ele pela primeira vez sua voz era baixa e arrastada como se viesse de um lugar distante e profundo Felipe está comigo ele disse com um tom de satisfação doentia ninguém nunca vai encontrá-lo as palavras dele ecoaram na minha cabeça e o pavor tomou conta de mim eu sabia que o que ele dizia era verdade no fundo sempre soube que Filipe nunca seria encontrado mas ouvir isso do próprio homem mesmo em um sonho fez o medo se tornar ainda mais real eu acordei suando frio o coração disparado e as palavras dele ainda ecoando na minha
mente aquela noite marcou o ponto em que eu percebi que não importava o quanto tentasse evitar o homem do saco Estava sempre presente a espreita esperando o momento certo para atacar novamente e o pior de tudo é que agora eu sabia que Felipe jamais voltaria os dias se trans formaram em semanas e as semanas em meses mas mesmo com o tempo passando o medo do homem do saco nunca me deixou completamente eu continuei evitando sair à noite e sempre que ouvia algum barulho estranho na rua o pavor voltava com força total minha mãe também permanecia
vigilante Mas aos poucos a vida na vizinhança começou a voltar ao normal com o tempo a história do Felipe foi parando de circular as crianças que antes estavam aterrorizadas com a possibilidade de encontrarem o homem do saco começaram a falar menos sobre ele de vez em quando surgia um boato aqui e ali de alguém que teria visto um homem estranho pela cidade mas nada concreto era como se a lenda estivesse lentamente perdendo a força eu fui crescendo e as preocupações da infância começaram a dar lugar às responsabilidades da adolescência mesmo assim nunca conseguia esquecer completamente
Aquele olhar o sorriso perturbador e principalmente as palavras que ouvi naquele sonho a imagem do homem do saco e a ideia de que ele ainda estava por aí a espreita continuavam a me assombrar os anos se passaram e minha família acabou se mudando da cidade fomos para um lugar maior onde eu podia tentar deixar essas memórias para trás mas de vez em quando eu ainda pensava em Felipe Será que algum dia encontraram ele o que realmente aconteceu naquela rua a verdade é que até a época em que morei lá ninguém soube de nada Felipe simplesmente
desapareceu e a cidade seguiu em frente