bem nós convidamos para nos orientar sobre Os Lusíadas o professor Alcir pécora que é lá do Instituto de estudos da linguagem da Unicamp Universidade Estadual de Campinas tudo bem Professor obrigado por ter vindo aqui obrigado por aceitar o nosso convite para falar sobre essa obra assim vamos dizer monumental Talvez seja pouco do Camões né a gente eh quando no nosso programa a gente costuma primeiro falar do autor e a sua época né colocar ele dentro do daquele momento que ele viveu e por que que para dizer por que ele escreveu essas coisas todas acho que
com camoes é importante falar disso porque ele é um representante do renascimento na Europa não é isso Professor exato É se sabe pouco sobre a sobre a vida do Camões na verdade é um dos autores mais misteriosos desse ponto de vista durante um certo tempo se criou uma imagem muito romantizada a respeito da vida dele né como um Aventureiro que teria tido lutou na guerraa que lutou perdeu o olho e saiu viajou por todos os lugares e e que finalmente essas essas mulheres que ele teria cantado seriam todas representativas dessas amantes até uma rainha estaria
no meio né com o tempo foi e esses vários documentos que foram sendo contestados muito pouca coisa se sabe e de concreto de fato mas é certo que ele tenha que ele tenha sido uma espécie de segunda digamos de nobreza pequena de pequena nobreza nobreza interiorana que ele tenha servido de Aia Possivelmente do do dos Noronha de uma família importante tá eh e daí ele teve ele teve uma vida de digamos justamente de pequena nobreza em torno da corte tentando ocupar lugares e sem ter muitas condições até que ele embarca talvez por em função de
brigas supostamente ele teria ameaçado de prisão ele embarca justamente para eh pro Oriente né nessa um pouco nesse sentido de aventureiro de de um certo aventureirismo aí que havia naquela época justamente de encontrar lugares nessas novas terras recém descobertas começar uma vida começar uma vida ou enfim tentar uma uma uma fortuna de alguma maneira e ele faz isso vai até chega até Macau né o Vietnã né Tem até o famoso naufrágio no do meong né e disse tem a história de que ele salvou manuscrito e não a Muler essa foi uma piada boa né piada
boa piada é boa não se tem menor fundamento mas enfim é essa anedota né Depois tentou se se se identificar posteriormente teve estudos né um escritor e vários escritores tentar identificar dinam que era essa suposta amante amante nãoé oriental com uma outra Portuguesa que seria filha de uma outra ante que ele teria teve tem muita eh conversa e confusão em torno disso mas enfim é certo que ele tenha eh tido uma vida mais ou menos Aventureira avançou até com as tropas e com as navegações portuguesas até o extremo oriente né ali teve caros nos cargos
aparentemente também se deu mal porque ele foi acusado de prevaricação e alguma coisa dentro dos cargos Goa em particular viveu pobremente lá e com sem dificuldade até que ele conseguiu através de amigos retornar a Portugal e quando retorna ele já tem apronta praticamente a epopeia né ele recebe uma tensa como se dizia ou seja uma um dinheiro mensal até o fim da vida aí se conta muita história também de uma tem um certo patetismo no final da vida dizendo que ele vivia miseravelmente as custas de uma irmã e que ele teria morrido na miséria isso
daí é uma coisa que se falava muito no Brasil e em Portugal hoje se é praticamente certo que isso seja não aconteceu ele ele leu os luzas pro rei né sim sim aí é dedicado ao Rei foi lido digamos e foi acolhido por ele é e mas antes da epopeia Ele fez alguns sonetos ele tinha uma produção dizer assim mais simples de poesia não Não exatamente mais simples ele tem uma uma uma uma eu diria uma uma uma produção emem lírica né uma produção lírica extraordinária de nível tão alto quanto os Lu tão alto quanto
da das das mais altas da Europa dentro de uma filiação que eu diria petrarquista quer dizer o grande modelo do Camões é o petraca de que ele fez muitos poemas que são quase Hoje quase nós iríamos traduções né mas na verdade são emulações quer dizer ele imitava mas tentando introduzir uma novidade era uma coisa perfeitamente legítima na época não tinha esse sentido de originalidade estrita exato não era uma coisa legítima e ele faz ele ele emula alguns dos mais importantes poemas do petraca então a a produção lírica dele é extraordinária mas é muito muito problem
por quê Porque não há nenhum a não ser três poemas de fato que tem o autógrafo dele todo o resto da produção que é gigantesca você tá vendo esse livro aqui isso aqui é em papel Bíblia portanto é uma uma produção enorme é toda apócrifa ou seja depende da de histor de atribuições de historiadores e isso é um Claro é uma sanfona Isso quer dizer durante até o século XIX praticamente o Corpus camoniano só cresceu as pessoas conforme crescia a fama da do do digamos autoridade camoniana mais poemas bons do período eram atribuídos a ele
isso cresceu e se expandiu gigantesca até oo século XIX depois os os filólogos né e os críticos acharam que deveriam eh Digamos peneirar um pouco isso e tentar ver o que realmente era aí criaram um um critério filológico chamado do triplo testemunho ou Tríplice testemunho que era de só se considerava camoniano que tinha pelo menos três Fontes eh Digamos que se atribuiu o poema aí ele eh o que se no fundo não é isso não é um critério absoluto rigoroso porque um pode ter lido do outro entende quer dizer não é certo e segundo lugar
Além do fato de que ele pode ter se equivocado fora isso a dificuldade de estabelecer os três critérios foi enorme praticamente extinguia o corpos cariano daí se se passou pro pro que chamava o o o duplo testemunho né que é o que eh muitas vezes e aí se algumas coisas foram retiradas e esse corpos continua flutuante É um enorme problema o jeito de resolver isso para mim Digamos que não é um jeito ortodoxo não é um dentro dentro da filologia clássica que quer estabelecer de fato quem o autor eu penso nisso mais como um coro
sabe um conjunto de poemas em que não importa tanto se existe um uma única pessoa eh que ex produziu mas interessa é o caráter daquele Corps é um conjunto de atribuição no Brasil o correspondente perfeito é o é o Gregório de Matos também não tem autógrafo é um conjunto de cor tudo quanto é é sátira praticamente do século 1 é atribuído a ele que tinha o estilo dele virou vir exato Então para mim interessa mais essa coisa do estilo e da autoridade Ou seja que tipo de composição é do que propriamente saber se é uma
pessoa eh única digamos psicológica que que produziu bom vamos falar dos idas porque é um eu queria que você explicasse pra gente que é um poema longo e difícil de quer dizer a gente estuda eu eu pelo menos estudei eh ginásio colegial mas acho que não se estuda mais né Eu não sei também aqui no Brasil mas eu estudei uma parte dele eu tinha que decorar pedaços enfim sim não nós passamos talvez eu devo ser mais velho que você eu acho que nós passamos pela questão do do da análise sintática do camon cam que era
terrível né sim isso isso é destruiu o Camões praticamente Pois é é exatamente né então Eh qu PR gente morte o que que é importante eh nos Lusíadas conta pra gente do poema eh enfim ele tem uma estrutura ele é ele é uma meio que meio não ele é uma obra de arte assim no sentido de do acabamento do esmero eh métrico formal né então ela a busca da formalidade talvez calmes foi o português que conseguiu fazer isso na época dele que teve gente que já tinha tentado e não não havia conseguido eh fazer uma
epopeia dessa né não eu eu acho que esse poema Extraordinário de fato é difícil falar a mais se a gente tá falando para jovens né É É difícil dizer eu quando eu vejo meus alunos lá a maior parte sequer leu jamais nem tem ideia e a ideia que tem é uma ideia vagamente rançosa uma coisa antiga meio incompreensível Um clássico né que mais incompreensível eh isso é verdadeiro de modo geral não só pra gente de do Brasil ou ou de língua portuguesa o isso conhecendo bem por exemplo a Itália os os grandes clássicos ou a
Inglaterra os grandes clássicos esses autores do século X 14 15 até medievais por exemplo são difíceis de compreender digamos cada vez mais as estratégias de leitura para conseguir esses poemas é é se torna difícil por exemplo na Inglaterra se faz muita tradução pro pro pro pro poema pro pro para linguagem atual isso é basicamente usual mesmo em Portugal se faz edições que que traduzem que traduzem eles cham de tradução Mas você acabou com a métrica do cara né porque se você tirar é não eles mantém a métrica mas colocam dentro de uma linguagem uma sintaxe
simplificada mas eu acho que não é o caso vamos dizer para esse poema não vale a pena ele é um poema extraordinário tal como ele se encontra e vale muito muito a pena ler mesmo para um jovem que não tenha e que não tenha qualquer conhecimento do século XV ou da coisa é um poema que ainda tem muito interesse eh por quê Porque o poema tem vamos dizer assim tem eu diria assim tem quatro linhas de força vamos chamar assim quatro linhas de força que se entrecruzam de interesse mais mais ou menos eh variado vamos
dizer assim ao longo das da do desenvolvimento dele uma primeira linha óbvia é que ele Conta as as descobertas portuguesas os principais elementos da descobertas portuguesas só que ele não vai contando cada navegação quer dizer a descoberta da circum navegação da África né até chegar à Índia né pela pela por esse caminho de circ fenação da África foi um longo foi um processo longuíssimo que se fez através muita no começo sobretudo através navegação de cabotagem ou seja através de vir pelo litoral eles viam parando indo embora pegando piloto local aprisionando gente levando né foi fazendo
esse caminho lentamente o o que o Camões faz de extraordinário para dar justamente maior impacto dramático no poema é que ele faz uma grande navegação que seria a a digamos a a significativa que é do Vasco da Gama que ele faz Digamos fazer a descoberta como se fosse única por exemplo um dos episódios dos mais extraordinários dos Lusíadas é a passagem do cabo das tormentas que que ele ultrapassa o Gigante O Gigante Adamastor o cabo é um gigante que ali toma conta dos términos do mundo né esse lugar que di que é um lugar dramatics
que ele avança pelo mar ignoto que seria difícil de ultrapassar não foi feito pelo Vasco quem ultrapassou pela primeira vez foi o Bartolomeu Dias 10 anos antes então ele e ele mas ele junta todas as navegações por que ele não coloca o Bartolomeu Dias Possivelmente porque o Bartolomeu Dias ele ele passou viu que era possível né porque ele percebia que subia a costa oriental da África e voltou não voltou e morreu inclusive na volta ali M ali no no no na no próprio cabo né Eh o até tem um verso extraordinário do que o Adamastor
diz o gigante diz assim aqui eh tomarei vingança de quem me descobriu né quer dizer agora é muito romântico né inclusive Porque tem uma história romântica essa história do gigante que ele tá lá porque por causa da mãe da mulher que ele perdeu enfim essa essa é extraordinária mas isso já é vamos dizer assim então um segundo plano da história que seria o a a o plano da a história mítica digamos dos Deuses olímpicos e da Guerra dos Deuses contra os Gigantes que cruza a narrativa porque a narrativa ao mesmo tempo que ele descreve essa
história dos Navegantes até chegar à Índia né Essa descoberta desse caminho ori digamos de C navegação da África ele também faz com que os vários heróis da mitologia antiga intercedam ou a favor ou contra os portugueses então tem uma guerra no céu né no Olímpio isso é interessante para quem nunca nunca vamos falar um pouquinho para quem nunca leu e não conhece a história querer isso é muito animado é a parte mais animada A Guerra dos Deuses é muito mais divertida que o Vasco do que o Vasco da o Vasco da Gama Ele toma como
o herói da Pátria e na verdade ele tá narrando ali a história eh dos descobrimentos portugueses Os Lusíadas são os portugueses né e e e aí ele toma o Vasco da da Gama como ele na verdade ele pegou uma um esqueleto de um poema épico tipo diomero tipo enita nida totalmente ele é muito parecido né a construção as armas e os barões assin o começo inclusive o começo é muito parecido a arma vir um queano do do Virgílio é praticamente igual é ele toma muitas muitos versos são proximis muito quase traduções do Virgílio cer então
ele vai buscar ali na no classicismo que é aquele momento ali da Europa ele vai buscar o renascimento europeu ele vai buscar no o classicismo a forma do seu poema que é aquela métrica Tuda certinha são 1800 e tantos versos todos com 10 sílabas e toda todas as estrofes são de o ele vai buscar essa regularidade mas não não da mesma forma porque no Virgílio o que tem é o que é o chamado exâmina digamos no Homero né ou seja sãoo versos né seis pés vamos dizer assim como um tipo de marca o datilo é
um tipo de marcação seis pés Você tem uma marcação uma forte e duas fracas ou seja tem uma marcação solene que é marcação Épica no caso do Camões e esses versos também são variáveis do tamanho porque o exo da Atílio são seis pés Alguns podem ser pés de dois outros de quatro Então na verdade o tamanho varia da da do verso isso não dá para corresponder exatamente na na na no na língua vulgar né numa língua nacional Como o português então a o Camões transforma isso ele faz isso em versos decassílabos né de 10 sílabos
contando a última atônica né vamos dizer assim e eh através de oitavas ou seja estrofes de oito versos Então isso é regular e e o tipo de marcação e é geralmente ele só usa um tipo de verso que a gente chama de sáfico que é acento na quarta e na oitava ou heroico que é assento na na sexta Então essa marcação é absolutamente rígida ao longo de todo o poema é uma Peça é uma peça de uma obra de arte Sim como assim e aí ele vem conta como você falou conta a viagem do Vasco
da Gama que é o herói dele como na enfim sim como Eneas na Eneida seria exato e como na e ele imita da da da Eneida imita nesse sentido positivo não no sentido que hoje nós diríamos pejorativo ele tá emulando a grande autoridade porque o cara fazer uma epé e não tem como fazer sem emular as autoridades sequer reconhecido como como popia digna de de de leitura aquilo que de alguma maneira não se e não se espelha digamos nos modelos antigos então ele faz como no Neida eh justamente como também no Homero né na elida
ele vê ele vê os deuses se dividem né E são a favor ou contra a empresa empreitada Venus como exatamente na ineida fica a favor dos portugueses a deusa do amor não é e Baco fica contra Baco fica contra porque o Baco é o senhor do oriente quer dizer ele domina as terras orientais e ele é lá louvado por ser o o Deus que que que que que é o senhor de toda aquela região quando quando o Vasco e os portugueses vão até lá eles invadem o território dele né então ele se sente diminuído então
ele vai argumentar com os deuses que os portugueses querem se tornar divinos e querem rebaixar os deuses a condição de humanos esse esse gesto digamos é um gesto de rompimento da hierarquia né e portanto um gesto que merece castigo é isso que ele argumenta e que em geral os deuses se convencem dessa argumentação e há um embate entre ele e Vênus então ele ficando tentando melar a viagem do Vasco da Gama e Venos defendendo né ex ex exato e tem momentos extraordinários da dos ardis de Baco né o mais célebre o mais digamos censurado que
mais causou escândalo foi o o momento em que o o Baco se veste de sacerdote Cristão e ele tem um verso extraordinário que é um pouco ambiguo fala assim e o falso Deus adora o verdadeiro quer dizer é uma é uma frase o falso Deus o Baco vestido de de sacerdote né o falso Deus adora o verdadeiro mas essa frase é um pouco ambígua podia ser lida dos dois lados né mas aí então Eh naquela época tinha inquisição em Portugal né professor e ele teve que se arrumar botar uns Deuses pagãos aí mas ele teve
que se entender com a inquisição ele teve que colocar o cristianismo a fé ele fala né ao poé o dentro do poema O Vasco só fala de Deus ele Reza para Deus quem AGE em favor dele é Vênus mas ele só fala de Deus ou seja na digamos no plano eu falei em quatro linhas de força no plano histórico das das navegações O Vasco só fala em Deus e só faz as navegações em função de uma missão Portuguesa no mundo que seria de justamente expandir o cristianismo uma espécie de Nova cruzada digamos portugueses são o
povo eleito para uma nova cruzada é basicamente isso que o Camões propõe No Limite é exatamente isso ou seja isso é parte de um esquema mundial em que Portugal de alguma maneira submeteria novamente o mundo ao a a o orb né as quatro partes do mundo ao cristianismo e portanto submeteria o moro né basicamente os muçulmanos e ao mesmo tempo atacaria o cisma europeu ou seja conseguiria reunir a a religião católica na Europa porque que tinha sido dividida justamente pelo cisma do Lutero né pelo pelos protestantes então ele tem duas frentes a atacar de um
lado os mouros né e de outro lado os protestantes os herges né Então o senhor falou quatro planos o plano histórico ele ia respeitado sim ele respeita as respeita no sentido que mas com essas licenças digamos dramáticas em que ele coloca todos os elementos numa única viagem o plano histórico aí o plano o plano mítico que é esse da Luta dos Deuses entre si defendendo ou suspendendo ajudando atrapalhando a viagem atrapalhando né a história de Portugal porque Ele conta a história do Portugal pro quando ele chega digamos nas terra canto quarto né é ex o
terceiro e o quarto em que ele conta toda a história e depois mais tarde quando ele conta já já quando mais já pro pro já em em calecute é quando ele conta os grandes heróis da história Então é isso semorin é semorin que ch samor samor Sam samorim o catual essas várias autoridades que ele usa Com muito gosto o Camões ele essa esse sons digamos orientalizante aparecem no poema com grande gosto e inteligên para dar inclusive esse sabor né local mas o o ele isso daí ele conta a história dos grandes eh grandes heróis e
e a artífices digamos do império Português né que são heróis os reis as os os os enfim as pessoas notáveis digamos do reino né e o outro plano e o o quarto plano aqui que eu que eu tava pensando que que eu acho Talvez o mais interessante o mais surpreendente o mais extraordinário que é muito pouco percebido em geral pelas leituras assim mais eh nefitas digamos assim que é o o plano em que o Camões os excertos vamos chamar assim os excertos os as digressões que o Camões ele mesmo irrompe no meio da narrativa suspende
o que ele tá contando e comenta com grande rancor por vezes com muita com muita despeito e a o o mal tratamento que ele recebe dos portugueses dizendo que ele tava escrevendo a a hip pia mais extraordinária que Portugal jamais teve mas ele escreveu o tava escrevendo o livro que conseguia colocar Portugal através da inteligência do Engenho dele dentro da dos países mas dos lugares que foram cantados pelos maiores poetas de todos os tempos entre ele a Grécia e evidentemente a Roma né através do Virgílio no entanto ele era maltratado pelos descendentes do Vasco e
por toda a gente em Portugal que era uma gente Rude sem Engenho que que e que na verdade não valorizava os poetas então ele passa o tempo inteiro rompendo no poema e proferindo essas espécias invectivas contra o a gente que ele próprio louvava esse lado É extraordinário que é dramático coisa nesse sentido também que ele faz professor que é assim aquele o velho do rest ele faz uma crítica à viagens ele faz uma epopeia quer dizer ele tá narrando uma epopeia de um povo inteiro e de um com um herói e tal aí ele no
meio entra um cara lá fala assim isso tá tudo errado vocês só querem poder não é interessante isso aí interessante não isso é essa complexidade que eu tô dizendo nós falamos essas quatro elas são extraordinárias Essa complexidade é que torna os luas únic e um livro importante realmente ser lido ainda hoje é verdade o velho do restelo não é o exerto do poeta que fala e que de alguma maneira se revolta contra o pouco interesse que se dá às letras dentro de um povo que ele considera Rude na verdade que ainda que nunca vai chegar
realmente ser extraordinário como deveria se não souber reconhecer o valor das Letras Esse é o lado do poeta mas paralelamente a isso dentro das próprias navegações ele dá voz às críticas das navegações que é o caso do velho do acho no final também tem acho que no no no epílogo acho que ele também fala que se não tiver eh aqui não mais Musa Não mais querera atend destemperada a voz enroque não no dá o favor com que mais sendo o engenho não no dá a pátria não que está metida no gosto da cobiça e na
rudeza é esse ess esse é mais oerto você vê uma hipopet que termina melancolicamente porque mais incrível Você viu como você falou você falou no mais musa não mais chega ele dispensa mú eu não aguento mais falar dessa gente eu tô cansado não é tanto de cantar ele diz eu e a frase é ótima né não mais que a lira que a o canto tem o destemperada e a voz enrouquecida e não do Canto mas de ver que vem o cantar a gente surda e endurecida isso é um exemplo radical quer dizer é uma epopeia
que em princípio faz um encome um elogiu né ele Essa daí é penetrada o tempo todo por críticas duras tanto eh digamos pela falta de de reconhecimento do valor digamos das letras que é fundamental nesse mundo do renascimento a gente endurecida né a gente endurecida não é e quanto quanto ao fato de que as próprias navegações correm o risco ele vê e ele fala certamente por experiência de perder completamente o sentido original dela que era de expansão da fé cristã sendo ao contrário só uma Aventure uma aventura de rapina de gastar de per tanto que
na história que ele conta tem um o o o o Vasco da D um golpe lá ele sequestr os caras e troca Não é tem um sequestro tem uma coisa interessante sim porque quando ele começa a ter o problema lá em calicut o o Baco acho que é o Baco que não aí não é tanto só por por questão do Baco quer dizer eles começam a perceber que o Baco introduz através do sonho uma desconfiança em relação aos portugueses mas toda coisa é mais ou menos e e vai nessa direção de que os portugueses ao
chegarem nos lugares eles querem mesmo é aprisionar as pessoas o que é verdade absolutamente e eh digamos introduzir uma uma lei estranha que é do catolicismo Face aos muçulmanos e no quando eles começam a ficar desconfiados disso através da da das sedições provocadas pelo baracco eh o o Vasco consegue voltar pro navio porque ele tá preso em terra ele consegue através de uma de uma combinação com com o rei nãoé eh dizendo que ele vai lá mas vai trazer as eh eh planos para serem negociados em terra mas ao subir lá ele percebe que se
ele voltar ele não não vem e ele rapta todos os que estão ali negociando TR se sequestra inclusive para trazer como prova de que ele chegou até a Índia Não mas aí ele troca os caras por eh especiarias troca por canela por pimenta como é que ele chama pimenta ardida Pimenta da pimenta do Rino É sim ele faz esse tipo de leva cum e cumpre a o que ele foi fazer ele foi lá para fazer comércio nas índias e traz e traz as provas A ideia era mais trazer provas não era tanto fazer comercio ele
ele não é uma expedição mercante ele não tinha suficiente elementos para fazer mercadejar propriamente era mais uma tentativa que ele buscava de trazer provas de que era possível e que o que havia lá e depois é que vieram as esquadras em seguidas para produzir tanto a submissão digamos das coisas quanto o comércio com agora ler hoje nó estamos chegando no final aqui da nossa conversa professor é rápido é meia horinha é bastante rápido mas lê o cal hoje como o senhor falou para essa moçada tal é é um pouco complicado tem que ter um esforço
um esforço aqui para compreender uma língua que já não é mais a mesma uma forma de construir as frases que já não existe mais é e mas vale a pena você acha que o jovem que quer ler os Lu encontra possvel se encontra e é possível eu queria assim deixar se eu pudesse uma mensagem de absoluta convicção de que vale a pena ler pode tirar um prazer absolutamente imenso inclusive um um um um prazer no sentido mais sensível porque o poema é é é tem alta densidade erótica em vários momentos né e tanto é que
ele foi durante o século XIX por exemplo e mesmo no começo do XX várias vezes editado com muitos cortes o poema é é terrível do ponto de vista digamos assim erótico sobretudo a Vênus ela age através de sedução né tem o episódio famoso da Ilha dos amores que é um um poema extraordinário um poema erótico extraordinário nós podíamos até chamar quase que um poema digamos eh eh um poema uma écloga ali inserida no meio do do do poema épic do épico né Tem e tem outras passagens tem essa famosa Sedução do da da que a
Vênus faz do Júpiter o próprio pai né que é extraordinário lá isso lá nos nos olimpos lá sim no Olímpo ela seduz o pai e o filho porque ela seduz o Júpiter e depois seduz o filho dela que é Cupido né para conseguir apaixonar as ninfas pelos portugueses né então o poema tem muito interesse e sobretudo em relação às navegações ele também é interessante do ponto de vista histórico porque ele fala digamos ele canta a epopeia da da de uma espécie de Nova cruzada Mas ele também conta tudo aquilo que a contracara disso quer dizer
a ambição a a o a perda de gente no reino o abandono do reino PR as mulheres a falta de digamos de discussão séria sobre religião na Europa que na verdade tá toda recortada por novos interesses e de modo geral você podia dizer que ele é um poema que flet muito uma perspectiva vamos dizer assim aristocrática eh digamos decadente naquele momento Face a um mundo digamos já que surge em numa numa perspectiva de um não chamaria de uma já de um de um mundo burguês né mas já de ascensão das forças do Comércio que começam
a revelar um mundo inteiramente novo então o Camões desse ponto de vista tem uma posição vamos dizer conservadora ele tá a favor de dos ideais eh que norteavam o os reinos que Cristão dentro de uma perspectiva aristocrática né um ancião regime vamos dizer CL Então e o rei da época Dom Sebastião era enfim era um camarada que tinha essa coisa da Fé de lutar de Sim ele foi educado pelos Jesuítas e teve um tinha aqui pras cruzadas e tinha mas o Camões é um dos incentivadores ele diz para ele tome as suas forças e avance
sobre a África o grande modelo você tem que como Maravilha fatal da nossa cidade o teu o teu projeto tem de ser submeteu o o moro né destruir a reeleição muçulmana e avançar sobre a África ele de certa forma incentiva O Dom Sebastião a fazer o que fez que foi para ir para aloc kibir se e foi o que aconteceu foi o contrário ele foi destruído né Tá certo Professor nosso tempo aqui tá terminando Obrigado sua presença aqui foi assim falamos e em galope mas em galope improvisado né mas foi bacana eu acho que a
gente consegue aqui dar uma visão para as pessoas do que foi do que foi do que é os né e da importância de ainda hoje lá ler um Poa épico desse tipo falar dessa forma meio brutalista Porque de fato para falar com com Rigor isso poderia levar meses levaria meses se você pegar a forma de estudar que tem aqui nesse livro Obrigado Professor até a próxima Até mais p