JOVEM CONSERVADOR: Como a direita manipula a juventude? - DOC ESPECIAL episódio 1

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NORMOSE
Qual a história da juventude conservadora e qual sequestro da rebeldia? Nascimento do MBL, e a influ...
Video Transcript:
Até bem pouco tempo atrás, havia uma imagem de que os jovens são revolucionários, combativos, e têm pressa para mudar o mundo. Mas será que isso ainda é verdade? Da última década para cá, um fenômeno se consolidou como estruturante: a linha de frente da juventude conservadora. Que é essa? Opa, suave, tudo conservado por aí. Eu admito que esse tema me chama muita atenção porque eu fui um jovem o mais longe possível de um jovem conservador; vivia a vida no estilo meio "timoe lir", das ideias. Será que existe uma vida além da juventude, como se a
única possibilidade de viver fosse ser jovem? Então, agora que eu tô passando dessa época, é difícil para mim entender por que um jovem é conservador. O que quer conservar? Juventude conservadora não à toa em 2019 a gente fez um vídeo sobre exatamente esse tema aqui, a partir da ideia de sequestro da rebeldia pelos conservadores. Esse episódio defendia duas linhas: que o conservadorismo e as direitas sequestraram a rebeldia para atrair a juventude e fazer política, e que havia pouquíssimo estudo sobre esse fenômeno mais atual. Porque, na minha cabeça, me parece que juventude conservadora é um paradoxo
e eu simplesmente me fascino para tentar entender esse fenômeno confuso que me soa como uma contradição em termos. O que tanto o jovem conservador quer conservar? No entanto, relendo o roteiro de 2019, eu descobri que muita coisa que eu acreditava mudou. Uma experiência é individual; a angústia que eu tinha de baixos estudos era um sintoma. E, feliz ou infelizmente, houve sim uma explosão no estudo do fenômeno de jovens conservadores nos últimos tempos. Além disso, já se passaram seis anos desse vídeo e a juventude já não é mais tão jovem assim. Outra juventude veio aí, o
normose mudou. A gente queima, e o que eu não tô exausto é só mais um, dois ou três vídeos, só mais um mês, mais um dia. Eu preciso aproveitar o algoritmo e aprimorou muito as leituras, as visões, os olhares de mundo que a gente tinha. E agora, inclusive, eu tenho um rosto. E aí, suave, tranquilo, é assim que a gente vai continuar começando. Então, eu acho que chegou a hora de revisitar esse vídeo. A juventude de 2019 já não é mais tão jovem e uma outra juventude assumiu no seu lugar, essa ainda mais conservadora. Então,
agora, esse episódio vai ter uma nova roupagem. A gente vai olhar como se forma uma juventude e quais são os desejos dos jovens. Depois, como se forma um conservador e os seus desejos. E vamos, ades! E aí, a gente vai misturar como essa história se desdobrou no Brasil e o que formou a juventude conservadora brasileira atual. Por isso, já vou logo avisando: vai ser um capítulo longo, dividido em dois, e a gente vai longe. Eu caprichei muito e devo admitir que eu não costumo falar muito bem dos meus roteiros aqui, mas esse tem sido um
dos meus episódios favoritos; talvez o favorito dos últimos tempos. Eu espero que você goste também do que foi escrito aqui abaixo, e eu vou tentar fazer aqui uma coisa difícil de fazer na rede social: vou adicionar nuances e tentar fugir de estereótipos genéricos e noções simplificadas dessa identidade política da juventude conservadora, e deixar o debate mais complexo. Não é novidade para ninguém o meu alinhamento e a minha posição política mais à esquerda; acho que já falei um montão. Para um começo de episódio, é que eu tô tratando esse aqui com muito carinho. Então, quero fazer
esses disclaimers todos, mas é isso! Se você gostou, likes na inscrição. Eu te encontro nos comentários pra gente discutir as questões que vou trazer aqui. E bom vídeo! Primeiro de tudo, eu acho fundamental começar com definições e termos históricos. Juventude — essa ideia de juventude ou do problema que a juventude causa pra sociedade — é algo relativamente novo pra nossa história. Sim, não tem nem 100 ou 150 anos que a gente inventou a ideia de juventude e saiu daquela visão do tempo do mini adulto, onde, com 7 anos, a criança já estava pronta para trabalhar
nas fábricas e aos 14 já era a hora de casar. Afinal de contas, a média também era uns 40 e poucos. Por tempos, a juventude foi entendida apenas como um período de preparação para o mundo adulto. Prolongar a juventude é um luxo da sociedade moderna, da nossa sociedade. Esse pensamento sobre a vida e o desenvolvimento dos mais jovens começa a surgir, então, só lá pro final do século XVII, mas principalmente no final do século XIX, quando os jovens passam a rejeitar essa ideia de trabalho logo aos 14, aos 15, e explorar outros aspectos da vida
fora o trabalho. Esse fenômeno foi visto ali no começo dos 1900 como a delinquência juvenil: o jovem que não queria sair direto pro mundo do trabalho, que queria buscar uma visão de mundo própria, que não queria mais seguir os seus pais, que era distinto dos mais velhos; isso faz com que os problemas da juventude também mobilizem várias áreas da sociedade e estudos que vão surgir para entender esse jovem, como as ciências sociais, que começou a fazer coisas sobre a juventude, a psicologia, a política e a pedagogia passam a entender o jovem não mais como um
mini adulto, mas como algo à parte, algo que se forma por si próprio, que tem os seus próprios pensamentos por causa do seu momento de vida. Dentro desses vários estudos, alguns pontos valem se destacar, como os primeiros debates que surgiram. Primeiro, essa visão do momento rebelde adolescente, onde a juventude representa um tempo de primeira negação das autoridades para formar sua identidade própria. É um período de tensão com a família, com a escola, com a influência dos amigos, levando o jovem a se reposicionar em relação à sociedade. Até porque, até esse momento, a nossa tendência é
copiar. Aqueles que nos cuidam, os mais próximos: tios, pais, avós e, agora, o jovem, para formar esse "eu", precisa desse outro negado. Então, os valores dos adultos passam a ser negados apenas para que a gente forme o nosso eu adolescente. Você certamente conhece o jovem que está nesse momento, não é? Ou talvez você tenha sido um jovem assim complicado. Sabe como é, eu fui desses. Mas nós já falamos sobre esse assunto no vídeo, no episódio de "Juventude e o medo da Juventude". Se você quiser, clica aqui e assiste depois desse aqui, tá bom? Outra compreensão
básica é a ideia de que a adolescência e a juventude são categorias distintas e que não devem ser confundidas com a puberdade. A puberdade é um processo biológico de transformação dos corpos infantis em adultos, sendo uma categoria independente da juventude. Ou seja, a puberdade varia de indivíduo para indivíduo, cultura para cultura e não acontece nem termina em uma época fixa pré-determinada. Além disso, o valor histórico do que se significa essa juventude e essa puberdade também mudou conforme a história foi mudando. Então, um jovem pode ter atingido a puberdade sem atingir a juventude e vice-versa. Em
outras palavras, a juventude surge como um produto da interpretação social sobre a própria juventude. Confuso? Carl Mannheim, um dos grandes teóricos da sociologia da juventude e do conservadorismo, estabeleceu bases clássicas que sintetizam o pensamento jovem e o pensamento conservador do século XX e vai nos ajudar a entender muito esses próximos dois vídeos. Primeiro, ele parte da ideia de que a juventude nunca permanece estática e tendemos sempre a mudar, negando o fluxo anterior. Porém, para ele, embora a transmissão de hábitos e culturas forme o nosso comportamento, essa transmissão raramente ocorre sem o surgimento de novos hábitos
e novas culturas, nascidas do incômodo da geração jovem com a mais nova. É a partir da negação que se formam os novos hábitos. Portanto, a juventude não é apenas um produto biológico, nem apenas um produto de transmissão cultural e social de hábitos, mesmo que isso também influencie nessa juventude. Na verdade, a juventude emerge entre essas instâncias, sendo um produto da realidade social de um período. Por isso, ele considera a juventude uma fonte marcante das identidades sociais do mundo moderno e não apenas dos indivíduos. Depois, é preciso entender o que significa dividir uma mesma juventude. Significa
dividir uma mesma idade; significa que esses indivíduos vão experimentar fatos sociais de maneira semelhante, recebendo influências dos acontecimentos sociais do mundo ao seu redor no mesmo período da sua maturidade individual. Embora cada um tenha uma vida e uma personalidade únicas, todos eles compartilham fatos sociais em comum no mesmo tempo, criando, para Mannheim, o que ele vai chamar de unidade geracional, uma espécie de senso de pertencimento, mas que, é claro, não pode ser significada e simplificada apenas na idade, nem naturalizada sem recortes específicos. Essa, por exemplo, é uma das críticas do trabalho que se tem nas
obras de Mannheim, do professor Luiz Antonio Gropo, que é da Unifesp e que estuda a juventude. Para ele, claro, estamos falando aqui de um autor de 1949, com as suas limitações. Porém, não podemos deixar de esquecer que existem outros atravessamentos que compõem essa juventude, outros atravessamentos que compõem essas unidades geracionais. Por exemplo, aspectos como classe, gênero, raça, religião, orientação sexual, escolaridade, nacionalidade, estrutura de emprego, estrutura familiar anterior, tudo é fundamental para compreender onde vai se formar esse sujeito social jovem. Afinal de contas, é óbvio que um jovem pobre, nascido no interior da Turquia, não vai
compor exatamente a mesma unidade geracional que um jovem rico, nascido no Brasil ou nos Estados Unidos, apenas porque eles compartilham o mesmo ano de nascimento. Afinal de contas, unidade geracional não é signo, existe por trás. Aliás, eu acho que é por isso que eu não gosto tanto das classificações milênio, geração X, geração Z, boomer. Tudo isso é fruto de identidade dos Estados Unidos; não dá para misturar, para casar, sem colocar os fatores de classe, de gênero, de raça... Enfim, assunto para outro vídeo. Por isso, que dentro de uma mesma unidade de geração existem subgrupos, nichos,
movimentos juvenis diversificados e discordantes. Então, embora o conceito de juventude do Mannheim possa representar uma visão clássica sobre esses movimentos, ainda faltam análises mais complexas para entender essa juventude conservadora. É preciso entender o que é, de fato, o conservadorismo e o que, de fato, o conservadorismo tanto quer conservar como projeto de vida. O jovem não gosta desse afeto, desse carinho que ele recebe de professores e familiares. Historicamente, as denominações esquerda e direita, conservador e liberal, no sentido de progressista, aqui, não remetem apenas à política; elas são disputas pela determinação do espaço de existir, pela determinação
do espaço de sentir, de ter um projeto cultural de pertencer, ser e estar no mundo. Por isso, o campo conservador também não é amorfo, sólido, uma coisa só. Não se deve tratar o conservadorismo como um desvio cognitivo ou moral, ou apenas como fruto de uma educação mal feita ou de desinformação. Pelo contrário, e aqui vem o velho axioma da Ideologia Alemã de Marx e Engels: as ideias dominantes de uma sociedade são as ideias da classe dominante que expressam as suas ideias em defesa dessa classe como dominante. O sucesso do conservadorismo entre os mais pobres, na
verdade, é um projeto de educação bem-sucedido, embora contrário aos interesses de educar as pessoas, moldam as pessoas a uma visão de mundo que acaba lhes prejudicando. É o poder da ideologia dominante. O conservadorismo, então, vai valorizar uma ideia de que as ações humanas são produtos naturais, inevitáveis e fixos e, portanto, as coisas devem permanecer como estão, porque, apesar de tudo, estamos vivos até aqui. A título de curiosidade, é isso que Lukács vai chamar de reificação da história, ou consciência reificada. Mas essa ideia vai deixar a coisa muito... Acadêmica demais, eu tô falando aqui só para
contar, provocar e te aprofundar. Depois dá uma olhada nas fontes desse vídeo. Essa ideia de consciência reificada é muito interessante. Para que esse tipo de pensamento conservador funcione, os processos históricos precisam ser percebidos como naturais, como imutáveis, em vez de produtos históricos que podem mudar o rumo e o destino das pessoas. Então, daqui em diante, adotaremos uma perspectiva dialética para compreender o conservadorismo na juventude, compreendendo que ele não tem exatamente uma linhagem histórica definida, mas está presente nas relações cotidianas e na consciência imediata das pessoas; ele é um fenômeno histórico pontual que é centrado nos
eventos específicos de um certo período para, daí sim, manter os valores de uma certa sociedade estabelecida, de um certo status quo, de algum local específico. Por isso, de alguma maneira, alguns autores trabalham com a ideia de que o conservadorismo e o reacionarismo, que são coisas diferentes, são reações automáticas e espontâneas, mas que precisam de condução para virar movimento político. Nas palavras de Minhheim, o conservadorismo é sempre historicamente caracterizado e identificado por um grupo político dominante, mesmo antes de chegar aos indivíduos. Ou seja, nossa primeira tese é de que o agir conservador depende sempre de um
conjunto concreto de ideias para existir e, por isso, não pode ser antecipado ou previsto numa sociedade. Qual será o próximo conservadorismo? Ele nasce e depende de pontos de reação específicos, pontos de gatilho específicos. Em outras palavras, um conservador tá sempre geolocalizado e só pode ser determinado de acordo com a negação de valores de uma determinada época. Para entender o movimento conservador de um período, a gente precisa compreender o espírito do tempo de alguma época e qual movimento aquele conservadorismo tá tentando opor. Por isso, para Minhheim, é plenamente possível que uma pessoa politicamente progressista reaja de
forma tradicional em seu cotidiano e vice-versa; uma pessoa conservadora também pode reagir de forma progressista no seu cotidiano. E com a juventude não é diferente; jovens podem ser tomados como uma unidade geracional de direita, aderindo a valores estabelecidos pelos seus próximos, repetindo esses valores, esses hábitos, seja na unidade geracional de esquerda ou de direita, podendo apresentar características conservadoras em cada uma dessas atitudes. Cal pontua, então, na sua obra "O Problema Sociológico da Juventude", que a juventude não é nem conservadora nem progressista por índole, porém é uma potencialidade pronta para qualquer oportunidade. O conservadorismo é, então,
um pensamento que surge de acordo com a demanda; é um pensamento on demand. Tipo isso aqui: ó, andando, a gente passou aquele local, ela estendeu a mão, ela já falou: "Não, não preciso, porque hoje em dia você oferecer ajuda é preconceito." Cabe para a sua namorada, com a sua irmã, com a sua mãe. Ah, jogando jogo de videogame, não tá falando da tua mãe. Não, cara. Acho que a conclusão que a gente pode ter nessa primeira parte é que aquela pergunta está explodindo: um fenômeno de juventude conservadora que motivou esse episódio é uma pergunta errada.
Desde pelo menos 1800, o que temos é uma juventude conservadora respondendo pontualmente às demandas das esquerdas de determinado período, de determinado local. Ora mais evidente, ora mais tímida, ora mais retraída, ora bem escancarado, como os tempos de hoje. Nos anos 60, por exemplo, havia as fileiras de juventude hitlerista que formaram associações ligadas ao Partido Nazista no mundo inteiro. No Brasil, nós tínhamos o que era chamado de soldadinhos da Pátria, a juventude ligada ao integralismo, o fascismo brasileiro, que formou fileiras de jovens e, por exemplo, criou a primeira frente negra de integralismo. Com o fim da
Segunda Guerra Mundial, a derrota do nazismo e a ascensão das ditaduras militares na América Latina, que inclusive eram apoiadas por jovens conservadores e jovens católicos ligados à Igreja, um fenômeno se inicia e se estende até os anos 2000: um vazio enorme na intelectualidade e nos meios universitários de estudos sobre a juventude conservadora e de pessoas se colocando abertamente à direita. O que hoje é tratado pela direita como um domínio esquerdista nas universidades e nos espaços de cultura, na verdade, é resultado das desastrosas políticas da direita que afastaram qualquer tipo de manifestação pública a favor das
direitas. O que ficou conhecido dentro do próprio campo da direita como "direita envergonhada". E o que aconteceu dali em diante, por isso, foi que o foco dos pesquisadores sobre a juventude e as ideias de juventude recaíram só sobre as juventudes progressistas, mais liberais: estudo sobre os jovens hipsters, sobre os beatniks, sobre o rock and roll, sobre a juventude tropicalista, os ativismos dos movimentos negros e a ascensão dos feminismos nos meios de cultura e nas difusões culturais. Tudo isso formou o imaginário do jovem antisistema. Também teve a Revolta de Maio de 68 na França, quando os
jovens universitários pararam para falar de manifestação, de rebeldia, de liberação sexual, de experimentalismo com novas substâncias e passaram a estudar nas Ciências Sociais o comportamento humano das massas e assim por diante. Foi isso que imperou nas pesquisas sobre a juventude, que deu essa ideia de que a juventude tá sempre ligada à rebeldia, mais à esquerda. São essas dinâmicas de estudo que contribuíram para essa construção do imaginário do jovem sempre antissistema como forma de anticapitalismo, herdeiros desse Maio de 68 na França. Essa descrição do domínio das universidades, então, é bravata caricaturada. Ainda nos anos 80, mesmo
movimentos ligados ao punk, ao rock, ao rap, começam a manifestar as suas identidades conservadoras. Disto, o punk ultranacionalista, o rock cristão conservador, o rap de igreja e assim por diante, demonstrando que, na verdade, sempre existiu essa diversidade de pensamentos e expressões políticas entre a juventude. Ou alguém se esqueceu aqui dos "idiotas carecas do ABC"? Os argumentam que esses pensamentos conservadores persistem nas sociedades e voltam toda vez que há uma perda de memória histórica e coletiva diante dos autoritarismos. Esse desejo por... Autoritarismo: esse desejo por obedecer e conservar alguma coisa surge quando falta memória, e é
isso que nós estamos passando. Nos anos 80 e 90, a direita começa a se organizar. Dama de Ferro, Margaret Thatcher, e o governo de Reagan nos Estados Unidos implementaram um tipo de neoliberalismo que, nos anos 90, vai forçar essa direita a se organizar novamente e tirar essa pecha de direita envergonhada. Porém, era raro, no Brasil, no final da ditadura, que alguém se pronunciasse de direita sem ter vergonha de dizer isso; e até partidos como o PMDB e o PFL estavam cheios de figuras ligadas ao governo militar e, mesmo assim, se diziam de centro. Todos os
da ditadura engordaram na ditadura. A direita estava escondida, mas nunca apagada, e prova disso é que, por exemplo, na eleição do Lula de 2002, só houve eleição porque houve conciliação com a direita e com os conservadores. Não há eleição no Brasil sem essa direita e sem esses conservadores. Para se eleger, o PT precisou moderar o seu discurso e ter como vice-presidente um cristão empresário ligado a setores conservadores do mercado, que fez essa ponte entre a direita e a esquerda para eleger Lula. A eleição de Lula em 2002 não aconteceu isolada do resto do mundo e
fez parte daquilo que vamos chamar de guinada à esquerda, ou onda rosa, ou ainda onda pós-liberalismo, quando vários governos posicionados mais de centro para a esquerda começaram a ganhar eleições com propostas social-democratas, alinhando reformas de mercado, prometendo acabar com o terror das dívidas do FMI, ao mesmo tempo que traziam projetos sociais diminuindo a desigualdade. Essa era a promessa. E aconteceu em vários lugares. A promessa dessa galera era a substituição do vermelho, associado ao comunismo, por um tom mais suave de rosa, de promessas conciliadoras, que até geraram alguns resultados sociais dignos de destaque. Porém, como dissemos
na primeira parte, o conservadorismo depende de geolocalização para se posicionar contra determinadas pautas da sociedade. Lembra disso? E aí, lembra que discutimos agora há pouco também sobre como a rebeldia se constitui numa ideia de antisistema? Na juventude do lado esquerdo vai nascendo um marasmo ou uma decepção com essas promessas de governo social-democrata que não são cumpridas, e a resolução dos problemas via mercado pelos governos mais à esquerda falhava ali a partir do ano de 2008, porque tinha transformado os cidadãos em meros consumidores. Nas palavras de Pepe Mujica, que resumem bem esse momento, enfraquece a lealdade
política às esquerdas, abrindo espaço para políticas de ressentimento, de ódio ou de antipolítica se posicionarem. A geolocalização entra aqui: do lado direito emerge um grupo de jovens ressentidos que se sentem excluídos dentro desse contexto social-democrático. Essa situação dá origem a uma normalidade conservadora que é percebida como forma de rebeldia, ou seja, de agir contra o governo que estava no poder. Teoricamente, à esquerda, grupos conservadores passam a se perceber e se autodenominar antisistema, conquistando mentes e corações, baseadas numa premissa falsa. Um fenômeno que, no entanto, não é espontâneo, como Minheim já nos atendeu nos anos 50:
quando essa massa de insatisfação ressentida emerge, uma ampla organização política passa a disputar esses protagonismos, estruturando-se como um novo pensamento. No Brasil, é isso que constituiu o novo pensamento da nossa direita. É nesse momento político que algo aconteceu: a normalidade conservadora passou a ser entendida como uma certa rebeldia. É daí, por exemplo, que surge o politicamente incorreto, tema que já tratamos longamente aqui, em um episódio específico sobre Danilo e Leo Lins, mas que basicamente passou a se posicionar contra as primeiras conquistas democráticas de grupos à margem da sociedade, sem sentido, excluídos, porque tiveram os seus
privilégios igualados a direitos básicos. Se agora era a época de respeitar os negros, então meu humor é baseado em zoar os negros. Se agora era época de direitos LGBT, então meu humor vai ser em atacar lésbicas, trans e assim por diante. Rebeldia! Ah, e assim a coisa vai começando a se formar. Esse é o momento da ascensão das "think tanks", ou dos institutos de pensamento de direita e dos cursos de Olavo de Carvalho. No Brasil, se você não sabe o que é uma think tank, acho que você precisa saber. Olha só: capítulo novo "Um velho
jovem em busca de formar jovens velhos". Se você não sabe exatamente o que é uma think tank, acho que vale abrir esse parênteses para você entender como se constrói uma máquina de ideias dentro da política. Em pouquíssimas palavras, think tank é uma organização, uma instituição dedicada a pensar estratégias práticas e a propaganda e popularização de ideias para a maior parte da sociedade. Nos Estados Unidos, surgiram nos anos 80, iniciadas pelo Instituto Liberal, como uma forma de restabelecer a direita, porque estava envergonhada, como acabamos de dizer. Essas think tanks foram rapidamente importadas para o Brasil, ainda
durante o processo da ditadura militar, trazidas por empresários e intelectuais ligados então ao PFL, o Partido da Frente Liberal, que hoje é o atual DEM (Democratas), e depois com a instituição da Casa das Garças, uma think tank que foi a fundadora do PSDB e que foi apelidada pelos críticos de ninho de formação de tucanos. Essa direita envergonhada vai perdendo a vergonha dentro das think tanks, espaços nos quais outras pessoas pensavam daquela maneira e poderiam se encontrar para pensar como divulgar esse pensamento. Isso explodiu mesmo a partir de 2005. E o que surgiu em 2005 no
nosso Brasil? O Orkut! Com a chegada do Orkut, entre 2005 e 2008, a primeira rede social que bombou no Brasil, surgiram milhares de comunidades de militantes conservadores interessados em discussões liberais e conservadoras. Uma das maiores comunidades de política no Orkut brasileiro era: sabe qual? "Eu amo o professor Olavo de Carvalho". São essas as comunidades que passam a criar espaço para que essas think tanks crescessem no nosso país. Em 2005, então, também é onde abriu o Instituto Milênio. Uma das maiores think tanks ultra-liberais do nosso país. Além disso, nessa época, também surgiu o Instituto Mises e
o Instituto Liberal Brasileiro, cujo vice-presidente atual é o conhecido pensador Rodrigo Constantino. Como é gostoso ser de esquerda! Pode levar a vida do mais egoísta dos magnatas, dos nababos; depois, basta fazer um discurso igualitário para ser considerado do bem. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse hoje que já tomou a decisão de atacar a [Música] Síria. Ao mesmo tempo, lá nos Estados Unidos, Olavo de Carvalho percebia essa movimentação nas suas comunidades. Sim, o velho começou no início dos anos 2000, naquilo que é chamado de "curso online de filosofia", ou mais conhecido como "curso Olavo
de fascismo." A comunidade Professor Olavo era onde o guru ia buscar os seus futuros alunos, e a tese de Olavo é que existia uma degradação moral e política, e que isso era culpa do projeto de esquerda que tomava o poder, e que agora nós estaríamos partindo para o comunismo. Mesmo curto, cheio de problemas e charlatanismo, vendeu muito, e Olavo tem, sim, um mérito: conseguir fundar um sentimento paranoide de que havia um complô para impedir os acessos aos conhecimentos, e que o Olavo seria o portador da verdade. A base dos seus cursos prometia atrair jovens para
formar intelectuais de verdade porque, abre aspas, "a universidade estava corrompida e não mostrava as verdadeiras fontes que estavam ocultas do esquerdismo." Desculpa as muitas aspas, isso é direto do site do Olavo; as fontes você pode ver na descrição e que nunca vão sair do ar porque ele morreu. Mas veja só que interessante esse pedacinho, e você vai entender como Olavo manipula as pessoas: é preciso ler muito Platão, muito Tomás de Aquino, Sherlin e Hurst, para absorver o quanto possível da primeira metade do século XX, conhecer a história comparada de duas ou três sociedades e só
depois ler Nietzsche e Foucault. Mas o ambiente universitário brasileiro de hoje é tão baixo, tão torpe, que só a gente apresentar essa lista, o mínimo requerido para uma formação séria de filósofo erudito, o pessoal arregala os olhos de susto. Na verdade, o estudante brasileiro não lê nada. Já não leciono no Brasil, mas a experiência me mostrou que muitos alunos meus já estão prontos para dar de 10 a 0 em qualquer professor ou aluno da USP. Ora, esse é um pedacinho do "Imbecil Juvenil," um texto clássico de Olavo que foi base para a construção dessa juventude
que estamos falando aqui, nesse episódio. E se você já frequentou uma universidade brasileira, sabe que é exatamente assim: um currículo de humanas estudando exatamente esses filósofos antes de ler Kant, Marx, Nietzsche e todos os contemporâneos. Isso já acontece; e o que não acontece é uma dominância marxista, foucaultiana e muito menos nietzschiana nas universidades. Mas e daí? O seu ouvinte não vai ter acesso à fonte, nem vai à universidade, e tudo isso que você falou não vai ter conferência; já era, você manchou o poço. Toda a escrita e trajetória da filosofia de Olavo de Carvalho se
assentam nisso: todo mundo tá pervertido pelo comunismo, e apenas eu tenho as fontes reais. E ele faz isso não tratando os seus ouvintes como ignorantes, e que só ele conhece a verdade; ele faz isso tratando seus ouvintes como escolhidos para receber a verdade do professor. E por mais que seja mentira, essa base de pessoas vai se formando, enquanto empoderados, mesmo sem saber nada. Essa é a nova geração de fãs de Olavo de Carvalho que vai fazer a política dali em diante. O curso de Olavo não tinha nada, mas tinha o suficiente para gerar pertencimento do
tipo "eu não quero ser um jovem burro," e a conclusão óbvia é: "por isso preciso seguir o velho Olavo." O velho conseguiu mexer com o orgulho e a arrogância dos jovens que o seguiam. "Imbecil Juvenil" conclui dizendo que a juventude é fácil de manipulada e indevidamente colocada em posição de respeito, porque qualquer um consegue manipulá-la. O "Imbecil Juvenil" conclui dizendo que a juventude é indevidamente colocada em posição de respeito na sociedade porque qualquer um consegue manipular essa juventude e que bastaria um líder para que essa juventude seguisse coisas destrutivas. De alguma maneira, Olavo odeia os
seus pupilos, diz isso na cara deles e eles não percebem: reproduzem adoração ao velho que está literalmente confessando isso aqui. Se, por exemplo, se coincidir com uma autoridade, "eu acho realmente que ela tem razão; eu a obedeço, e eu acho que ela está errada; eu me rebelo." Quer dizer, a rebeldia não é um valor em si, assim como conformismo e obediência não são um valor em si. Há muita confusão nesse sentido, e quando as pessoas imaginam que elas estão ficando mais autônomas, elas simplesmente estão ficando mais rebeldes contra uma autoridade mais fraca e obedecendo a
uma mais forte. Esse tipo de formação penetrou em todos esses institutos de direita, com as palestras e participações do velho, elogiando a direita e transformando esses alunos em pupilos. Entre eles, por exemplo, o fundador do Instituto Mises, Hélio Beltrão, que veja só, você também é um dos que fundou a Brasil Paralelo. E se você duvida, quem explica essa situação é um comentarista da CNN Brasil, a grande mídia chamada Hélio Beltrão. Hoje, o Brasil tá mais liberal, tá mais conservador e até tá mais reacionário do que era em 2002. Naquela época, as pessoas tinham uma certa
vergonha de se posicionarem como direita. Isso mudou radicalmente desde que os think tanks brasileiros começaram a fazer um trabalho de disseminação de ideias liberais. Muita coisa mudou na ala do conservadorismo, houve influência significativa de Olavo de Carvalho, que foi um professor para uma geração de jovens conservadores. Hélio Beltrão, que é o quê? Irmão de Maria Beltrão, comentarista da Globo News, filho de quem? Hélio Beltrão pai, o grande liberal. Brasileiro, então assim você entende que esse conservadorismo não surgiu do nada e os detentores do pensamento conservador brasileiro são meia dúzia de empresários ricos esquentando as fontes
de jornal e mídia para ver se gera essa paranoia, e tá funcionando. Vai piorar. Calma, vai piorar. Olha esse vídeo aqui: se você já se cansou de tudo isso, mostre sua indignação pelo Brasil. Faça um minuto de silêncio, dia 17 de agosto, às 1 da tarde, movimento cívico pelo direito dos brasileiros. O cenário que estávamos vivendo ali em 2008 impactou todos os espectros políticos porque é o seguinte: para quem viveu aquele período ou tem pouca memória, é essencial lembrar que, apesar da popularidade do governo Lula em seu segundo mandato estar batendo 80% de positivo e
batendo um recorde que ninguém conseguiu bater até agora, o sentimento de antipetismo tava nascendo há pelo menos 3 anos, desde o escândalo do mensalão, sobretudo um antipetismo nascido das classes mais altas e das camadas médias altas da sociedade. Como, por exemplo, o movimento "Cansei", de 2007, que surgia para protestar contra o caos aéreo, ou, em outras palavras, que o aeroporto estava cheio de pobre. A desculpa é que estavam homenageando as famílias por causa de um acidente aéreo, mas, na prática, virou protestar contra pobre em aeroporto. A lista de artistas que participaram do Cansei é sensacional
e completamente aleatória: segue, EB Camargo, Ivete Sangalo, Agnaldo Rayol, Regina Duarte, Ana Maria Braga, o jogador de futebol Caio, o dono do Banco da Praça, Casal Bé e, claro, Luana Piovani. Que beleza! Em 2008, por exemplo, Diogo Mainardi alcançava grande popularidade com suas colunas na Veja, enquanto Reinaldo Azevedo lançava "O País dos Petralhas". É quem te viu, quem te vê, tio Rei! Em 2012, a jornalista Danuza Leão solta no Estadão um artigo sem a menor vergonha e pistola porque encontrou o seu porteiro em Nova York. Veja só que absurdo! Onde é que vamos parar? Em
2013, Olavo de Carvalho publica "O Mínimo que Você Precisa Saber para Não Ser um Idiota", que rapidamente se torna um manifesto conservador, reunindo todos os 193 artigos escritos pelo velho desde 1997 e delimitando qual seria o guia para se comportar como um conservador olavista. O mínimo que você precisava saber para ser um idiota. Quebrando, e também do lado mais à esquerda, uma apatia se abatia durante a eleição do governo Dilma, que era uma gigante formação política de uma juventude mais à esquerda que o próprio governo Dilma estava se formando. Entretanto, no governo cada vez mais
liberais, cada vez mais conciliação, que afastava o governo de sua base de jovens, sobretudo a dos movimentos sociais que não queriam mais rebaixar a bandeira, como faziam os governos petistas. Apesar de alguns acertos na área de educação, Dilma também cometia erros sucessivos: liberalismo demais, conciliação demais. E aí essa juventude estudantil, que tinha a mesma formação social lá da época do PT dos anos 80, continuava fazendo o que sempre fez: movimentação e greve independente do governo. E entre elas, o MPL, o Movimento Passe Livre, que era formado por estudantes de esquerda e entrou em cena para
disparar um gatilho que eles jamais imaginariam. A partir daqui, notícias políticas passam a entrar no cotidiano do senso comum do brasileiro médio. Até aquele momento, o jovem e a política estavam afastados, desde o marasmo dos anos 90, e a grande movimentação da juventude tinha sido os caras pintadas há quase 20 anos. Agora, a coisa ia mudar. Eu me lembro inclusive que, quando eu estava no ensino médio, ou no colegial, eu tô ficando velho, a grande coisa era que quem gostava de política tinha que convencer as pessoas de que política era importante. Isso não existe mais;
as pessoas consomem política mesmo da pior e mais fanática maneira possível. E talvez, se eu pudesse voltar no tempo e prever o que virou depois, eu acho que eu não incentivaria tanto gosto das pessoas assim. Mas, de qualquer maneira, tava ali o caldo para as ruas. Em 2003, do lado direito, esse caldo gestado dos anos anteriores passou também a perceber a importância das ruas e perceber que ela poderia sequestrar essa rua e passar a participar dos protestos para pregar as suas bandeiras, uma pauta que estava há décadas só com as esquerdas. Essa vontade de participar,
sem antes ter sabido as regras do jogo, somada aos desejos autoritários e aos ressentimentos do período transformam as ruas nisso aqui: favor do impeachment, manda Dilma! Com certeza absoluta, porque o país tá ruim com ela no governo e a gente precisa de um país melhor. A gente precisa de melhora. Eu sou o futuro e eu preciso reivindicar isso. Aí pergunta difícil essa, porque assim, eu não... como não votei ainda, né, nunca votei pra presidente, não conheço muito sobre presidência, não..... não conheço. Sei que tá ruim. Assim, não sei quem... não tenho conhecimento de quem... mas
vem cá de direita, porque eu sou contra governo, não é isso, né? O atual é de esquerda, né? Isso! Exatamente. E, ah, aqui vale um parênteses: eu sei que eu vou apanhar muito por estar falando de 2013, mas esse não é um vídeo de 2013; nós não vamos aprofundar mais nas análises sobre esse tema. E, para ser bem, bem sincero com você, eu acho que existe algum trauma na esquerda, um medo e uma fratura sobre 2013, que geraram análises às vezes até conspiratórias que não fazem sentido nenhum. Por favor, não caia nisso nos comentários! Uma
hora a gente pode fazer um vídeo só sobre 2013, mas eu acho que tá na hora de tratar isso em terapia. Não trava aqui nessa parte. Não vamos em frente. Como eu disse, que a gente ia aplicar teoria na prática, lembra que dissemos que as forças conservadoras nascem a partir de certos pontos de reação, pontos de gatilho? Esse... Parece ter sido o ponto de senso comum para construir essa unidade geracional de jovens conservadores nas redes sociais. O ambiente descentralizado e de difícil rastreio da internet vai moldando a nova forma de como se consome, se constrói
política e opinião pública, criando a cada semana novas referências — pessoas, aquilo que daqui a pouco passaríamos a chamar de influências. Falando de política, a internet dali pra frente tomou essa forma de arena público-privada, que é impulsionada por essa economia da atenção e por essa fanatização como método de comunicação, e que dita a nossa política nacional. Entre esses jovens atores que estão usando as redes sociais para se tornar políticos, estavam dois jovens, dois irmãos: Alexandre e Renan, que eram estudantes do Instituto Mises e do Instituto Liberal, além de participarem do Instituto pela Liberdade, todos think
tanks de direita, e que foram convocados pelo Instituto para fazer uma campanha política de um político que queria modernizar tudo, mudar tudo isso que tá aí, falar mais de privatização, sem vergonha de ser de direita. Alguém ainda se lembra daquele candidato Paulo Batista, o do raio privatizador? Paulo Batista integrava o movimento Renova Valinhos, cidade vizinha de Vinhedo, onde moravam esses dois irmãos. O movimento deles tinha como proposta, conforme descrito no site da Época, criar uma estética da ira originária de fóruns e tchans de internet para criar uma mistura de uma postura anárquica e iconoclasta com
montagens toscas e referências profundas da cultura pop. Deu certo! Quer dizer, até a página dois. Como previsto, Paulo Batista virou o meme, causou, virou matéria de notícia e conseguiu muitas visualizações, usando esse marketing do absurdo na política; esse super-homem Faria Limers privatizador que privatiza os países comunistas e coisas e tal conseguiu até entrevista no militante e comediante Danilo Gentili. No entanto, mesmo com tudo isso, Paulo Batista não conseguiu o suficiente para ser eleito, mas conseguiu o suficiente para plantar uma sementinha na cabeça dos dois irmãos que haviam coordenado a campanha. Alexandre e Renan são Alexandre
e Renan dos Santos, na época membros da Juventude do PSDB, que chamaram mais alguns amigos: Pedro, do Bonde do Rolê, Artur Duval, o Mamãe Falei, Fernando Holiday e Kim Kataguiri. Vejam só, eles eram membros ativos dos Estudantes pela Liberdade e participavam do grupo de think tanks para formar políticos para a direita e que queriam participar dos movimentos de rua de 2013, mas eram impedidos justamente por receberem grana de gringos de fora. E pronto, estava ali a semente do movimento Brasil Livre, formar um próprio movimento se apropriando do nome MBL, surgindo então o MBL de 2013,
todos eles financiados e pensados pelas mesmas pessoas. É assim que o pensamento conservador-liberal no Brasil é feito com dinheiro, criando uma marca muito parecida com o MPL para sequestrar uma pauta e colocar em prática a estética da zoeira formada na campanha do Paulo. A percepção desses pós-moleques que formavam a primeira camada do MBL é que era necessário um rebranding do conservadorismo, transformar a pauta conservadora envelhecida e comida em algo cool. Nas palavras do Pedro, que na época fazia parte do Bonde do Rolê e antes de ser um dos fundadores do MPL, produziu a Pablo Vittar
e gostava, na época, de classificar a direita dele como direita transante. Kim Kataguiri abandonou a faculdade de Economia depois de brigar com os professores, que ele sabia mais do que eles, e que a faculdade estava contaminada de esquerdismo, para criar uma página no Facebook com o nome Liberalismo da Zoeira. Esse era o trabalho de Kim Kataguiri antes de virar político. Daqui para frente, uma pequena juventude vai começando a se identificar com essa molecada cheia de politicamente incorreto, moralismo de costumes e ideias liberais, financiados pelos think tanks. Muda a correlação de poderes dentro da política e
a maneira que as esquerdas passam a lidar com as juventudes. A direita tinha transformado o seu movimento conservador em cool. A estratégia visava superar a ideia de que a direita é coxinha, que é convencional. Pedro dizia literalmente: "Eu vou a festas boas, tenho amigos negros, amigos gays." E colava, em 2018, no Jornal do Futuro, apresentado pelo militante Danilo Gentili, o MBL estava em peso, tentando eleições de seus candidatos, usando humor e memes para atrair a juventude pra política. Aí, no meio da zoeira toda, colocava ali um meme daqui, um anti-keynesianismo de lá, o Milton Friedman
daqui, incentivava uma virada ultraliberal, zoeira ancap e esses delírios todos. E a molecada consumindo zoeira, consumindo meme, quando vê, pá! Política na cara. Muito mais importante que o conteúdo, era preciso atingir na estética, e quem diz isso é o próprio MBL. Contaminar o imaginário popular com arte, né? Com conteúdo emocional, não só com conteúdo intelectual, porque a linguagem emocional e a linguagem intelectual são coisas completamente diferentes. Muitas vezes, o conteúdo ortado muito pouco ou, dependendo da emoção da linguagem emocional que tá rolando ali, o conteúdo vai para um lado ou vai pro outro. A gente
sempre acreditou muito nisso desde o início. Então, isso é um dos fatores de sucesso, sem dúvida nenhuma, até hoje. Quando você não tem ética, zombar é uma maneira muito eficiente de implodir algo e sair como vencedor; usar o afeto, ressentimento, ódio e insatisfação para apontar os canhões da rebeldia juvenil contra a esquerda tornou-se uma estratégia muito, muito efetiva. O que foi feito aqui foi criar uma contracultura conservadora, por mais paradoxal que isso possa soar aos seus ouvidos, e o jeito mais eficiente de criar essa unidade geracional era pela via da guerra cultural. Conformamos nos distanciando
do final da ditadura e dos cenários políticos e culturais brasileiros, enquanto a esquerda parecia ocupar cargos políticos e culturais mais tradicionais e institucionais, a direita ia se formando, sobretudo no trabalho. Voluntário online de jovens na internet, criando um senso de pertencimento muito forte. Para esses jovens, entende-se que a visão da ordem estabelecida estava representada pela presidência do PT. Assim, ser antisistema era sinônimo de ser anti-PT e lutar contra o que supostamente seria a ditadura do Politicamente Correto. Ah, mas o sistema continua capitalista, a economia continua capitalista, os valores continuam capitalistas, hierárquicos; não importa. O que
importa é que o PT está no poder, portanto, temos a ditadura do comunismo. Não faz sentido, mesmo; é só ressentimento. Diante da recusa da esquerda em dialogar com essa rebeldia, muitos jovens acabaram encontrando sua identificação e sendo acolhidos por grupos de direita e de extrema direita. O simples fato de o PT controlar a máquina do Estado, mesmo operando sobre uma política social-democrata com tendências liberais, economia comunista e completamente conciliadora, já era o suficiente para despertar uma narrativa anticomunista e a paranoia do terror. E dali para frente, é paranoia comunista na veia. Em 2013, não aconteceu
só no Brasil; o fenômeno da onda rosa se manifestou, recuou e trouxe consigo, na ressaca desse mar, o surgimento de uma extrema direita parecida com a do filme "Stop". As figuras de Donald Trump, Viktor Orban, Boris Johnson e a bosta do Bolsonaro vêm daí. Politização via negação, antipolítica como forma de fazer política, e uma das características principais em todos esses movimentos, colocada a diferença entre eles, é incluir, em sua estética e narrativas, uma cooptação do sentimento de rebeldia dos jovens, que se converte agora em um sentimento antisistema. Ainda que seja uma ideologia antisistema desenhada para
uma defesa dos valores do sistema, é confuso, mas é o que é: uma política antisistema que apoia privatizações, uma política antisistema financiada por Luciano Hang, Davi Alcolumbre, Salim Mattar Jr. da Localiza e Rubens Menin da CNN, grandes bilionários do Brasil que vendem a força anti-establishment e jovem. Eles são os mesmos velhos brancos donos do poder; é uma situação surreal. Os presidentes mais pro-sistema estão sendo vendidos como antisistema só porque eles mandam um abraço para o pessoal do anime, e o pessoal do anime "cai". Esse pessoal do anime, por [__], é o que aconteceu. É que
esses códigos foram vendidos como anticódigos, e aí tudo se inverteu. É um jogo do avesso, um jogo do contrário. O negacionismo da extrema direita precisa ser visto para além dessa pós-verdade dos tempos de incerteza. Não é que eles não tenham lógica; eles têm um sistema do avesso. É um sistema que tem instrumentos de validação: mediadores, influenciadores, articuladores que confirmam toda a paranoia e toda a mentira, que confirmam que aquecimento global não existe, que existe uma ditadura do STF. Então, a lógica é invertida; por isso, não precisa fazer sentido. Basta que os meus pares concordem comigo.
E aí você piscou, e eu citei Letícia Cesarino de novo no livro "No Mundo do Avesso", que insistimos em citar pela quarta vez para ver se você pega a dica. Então, não existe um conservadorismo, mas sim vários conservadorismos. O movimento conservador se consolida, então, como uma aliança de anticomunistas, defensores do livre mercado, seja lá o que isso for, ou liberalismo econômico, normalmente cristãos apegados a valores tradicionais. Agora, podemos começar a ser mais específicos: quem são e no que acreditam esses jovens conservadores ou reacionários? No Brasil, temos muitas dessas tendências que se arvoram em torno do
anti-esquerdismo, com muitas diferenças entre elas, mas algo em comum: não queremos ser de esquerda, não queremos valores progressistas. E aí se dividem em vários macro e microgrupos, com suas diferenças. Entre eles, podemos citar os liberais, conservadores, tradicionalistas, reacionários, ultranacionalistas, supremacistas, ancaps, libertários, e correndo por fora, uma juventude evangélica que se encaixa em diversas dessas correntes de modo diverso, não linear e múltiplo. Além dessas, ainda temos outras categorias menores, tanto no seu sentido de pequeneza moral, mas também de categorias de grupos muito específicos reacionários ou de ancaps, muito ancaps, que entram na nossa pesquisa como aquele
1% que não souberam responder. Todas essas têm uma coisa em comum: a rejeição como método de conversão. Aliás, esse sentimento de comunicação de paranoia age muito nesses grupos. Essa ideia de "o seu professor de história te enganou", lembra desse meme? É da época de 2008 da galera do think tanks. Isso criou um ponto de inimigo em comum. Toda essa comunicação trabalha com essa ideia de inimigo em comum, onde todos são ignorantes e Olavo de Carvalho é a luz que cura a ignorância. Você é burro, como uma... e duas vezes mais feio. Se estranho lhe oferecer
uma carona, pegue. Mas aqui está o ponto do gato. Esse tipo de pensamento funciona muito porque há na autoconfiança introjetada dos seguidores que se sentem metodologicamente preparados e validados para cultivar o ecossistema de ódio da direita sem ser chamado de burro. E veja, essa história da burrice é algo muito importante lá na direita. Essas pessoas se sentem acolhidas e vêm muita prepotência na esquerda por dizer que eles estão errados. É fato que, muitas vezes, no debate político, a esquerda faz mesmo essa simplificação e esse diagnóstico ruim e simplista, que a gente faz nos ajuda a
colocar nesse estágio de não conseguir compreender o fenômeno da extrema direita e como combatê-lo de maneira correta. Não adianta você tomar um remédio se o diagnóstico estiver errado. E aqui eu incluo, muitas vezes, eu mesmo reduzo a essa caricatura, que é quase inevitável do debate político. Mas então, vamos voltar à pergunta inicial desse vídeo: o que querem conservar os conservadores? Essa ideia de um mundo em ruínas, a gente vai trabalhar mais no próximo episódio, mas ela é muito importante: essa sensação de que "no meu tempo era muito melhor", ou de que existe alguém que está
acabando. Com a minha vida, o inimigo externo é que impede o meu sucesso, que serve como justificativa do próprio fracasso. E tem um outro ponto bem interessante aqui que o professor Alexander Shode chama muita atenção: o conservadorismo da juventude brasileira é ainda mais peculiar, porque veja, se você pegar o imaginário da Europa, ainda que você esteja falando de um passado falso, construído sobre as narrativas míticas de glória que escondem os massacres e a escravidão, você consegue entender por que o europeu quer voltar para esse passado glorioso. Mas e o Brasil? Quando a gente olha para
a América Latina, esse passado glorioso é o quê? Colonização e massacre. O que o conservador brasileiro quer conservar? A escravidão, genocídio indígena... O que se conserva num país fundado na violência? Pra galera ver os dados e tal, há duas perguntas. Em uma, você vê uma onda que está refreando ou acelerando o conservadorismo. E aí eu repito a pergunta que eu fiz lá no documentário; eu vou fazer também para todos os entrevistados, que é a pergunta que eu comecei a minha pesquisa e eu acho que vou sair com ela: tá, então o que o conservador quer
conservar? Alexandre, o que ele quer conservar que eu ainda não entendi? Não. Então, acho que a gente tem que tomar um certo cuidado com as particularidades do Brasil. A gente costuma olhar para fora e tentar trazer os modelos de lá para cá. A gente olha para a Europa e fala: “Ah, aconteceu tal coisa na Europa, aconteceu no Brasil, ah, é a mesma coisa, é o mesmo efeito.” Aconteceu nos Estados Unidos e vai acontecendo no Brasil, ah, é a mesma coisa. Assim como quase tudo, a realidade na Europa e na América Latina são muito diferentes. Então,
fazer uma lente para enxergar a realidade europeia e olhar para a América Latina com essa lente vai ter distorções, não tem como. Então, existe uma onda de conservadorismo na Europa? Existe. Existe uma onda de conservadorismo nos Estados Unidos? Existe. Nos Estados Unidos, ele está muito relacionado com a mudança geracional; a nova geração, em sua maioria, traz novos valores. Claro que vai existir uma juventude conservadora nos Estados Unidos. Acontece que, pela característica dos Estados Unidos de terem metrópoles muito progressistas e o PR americano ser extremamente limitado, de novo, né? Os Estados Unidos não têm um partido
comunista. O partido Democrata, que é o máximo que eles conseguem sonhar num progressismo aqui no Brasil, ele estaria no centrão, olhando para a esquerda. Mulheres e gays agora jogam bomba. De novo, a própria visão de política externa do Trump e do Biden muda. Olha para a Europa. O que está acontecendo lá? Qual é o efeito que está acontecendo lá? É claramente a migração, certo? Então, existe uma xenofobia muito grande, porque os movimentos de migração e as políticas de migração que têm o mínimo de caráter de proteção aos direitos humanos enfurecem muitas pessoas. E daí, de
novo, acontece que a democracia liberal tem seus limites e a gente meio que está batendo nos limites dela. Na Europa, tudo que a democracia liberal poderia trazer, ela já trouxe. Então, os problemas que lá ainda existem fazem com que os europeus olhem para esse sistema e pensem: “Bom, para quê eu vou dar a chance para esse cara que está falando o que eu nunca falava?” E ali vem, na Hungria, na Polônia, na Espanha, em Portugal, na França, na Alemanha, bom, né? Geral. O que acontece no Brasil é que a gente tem uma onda migratória? A
gente não tem. A gente tem uma mudança geracional que tá... Não, a gente não tem juventude do Brasil. A juventude hoje, né? A gente acabou de falar. O que acontece no Brasil, no meu ponto de vista, é o terceiro ponto, que é uma ideia muito similar com o que acontece na Europa. A gente está meio que chegando nos limites do que a democracia liberal poderia oferecer. Então, quando vem o discurso da democratização, da redemocratização, de que a democracia vai permitir que a gente represente, seja representado, que as pessoas tenham acesso, escolham seus governantes, façam políticas
que o governo vai ser usado em benefício do povo... e daí a gente tem as grandes cestas de pão, né? Ah, a gente descobriu o Pral, o Pral vai revolucionar o Brasil. A gente descobriu tal coisa. Bom, Bolsonaro foi eleito, comando discurso do grafeno, né? A gente vai usar o grafeno para... E essas grandes coisas que a democracia poderia resolver nunca resolveu. Então, a gente está chegando a 20, 30, vai para 40, 50 anos pensando em que perspectiva? Se o que a gente tem hoje, os problemas de hoje do Brasil... A gente falou. E daí
já vou aproveitar para juntar na tua resposta: o que o conservador quer conservar? A realidade de hoje, o Brasil de hoje. A mera ideia de conservar o que é, é criminosa, porque o Brasil é um país extremamente desigual. Como é que a gente pode pensar em manter o que está hoje, se o que está hoje é a política da morte, a política da fome? Ah, entrou um governo, governo progressista. Quais são os efeitos reais que um governo progressista consegue fazer na mudança estrutural do Brasil? Ele é extremamente limitado. Pouco. É muito pouco. Evidencia a falência
da democracia liberal, exatamente. E daí, quando a democracia... A gente pergunta, né, pros jovens: “Ah, qual é o melhor, a democracia é o melhor sistema que existe?” O jovem vai falar: “Sim, a democracia é o melhor sistema que existe.” Daí a gente pergunta: “Ah, e em algumas circunstâncias, um governo autoritário seria uma boa ideia?” 50% crava que sim, em algumas circunstâncias, né? O governo autoritário seria bom. E aí parece paradoxal, mas não é, né? Porque o Brasil tem essa formação, dessa coisa dúbia mesmo, né? Esse é o máximo que a democracia liberal consegue trazer para
quem vive no estado de vulnerabilidade, que a sua mãe vivia no estado de vulnerabilidade; a sua voz e a sua bisavó eram escravas. Chega no momento que, bom, então é isso: o grande sonho da democracia era isso, é o máximo da resolução que vocês conseguiram para o problema do Brasil, sendo a nona maior economia do mundo. É isso. Bom, então por que eu vou me apegar? Que que isso me traz de bom? É um discursinho bonito, é um postzinho bonito. Bom, um postzinho bonito esse daqui também sabe fazer, mas ele sabe fazer e fala que
vai me ajudar. Então eu vou com ele. Ah, mas ele é um autoritário. Autoritário porque ele fala o que a meu vô falava. Então que que o conservador quer conservar? De novo, quem tem mais interesse em conservar o que existe é quem se privilegia por isso. O Brasil tem uma elite pequena, mas muito privilegiada, em cima de uma base muito grande, né, que foi completamente despedaçada de toda e qualquer mínima condição de existência. Por não ter mínima e qualquer condição de existência, por não ver perspectiva no sistema que existe, ela se torna apática, talvez. Exatamente.
Essa violência é aqui que tá o núcleo, o core para entender os valores conservadores da juventude e o que traz no pacote antissistema dessa juventude. Todos esses memes trazem no seu pacote, no seu discurso antissistema, valores autoritários, antidemocráticos, maquiados de bem-humorados e cheios de pós-ironia para justificar os mesmos preconceitos de sempre, mas agora de maneira difusa. Então, se esse conservadorismo se define pela negação da esquerda, ele também se define pela afirmação de valores. Quais são esses valores conservadores? Ideologia de gênero quando buscam a supremacia de gênero? Pró-família quando, na verdade, são contra família? Contra identitários
quando, na verdade, valorizam a identidade do masculinismo? Contra a doutrinação esquerdista e a politização de tudo, que é uma posição política e politizadora a favor de serem uma minoria mal representada, quando na verdade são uma maioria de poder a favor de valores autoritários. E aí são autoritários mesmo, e assim por diante. É uma identidade anti-identidades. E aqui que entram, por exemplo, autores como Burke e Range, todos aqueles que incentivam o egoísmo como base de princípio e formação de caráter. E assim por diante. Nós precisamos passar por cada um desses pontos para entender quais sentimentos movem
cada uma dessas defesas, enquanto aquela ideia de dialética, ou seja, como reação às posturas da esquerda e como, inclusive, setores da esquerda também constroem as suas juventudes com traços moralistas e conservadores de dar inveja. Mas se você ficou interessado em trabalhar mais esses temas, isso tudo é hype para o próximo episódio, tudo propaganda, porque esse aqui já ficou enorme e eu ando exagerando a mão no tamanho dos roteiros. Peço desculpa à equipe, peço desculpa aos editores e eu tô tendo que aprender a cortar na marra os episódios. Então, por favor, você trata de assistir que
a gente vai fazer um teste agora, mas só se funcionar. A gente tem um episódio inteirinho pronto e eu não quero que esse assunto se perca, por favor, não deixa de ver o dois. É no dois que a gente vai entrar mesmo na juventude conservadora; aqui foi só uma história para você entender as bases do que tá acontecendo. Eu espero que você tenha gostado até aqui. Vamos conversando nos comentários e me diga aí, você tem notado no teu grupo de amigos que isso tem acontecido? Você que é professor, tem notado na sala de aula o
aumento da juventude conservadora? E, por último, você já foi um jovem conservador e acabou mudando? O que que te fez mudar de posição política? Isso nos interessa muito pra reflexão de como produzir um novo projeto político. Acho que, por enquanto, é só. Daqui a pouco a gente vai ter mais briga, mais treta para entender essa juventude conservadora. É isso, fica suave, fica tranquilo, e não esquece: assina nosso canal, tá dando maior trabalheira, não é à toa que a gente fez essa publicidade aqui dentro do vídeo. Não é brincadeira, não! A PU não entra quase nunca
em episódios como esse. O que nos permite fazer esse tipo de capítulo mais polêmico é justamente a sua assinatura. Talvez você nunca tenha assinado; assina! A primeira vez, R$ 5, R$ 10, qualquer valor que você pode. Ou, se não, pega e manda para alguém no zap, pelo menos isso é de graça, pode ser assim. A gente tem que fazer essa troca. Agora sim, é isso, fica suave e até daqui a pouco. Falou!
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