aquela noite começou como qualquer outra a casa estava silenciosa envolta em uma atmosfera tranquila quebrada apenas pelo som suave da chuva batendo contra as janelas o vento lá fora soava de forma Quase melódica e Clara tentava preencher o vazio daquela solidão Com pequenas rotinas o marido dela como sempre estava viajando a trabalho isso deixava a Clara sozinha na Casa Grande buscando o conforto nos barulhos da televisão que ecoavam ao ela estava deitada na cama com um livro aberto nas mãos mas as palavras não conseguiam prendê-la ela se mexeu na cama tentando encontrar uma posição mais
confortável quando de repente um som alto e seco ecoou pela casa o barulho veio da cozinha Clara sentiu o coração acelerar a primeira reação foi o medo por um instante ela ficou paralisada com os olhos fixos na porta do quarto tentou analizar talvez tenha sido o vento ou Algum objeto caindo da bancada mas no fundo ela sabia que as janelas estavam fechadas respirou fundo tentando ignorar o nó na garganta e colocou os pés no chão frio enquanto caminhava pelo corredor em direção à cozinha o piso de madeira rangia sob seus pés aumentando sua ansiedade quando
chegou à cozinha a cena deixou paralisada no chão pedaços de cerâmica est em todas as direções eram dos Pratos grandes daqueles usados apenas em ocasiões especiais el esta em Cacos mas o que mais chamou sua atenção foi vê ali Lucas sentado no chão com os joelhos encolhidos contra o peito os olhos dele estav fixos nos pedaços quebrados peridos em outro lugar Lucas chamou Clara com a voz mais firme do que se sentia por dentro ele levantou a cabeça devagar e os olhos dela se encontraram com os dele foi nesse momento que Clara percebeu que havia
algo errado não era só culpa por ter quebrado o prato havia algo mais profundo uma mistura de vergonha medo e tristeza o que aconteceu perguntou ela tentando soar calma desculpa eu não queria te acordar a voz de Lucas era quase um sussurro ele abaixou a cabeça novamente e começou a juntar os pedaços quebrados com as mãos trêmulas Clara se ajoelhou ao lado dele e segurou sua mão para impedi-lo não se preocupa com isso eu limpo ela fez uma pausa observando a expressão confusa no rosto dele mas o que você estava fazendo aqui a essa hora
não consegui dormir respondeu rapidamente desviando o olhar Clara estreitou os olhos algo na Ira como ele falou fez com que ela desconfiasse mas Decidiu não insistir naquele momento ela começou a limpar os pedaços de cerâmica enquanto Lucas se levantava lentamente eu vou para o meu quarto murmurou ele parando por um momento na porta desculpa pelo barulho ele saiu e Clara ficou sozinha na cozinha organizando os cacos Enquanto sua mente ficava cada vez mais agitada quando terminou voltou para o quarto e se deitou na cama mas o sono não vinha ficou encarando o teto tentando encontrar
respostas para as perguntas que insistiam em rodar em sua cabeça por que ele parecia tão nervoso o que ele estava fazendo na cozinha no meio da noite a inquietação crescia dentro dela aquele barulho tinha quebrado mais do que um prato ele tinha quebrado a tranquilidade da casa e deixado em Clara uma sensação desconfortável como se algo estivesse prestes a mudar quando o sol nasceu na manhã Seguinte o ar na casa parecia pesado Clara levantou cedo depois de uma noite mal dormida o café quente nas mãos deu a ela um breve conforto enquanto olhava pela janela
o céu estava cinza carregado de nuvens e a chuva continuava a cair Lucas Desceu as escadas mais tarde quando o relógio já marcava quase 10 horas seus passos ecoaram na madeira alertando Clara antes mesmo meso de ele entrar na cozinha Ele apareceu com uma camisa de moletom cinza e calças esportivas o cabelo bagunçado e os olhos levemente vermelhos denunciavam que também não tinha dormido bem bom dia murmurou ele indo direto pegar um copo de água Bom dia respondeu Clara tentando manter a naturalidade enquanto organizava alguns pratos no escorredor ela observava os movimentos dele de canto
de olho tentando entender o que estava descendo dormiu bem perguntou fingindo desinteresse Acho que sim respondeu ele sem encará-la bebendo um gole de água Lucas ficou de pé apoiado no balcão mexendo no copo com as mãos o silêncio entre eles ficou denso quase palpável claraa sentiu a atenção aumentar mas esperou que ele tomasse a iniciativa para falar finalmente Lucas quebrou o silêncio sobre ontem à noite me desculpa mesmo eu não queria te preocupar Clara olhou para ele notando a forma como seus olhos evitavam os dela não precisa se desculpar disse ela com um sorriso forçado
Essas coisas acontecem ele assentiu mas o ambiente continuava carregado Clara abriu a geladeira e começou a tirar os ingredientes para o almoço tentando mudar o foco da conversa mas ela podia sentir o olhar dele em suas costas Como se quisesse dizer algo mais mas não conseguisse às vezes eu sinto que não pertenço a esse lugar Lucas falou tão baixo que Clara quase não ouviu ela se virou lentamente deixando os vegetais sobre a bancada Como assim por que você se sente assim Lucas deu de ombros evitando seu olhar não sei só às vezes parece que esse
lugar não é realmente meu lar Clara ficou em silêncio por um momento durante anos ela tinha se esforçado para manter uma relação amigável com Lucas mas nunca tinha parado para pensar em como ele realmente se sentia naquela casa eu entendo disse ela escolhendo as palavras com cuidado mas você sempre terá um espaço aqui Lucas assentiu mas sua expressão continuava sombria depois de um momento ele colocou o copo na pia e murmurou vou sair um pouco preciso esparecer Claro observou sair pela porta da frente sentindo o peso daquela conversa ela sabia que algo não estava certo
e que Lucas guardava mais do que estava disposto a compartilhar o resto do dia transcorreu em um ritmo lento Clara tentou se ocupar com tarefas domésticas para distrair a mente mas a inquietação persistia como uma sombra a conversa com Lucas naquela manhã continuava coando em seus pensamentos ela sabia que havia algo mais por trás das palavras dele algo que ele não estava pronto para revelar quando Lucas voltou para casa no final da tarde trazia uma sacola de pão e frutas frescas ele parecia mais relaxado mas Clara notou uma energia estranha em seus movimentos como se
estivesse se esforçando demais para parecer normal Comprei isso para o jantar disse ele colocando a sacola sobre a mesa obrigada quer me ajudar a cozinhar perguntou ela tentando criar um ambiente mais leve para sua surpresa ele concordou os dois começaram a preparar uma sopa quente cortando legumes e conversando sobre assuntos triviais falaram sobre o clima notícias e coisas do cotidiano por um breve momento Clara se permitiu relaxar no entanto mesmo nas pequenas interações havia tensão quando suas mãos se tocaram acidentalmente ao pegar os mesmos utensílios Clara sentiu uma corrente de nervosismo passar pelo corpo Lucas
parecia notar também mas não comentou nada quando terminaram de comer Lucas se ofereceu para lavar a louça Clara observou em silêncio enquanto ele trabalhava parecia focado mas havia algo nos olhos dele uma inquietação que ele não conseguia esconder você parece distante comentou Clara final ente Quebrando o Silêncio Lucas hesitou por um instante antes de responder estou só pensando em algumas coisas Clara quis perguntar mais mas decidiu esperar ela sabia que pressioná-lo só faria com que ele se fechasse ainda mais mais tarde quando a casa ficou em silêncio novamente Clara subiu para apagar as luzes do
Corredor ao passar pela porta do quarto de Lucas percebeu que estava entreaberta ouviu o som suave de música vindo lá de dentro estava prestes a seguir em frente quando a voz dele a chamou você pode entrar um minuto Clara hesitou passará o dia inteiro sentindo que ele estava tentando manter distância e agora a chamava para conversar respirou fundo e entrou o quarto estava em penumbra iluminado apenas Pela Luz suave de uma luminária no canto Lucas estava sentado na beira da cama os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos entrelaçadas o que foi perguntou Clara tentando
soar tranquila Lucas endireitou a postura e apontou para a cadeira em frente a ele senta preciso falar com você Clara obedeceu sentando-se na cadeira mas não conseguiu evitar sentir-se desconfortável havia algo na postura dele nas mãos apertadas e nos olhos baixos que mostrava o quanto estava lutando para encontrar as palavras certas quero te pedir algo disse ele finalmente com a voz baixa Claro diga Lucas respirou fundo antes de continuar alguma vez você já se sentiu fora de lugar como se não pertencesse a onde está mas ao mesmo tempo não soubesse como sair a pergunta pegou
Clara de surpresa por um momento ela não soube o que dizer a verdade é que Em alguns momentos de sua vida já havia sentido algo parecido Mas sabia que aquilo não era sobre ela acho que todos já sentimos isso em algum momento respondeu com cautela Mas por que está perguntando Lucas baixou o olhar e ficou em silêncio por um instante Clara começou a pensar que ele não responderia Mas então ele levantou a cabeça havia algo diferente nos olhos dele tristeza misturada com o Anseio que ele não conseguia explicar ultimamente tudo aqui parece complicado a voz
dele soava mais firme agora eu me esforço para me sentir parte desse lugar mas nunca consigo Clara ficou em silêncio esperando que ele continuasse sabia que aquele era um momento delicado e não queria interromper sinto que estou sempre procurando um lugar algo que me faça sentir completo mas nunca encontro Clara respirou fundo escolhendo cuidadosamente suas palavras e o que você acha que precisa para se sentir assim Lucas deu de ombros com um sorriso amargo não sei Talvez seja isso que mais me incomoda eu não faço ideia do que quero ou de onde pertenço O silêncio
que se seguiu não foi desconfortável foi um silêncio reflexivo como se ambos estivessem processando as palavras ditas finalmente se levantou da cadeira e deu um passo em direção a ele Talvez você não precise saber todas as respostas agora às vezes só precisamos continuar em frente e confiar que as coisas vão se resolver com o tempo Lucas assentiu mas Clara podia ver que ele não estava completamente convencido antes de sair do quarto Clara se virou para ele mais uma vez se algum dia precisar conversar sobre isso ou qualquer outra coisa estou aqui para ouv vir Lucas
levantou o olhar e pela primeira vez naquele dia ofereceu a ela um sorriso Genuíno Obrigado Clara voltou para o quarto sentindo uma mistura de alívio e preocupação por um lado ficou feliz por finalmente terem tiddo uma conversa mais aberta por outro Sabia que aquela conversa Era só a ponta do iceberg Lucas estava lidando com algo muito mais profundo e Clara temia que ele ainda não estivesse pronto para compartilhar tudo enquanto tentava dormir naquela noite os pensamentos continuavam rondando sua mente ela se perguntava o que mais poderia fazer para ajudá-lo e entender o que estava acontecendo
embora não encontrasse uma resposta Clara decidiu que faria tudo o que pudesse para apoiá-lo independentemente do que acontecesse a noite caiu novamente Trazendo com ela a chuva e o vento que pareciam ecoar os pensamentos turbulentos de clara ela tentou se distrair com um livro na sala mas as palavras não faziam sentido Sua mente continuava voltando para a conversa que tivera com Lucas algo naquela troca havia deixado uma marca uma sensação de que a situação ainda estava longe de ser resolvida Lucas havia passado o resto do dia em seu quarto mantendo distância Clara respeitou seu espaço
mas não conseguia evitar o sentimento crescente de preocupação quando finalmente decidiu subir para apagar as luzes do Corredor percebeu que a porta do quarto de Lucas estava entreaberta novamente dessa vez porém não havia música Apenas silêncio posso entrar perguntou ela Espiando pela fresta Lucas ergueu os olhos da cama onde estava sentado e assentiu claro Clara entrou devagar sentindo o peso da tensão no ar a luz fraca da luminária deixava sombras suaves nas paredes Lucas parecia cansado mas havia algo mais em sua expressão algo que Clara não conseguia definir o que houve perguntou ela sentando-se na
cadeira ao lado da cama Lucas hesitou apertou as mãos uma na outra como se tentasse reunir coragem para falar preciso te dizer algo começou a voz quase falhando Clara se inclinou ligeiramente para a frente incentivando a continuar desde que cheguei aqui eu tento me encaixar tento fazer parte disso tudo mas parece que estou sempre vivendo a sombra de algo que não é meu Clara ficou em silêncio deixando falar eu me esforço para ser quem você espera que eu seja mas ele parou lutando contra as palavras mas não consigo Clara sentiu um aperto no peito eu
nunca esperei que você fosse algo além de quem você é respondeu com sinceridade eu só quero que você se sinta bem aqui Lucas levantou o olhar e dessa vez Clara percebeu algo que não tinha notado antes um brilho nos olhos um misto de angústia e confissão não é isso disse ele é mais complicado então me explica ele respirou fundo como se estivesse se preparando para saltar de um precipício eu começou mas as palavras morreram antes de serem ditas ele Balançou a cabeça e se levantou andando de um lado para o outro no quarto eu não
posso continuar fingindo Clara sentiu o coração acelerar fingindo o quê Lucas parou e olhou diretamente para ela o que eu sinto por um momento o mundo de Clara pareceu parar Lucas eu sei que não é certo interrompeu ele eu sei que não deveria sentir isso mas não consigo evitar o silêncio que seguiu foi ensurdecedor Clara sentiu o peso do momento cair sobre ela como uma onda isso não pode continuar assim disse finalmente tentando manter a calma na voz Lucas abaixou a cabeça envergonhado Eu sei eu só precisava tirar isso de dentro de mim ele deu
um passo para trás criando espaço entre eles não se ocupe eu não vou mais te incomodar com isso Clara queria dizer algo mas as palavras não vinham Lucas saiu do quarto antes que ela pudesse reagir a casa parecia mais fria depois disso Clara passou o resto da noite deitada na cama revivendo cada palavra cada expressão tentando entender como chegaram até aquele ponto sabia que as coisas precisavam mudar mas não sabia como na manhã seguinte o céu estava claro mas a tensão dentro da casa permanecia Clara estava na sala tomando chá e revisando papéis quando Lucas
apareceu ele segurava uma caixa a mesma onde guardava suas cartas colecionáveis preciso falar com você disse ele sentando-se à sua frente Clara deixou os papéis de lado e se preparou para ouvir pensei muito sobre o que aconteceu e acho que preciso ir embora por um tempo as palavras caíram como um peso sobre Clara ir embora acho que nós dois precisamos de espaço continuou ele eu preciso me entender descobrir o que realmente quero e você merece paz Clara quis protestar dizer que isso não era necessário mas no fundo sabia que Lucas tinha razão eu não quero
que isso termine mal disse ele forçando um pequeno sorriso só preciso de tempo Clara sentiu lutando contra a emoção Espero que você encontre o que procura eles ficaram em silêncio por um momento trocando olhares cheios de significados então Lucas pegou a caixa e se levantou obrigado por tudo disse ele antes de sair pela porta Clara ficou sentada no sofá olhando para o espaço vazio onde ele estivera a casa estava em silêncio Mas desta vez não era um silêncio pesado era um silêncio cheio de possibilidades como se aquele fim também fosse um novo começo