A HISTÓRIA REAL DESTA AVÓ 👵💔 (CUIDADO: Conteúdo FORTE)😱

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Reflexões dos Avós
Video Transcript:
Esta é uma história baseada na vida real da Dona Maria das Graças entre os Cafezais e pastos verdejantes esconde-se uma Trama digna dos maiores romancistas prepare-se para uma narrativa que vai mexer com suas emoções onde o certo e o errado vão te confundir inscreva-se no canal e deixe o seu like da confiança Este é um espaço onde os avós compartilhar suas histórias verdadeiras confira a nossa playlist de relatos reais pode ser que você encontre uma história parecida com a sua minha querida que bom que você veio me ouvir sabe aos meus 71 anos tenho tanta
história para contar que às vezes parece que vai transbordar nos anos 50 eu era uma jovenzinha de nada mas já vivia cada uma tive uma infância tão boa dessas que hoje em dia não se vê mais cresci numa fazenda e ora veja não era qualquer fazendola não era um lugar garboso com plantações de café que iam até onde a vista alcançava e um rebanho de fazer inveja aos vizinhos naquele tempo a gente não passava necessidade mas também não éramos desses ricaços cheios de frescura éramos três irmãos eu a filha do meio o João Pedro meu
irmão mais velho Era Um rapaz tão sisudo já a Maria Clara a caçulinha era levada que só ela e olhe aquela casa Virgem Maria nunca conheceu o silêncio sempre cheia de gente uma falação danada entre primos tios e mais uns agregados que apareciam era uma festa sem fim pois veja só minha filha aquela as terras eram um Regalo PR os olhos nossos avós Foram uns abençoados mesmo eles deixaram aquele mundão de terra pros nossos pais e tios do nosso lado do riacho ficaram meu pai Seu Antônio e minha mãe dona Teresa a gente morava em
um Casarão desses antigos sabe com varanda na frente e nos fundos um casarão e tanto tinha até porão e sótão e do outro lado do riacho a Ali era uma farra sem tamanho era onde morava o meu tio José e tia Aparecida irmã do meu pai esses Nossa Senhora tiveram oito rebentos cinco meninas e três moleques era uma criançada de dar Gosto todo santo dia a gente se juntava fosse para ir pra escola fosse para brincar eu meus irmãos e todos aqueles primos parecia uma Romaria quando saía todo mundo junto as travessuras que essa turma
aprontava a Maria mas era tudo diversão da boa coisa de criança mesmo sem maldade a gente vivia correndo de um lado pro outro daquele Riacho era só uma cerca de arame farpado que separava as duas propriedades mas para nós criançada aquilo nem existia era tudo um quintal só um mundar de terra pra gente brincar e aprontar das nossas os domingos eram especiais com almoços que alternavam entre nós casa e a dos tios éramos mais de 25 pessoas ao redor daquela mesa comprida de madeira de lei o aroma dos Quitutes preparados por nossas mães e tias
se misturava às conversas animadas dos adultos sobre colheita política e os acontecimentos da região enquanto nós crianças corríamos Livres pelos Pomares nossa rotina diária começava Com o nascer do sol o café da manhã servido na cozinha já se ouvia o tropel dos Cavalos chegando eram os primos vindos para nossa jornada até a escola éramos uns 12 no total parecendo uma pequena comitiva quando seguíamos juntos os mais velhos sempre na frente cuidando dos menores numa viagem de uma hora até a escolinha rural na escola multisseriada da Dona Augusta aprendíamos todos juntos diferentes idades e séries no
mesmo espaço era bonito ver como nos ajudávamos os maiores sempre auxiliando os pequenos com as lições eu me destacava nas leituras enquanto outros primos brilhavam na matemática As Tardes Após a escola eram preenchidas de aventuras no calor o Riacho virava Nossa piscina particular nós meninas nadamos com vestidos velhos enquanto os meninos se exibiam pulando das pedras mais altas fazíamos competições de pesca com peneiras sempre com os mais velhos deixando os pequenos ganharem de propósito nossa casa tinha um Pomar imenso com todo tipo de fruta era comum encontrar todas as crianças empoleiradas nas árvores bolsos cheios
de goiabas mangas e jabuticabas tia Helena sempre dizia que éramos como um bando de periquitos tamanho o barulho que fazíamos entre os galhos cada um tinha suas obrigações eu ajudava com as galinhas e a horta sempre acompanhada por minhas primas os meninos acompanhavam os pais no trato do Gado ou na lida do café Mesmo durante o trabalho encontrávamos formas de nos divertir cantávamos contávamos histórias inventávamos brincadeiras as noites de lua cheia transformavam O terreiro entre as duas casas em nosso parque de diversões particular brincávamos de esconde esconde pega pega e ouvíamos as histórias de assombração
do vovô os primos mais velhos adoravam fazer sons estranhos para assustar os menores causando uma correria geral e muitas gargalhadas nossa família mantinha certas tradições tínhamos de piano duas vezes por semana com a Professora Adelaide que vinha especialmente para ensinar as meninas as lições aconteciam na sala de música onde ficava o piano de cauda da vovó os meninos tinham aulas de montaria e aprendiam sobre administração das fazendas com nossos pais na época da colheita do café todos ajudavam até as crianças menores era um trabalho que unia ainda mais a família cantávamos músicas antigas aprendidas com
nossos pais enquanto as cestas iam se enchendo de grãos vermelhos sob o sol quente foi uma infância abençoada era tudo muito simples e puro Como deve ser a infância Pois é minha filha o tempo passou e num piscar de olhos as coisas começaram a mudar sabe quando o corpo da gente começa a ficar diferente e a cabeça também dá umas voltas foi assim comigo lá pelos meus 13 anos comecei a virar mocinha Ave Maria que confusão de repente minha mãe dona Teresa ficou mais aperreada que galinha quando Vega avião toda hora era menina onde é
que você vai com quem você tá conversando Maria das Graças já tá escurecendo vem para dentro Eu ficava Danada da vida mas hoje entendo que era só preocup mãe mes e olha só que engraçado foi nessa época que comecei a reparar mais no meu primo Miguel Credo agora me dá até um quentinho no rosto de lembrar ele já tava com seus 16 anos um mocinho feito enquanto eu ainda estava meio desengonçada começando a entender as coisas da vida o Miguel já tava lá ajudando o tio José com o gado todo Formoso festas juninas então era
um acontecimento e tanto a gente sempre fazia uma festança na fazenda convidava o povo todo da região tinha fogueira quentão pros adultos kidin pé de moleque e muita música Era nessas horas que eu sentia umas coisas estranhas sabe quando parece que tem um bando de borboletas dançando na barriga da gente pois é era assim que eu ficava quando via o Miguel dançando quadrilha eu ficava lá toda arrumadinha com meu vestido de chita que minha mãe tinha feito fingindo que não tava nem aí mas meus olhos Ah esses traidores viviam procurando o Miguel no meio da
multidão E quando nossos olhares se cruzavam misericórdia era como se o mundo parasse por um segundo claro que eu baixava a vista rapidinho toda sem jeito o Miguel também não ajudava viu às vezes eu pegava ele me olhando de um jeito diferente não era mais aquele olhar de primo implicante era outra coisa lembro bem de uma vez numa dessas festas tava todo mundo dançando a música tocando alta e de repente o Miguel apareceu do meu lado Quer Dançar Maria das Graças ele perguntou quase caí dura ali mesmo fiquei mais vermelha que tomate maduro mas aceitei
Nossa dançar de mãos dadas com ele foi como pisar em nuvem Mas não pense que era só alegria não tinha hora que eu ficava toda atrapalhada afinal ele era meu primo a gente tinha crescido junto brincado junto como é que agora eu tava sentindo essas coisas todas era uma confusão danada na minha cabeça E para piorar Parece que todo mundo começou a perceber as tias cochichavam pelos cantos os outros primos davam risadinhas quando a gente estava perto era um tal de Olha lá os pombinhos que me dava uma vergonha dos diabos minha mãe então ficou
mais atenta que nunca se antes ela já tava de olho agora Parecia ter olhos até na nuca toda vez que eu e o Miguel ficávamos sozinhos por mais de do minutos lá vinha ela a inventar AL uma coisa para me chamar Maria das Graças vem me ajudar com isso filha preciso de você aqui era de dar nos nervos foi um tempo de muita descoberta a gente vai crescendo e o mundo vai ficando diferente as brincadeiras de criança vão dando lugar a outros interesses outros sentimentos é bonito mas dá medo também Principalmente quando a gente começa
a sentir essa coisas por alguém tão próximo da família ai ai Ô tempo bom que não volta mais Ô minha filha só de lembrar disso meu coração já dispara o que vou te contar agora não foi legal pois bem quando comecei a perceber que o Miguel também me olhava diferente Parece que acendeu uma fogueira dentro de mim comecei a fazer de tudo para ficar sozinha com ele era uma artimanha atrás da outra você precisava ver Às vezes eu fingia que precisava de ajuda para pegar uma fruta no pé mais alto outras vezes inventava de ir
buscar água no poço Justo na hora que sabia que ele ia estar por lá tinha hora que eu até fingia que estava com medo de alguma coisa só para ele vir me proteger era cada uma que eu aprontava que hoje dá até vergonha de lembrar aí teve um dia Ave Maria que nunca vou esquecer a gente estava lá no Pomar fingindo que tava goiaba de repente o Miguel chegou pertinho pertinho mesmo Pensei que ia desmaiar ali na hora meu Coração batia tão forte que achei que ele podia ouvir e num movimento rápido ele me deu
um beijo um beijo filha fiquei com as pernas bambas parecia que ia derreter ali mesmo depois desse dia era como se tivesse aberto as comportas a gente começou a se encontrar escondido sempre que dava atrás do celeiro no meio do Cafezal perto do riacho qualquer cantinho servia pra gente trocar uns beijinhos e uns amassos éramos jovens cheios de fogo e amor sem pensar muito nas consequências ah a gente achava que tava enganando todo mundo mas hoje eu vejo que provavelmente metade da Fazenda já desconfiava das nossas andanças mas aí minha cara veio o dia que
deu tudo errado misericórdia só de lembrar me dá um calafrio era uma tarde de sábado me lembro como se fosse hoje o sol já tava começando a se pôr dando aquele tom alaranjado bonito no céu a gente estava lá nos amassos como sempre escondido atrás de umas árvores perto de casa Estávamos tão entretidos que nem ouvimos os passos se aproximando quando dei por mim ouvi um berro que quase me fez pular para fora da pele Maria das Graças Miguel mais que pouca vergonha é essa era meu pai virgem santíssima nunca vi o homem tão furioso
na minha vida os olhos dele pareciam que iam saltar para fora de tão arregalados o rosto vermelho que nem pimenta malagueta num movimento só ele arrancou um galho de árvore e tirou todas as folhas numa mãozada parecia o próprio encarnado começou a bater na gente sem dó nem piedade eu gritava chorava implorava pai pelo amor de Deus nunca mais faço isso me perdoa mas ele não ouvia só repetia entre uma Lapada E outra ele é como seu irmão Isso é errado vocês não TM vergonha na cara não o Miguel coitado tentava me proteger mas também
levava umas boas a gente saiu D todo não só no corpo mas na alma também foi a primeira vez que meu pai me bateu doeu e como Doeu mas o que mais machucava era ver a decepção nos olhos dele naquela noite chorei até não poder mais fiquei encolhida na minha cama sentindo as costas arderem mas a dor no peito Era muito pior minha mãe entrou no quarto uma vez me olhou com uma mistura de pena e desaprovação mas não disse nada acho que nem ela sabia o que dizer depois desse dia Ficamos um tempo sem
nem conseguir olhar um na cara do outro era uma mistura de vergonha medo e um sentimento de culpa que pesava mais que chumbo nas refeições eu ficava de cabeça baixa mal tocava na comida o Miguel nem aparecia mais lá em casa Ouvi dizer que o tio José também tinha dado uma surra nele quando ficou sabendo mas sabe o que é mais doido Minha filha mesmo com toda a surra e bronca lá no fundo a gente ainda sentia aquela quentura um pelo outro era como se tivessem tentado apagar um incêndio com um copinho d'água doía dava
medo mas o amor ah o amor continuava lá teimoso que só ele passei dias me remoendo pensando se o que a gente sentia era mesmo tão errado assim afinal não éramos irmãos de verdade só primos mas aí lembrava das palavras do meu pai da cara de decepção da minha mãe e voltava aquela culpa toda o pior era nas festas da Fazenda quando a gente não podia evitar de se encontrar os olhares que trocávamos eram uma mistura de saudade desejo e tristeza tinha hora que eu achava que ia explodir de tanto sentimento guardado Mas o pior
tava por vir não demorou muito e começaram os falatórios sabe como é cidade pequena né a língua do povo é mais afiada que navalha logo surgiram rumores de que eu tava perdida que não prestava mais para casar era cada coxo constrangedor o cada olhar atravessado na igreja Ave Maria dava vontade de sumir Ah minha filha o amor é coisa complicada viu Principalmente quando é proibido a gente fica nessa sinuca de bico sem saber se segue o coração ou a cabeça se obedece os mais velhos ou se arrisca tudo por um sentimento passou um tempo e
num belo dia meu pai chegou em casa com uma cara fechada que nem tempo de chuva foi logo soltando a bomba eu ia me casar assim sem mais nem menos como se tivesse negociando uma vaca na feira nem se deu ao trabalho de me perguntar nada já tava tudo arranjado nos mínimos detalhes É claro que eu não queria nem ouvir falar disso meu coração ainda batia forte pelo Miguel Mesmo ele estando longe mas naquela época a gente não tinha escolha era a vontade do pai que mandava no dia que meu pretendente ia me visitar minha
mãe dona Teresa finalmente criou coragem e veio falar comigo coitada estava com uma cara de velório sentou do meu lado na cama e começou a falar baixinho como se as paredes tivessem ouvido Maria das Graças ela disse eu sei que você gosta do Miguel mas precisa entender uma coisa casar com primo não é bom não aí ela me contou que conhecia muita gente que tinha casado com primo mas que na nossa família isso era mais proibido que dançar na Quaresma disse que meu pai Seu Antônio jamais aceitaria e não parou por aí ela falou da
dona Alvina amiga dela de infância que tinha se casado com o primo os dois tiveram sete filhos mas dois nasceram com problemas sérios um veio com uma doença chamada fibrose cística a criança vivia num sofrimento danado sempre com problemas para respirar e pegar peso o outro nasceu com uma condição genética rara que afetava os ossos e deixava a criança toda tortinha Coitada minha mãe falou que o Dr Geraldo médico da Família tinha explicado paraa dona Alvina que isso acontecia porque quando primos se casam as chances de ter filhos com problemas aumentam é que a gente
tem genes parecidos entende aí esses genes ruins têm mais chance de se juntar e dar essas complicações O pior é que meu pai conhecia a dona Alvina ele tinha visto de perto o sofrimento daquela família por isso que ele tinha tanto medo de eu ficar com o Miguel eles achavam que era até castigo de Deus para quem desobedecia fiquei assustada com tudo isso não vou mentir eu não sabia de nada dessas coisas de doença mas sabe como é não se manda no coração mesmo com medo eu ainda sentia aquele am pelo Miguel queimando dentro de
mim bom chegou o dia da visita do pretendente Nossa Que acontecimento parecia que ia passar o Presidente da República lá em casa arrumaram tudo no casarão tiraram até as capas dos móveis da sala de visita que só apareciam em dia de missa de domingo e não é que o moço chegou num carro chique daqueles importados que a gente só via em novela os pais dele todos enfeitados a mãe com com um colar de pérolas que devia valer mais que nossa fazenda inteira o pai com um relógio de ouro no pulso que reluzia mais que o
sol do meio-dia o rapaz devia ter uns 20 anos mas se achava o último quiabo da horta era bonito não posso negar alto bem arrumado cheirosinho mas tinha um ar de metido que me dava nos nervos se apresentou como José Carlos filho do coronel não sei das quantas ficamos todos sentados na sala numa conversa mais forçada Que sorriso em foto de documento meus pais todos sorridentes fazendo sala eu quieta num canto me sentindo mais deslocada que boi em cima de árvore aí a mãe do rapaz toda cheia de si começou a fazer umas perguntas estranhas
falou que tinham ouvido uns comentários na cidade que tavam com umas dúvidas olhava para mim como se eu fosse uma fruta bichada no meio das boas não aguentei não sei o que deu em mim parece que todo o ódio toda a frustração que eu tava segurando explodiu de uma vez me levantei num pulo bati o pé no chão com tanta força que acho que até as vacas no pasto ouviram fique longe de mim eu gritei não quero saber de casamento nenhum saí sala feito um furacão deixando todo mundo boque aberto fui pro meu quarto batendo
a porta com tanta força que acho que até hoje tem marca na parede Peguei aquele salto alto horroroso que minha mãe tinha me obrigado a usar e joguei longe parecia que estava jogando fora Todas aquelas regras Todas aquelas obrigações que queriam me enfiar goela abaixo Nem deu tempo de eu respirar direito e meu pai já tava lá vermelho bufando feito touro brabo pensei que ia levar outra surra mas naquela hora eu tava cega de raiva olhei bem nos olhos dele e falei pode me bater o quanto quiser Eu não vou casar com Aquele metido à
besta nem que o senhor me mate meu pai ficou parado me olhando como se tivesse visto uma assombração acho que nunca tinha me visto daquele jeito enfrentando ele assim por um momento achei que ele ia me bater mesmo mas aí ele só Balançou a cabeça e saiu do quarto mais murcho que flor sem água fiquei lá tremendo esperando o que ia acontecer ouvi umas vozes exaltadas lá embaixo umas portas batendo depois um silêncio que parecia que ia engolir a casa toda naquela noite ninguém veio falar comigo fiquei no quarto chorando com medo do que ia
acontecer nem para jantar a mãe veio me chamar como sempre fazia mas a verdade é que eu estava me sentindo aliviada por ter falado o que tava entalado no dia seguinte minha mãe entrou no quarto com uma cara de D dó falou que o José Carlos e a família tinham ido embora ofendidos que meu pai tava uma fera que eu tinha envergonhado a família toda que um partido como aquele era o que da moça da cidade gostaria mas sabe o que é mais estranho lá no fundo dos olhos dela eu vi um brilhinho de orgulho
como se ela tivesse contente por eu ter tido a coragem que ela nunca teve a semana seguintes foram um inferno meu pai mal olhava na minha cara minha mãe andava pisando em ovos o resto da família ficou sabendo e era cada olhar torto cada comentário maldoso até a vizinhança começou a cochichar era um tal de essa menina tá perdida quem diria logo a filha de seu Antônio um horror mas eu não me arrependia pela primeira vez na vida eu tinha tomado as rédeas do meu destino não sabia o que ia acontecer dali pra frente mas
uma coisa eu tinha certeza ninguém ia me obrigar a casar com quem eu não queria minha filha agora vou te contar a parte mais difícil da minha vida é como se tudo que aconteceu antes fosse só o começo de um pesadelo terrível ainda me dói lembrar mas acho importante compartilhar para que você entenda o quanto a vida pode ser cruel às vezes depois daquela confusão toda com o casamento arranjado eu andava arrasada passava os dias chorando pelos cantos evitando todo mundo aguentando mais ficar em casa com aquele clima pesado fui pro riacho era Meu lugar
favorito sabe onde eu ia para pensar para tentar entender tudo que estava acontecendo sem contar que eu pensava que a qualquer momento Miguel iria aparecer sentei numa Pedra Grande olhando a água correr tava tão distraída tão perdida nos meus pensamentos que nem percebi alguém se aproximando de repente senti uma mão forte tapando minha boca e um pano com um cheiro forte no meu nariz tentei gritar me debater mas foi inútil em segundos tudo ficou escuro quando acordei minha cabeça doía tanto que parecia que ia explodir abri os olhos devagar tentando entender onde eu estava o
cheiro de mofo e madeira podre invadiu minhas narinas aos poucos reconheci o lugar era o celeiro velho abandonado aquele que ficava nos fundos da propriedade ninguém ia lá há anos foi então que o pânico tomou conta de mim tentei me mexer e percebi que estava amarrada cordas grossas prendiam meus braços e pernas a uma cadeira velha Minha boca também estava amordaçada eu só conseguia emitir uns sons abafados o teto do celeiro tinha um buraco enorme e a luz do sol entrava por ali iluminando a poeira que flutuava no ar foi nessa claridade que vi uma
figura se movendo nas sombras meu coração gelou quando reconheci Quem era José Carlos ele saiu da Escuridão com um sorriso que me deu mais medo que qualquer coisa que já tinha visto na vida seus olhos tinham um brilho estranho quase doentio ele se aproximou devagar como um dor cercando sua presa Então quer dizer que a cadelinha é mesmo perdida ele falou com uma voz que me fez tremer dos pés à cabeça tentei gritar mas só consegui fazer uns sons abafados por causa da mordaça lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto enquanto eu me debatia tentando
me soltar José Carlos riu um som Frio e sem alegria não adianta-se esforçar Querida ninguém vai te ouvir aqui ele começou a andar em volta da cadeira onde eu estava amarrada falando como se estivesse comentando sobre o tempo sabe Preparei um cantinho aqui pra gente passar mais tempo juntos nos conhecermos melhor ele parou na minha frente se abaixando para ficar com o rosto na altura do meu foi até bom você não ter querido casar Já que é uma perdida mesmo podemos nos divertir Sem Compromisso José Carlos se afastou um pouco pegando uma garrafa de cachaça
que estava num canto tomou um gole longo e continuou falando seu pai devia ter te ensinado melhor sabia uma moça de família não rejeita um bom partido assim mas não tem problema eu vou te ensinar umas coisinhas ele se aproximou de novo e o cheiro de álcool no seu hálito me deu ânsia Fechei os olhos com força desejando que aquilo fosse só um pesadelo que eu fosse acordar a qualquer momento mas não era um Son era real terrivelmente real senti a mão dele tocando meu rosto descendo pelo meu pescoço Tentei me afastar mas as cordas
não permitiam comecei a chorar desesperadamente implorando mentalmente para que alguém qualquer pessoa aparee e salvasse não chora não ele falou num tom falsamente doce vai ser divertido você vai ver e quem sabe depois disso você não aprende a dar valor a um homem de verdade meu coração gelou quando vi José Carlos tirar uma arma do cinto ele a colocou bem visível como um aviso silencioso vou te soltar agora ele disse começando a desamarrar as cordas mas nem pense em fazer besteira essa arma não é de brinquedo está carregada minhas mãos e pés ficaram Livres mas
eu nunca me senti tão presa o medo me paralisava mesmo que eu quisesse não conseguiria me mover a arma ali brilhando na penumbra do celeiro era um lembrete constante do perigo que ocorria José Carlos me arrastou para um canto onde havia um colchão velho no chão fechei meus olhos com força desejando desaparecer enquanto sentia suas mãos me tocando as lágrimas corriam pelo meu rosto mas eu não ousava fazer nenhum som o que aconteceu a seguir Foi um pesadelo que pareceu durar uma eternidade cada segundo era uma agonia uma violação não só do meu corpo mas
da minha alma quando tudo acabou fiquei ali imóvel me sentindo suja e quebrada Jé Carlos pareceu perceber algo Talvez o sangue que denunciava minha virgindade perdida por um momento vi um lampejo de algo em seus olhos remorso Talvez ele sentou-se colocando a cabeça entre as mãos o que eu fiz ele murmurou mas era tarde demais para arrependimentos naquele momento percebi que algo dentro de mim tinha morrido a menina inocente que eu era Já não existia mais no lugar dela ficou apenas um vazio doloroso e uma sensação de sujeira que eu achava que nunca conseguiria lavar
José Carlos se vestiu apressadamente evitando olhar para mim antes de sair ele se virou e disse com a voz trêmula se você contar para alguém Eu nego tudo ninguém vai acreditar em você e assim ele me deixou sozinha naquele celeiro frio e escuro com nada além da minha dor e vergonha como companhia eu escutei o cavalo dele se afastando só então eu tirei a mordaça quando Finalmente consegui me mover cada parte do meu corpo doía não era só uma dor física me vesti lentamente as mãos tremendo tanto que mal conseguia abotoar o vestido olhei em
volta pro celeiro que agora parecia ainda mais sombrio e ameaça D saí cambaleando dali como podia tudo parecer tão normal quando minha vida tinha acabado de ser destruída caminhei sem rumo por um tempo sem saber para onde ir ou o que fazer como eu poderia voltar para casa depois disso como eu poderia olhar nos olhos dos meus pais sabendo o que tinha acontecido mesmo assim meus pés me levaram de volta para casa não sei como consegui mas voltei sorrateira como um bicho ferido buscando abrigo Meu Coração batia tão forte que achei que alguém poderia ouvir
cada sombra cada barulhinho me assustava E se o José Carlos tivesse voltado e se alguém me visse naquele estado consegui chegar no meu quarto sem ser notada graças a Deus todos pareciam estar ocupados com suas próprias vidas alheios à tragédia que tinha acontecido comigo Peguei umas limpas e fui direto pro banheiro debaixo do chuveiro esfreguei minha pele até ficar vermelha como se a água pudesse lavar não só a sujeira mas também a lembrança daquelas mãos nojentas me tocando mas não adiantava a cena do que tinha acontecido não saía da minha cabeça era como se tivesse
sido gravada a ferro e fogo na minha memória maldito José Carlos eu pensava as lágrimas se misturando com com a água do banho como teve coragem de fazer isso e então me bateu tudo isso por causa da falação do Povo aquelas conversas maldosas aqueles rumores como uma mentira podia causar tanta desgraça saí do banho me sentindo um pouco mais limpa por fora mas por dentro por dentro Eu estava morta Voltei pro meu quarto e me encolhi na cama abraçando o travesseiro como se fosse um escudo contra o Agora me conta uma coisa você acha que
eu fiz certo agindo deste jeito se coloque em meu lugar naquela época Olha eu não posso negar que pensei muitas vezes em como tudo podia ser diferente escreva nos comentários eu vou ler depois os dias que se seguiram não queria mais sair do quarto não queria ver ninguém minha irmã Maria Clara vinha falar comigo Coitadinha ela não entendia o que estava acontecendo gracinha vamos lá fora o dia tá tão bonito ela dizia eu só balançava a cabeça inventava uma desculpa qualquer como explicar para ela que o mundo lá fora tinha perdido toda a beleza para
mim a mamãe também vinha preocupada trazia comida tentava me fazer comer minha filha você precisa se alimentar ela insistia mas eu mal conseguia engolir cada garfada parecia areia na minha boca eles achavam que eu tava assim por causa do Miguel sabe pensavam que era saudade ou talvez birra por causa daquela história toda do casamento arranjado Ah se eles soubessem uma semana se passou assim eu definhando no quarto a família preocupada lá fora ouvia as conversas pelos cantos os coxixos O que será que deu nela Será que tá Doo Foi numa dessas noites sem fim que
ouvi uma batida na janela a princípio achei que fosse minha imaginação pregando peças mas a batida se repetiu mais forte dessa vez com o coração na boca me aproximei devagar da janela e lá estava ele Miguel abri a janela com mãos trêmulas Miguel sussurrei olhando pros lados para ter certeza que ninguém tinha visto ele vim te ver Ele respondeu os olhos cheios de preocupação gracinha o que tá acontecendo todo mundo tá preocupado com você a tia Teresa falou pra mãe que você não está bem senti as lágrimas voltando embaçando minha visão Meu Coração batia tão
forte que parecia que ia saltar pela boca Miguel eu comecei mas as palavras ficaram presas na garganta como contar para ele como explicar o inexplicável olhei nos olhos dele aqueles olhos que eu conhecia tão bem que sempre me Trouxeram conforto e de repente me vi mentindo é saudade de você falei a voz tremendo um pouco tem sido difícil ficar longe não sei se ele acreditou ou não mas naquele momento parecia que era o que ele queria ouvir Miguel se inclinou pela janela e me beijou Ah que saudade eu sentia Daquele Beijo por um momento Esqueci
de tudo do horror da dor da vergonha só existia aquele beijo aquele momento mas a realidade logo bateu à porta literalmente ouvi passos se aproximando do meu quarto vai Miguel sussurrei empurrando ele de leve tem alguém vindo ele sumiu na escuridão bem a tempo A Porta Se Abriu e minha mãe entrou só vim dar boa noite minha filha ela disse se aproximando da cama por que a janela está aberta disse que queria tomar um ar mas ela desconfiada foi colocando o corpo um pouco para fora e olhando para os lados dizendo é melhor fechar filha
você sabe como é os mosquitos esse horário depois do beijo na testa ela se foi os dias foram passando e aos poucos fui Saindo do quarto voltei a fazer minhas tarefas ajudar na cozinha todos pareciam aliviados de me ver melhor quase dois meses se passaram assim eu fingindo que estava tudo bem carregando aquele segredo horrível dentro de mim mas aos poucos comecei a notar algumas mudanças no meu corpo enjoos pela manhã ao ceios doloridos no fundo eu sabia o que era mas não queria admitir nem para mim mesma foi numa tarde enquanto eu ajudava minha
mãe a fazer doce de leite que ela me Pegou de surpresa filha ela começou sem olhar diretamente para mim mexendo o doce no tacho você andou se deitando com o Miguel escondida senti como se o chão tivesse sumido debaixo dos meus pés o sangue gelou nas minhas veias o quê consegui balbuciar minha mãe finalmente olhou para mim seus olhos cheios de preocupação e Algo Mais decepção talvez gracinha eu sou sua mãe acha que não percebi os sinais esses enjoos esse cansaço Todo parece que você está grávida naquele momento o mundo parou as palavras da minha
mãe ecoavam na minha cabeça grávida eu estava grávida mas não do Miguel do monstro que tinha destruído minha vida as lágrimas vieram sem que eu pudesse controlar caí de joelhos no chão da cozinha soluçando Minha mãe largou a Colher de Pau e correu Para me abraçar minha filha o que foi o que aconteceu ela perguntava me abraçando como fazia quando eu era pequena minha filha não tive coragem de contar a verdade para minha mãe nem confirmei que era do Miguel Foi ela quem deduziu fiquei ali paralisada enquanto ela falava Filha vou ter que contar pro
seu pai meu coração gelou eu tava num beco sem saída me vi desesperada pensando no Miguel o que ele ia dizer a gente nunca tinha nem ficado junto daquele jeito ele ia ficar tão Decepcionado tão AD quando meu pai chegou para almoço vi minha mãe coxixando com ele na varanda observei a cara dele mudando Ele entrou na casa feito um touro bravo vindo direto para mim menina o que você fez ele gritou sem vergonha continuou saindo com seu primo Eu achei que esse assunto já tinha se encerrado debaixo dos meus olhos que safadeza antes que
eu pudesse dizer qualquer coisa meu pai saiu furioso determinado a ir atrás do Miguel Eu e minha mãe fomos atrás correndo Meu Coração batia tão forte que achei que ia explodir chegando na casa dos meus tios descobrimos que o Miguel não tava tinha saído com os irmãos e o pai pro trabalho no estábulo minha tia tava lá e Ficou assustada com a chegada repentina da Gente meus pais contaram tudo para ela vi a decepção estampada no rosto da minha tia mas para minha surpresa ela tentou acalmar meu pai calma cunhado ela disse não vai bater
no meu filho eles são jovens você sabe como é você também já foi moço lembra como são os hormônios fiquei ali em silêncio me sentindo a pior pessoa do mundo Todos acreditando numa mentira defendendo o Miguel por algo que ele nem tinha feito e eu covarde demais contar a meu pai ainda estava furioso mas as palavras da minha tia pareceram acalmar ele um pouco ele se sentou passando a mão pelo rosto e agora ele perguntou mais para si mesmo do que pra gente o que vamos fazer minha tia olhou para mim depois pro meu pai
bom se é assim acho que temos que pensar num casamento não é para salvar a honra da menina a palavra ecoou na minha cabeça como Uma Sentença de Morte casar com o Miguel vivendo uma mentira pro resto da vida como eu poderia fazer isso com ele mas antes que eu pudesse protestar ouvi o barulho de cavalo se aproximando era o Miguel chegando com os irmãos e o tio eles vinham para o almoço quando eles entraram e viram a gente ali O clima ficou pesado Miguel olhou para mim confuso meu pai se levantou os punhos cerrados
seu moleque irresponsável ele começou a gritar Olha só o que você fez engravidou minha filha vi o rosto do Miguel mudar de confusão para choque Ele olhou para mim buscando uma explicação mas eu não conseguia encará-lo baixei os olhos sentindo as lágrimas escorrendo pelo rosto tio eu eu não Miguel começou a falar mas meu pai o interrompeu não quero saber de desculpas você vai assumir a responsabilidade vão se casar e ponto final as palavras do meu pai ecoavam na sala pesadas como chumbo e ali com toda a família reunida eu percebi que tinha Cavado um
buraco ainda mais fundo para mim a mentira tinha crescido tomado proporções que eu não podia mais controlar mas sabe de de uma coisa aconteceu algo bem surpreendente o Miguel que até então tava com cara de quem tinha visto assombração de repente estufou o peito ele encheu a boca para falar com uma convicção que me deixou boca e aberta pode marcar a data do casamento tio fiquei assustada o que ele tava fazendo mas não tive tempo nem de pensar direito de repente todo mundo tava conversando a a mesmo tempo fazendo planos minha tia já estava falando
em ligar pro padre minha mãe discutindo detalhes da festa eles queriam fazer uma cerimônia simples sem contar para ninguém de fora da família que eu tava grávida a tarde virou um alvoroço só ninguém mais foi trabalhar parecia que queriam fazer o casamento para ontem e eu ali no meio daquela confusão toda me sentindo cada vez mais perdida Foi aí que criei coragem e pedi pro meu pai Pai posso conversar com o Miguel a sós ele me olhou desconfiado mas acabou cedendo o que não tem remédio remediado está ele resmungou saí com o Miguel para dar
uma volta no quintal andamos um pouco em silêncio até chegarmos perto do riacho Foi aí que o Miguel falou todo animado você é uma danada gracinha nem combinou comigo mas achei ótimo esse seu plano fingir que tá grávida paraa gente se casar por que eu não pensei nisso antes senti como se tivessem jogado um balde de água fria em mim então era por isso que ele tinha aceitado assumir tão rapidamente ele achava que era tudo um plano meu naquele momento percebi que não tinha mais jeito eu precisava contar a verdade não podia deixar o Miguel
se casar comigo Ach era tudo uma armação ele não merecia isso Miguel comecei sentindo a garganta seca não é bem assim ele parou de andar e me olhou confuso Como assim gracinha o que tá acontecendo respirei fundo tentando criar coragem as palavras pareciam pesadas demais na minha boca eu eu tô grávida de verdade Miguel vi o sorriso dele murchar ele ficou sério me olhando como se tentasse entender mas como a gente nunca não é seu falei as lágrimas já escorrendo pelo meu rosto o filho não é seu Miguel ele deu um passo para trás como
se eu tivesse dado um tapa nele não é meu mas de quem é então que brincadeira sem graça é essa por uma acaso eu tenho cara de palhaço e foi aí que tudo desabou entre soluços contei tudo pro Miguel O Sequestro o celeiro o José Carlos cada palavra era como se estivesse arrancando um pedaço de mim o rosto do Miguel foi mudando à medida que eu falava do Choque inicial a fúria E então a uma tristeza profunda quando terminei ficamos ali em silêncio o som do riacho correndo parecendo ensurdecedor você não me contou antes ele
perguntou finalmente a voz embargada eu tinha vergonha confessei medo não sabia o que fazer Miguel ficou quieto por um momento olhando pro horizonte depois se virou para mim os olhos cheios de determinação vamos continuar com o casamento ele disse fiquei chocada o quê mas Miguel Você ouviu o que eu disse o filho não é seu eu ouvi ele respondeu pegando minhas mãos nas dele e não me importo gracinha eu te amo desde que a gente era criança não vou deixar o que aquele desgraçado fez destruir nosso futuro as lágrimas voltaram com força total não conseguia
acreditar no que estava ouvindo Mas e o bebê perguntei entre soluços Vai ser nosso filho Miguel disse com uma certeza que me deixou sem palavras vou criar essa criança como se fosse minha porque vai ser ninguém precisa saber a verdade além de nós dois fiquei ali olhando pro Miguel mal acreditando no que tava acontecendo como ele podia ser tão bom tão nobre eu não merecia tanto amor e o José Carlos perguntei o medo voltando e se ele descobrir os olhos do Miguel escureceram deixa ele comigo aquele covarde vai pagar pelo que fez mas não agora
agora a gente precisa cuidar de você e do bebê Ele me puxou para um abraço e ali nos braços do Miguel senti pela primeira vez em meses que talvez só talvez as coisas pudessem ficar bem voltamos paraa casa de mãos dadas as famílias ainda estavam lá discutindo os preparativos do casamento Quando entramos todo mundo ficou quieto olhando pra gente vi o alívio no rosto dos meus pais a alegria nos olhos da minha tia eles não faziam ideia do drama que tinha se desenrolado lá fora do sacrifício que o Miguel tava fazendo por mim nos dias
que se seguiram foi uma correria só preparativos pro casamento visitas ao médico escondidas para cuidar da gravidez tentar manter as aparências mas toda a noite Quando eu ficava sozinha no meu quarto a culpa voltava culpa por mentir para minha família culpa por aceitar o sacrifício do Miguel culpa pelo que tinha acontecido no celeiro era um peso enorme para carregar e tinha o medo também medo do José Carlos descobrir medo de alguém desconfiar da Verdade medo do futuro como seria criar um filho nascido daquela violência como eu poderia olhar para essa criança sem lembrar daquela noite
terrível mas aí eu lembrava do Miguel da força dele do amor dele por mim e encontrava coragem para seguir em frente o dia do casamento chegou mais rápido do que eu esperava era uma cerimônia simples só com a família mesmo como tinham planejado Quando entrei na pequena Capela da Fazenda vi o Miguel me esperando no altar ele sorriu para mim aquele sorriso que eu conhecia desde criança e senti uma onda de amor e gratidão tão forte que quase me fez cair dissemos nossos votos trocamos as alianças e de repente eu era uma mulher casada a
festa depois foi Alegre todo mundo comemorando sem fazer ideia do segredo que eu e Miguel carregávamos naquela noite já no nosso novo quarto na casa que tínhamos ganhado dos Pais Miguel me abraçou forte vai dar tudo certo gracinha ele sussurrou a gente vai superar isso juntos naquela primeira noite como marido e mulher o Miguel foi mais do que eu poderia ter esperado ele foi paciente gentil e compreensivo não houve pressão não houve cobranças ele entendeu meus medos sem que eu precisasse explicar quando as lembranças ruins ameaçavam me engolir o Miguel estava lá me abraçando me
fazendo sentir segura aos poucos fui reaprendendo a confiar a não ter medo de ser tocada foi uma noite de descobertas de cura pela primeira vez desde aquele dia terrível no celeiro Senti que meu corpo era meu de novo o Miguel me mostrou que o amor pode ser gentil respeitoso nos dias que se seguiram fomos aprendendo a viver juntos para falar a verdade a gente vivia em Lua de Mel não podia se olhar que começávamos tudo de novo a gravidez avançava trazendo suas próprias alegrias e medos tinha dias que eu ficava feliz imaginando como seria nosso
filho outros dias o medo me consumia e se a criança se parecesse com o José Carlos como eu lidaria com isso o Miguel sempre paciente me lembrava que aquela criança era inocente que seria amada não importa o que acontecesse minha filha a vida tem cada reviravolta que a gente nem imagina antes do bebê nascer aconteceu uma coisa que deixou todo mundo de cabelo em pé num belo dia os pais do José Carlos apareceram lá em casa desesperados dona Eunice mãe do José Carlos estava com os olhos vermelhos de tanto chorar o Coronel Jeremias pai dele
sempre tão imponente estava triste e preocupado eles disseram que o filho tinha sumido fazia dois dias e não sabiam mais onde procurar todo mundo ficou meio sem jeito sabe eu e o Miguel a gente sabia o que o José Carlos tinha feito comigo mas ninguém mais na família fazia ideia então ficamos todos ali fazendo cara de paisagem e dizendo que não que não tínhamos visto ele por ali e era verdade confesso que fiquei preocupada Será que o Miguel não ele não faria uma besteira dessas ou Faria o olhar dele ficou tão estranho Quando contei o
que tinha acontecido mas não O Miguel tava ali do meu lado o tempo todo os dias foram passando e nada do José Carlos aparecer a barriga ia crescendo e junto com ela minha preocupação Que fim levou o sumisso do José Foi então que meu pai foi à cidade resolver uns negócios e voltou com uma história de arrepiar os cabelos da nuca ele reuniu todo mundo na sala e começou a contar com aquela voz grave dele vocês não têm noção da conversa que tá rolando na cidade ele disse balançando a cabeça parece que o José Carlos
aprontou uma das grandes todo mundo ficou em silêncio esperando ele continuar eu senti meu coração acelerar o que será que aquele traste tinha feito dessa vez dizem por aí meu pai continuou que o José Carlos estava cavalgando perto da Fazenda dos Nogueira vocês sabem aquela família que mora perto do Rio Grande a gente fez que sim com a cabeça todo mundo conhecia os Nogueira gente boa trabalhadora Pois então meu pai prosseguiu parece que o José Carlos viu a dona Aparecida mulher do seu Joaquim Nogueira tomando banho no rio senti um arrepio percorrer minha espinha já
dava para imaginar onde essa história ia dar o desgraçado meu pai falou a voz cheia de desgosto atacou a dona Aparecida fez uma barbaridade com ela senti o Miguel ficar tenso do meu lado peguei na mão dele tentando acalmar só nós dois ali sabíamos que não era a primeira vez que o José Carlos fazia uma coisa dessas mas o pior meu pai continuou é que o filho pequeno deles de só dois aninhos estava lá viu tudo o que o cafageste fez com a mãe dele um suspiro coletivo de horror ecoou pela sala imaginar uma cena
dessas já era terrível mas na frente de uma criança era de revirar o estômago E aí o que aconte seu alguém perguntou acho que foi minha tia meu pai respirou fundo antes de continuar bem parece que no meio dessa dessa barbaridade o seu Joaquim chegou flagrou tudo dava para sentir a tensão no ar todo mundo sabia que o Joaquim Nogueira era homem de Sangue Quente o José Carlos quando viu o Joaquim saiu correndo pulou no cavalo nem se deu ao trabalho de vestir a calças e disparou em outra situação a imagem de José Carlos cavalgando
pelado poderia até ser cômica mas naquele momento ninguém tinha vontade de rir o Joaquim foi atrás é claro montou no cavalo dele e saiu no encalço do José Carlos Meu pai fez uma pausa como se estivesse juntando coragem para contar o resto dizem que na correria o José Carlos acabou caindo do cavalo bateu a cabeça numa pedra e bem não levantou mais um silêncio pesado caiu sobre a sala mesmo depois de tudo que ele tinha feito era difícil não sentir um aperto no peito eu par particularmente senti um misto de alívio e culpa alívio por
saber que ele não poderia mais machucar ninguém culpa por sentir esse alívio E aí homem continue minha mãe perguntou a voz trêmula aí que o corpo só foi encontrado uns dias depois meu pai respondeu balançando a cabeça uns Viajantes que passavam pela região disseram que que os urubus já tinham começado a bem comeram os olhos dele e o pai estava hesitando para falar comeram o pinto dele todo mundo ficou chocado Senti meu estômago revirar a imagem era forte demais Mas e o Joaquim alguém perguntou Ah no começo ele ficou quieto mas aí o Coronel Jeremias
começou a fazer pressão ameaçar o Joaquim acabou confessando tudo porque acharam as calças do José Carlos na beira do rio da propriedade dele pegaram o depoimento da esposa vítima também e o que vai acontecer com elei preocupada foi um ser punido por defender a honra da família meu pai deu de ombros Por enquanto nada o Coronel Jeremias está furioso é claro mas o delegado tá do lado do Joaquim disse que foi legítima defesa ficamos todos ali digerindo a história Era muita coisa para processar o José Carlos morto o pequeno dos Nogueira traumatizado Dona Aparecida passando
por algo tão terrível era uma judiação mas lá no fundo bem lá no fundo mesmo senti um alívio o José Carlos nunca iria aparecer querendo saber do bebê era como se um peso enorme tivesse saído das minhas costas Olhei pro Miguel e vi nos olhos dele que ele estava pensando a mesma coisa ele apertou minha mão de leve como se dissesse acabou tá tudo bem agora nos dias que se seguiram a notícia morreu como fogo em palha seca todo mundo só falava disso era um zum zum zum Sem Fim cada um contando uma versão diferente
da história parecia que só pensavam em como os urubus comeram o pinto dele é realmente isso era muito chocante confesso que pensei nisso por muitos dias tinha gente que dizia que o José Carlos tinha sido amaldiçoado outros falavam que era castigo divino mas no fundo todo mundo sabia que ele tinha colhido o que plantou a família do José Carlos ficou tão arrasada que acabaram se mudando de cidade o Coronel Jeremias que sempre andou de nariz empinado por aí agora mal saía de casa a dona Eunice a madame dizem que envelheceu 10 anos num piscar de
olhos eles venderam a fazenda e foram pra capital longe dos olhares e dos coxixos do povo fiquei com dó Afinal nenhum pai ou mãe merece o que aconteceu com eles eu ficava pensando quantas outras moças esse safado do José Carlos não tinha feito mal quantas igual a mim guardavam esse segredo dolorido no peito sem coragem de falar nada a gente vive num mundo onde muitas vezes a vítima é que acaba carregando a culpa e a vergonha não é justo mas é assim que as coisas são E tenho certeza se ele estivesse vivo certamente Faria de
novo bom Mas a vida continua não é mesmo e uns 10 dias depois de toda essa confusão aconteceu a coisa mais linda do mundo Meu filho nasceu meu Ernesto um menino forte e bonito quando puseram o Ernesto nos meus braços pela primeira vez senti uma emoção que não dá nem para explicar era um amor tão grande tão puro que por um momento esqueci de todo o resto só existia eu e aquele serzinho pequenininho que tinha acabado de chegar ao mundo o Miguel estava do meu lado chorando que nem criança ele pegou o Ernesto no colo
com tanto cuidado que parecia que estava segurando um vaso de cristal meu filho ele ficava repetindo a voz embargada meu filho batizamos oo Igrejinha da cidade foi uma festa e tanto primeira vez em meses que eu via todo mundo realmente feliz sem aquela nuvem escura pairando sobre nossas cabeças o Padre João derramou a aguinha na cabecinha dele e o danado nem chorou Ficou ali quietinho olhando para tudo com aqueles olhões curiosos era o primeiro Neto dos meus pais meu irmão que tinha casado antes de mim ainda não tinha tido filho a Sara esposa dele demorou
um pouco para engravidar mas depois não parou mais tiveram quatro crianças uma atrás da outra mas naquela época o Ernesto era a sensação da família lembro como se fosse hoje o alívio no rosto da minha mãe quando viu o Ernesto pela primeira vez ela pegou ele no colo examinou dos pés a cabeça e depois me olhou com os olhos cheios d'água graças a Deus minha filha ela disse ele é perfeito na hora eu não entendi direito Mas depois lembrei sobre a preocupação dela meus pais achavam que o Ernesto era filho do Miguel mesmo meu primo
eles acreditavam mesmo que Casamento entre primos pode dar problema nas crianas eles deviam ter ficado esse tempo todo se remoendo de preocupação imaginando se o bebê ia nascer com algum problema minha filha você nem imagina como foi depois que o Ernesto nasceu parece que abriu uma torneira de bênçãos lá em casa dois anos depois dele comecei a ter um atrás do outro no final foram oito filhos no total oito cinco meninos e três meninas igual a minha tia Aparecida a mãe do Miguel só que ela era ao contrário cinco meninas e três meninos confesso que
a cada barriga que crescia era aquela aflição será que vai nascer tudo certinho graças ao bom Deus nenhum nasceu com problema todos saudáveis perfeitos e bonitos Ô criançada bonita meus filhos alguns vieram com Parteira ali mesmo em casa a dona Jovina Parteira velha de guerra trouxe Metade dos meus filhos ao mundo outros nasceram no hospital cada um teve sua história seu jeitinho de chegar minha vida sempre girou em torno do nosso lar e da família nunca trabalhei fora e olhe com aquele bando de menino para cuidar parecia que eu tava sempre com as mãos na
massa fosse torcendo roupa no tanque enchendo barrigas esfomeadas ou aparando joelhos ralados Enquanto isso o Miguel suava lá fora tinha dia que ele saía antes do sol nascer e só voltava quando as estrelas já estavam no céu cuidando daqueles Cafezais que iam até onde a vista alcançava vez ou outra eu o Via lá longe montado num dos nossos cavalos tocando a boiada não era vida fácil mas era nossa vida simples é verdade mas cheia de amor e com cheiro de café fresco e terra molhada hoje com os filhos todos casados a casa fica um silêncio
só às vezes dá até saudade daquela barulheira daquela correria mas aí vem os netos e a casa enche de vida de novo tenho 22 netos e três bisnetos nem todos os filhos estão casados o Luiz Meu quinto filho tá passando por uns apertos coitado do meu menino foi traído pela mulher uma rameira ambiciosa que largou ele e as Crianças para fugir com o patrão coitado do meu filho tá curtindo uma fossa danada Mas calma que essa velha aqui já tá de olho numa pessoa para apresentar para ele tem a filha da dona Zélia sabe uma
moça boa viúva que acabou de voltar da cidade nem chegou a ter filhos tadinha Acho que daria certo com o luí ele precisa de alguém para cuidar dele e das crianças e ela precisa de uma família quem sabe não dá certo meu dia dia agora é mais calmo toda manhã levo meus dois netos mais novos paraa escola é uma boa caminhada mas eu gosto Vou parando no caminho batendo papo com a vizinhança a gente coloca o assunto em dia troca umas receitas fala da vida alheia não vou mentir a gente fala mesmo quando chove o
luí leva as crianças de carro mas eu prefiro os dias de sol sabe Faz bem pras juntas e a cabeça também olhando para trás para tudo que aconteceu às vezes nem acredito Parece que foi outra vida o Miguel foi o melhor marido que uma mulher podia pedir criou o Ernesto como se fosse dele mesmo pai não é quem faz é quem cria não é era só o Miguel chegar em casa que virava aquela festa as crianças pulando nele grudando nas pernas querendo contar as novidades do dia e ele com aquela paciência de Jó dava atenção
para cada um teve momentos difíceis Claro nem tudo foram flores teve época de colheita ruim de doença nas crianças de briga entre irmãos Mas a gente sempre deu um jeito de Superar juntos o Ernesto cresceu virou um homem de bem casou com a Mariana filha do Seu Joaquim da venda Já me deram três netos umas pestinhas adoráveis ver meu primeiro filho aquele que veio de tanta dor criando a própria família com tanto amor não tem preço sabe os outros também seguiram seus caminhos a Maria minha segunda virou professora o João foi paraa cidade grande trabalha
num banco a Ana se casou com um fazendeiro e mora na propriedade vizinha e assim vai o hoje olhando para trás eu só tenho gratidão gratidão por ter tido a chance de construir essa família linda de ter criado meus filhos com amor de ter conhecido o verdadeiro significado de companheirismo com o Miguel agora se me dá licença preciso ir preparar um bolinho pro Luís quem sabe hoje não é o dia que ele conhece a filha da dona Zélia hein a vida continua sempre cheia de surpresas e eu eu tô aqui de braços abertos pronta para
que vier bom eu espero que você tenha gostado de me ouvir não saia deste vídeo sem deixar o seu like lindo Aproveita e escolha outro para assistir mais histórias reais dos Avós k
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