A escola dos sonhos existe! | Barbara Carine | TEDxSalvador

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TEDx Talks
Pensando em construir um espaço seguro para crianças e jovens em geral, focando na potencialização d...
Video Transcript:
[Música] pensando em criar um espaço Educacional que fosse seguro para minha filha e Aninha também na pretinha nordestina que hoje tem cinco anos e que veio para mim por meio de um processo de adoção se tornou minha filha e eu me tornei mãe dela por meio de um processo de adoção eu idealizei a escola Afra brasileira Maria Filipa a primeira escola Afra brasileira do país que desde 2020 eu toco com Minha sócia Maju que é uma mulher preta aqui também de Salvador e que é um espaço que busca enfrentar o eurocentrismo em todas as suas
dimensões na dimensão estética a dimensão curricular a dimensão ética a dimensão religiosa a nossa escola busca compreender que nós nos constituímos a partir dos diferentes Marcos civilizatórios e as crianças precisam se formar a partir dessas compreensões então é uma criança para uma escola para absolutamente todas as crianças é pensado a partir do marcador de uma criança negra mas é projetada para acolher as múltiplas não sei se você já pararam para pensar que Possivelmente As Memórias mais dolorosas da vida de pessoas negras vieram da escola muito Possivelmente as pessoas negras que estão aqui nessa sala e
que tem condições de fazer terapia trazem memórias muito dolorosas do seu período escolar que constituíram a sua subjetividade que hoje se tornam múltiplos entraves para o seu Desenvolvimento Social desde múltiplos apelidos Cirilo Pelé nega preta do Bozó Tição até a própria manutenção do sistema escolar que dava pouco colo para criança Preta quando chorava porque isso advém do racismo científico que estabeleceu que pessoas negras são animais e que por isso elas são fortes e que por isso elas são autossuficientes e assim sendo pessoas negras nem sequeridade elas não são crianças elas não são adultas elas não
são idosas elas são apenas negras Possivelmente também não tiveram seus cabelos penteados lavados porque eram difícil de pentear né cabelo crespo não precisa nem tocar também essas crianças não tiveram a sua identidade construída na estética da escola quando elas cresceram se tornaram adolescentes muito Possivelmente seus nomes não estavam nas listas que circulavam nas escolas né das pessoas mais bonitas da sala se também elas estudaram em escolas de classe média namorar nem pensar uma série de marcas foram disseminadas no espaço escolar que construíram subjetividades negras e elas perpassavam também a dimensão curricular um currículo que a
gente se vê pela primeira vez no navio tumbeiro Acorrentada pelo pescoço vocês imaginam o que é você se ver pela primeira vez a sua autoprojeção em um lugar de subalternidade de subserviência de desumanização pensando nesses fatores que reverberavam nas escolas e que ainda hoje reverberam por 16 anos batendo na cabeça de cada jovem Preto desse país você vem de escravo você vende escravo você vende escravo você vende escravo e isso forma subjetividade no tempo presente a partir de memórias de ausência a partir de memórias de rebaixamento existencial é que a Maria Filipa ela desenvolve um
trabalho completamente diferente ela desenvolve um trabalho de potencialização de assistências ela desenvolve um trabalho que ela olha para criança preta e para todas as crianças mas diz ali para criança Preta você vende os primeiros humanos a humanidade surgiu em África a 350 mil anos juntamente com as primeiras formas de Constituição sociedade na Hipócrates a medicina surgiu na Grécia desculpa na África Hipócrates era o grego a medicina suja na África com uma tep a matemática mais de mil e cem anos antes da existência dele já existiam papiros matemáticos como papiro já Inês que tinha contido neles
teoremas como teoremas de Pitágoras que a frete na matemática chama de triângulo retângulo e como Teorema de Tales Sem os quais não há possibilidade de construção de pirâmides e a gente olha para essas crianças e a gente diz você vende Reis você vende rainhas você vende cientistas você vende os primeiros filósofos você vem das primeiras pessoas que pensaram a política do ponto de vista institucional das primeiras pessoas que pensaram as artes que produziram tecnologia você vem não de quatro séculos de destituição programada da sua humanidade você vende um espaço de poder e de pioneirismo a
gente olha para as crianças indígenas que existem na nossa escola e a gente diz não teve marcador fundacional europeu no território de vocês este território é dos povos que estavam aqui na origem os povos originários vocês são descendentes de grandes comunidades indígenas de impérios nós nomeamos na nossa escola cada turminha como um império e um reino africano e a meríndio as criancinhas de dois anos estudando no império Inca de 3 anos no reino de da umbé que é um reino de mulheres guerreiras de quatro anos no império Maia de cinco anos no império oxante o
turno integral é império de cães primeiro ano fundamental é o reino do Mali segundo ano Reino dos povos Tupinambás os povos Yanomami no terceiro ano e assim vai a nossa escola traz a dimensão de Realeza para as outras crianças que não acessaram esses marcadores ancestrais como a branquitude a Bárbara e as Crianças brancas estudam nessa escola muitas famílias brancas matriculam seus filhos e filhos na Maria Filipa compreendendo que alguém precisa dizer para criança branca que o mundo não é só delas muitas famílias brancas matriculam seus filhos a Maria Filipa para que essas crianças brancas compreendam
que o sistema solar não gira em torno do seu umbigo que não é só ela que tem essa centralidade potente ancestralidade literária ancestralidade filosófica a centralidade científica que só elas que merecem Ter suas religiosidades valorizadas suas estéticas valorizadas que só elas que vão crescer e vão acessar os espaços de poder que só elas que merecem ter a estética do poder mandar em cidades como salvador que tem 84% de população negra mas que a sua gestão é sempre Branca Alguém precisa dizer para criança branca que a outra criança é igualmente humana como ela e as famílias
brancas que matriculam suas crianças brancas na Maria Felipa elas entendem o quanto que isso é fundamental para o desenvolvimento do Papel social da escola quer desenvolver a humanidade seja uma dimensão pessoal na dimensão coletiva porque se a gente segue aqui apenas empoderando as crianças pretas elas terem consciência das forças realidade potente não escrava e a sociedade segue dizendo para criança branca que o mundo é só dela ela não precisa olhar para o lado que a vaga de tremia dela que a direção da empresa dela que tudo é dela que a mídia televisiva dela que você
é artista de sucesso lá na frente elas vão se encontrar E aí a gente vai ter uma criança branca convicta da sua potência unilateral no mundo e a criança preta altamente consciente da sua potência ancestral e que portanto esse rebaixamento histórico não vai mais modelar sua subjetividade o que a gente vai ter a guerra então a gente precisa educar as nossas crianças exatamente para o sonho de sociedade que a gente tem para o modelo de sociedade que a gente almeja e é um modelo é emancipado em todas as instâncias sem operações capacitistas sem operações de
gênero de raça de sexualidade da pluria universalidade dos corpos sem nenhum tipo de opressão é uma sociedade que a gente olhe para os lados e a gente compreenda que o mundo adverso que a sociedade ela é diversa e a gente faz isso com múltiplos projetos como a semana das Artes negras e indígenas a gente faz isso com uma affatec que a nossa feira de ciência Africana e tecnológica a gente faz isso com a formatura no quilombo a gente faz isso com as atividades para o mundo externo né da escola nós temos formação de professores e
professores a partir da Maria Filipa de formamos mais impactamos no Brasil mais de dois mil educadores com as nossas afro educativas porque a universidade o Brasil ainda hoje ela fecha os olhos diante da Lei 639 que é uma lei que prevê o ensino de Cultura história Africana e Afro Brasileiro em toda a extensão curricular da educação básica isso ninguém formar o professor para isso isso não vai chegar na ponta então a gente acolhe para a gente a gente dá cursos a gente faz eventos Avante Maria Filipa a gente está gritando para o mundo que a
gente precisa olhar para escola como um lugar de afeto em um lugar do universo e aqui eu encerro dizendo para vocês que o mundo é a escola ela deveria também se tivesse a escola também deveria ser plural Essa é a identidade primária da escola enquanto um complexo social advinda de uma sociedade diversa é só a gente olhar para os lados aqui que a gente vai perceber como todo mundo é diferente entretanto transformar um espaço que é diverso plural em um espaço singular onde o que é valorado é a monocultura onde que é o que é
valorado é o único padrão de beleza onde o que é valorado é o único tipo de pessoa como como intelectualizado onde o que é valorado é o único padrão de Formação religiosa como natural o resto é demoníaco onde o que é valorado é uma história única um currículo único pobre que não humaniza mas que segrega transformaram um espaço imenso em algo muito pequenininho da dimensão do buraco de uma agulha de costura e a gente possa independentemente da Maria Filipa da escola brasileira Maria Filipa que tem esse nome de uma grande referência histórica brasileira que a
gente possa ressignificar O que é escola que a gente possa olhar para escola como espaço de desenvolvimento de afetos me diz de humanidade a partir de uma perspectiva do desenvolvimento humano que olha para os lados porque a sociedade nos ensinou que nós podemos viver só mas o mundo ele é um livro O Mundo É tem interdependências isso que nos ensina e as costas percepções indígenas eu sou porque nós somos não há possibilidade da gente viver apenas a partir da nossa bolha que a gente já significa a escola sendo ela Maria Filipa uma escola do seu
filho ou a escola da sua filha ou a escola da criança que você tem na sua casa reivindica isso lute por isso a escola é um complexo social fundamental para alcançarmos o sonho que nós tanto projetamos de uma sociedade efetivamente igualitária obrigada [Música] [Aplausos] [Música]
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