Documentário Band nos 200 anos da Independência - Parte 1

[Música] a história tem caminhos sinuosos as datas marcam os acontecimentos mas não Contam tudo Este foi um dos Desafios de um ambicioso projeto da Band durante mais de um ano nós trilhamos os caminhos dos 200 anos da nossa Independência e fomos muito além do 7 de Setembro hoje você é nosso convidado numa viagem pela história do Brasil que nos ajuda a conhecer o passado entender o presente e projetar o futuro [Música] essa história é cheia de personagens intrigantes de Reis Príncipes princesas e marquesas de mulheres fortes de poesia de amor conflitos batalhas incertezas perdas e

conquistas Por que que a história nos intriga porque ela nos constitui ela é o nosso passado e é o nosso sonho de futuro também E é isso que a gente vai contar a partir de agora os detalhes de um dos momentos mais importantes da nossa história a independência do Brasil a independência não se resume apenas por um ato vários movimentos já clamavam por mudanças tivemos a conjuração do Rio de Janeiro a conjuração baiana em Pernambuco teve a revolução de 1817 e a conjuração mineira aqui em Minas Gerais a independência no Brasil não foi nada pacífica

1808 Dom João VI príncipe Regente de Portugal desembarca por aqui fugiu da invasão das tropas do Imperador francês Napoleão Bonaparte foram quase dois meses para atravessar o Oceano Atlântico na chegada Baía de Todos os Santos Teve festa muita festa todo mundo queria saber o que o príncipe Regente trazia com ele e veio um pouco de tudo junto com todo mundo além da mãe dona Maria a mulher Carlota Joaquina e os filhos pequenos um deles Pedro de 9 anos de idade tinha gente acostumada com o luxo e muitos empregados há quem diga que ao todo embarcaram

em Lisboa 15 mil pessoas 5% da população de Portugal o aparelho administrativo do Estado inteiro chamamos e o transplante do estado português uma série de indivíduos que faziam o estado português funcionar vieram junto nas embarcações ministros é políticos além de móveis carruagens obras de arte documentos arquivos tinha tanta coisa tanta gente que foi preciso dezenas de embarcações [Música] Esse é o Palácio de Queluz no conselho de Sintra aqui no Distrito de Lisboa era a residência oficial da família do Príncipe Regente Dom João estamos passando pela sala do trono sala da música tudo é grandioso [Música]

em 1807 Dom João estava neste Palácio quando ele decidiu transferir a corte portuguesa para o Brasil a história não conta os detalhes desse momento mas bem que ele poderia estar aqui na sala do Despacho a operação foi uma manobra é que Napoleão Bonaparte ganhava cada vez mais poder e exigiu o cumprimento do bloqueio continental de todos os países da Europa outro poderiam econômico Militar do Reino Unido mas os portugueses mantiveram relações comerciais com os ingleses porque era um extremamente dependentes dos produtos industrializados fabricados por lá e tinham dívidas com eles Napoleão então reagiu e as

tropas francesas invadiram Portugal não restou outra saída para a família real a não ser abandonar Lisboa e aqui no palácio da Ajuda Dom João escreveu para o seu súditos comunicando essa decisão é claro que todo mundo foi pego de surpresa [Música] a saída de Dom João aqui de Lisboa foi tão rápida e confusa que eles não conseguiram embarcar os 50 mil livros da biblioteca da corte eles acabaram ficando por dias aqui às margens do Rio Tejo e só embarcaram para o Brasil mais tarde foram em várias viagens e quando a sede da corte portuguesa foi

transferida de Salvador para o Rio apenas um mês depois da chegada ao Brasil os livros serviram para criar a Biblioteca Nacional aqui tem as Relíquias que contam a história da independência e o tamanho hoje é impressionante são quase 9 milhões de itens a vida da família real deu Roupa Nova então colônia que de uma hora para outra se transformou em Metrópole o Banco do Brasil foi criado nessa época a primeira Faculdade de Medicina na Bahia também era a escola de cirurgia Depois vieram as faculdades de direito de São Paulo e de Olinda Pernambuco aí então

colônia foi elevada a condição de Reino Unido junto a Portugal e algarves então João sexto quis promover o desenvolvimento da arte e da ciência o Jardim Botânico local importante para pesquisa científica foi criado com as plantas que a família real trouxe na bagagem hoje a coleção de plantas chega a 24 mil espécies instituições de vários países fazem pesquisas por aqui e esse é o cartão postal para os brasileiros e para o mundo o corredor de Palmeiras imperiais a Palma mata a primeira Palmeira foi plantada por Dom João ela sobreviveu até 1974 quando foi atingida por

um raio e morreu mas as sementes dela já tinham sido espalhadas pelo Brasil inteiro [Música] também com a vinda da família real outra grande novidade chegou ao Brasil anal medusa integrante da frota que deixou Lisboa transportava uma carga valiosa uma prensa desmontada com pregos e tipos foi com uma impressora como essa daqui que é imprensa chegou ao Brasil naquele tempo antes da chegada da família real Portuguesa ao país indústrias universidades e jornais eram proibidos no Brasil os portugueses perceberam logo o poder da comunicação o Rio de Janeiro tinha 60 mil habitantes quando a corte desembarcou

na capital da colônia e no início a tipografia era monopólio da Imprensa Régia A Gazeta do Rio de Janeiro foi o primeiro jornal impresso no Brasil era um órgão oficial da corte portuguesa não havia Imprensa Livre no Brasil regime Dom João VI era um regime absolutista tudo passava por uma censura prévia até o rei gostava de ler os artigos que iriam sair do Rio de Janeiro é um burburinho né então assim ele sai de uma dimensão de uma cidade colonial pacata e ele entra num processo que é de metropolização e de alguma forma essa metropolização

que a gente vê acontecer ali então tudo tá acontecendo A Gazeta do Rio de Janeiro registrou essa mudança no cotidiano carioca além de publicar os decretos da corte e as notícias que interessavam o governo o jornal tinha uma sessão de anúncios de produtos e serviços dos mais variados A Gazeta também trazia os registros de entradas e saídas de navios dos porcos informações importantes que ajudam a entender hoje o processo de escravidão no Brasil porque ali você tem uma dimensão muito maior de onde está chegando e muito provavelmente o número né de escravos o jornal que

incomodava a corte vinha de fora do Brasil e era escrito por Hipólito José da Costa O Correio Braziliense foi lançado em Londres em 1808 mesmo ano da chegada da família real Portuguesa ao Brasil ele tinha o formato parecido com um livro e cada edição tinha cerca de 100 páginas da Costa é deixado o Brasil com 17 anos para viver na Europa estudou em Portugal mas foi obrigado a fugir do país por fazer parte da maçonaria na Inglaterra ele encontrou proteção e liberdade para criticar o governo português e defender a Monarquia Constitucional O Correio Braziliense foi

lançado três meses antes da Gazeta do Rio de Janeiro e entrava clandestinamente no Brasil no caso do Hipólito ele vai criticar duramente o sistema de governo absolutismo a não liberar a ausência de Imprensa Livre esse papel do através do Correio Braziliense foi fundamental para de alguma forma criar uma cultura política né no meio Pardo das elites que o Brasil e precisava ter um governo Liberal que o Brasil precisava criar as instituições nesse novo tempo que o Brasil Precisava mudar [Música] liberdade e igualdade Fraternidade essas três palavras mudaram o mundo há pouco mais de 200 anos

o regime absolutista estava em crise em toda Europa inclusive em Portugal para não perder a cabeça e o Trono muitos reis tiveram que incorporar mais uma palavra no dicionário constituição quem quisesse continuar no poder teria que jurar obediência às leis as novas ideias também chegaram ao Brasil [Música] ainda censura estimulou a criação de jornais Independentes alguns conservadores como o conciliador do Reino Unido criado justamente pelo antigo diretor da censura José da Silva Lisboa que se tornaria o Visconde de Cairu mas não demorou para aparecer em jornais que pregavam a ruptura com Portugal caso do reverbero

constitucional fluminense de Joaquim Gonçalves Ledo diante do risco de perda de prestígio do Brasil a posição era Clara Quem cala consente é preciso falar e falar muito com energia a vida era animada era briga é com digamos hoje briga de torcida do Corinthians e do Palmeiras era esse tipo de coisa volta e meia tem esse cara moça insultos o próprio Dom Pedro do primeiro escrevia e se metia em polêmicas num dos jornais da época o espelho ele sempre assinava os artigos com pseudônimos doente piolho viajante outra brasileiro era entre os tantos fatos que culminaram na

independência do Brasil tem um que é fundamental [Música] Rio de Janeiro foi aqui naquela janela do Passo Real que Dom Pedro foi aclamado pesou muito nessa decisão às 8 mil assinaturas de diferentes setores da Elite todos pedindo para ele não deixar o Brasil Para muitos o momento mais importante do processo da Independência Com certeza você estudou esse momento na escola o Dia do Fico como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação estou pronto diga ao povo que fico sete meses depois Dom Pedro começava o trajeto que traçaria seu destino político ele

saiu aqui da Quinta da Boa Vista residência oficial da família imperial acompanhado de sua guarda Rua São Paulo [Música] 5 dias de mula e a cavalo até a comitiva chegar no momento que muda a nossa história a independência de um país chamado Brasil a decisão do grito do Ipiranga no entanto só surgiu quando Dom Pedro foi informado que a corte portuguesa tinha anulado todos os atos de seu governo e removido o que ele ainda tinha de poder restou se libertar Opa mas não é bem assim seja do João levou muito dinheiro quando foi embora do

Brasil em 1825 para que Portugal Reconhecer essa nossa Independência nós tivemos que pagar Portugal mais ou menos dois milhões de libras esterlinas e como nós não tínhamos esse dinheiro fizemos um empréstimo na Inglaterra quer dizer temos que pagar para ser Independentes pagamos para ser independente no meio de um continente norte-americano cuja vocação era República né a independência do Brasil colocou na chefia do Estado um Imperador Então foi uma Independência que causou muito estranhamento As Pessoas Mais esclarecidas a maioria queria a classe dominante queria os letrados eles queriam uma Independência tentando colocar o país nas minhas

nos trilhos do trem do Progresso que vendem no século XVIII na Inglaterra o sonho Industrial você tem a figura aí do Santista José Bonifácio de Andrade Silva é uma figura exemplar que vai ser importantíssima no processo de independência do país o quadro de Benedito Calixto mostra a vida de Santos com 4.800 moradores em 1822 ano da Proclamação da Independência e contou com a participação decisiva de um santista que entrou para a história do Brasil José Bonifácio havia voltado a Santos Três Anos Antes tinha 56 anos de idade e havia passado 30 anos na Europa sonhava

com aposentadoria tranquila numa vila de ruas e becos estreitos perto do mar ele julgava que já tinha feito tudo na vida que a sua missão já estava completa que ele tinha prestado o serviço relevante A coroa portuguesa e portanto ele queria morrer perto da sua família em Santos no litoral paulista esse homem não podia imaginar que o grande papel que a história lhe reservava ainda estava por acontecer a construção da Independência do Brasil foi o que um acordo entre um príncipe que era absolutista e revolucionários federalistas que queriam derrubar o regime era os opostos Quem

ficou no meio falando olha vamos para cá vamos para lá vamos fazer uma coisa que dê certo o Bonifácio Independência quando Voltou ao Brasil acreditava no Reino Unido com Portugal mas muda de posição assim que ficam Claros os planos das cortes de Lisboa que querem retirar direitos que eram fundamentais para a elite brasileira decidi sobre tributação de sobre os governos das províncias Decidir sobre fazer negociações de Fronteira de divergência principal e foi em função do impasse que se criou intransigência das cortes não aceitar esse governo autônomo é que o uniforme e parte da elite brasileira

começou a falar começar a falar em Independência em janeiro de 1822 pressionado pelos brasileiros Dom Pedro decidificar uma semana depois José Bonifácio se torna mais importante Ministro do Príncipe Regente e principal articulador do sete de setembro no quadro que retrata a reunião do conselho de estado que sugere a Dom Pedro romper com Portugal é Bonifácio que está de pé conversando com a Imperatriz Leopoldina ao receber mensagem dos dois o príncipe da o grito do Ipiranga [Música] a Imperatriz Leopoldina teve um papel fundamental na independência do país mas assim como outras personagens femininas deste período foi

pouco lembrada pelos registros [Música] nos livros de história elas pouco aparecem quando mencionadas são lembradas não por seus feitos mas como parte da vida dos homens que é cercavam todo mundo pode notar que só aparecem líderes homens brancos europeus as mulheres no máximo aparecem como esposa de filha dele que o caso da Princesa Isabel eu penso que o machismo que impera na nossa sociedade ele tem um braço muito forte na produção da história durante todo o processo de independência mulheres notáveis fizeram a diferença Começando por Maria Leopoldina que não foi apenas esposa de Dom Pedro

I era conselheira da coroa e articuladora pela independência do Brasil mesmo com sua relevância pública Leopoldina ainda lembrada por muitos apenas como a mulher traída de Dom Pedro e retratada como amargurada por um casamento arranjado pela família só que ela foi muito mais do que isso muito culta ela quer aos 30 estudou cinco idiomas inclusive português a princesa e futura Imperatriz teve um papel essencial para convencer Dom Pedro I a ficar aqui mesmo com a pressão de Portugal pelo retorno em agosto de 1822 durante uma viagem do marido a princesa foi nomeada Regente vendo aumentar

a pressão de Portugal para que Dom Pedro voltasse ao país Maria Leopoldina convocou o conselho de estado das províncias aconselhada Por José Bonifácio de Andrada ela assinou o documentos que defendiam a independência e enviou uma mensagem incisiva ao Imperador esse momento crucial foi registrado em tela quase 100 anos depois ela pintou Paulista Georgina Albuquerque uma tela comum a gente imaginar que a independência do Brasil foi capitaniada por uma figura feminina dentro de um gabinete ela sentada elegantemente os homens numa espécie de semicote a ela é única interpretação que a gente tem assim né com tanto

protagonismo de uma mulher a escolha foi tomada pela pintora Um século depois da Independência quando as mulheres lutavam pelo Direito de votar na mesma época um outro quadro desta vez pintado pelo italiano Domenico Foi útil retrata uma Leopoldina bem diferente como alguém que cujo grande feito foi produzir o segundo Imperador do Brasil Então se a gente olhar bem a tela é quem que ela tem o colo O Dom Pedro II que é o futuro do Brasil Então o grande legado dela é o legado da Maternidade além da princesa a história da independência tem mulheres e

lustres um exemplo décadas antes do grito do Ipiranga já chamava atenção a participação política de polita Jacinta Teixeira de Melo dona de terras na cidade de Prado em Minas Gerais a gente está falando de uma sociedade do final do século 18 a sociedade altamente machista baseada o poder do homem e a gente encontra a hipólita uma mulher é alfabetizada que já era incomum do final de século 18 uma mulher será alfabetizada além de ser alfabetizada ela era e tinha uma participação política ativa será praticamente inaceitável no final do século 18 durante a conjuração mineira movimento

separatista contra a dominação Portuguesa e Poli abriu sua casa para reuniões mesmo arriscando a vida e ela participou também enviando cartas bilhetes né quando Tiradentes e o Silvério dos Reis foram presos ela encaminha por exemplo um bilhete pro padre Toledo dizendo que dando conta né de que eles haviam sido para que ele se acautelassem tomasse Cuidado então com que viria acontecer e quem não fosse capaz das coisas que não se metessem nelas né mas vale morrer com honra do que viver com desonra ou seja não era qualquer pessoa que diria isso do final do século

18 tá mas uma mulher [Música] roubar a farda do cunhado e ir para guerra escondida fingindo ser homem parece uma história inventada mas uma mulher brasileira fez isso no início do século 19 e muito mais Maria Quitéria de Jesus era filha de donos de pequenas terras na Bahia contrariando a família sobre o Cunha de soldado Medeiros ela se alistou para combater as tropas portuguesas muito habilidosa com as armas quando foi descoberta pelos colegas de farda não foi punida ganhou um novo uniforme Essa é sua representação mais conhecida pintada por Domenico falucci usando um saiote cobrindo

as calças [Música] hoje Maria Quitéria tem seu nome imortalizado como patrono do exército brasileiro é muito importante é um reconhecimento e uma valorização da nossa história né porque a Maria Quitéria faz parte desde a nossa Independência não é um personagem da história contemporânea já é da nossa história de separação já A Batalha pela independência na Bahia só seria vencida em Dois de Julho de 1823 mas antes disso por muito tempo a violência das tropas portuguesas fez parte do cotidiano de Salvador alguns dos combates mais sangrentos aconteceram em fevereiro de 1822 quando mais de 200 pessoas

morreram uma delas era só o Joana Angélica um outro exemplo de bravura feminino Tentaram entrar no Convento da Lapa em busca de possíveis Rebeldes que estivesse ali escondidos dentro do convento e a badeça Joana Angélica ela logicamente protegeu a frente da do convento né do Porta dos portões do convento e não permitiu a entrada desses homens e por não permitir a entrada deles ela foi brutalmente assassinada por baionetas o que dizer então da coragem de uma escrava liberta que enfrenta os portugueses que se aproximam da Ilha de Itaparica na Baía de Todos os Santos Negra

e marisqueira Maria Filipa de Oliveira liderou um grupo de mulheres para enfrentar Armadas apenas de astúcia os soldados de Portugal e ela parece que reuniu um grupo de em torno de 200 mulheres que atraíram o exército português e depois combater o exército na base da cansanção que é uma é uma planta que já era muita coceira Então você ela era Negra ela era escravizada Claro sumiu das nossas partes eu acredito que nós vivemos em uma sociedade machista né em que as histórias escritas pelos homens com interpretação sexista em um contexto bastante patriarcal né Que expõe

estereótipos tradicionais de sujeição da mulher encontrar a história dessas mulheres incríveis pode ajudar a mudar o futuro a gente fala de machismo estrutural ou de racismo estrutural porque eles estruturam a nossa linguagem olha se as crianças começarem a estudar diferente se as crianças tiverem mais líderes mulheres Independentes mulheres autônomas Se tiverem mais mulheres negras né e que não sempre vinculadas as situações de subjugação isso vai fazer com que as mulheres tenham uma representação na sociedade brasileira compatível com a sua proporção numérica você vai ver a seguir muitas foram as lutas travadas pela independência do Brasil